Brasil faz estudosesportes da sorte propagandacloroquinaesportes da sorte propagandaquase 6 mil pacientes, com resultados previstos para o fimesportes da sorte propagandamaio:esportes da sorte propaganda

Desde o começo da epidemia no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem defendendo o uso da substância no tratamento dos infectados pelo vírus SARS-CoV-2. O presidente chegou a dizer que a substância estava sendo empregada com sucesso "em tudo quanto é lugar". Mas ainda não há nenhum estudo conclusivo sobre a eficácia do medicamento ao redor do mundo.

Em seu último pronunciamentoesportes da sorte propagandarede nacional, no dia 8/4, Bolsonaro disse que o medicamento podia ser usado "desde a fase inicial" da doença — o mandatário mencionou o caso do médico cardiologista Roberto Kalil Filho, que usou a drogaesportes da sorte propagandaseu tratamento ao contrair o vírus.

"Há pouco conversei com o doutor Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o juramentoesportes da sorte propagandaHipócrates, ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina bem como a ministrou para dezenasesportes da sorte propagandapacientes. Todos estão salvos. Disse-me mais. Que mesmo não tendo finalizado o protocoloesportes da sorte propagandatestes, ministrou o medicamento agora para não se arrepender no futuro", disse Bolsonaro, na ocasião.

A defesa do uso precoce da cloroquina e da hidroxicloroquina contraria o protocolo atual do Ministério da Saúde, segundo o qual estas drogas devem ser ministrada apenas a pacientes críticos. A divergênciaesportes da sorte propagandarelação à droga foi um dos principais motivos para a queda do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

A cloroquina é um medicamento utilizado no Brasil desde os anos 1950. É indicada para o tratamentoesportes da sorte propagandavárias doenças, como artrite reumatóide, lúpus e malária. A hidroxicloroquina é a versão mais "moderna" da droga, com efeitos colaterais mais leves.

Estas drogas vêm sendo usadasesportes da sorte propagandaforma experimental no Brasil eesportes da sorte propagandaoutros países, apesaresportes da sorte propagandanão existirem testes clínicos suficientes para garantir que sejam eficazes ou seguras no tratamento da Covid-19.

Os efeitos colaterais podem incluir arritmia cardíaca e possíveis danos à visão e à audição. Por isso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda que sejam usadas com muito cuidado, pois podem ser letaisesportes da sorte propagandaalgumas circunstâncias.

Até esta segunda-feira (20), o Brasil somava 40,5 mil casos confirmadosesportes da sorte propagandainfecção pelo novo coronavírus. A doença já tinha custado as vidasesportes da sorte propaganda2.845 brasileiros, segundo a contagem do Ministério da Saúde.

Quais são as pesquisas com a cloroquina

Os 12 estudos já autorizados com a hidroxicloroquina e o difosfatoesportes da sorte propagandacloroquina (nome técnico da versão mais antiga da droga) fazem parteesportes da sorte propagandaum conjunto maioresportes da sorte propagandapesquisas relacionadas ao novo coronavírus.

O último boletim da Comissão Nacionalesportes da sorte propagandaÉticaesportes da sorte propagandaPesquisa (Conep) menciona 112 estudos sobre o vírus aprovados até as 21h da última quinta-feira (16).

Destes, 24 são ensaios clínicos, que somam 12.508 pacientes. Além da cloroquina, também há dois ensaios com a nitazoxanida (comercializada como o vermífugo Annita); com corticoides, e até com a transfusãoesportes da sorte propagandaplasma sanguíneoesportes da sorte propagandapacientes convalescentes da Covid-19.

Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina estão sendo testadas. Há também testes com a cloroquina associada à azitromicina, um antibiótico usado geralmente contra infecções bacterianas. A maioria das pesquisas aconteceesportes da sorte propagandaSão Paulo, mas há também estudosesportes da sorte propagandacursoesportes da sorte propagandaManaus (AM) eesportes da sorte propagandaFortaleza (CE).

Parte dos estudos emprega técnicas como gruposesportes da sorte propagandacontrole (quando uma parte dos participantes recebe o medicamento e a outra, não); e randomização (quando os participantes dos dois grupos são definidosesportes da sorte propagandaforma aleatória). Alguns outros não usam estas técnicas — e são chamadasesportes da sorte propagandaestudos observacionais.

A randomização e o usoesportes da sorte propagandagruposesportes da sorte propagandacontrole são alguns dos requisitos para atestar a validadeesportes da sorte propagandauma droga no tratamentoesportes da sorte propagandauma doença.

Um dos principais estudosesportes da sorte propagandacurso com a substância é o conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), sediadoesportes da sorte propagandaSão Paulo (SP). Os primeiros pacientes começaram a ser incluídos no estudo no fim da semana passada,esportes da sorte propagandaacordo com os responsáveis. Ao todo, serão 1,300 pacientesesportes da sorte propagandaCovid-19, que não foram hospitalizados.

"A eficácia e segurança (de uma droga) só podem ser confirmadas se você faz o estudo comparativo, o estudo clínico randomizado. Vários países estão conduzindo (testes deste tipo)", diz à BBC News Brasil Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacionalesportes da sorte propagandaPesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos responsáveis pelo estudo.

"Se eu trato 100 pacientes com a hidroxicloroquina, mas não comparo com pacientes que não foram tratados, não posso falaresportes da sorte propagandaeficácia e segurança. Quando eu pego e trato um númeroesportes da sorte propagandapacientes, posso descrever o que aconteceu, mas não posso falar que tem eficácia. No nosso estudo, 650 vão tomar a hidroxicloroquina; e 650 não vão tomar."

"O que vamos tentar demonstrar é se a hidroxicloroquina é útil e eficaz para evitar que o paciente se hospitalize", afirma ele.

Embora seja coordenado pelo HAOC, o estudo faz parte do esforçoesportes da sorte propagandauma coalizãoesportes da sorte propagandaoito instituições, que inclui os hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Hospital do Coração (HCor), Beneficência Portuguesa, Hospital Moinhosesportes da sorte propagandaVento (de Porto Alegre), e outros.

O HAOC convidou 100 hospitais, distribuídos por 50 cidadesesportes da sorte propaganda14 Estados brasileiros, para incluir pacientesesportes da sorte propagandaCovid-19 no estudo. Os resultados devem começar a chegar dentroesportes da sorte propagandadois a três meses, segundo Avezum.

Além da pesquisa coordenada pelo HAOC, hospitais da coalizão coordenam outros dois estudos clínicos com a hidroxicloroquina. O mais adiantado deles é chefiado pelo Hospital Albert Einstein e incluirá 400 participantes.

Um segundo estudo será coordenado pelo Hospital Sírio-Libanês, com 630 pacientes.

Estes dois últimos são apoiados pelo laboratório farmacêutico EMS — além dos medicamentos, a empresa fez uma doaçãoesportes da sorte propagandaR$ 1 milhão para apoiar os estudos, segundo contou à BBC News Brasil o médico Roberto Amazonas, diretor médico-científico do laboratório. A EMS é uma das empresas que produz a hidroxicloroquina no Brasil.

Ao contrário do estudo coordenado pelo HAOC, estes dois últimos são focados no tratamentoesportes da sorte propagandapacientes da Covid-19esportes da sorte propagandaestado grave. O mais adiantado deles deve apresentar resultados já no fimesportes da sorte propagandamaio, segundo Roberto Amazonas.

A indústria farmacêutica está financiando outros estudos relacionados à Covid-19: o laboratório Aché está bancando estudos com corticoides, coordenados pelo Hospital Albert Einstein.

Apesar do grande númeroesportes da sorte propagandapesquisasesportes da sorte propagandacurso, os próprios médicos que atuam nos estudos ressaltam que é preciso cautela: não há garantias que um protocolo para tratamento da doença estará disponível nas próximas semanas.

"Ciência é uma coisa muito complexa. E ciência apressada por uma pandemia é ainda mais imprevisível. O que a gente tem, não só no Brasil como no mundo inteiro, é muita opinião. Muito achismo. E o achismo não funciona com pacientes", diz o médico Luciano Cesar Azevedo, superintendenteesportes da sorte propagandaensino do Hospital Sírio-Libanês.

"'Eu acho que tal remédio funciona, porque eu dei para três pacientes e os três melhoraram'. Como você pode ter certeza que foi o remédio que você deu que causou a melhora? Eles podem ter melhorado porque a imensa maioria dos pacientes com covid-19 melhora. Com remédio, sem remédio ou apesar do remédio", diz ele.

Azevedo coordenará um dos estudos da coalizãoesportes da sorte propagandahospitais, que investigará o uso do corticoide dexametasonaesportes da sorte propagandapacientes da Covid-19.

Como funciona a aprovação das pesquisas

Desde o fimesportes da sorte propagandajaneiro, todos os projetosesportes da sorte propagandapesquisa relacionados à covid-19 e que envolvem pacientes humanos estão sendo analisados pela Comissão Nacionalesportes da sorte propagandaÉticaesportes da sorte propagandaPesquisa, a Conep. A comissão é ligada ao Conselho Nacionalesportes da sorte propagandaSaúde (CNS), e é integrada por professores universitários e cientistas.

Desde o início da pandemia, os integrantes da comissão têm se reunidoesportes da sorte propagandaforma remota todos os dias para analisar os projetos -- inclusive aos domingos e feriados, segundo conta à BBC News Brasil o coordenador do grupo, o médico Jorge Alves Venâncio.

"O foco da Conep é a proteçãoesportes da sorte propagandaquem participa das pesquisas. (...) Muito frequentemente, quando uma pessoa é convidada a participaresportes da sorte propagandauma pesquisa, ela está numa situação muito fragilizada. Você imagina uma pessoa que acabouesportes da sorte propagandareceber um diagnósticoesportes da sorte propagandacâncer e é convidada a participaresportes da sorte propagandauma pesquisa: a última coisa que ela vai se preocupar é se os direitos dela estão sendo respeitados, tudo certinho", diz ele à BBC News Brasil.

"Ela está brigando pela vida. E é justamente por causa disso que no mundo inteiro existem sistemas destinados a proteger quem está participandoesportes da sorte propagandapesquisas", diz.

Quando um projetoesportes da sorte propagandapesquisa chega à comissão, é remetido a um grupoesportes da sorte propagandacercaesportes da sorte propaganda80 técnicos do Ministério da Saúde que analisam a proposta e preparam um parecer preliminar.

O texto é então enviado a um dos pouco maisesportes da sorte propaganda50 cientistas que formam a comissão — este prepara um relatório e submete a algunsesportes da sorte propagandaseus paresesportes da sorte propagandaum pequeno grupo chamado "câmara". É a câmara que dá o veredito final sobre o pedidoesportes da sorte propagandapesquisa.

Morteesportes da sorte propagandapacientes com alta dosagem

Um dos estudos aprovados pela Conep com a cloroquina se encerrou com a morteesportes da sorte propaganda11 pacientesesportes da sorte propagandaManaus — o grupo estava tomando doses mais altas do antimalárico, e faleceram até o sexto diaesportes da sorte propagandatratamento com o remédio.

Segundo Venâncio, a comissão não tinha como prever este resultado, e o projeto da equipeesportes da sorte propagandaManaus seguia os critérios técnicos adequados.

"Eles interromperam foi um braço da pesquisa, não o estudo inteiro. O braço que foi interrompido era o que tinha uma concentração maior (da droga). A cloroquina sabidamente provoca arritmia cardíaca e uma sérieesportes da sorte propagandaoutros problemas também", disse.

"Essa questãoesportes da sorte propagandapesar risco e benefício, que é a coisa básica nessa tarefaesportes da sorte propagandaproteção aos participantes, muitas vezes é uma coisa delicada. Não é uma coisa simples e matemática, porque você tem que procurar o máximoesportes da sorte propagandabenefício para um dado risco. E tem uma zona cinzenta, na fronteira", comenta ele.

"Esse braço que foi suspenso, a minha impressão é que caiu nessa zona cinzenta. E eles fizeram a suspensão (do estudo) com rapidez. Nos comunicaram imediatamente e tudo mais. E estão continuando a pesquisa só com o braço que envolve uma dose menor", disse.

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