Autismo: as descobertas recentes que ajudam a derrubar mitos sobre o transtorno:quem é a empresa vaidebet

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Legenda da foto, O autismo não é um transtorno único, mas sim um espectroquem é a empresa vaidebettranstornos que podem variarquem é a empresa vaidebetintensidade equem é a empresa vaidebetcaracterísticas, a dependerquem é a empresa vaidebetcada indivíduo

O autismo não é um transtorno único, mas sim um espectroquem é a empresa vaidebettranstornos que podem variarquem é a empresa vaidebetintensidade equem é a empresa vaidebetcaracterísticas, a dependerquem é a empresa vaidebetcada indivíduo. Em geral, essas características se manifestamquem é a empresa vaidebetdificuldades no convívio social, comportamento repetitivo e,quem é a empresa vaidebetalguns casos, ansiedade e transtornoquem é a empresa vaidebetdeficitquem é a empresa vaidebetatenção com hiperatividade (TDAH).

Estima-se, globalmente, que 1 a cada 58 crianças esteja no Transtorno do Espectro Autista — designação que, desde 2013, é usada para abrigar todos os problemas relacionados ao autismo.

O mito persistentequem é a empresa vaidebeta 'vacina tríplice viral causar autismo'

Uma das descobertas recentesquem é a empresa vaidebetum estudo coescrito por Charles Nelson ajuda a derrubar um mito que persiste desde os anos 1990: oquem é a empresa vaidebetque a vacina MMR (no Brasil, a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) causa autismo.

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Legenda da foto, Este eletroencefalograma, quando usadoquem é a empresa vaidebetbebês consideradosquem é a empresa vaidebetalto risco para o autismo, ajuda a prever sinais do transtorno nos primeiro mesesquem é a empresa vaidebetvida

Esse mito é sustentado por um estudoquem é a empresa vaidebet1998, que posteriormente foi desacreditado e seu autor, julgado "inapto" para o exercício da medicina. A despeito disso, muitas pessoas deixaramquem é a empresa vaidebetaplicar a tríplice viralquem é a empresa vaidebetseus filhos por medo do autismo.

Nos últimos anos, porém, Nelson e seus colegas começaram a estudar bebês a partirquem é a empresa vaidebettrês meses cujos irmãos mais velhos são do espectro autista (motivo pelo qual esses bebês têm mais riscoquem é a empresa vaidebettambém serem do espectro).

E, por meioquem é a empresa vaidebeteletroencefalogramas, eles perceberam que, a partir dos três meses, já conseguiam identificar padrões no cérebro desses bebêsquem é a empresa vaidebetalto risco, ajudando a prever se eles podem desenvolver características do Transtorno do Espectro Autista um pouco mais tarde.

O fatoquem é a empresa vaidebetesses sinais poderem ser observados a partirquem é a empresa vaidebettrês mesesquem é a empresa vaidebetvida, diz Nelson, indica que o autismo ocorre muito antes dos 12 meses, que é quando as crianças costumam tomar a vacina da tríplice viral (o pesquisador supõe que o transtorno comece a se desenvolver no terceiro trimestrequem é a empresa vaidebetgestação do feto, quando o cérebro do feto começa a formar neurônios e conexões, embora isso não esteja ainda comprovado).

"O fatoquem é a empresa vaidebetvermos (sinais do autismo) tão cedo significa que as vacinas não têm um papel", explica Nelson à BBC News Brasil.

"Mesmo antes do nosso trabalho, não havia dados que sustentavam [o elo causal entre autismo e vacina]. Mas as pessoas ainda assim não acreditavam", prossegue.

"Quando você tem um filho com autismo e ninguém consegue explicar por que, você saiquem é a empresa vaidebetbuscaquem é a empresa vaidebetcausas, e busca causas simples. Os pais frequentemente culpam a si mesmos primeiro; 'foi algo que fiz durante a gravidez'. E as vacinas acabaram sendo algo conveniente a que atribuir a culpa. Mas não havia nenhuma base para isso."

Estamos mais perto do diagnóstico precoce?

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Legenda da foto, Ausênciaquem é a empresa vaidebetclareza sobre causas e tratamentos deixa paisquem é a empresa vaidebetcrianças do espectro autista vulneráveis a armadilhas e curas 'milagrosas'

O trabalhoquem é a empresa vaidebetNelson pode ajudar, futuramente, no diagnóstico precoce do autismo, mas por enquanto os dadosquem é a empresa vaidebetseu laboratório se restringem a bebêsquem é a empresa vaidebetcujas famílias já foi manifestado o autismo. Agora, ele planeja testar uma amostra mais ampla,quem é a empresa vaidebetbebês da populaçãoquem é a empresa vaidebetgeral.

"Nossos estudos são os maiores do mundo, mas são pequenos, com algumas centenasquem é a empresa vaidebetcrianças. Precisamosquem é a empresa vaidebetmilhares delas e precisamos ter certezaquem é a empresa vaidebetque [o que está sendo observado no estudo] se trataquem é a empresa vaidebetautismo, e nãoquem é a empresa vaidebetum desenvolvimento atípico do cérebro", explica o médico.

"As implicações para o diagnóstico cedo são profundas, mas ainda não estamos no pontoquem é a empresa vaidebetusar [o estudo] para o diagnóstico precoce. Ainda levará alguns anos até que cheguemos nisso."

Por enquanto, diz ele, especialistas experientes conseguem diagnosticar o TEA quando a criança tem por volta dos 2 anos e,quem é a empresa vaidebetalguns casos específicos, aos 18 meses.

Entre os sinais observados estão, por exemplo, se as crianças não se viram ao escutar seus próprios nomes, se rejeitam o contato visual e se têm desenvolvimento motor atípico.

"E por que isso [o diagnóstico precoce] importa? É que quanto mais cedo se diagnostica, mais cedo se pode intervir. E sabemos que, com a intervenção precoce, as crianças têm resultados muito melhores", relata Nelson.

O mito das 'mães geladeira' e as possíveis causas do autismo

Muitas mães ainda se culpam quando seus filhos recebem o diagnósticoquem é a empresa vaidebetTEA, acreditando que algo que fizeram durante ou depois da gravidez causou o autismo.

Nada disso se sustenta pela ciência atual, mas tem embasamentoquem é a empresa vaidebetuma antiga crença médica surgida na décadaquem é a empresa vaidebet1940: a da "mãe geladeira",quem é a empresa vaidebetque mães frias e não suficientemente amorosas provocavam autismoquem é a empresa vaidebetseus filhos.

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Legenda da foto, Vacina tríplice viral e "mãe geladeira" são alguns dos mitos relacionados ao autismo

"Nunca houve qualquer evidência disso, mas mesmo assim as pessoas falavam a respeito. Culpa-se a mãe por tudo", afirma Nelson.

Então, o que se sabe das possíveis causas do autismo?

Na grande maioria dos casos, não é possível ter certeza absoluta, diz Nelson. Mas, com base nas pesquisas mais recentes, "a maioriaquem é a empresa vaidebetnós [pesquisadores do assunto] acredita que se tratequem é a empresa vaidebetuma vulnerabilidade genética com um gatilho ambiental. E sabemos que é um distúrbio do desenvolvimento do cérebro que aparece muito cedo. Então a pergunta é: o que faz o cérebro ir nessa direção?"

Essa pergunta permanece, até agora, sem uma resposta definitiva, segundo ele.

O que se acredita é que o fatoquem é a empresa vaidebetmuitas crianças no TEA terem comportamentos repetitivos e sensibilidade a estímulos sensoriais (por exemplo, à luz ou a ruídos) se deva à existênciaquem é a empresa vaidebetmuitas conexõesquem é a empresa vaidebetcurto alcance nas áreas visuais do cérebro e, ao mesmo tempo, a poucas conexõesquem é a empresa vaidebetlongo alcance — as quais ajudam na percepção social, que é justamente a áreaquem é a empresa vaidebetque crianças do espectro costumam ter dificuldades.

"Isso explica a dificuldadequem é a empresa vaidebetfazer contato visual equem é a empresa vaidebetresponder a um mundo social", diz Nelson. "Mas não sabemos por que há tão poucas conexõesquem é a empresa vaidebetlongo alcance e tantasquem é a empresa vaidebetpequeno alcance. E daí voltamos para se [é culpa da] genética ou do ambiente. O que é frustrante para os pais, porque já foram gastos bilhõesquem é a empresa vaidebetdólaresquem é a empresa vaidebetpesquisas e não estamos mais próximosquem é a empresa vaidebetdescobrir as causas ou um tratamento."

Ao mesmo tempo, colocar as criançasquem é a empresa vaidebetsituaçõesquem é a empresa vaidebetnegligência aparenta ser um desses gatilhos para o autismo, caso já haja uma propensão prévia a isso. É o que demonstra outra pesquisa da qual Nelson participa: uma que analisa, há décadas, crianças romenas que viviamquem é a empresa vaidebetterríveis condições dentroquem é a empresa vaidebetorfanatos estatais nos anos 1980 e 90, sem interação social produtiva com adultos equem é a empresa vaidebetsituaçãoquem é a empresa vaidebetabandono.

Nesse grupo específicoquem é a empresa vaidebetcrianças, a incidênciaquem é a empresa vaidebetautismo variava, dependendo do estudo,quem é a empresa vaidebet5% a 10% — muitíssimo acima da incidência na população globalquem é a empresa vaidebetgeral.

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Legenda da foto, Ainda não há certeza entre cientistas sobre o que faz o cérebro desenvolver os transtornos do espectro autista

"O que tememos é que, a partir disso, as pessoas concluam que 'não ter mãe causa autismo'. E não acho que seja esse o caso", explica Nelson. "Acho que tem a ver com a privação social (e seu impacto em) cérebros negligenciados e com alguma vulnerabilidade."

Os mitos (e perigos) das terapias alternativas

Na ausênciaquem é a empresa vaidebetuma causa clara para o autismo equem é a empresa vaidebetintervenções que nem sempre dão o resultado desejado, paisquem é a empresa vaidebetcrianças no espectro muitas vezes acabam recorrendo a terapias "alternativas" —quem é a empresa vaidebetdietas especiais a curas "milagrosas" vendidas na internet.

O problema é que, alémquem é a empresa vaidebetnão terem comprovação científica, algumas delas são extremamente perigosas.

É o caso do chamado MMS, substância divulgada internacionalmente como cura para crianças autistas, se ingerida oralmente. Mas o MMS é, na prática, dióxidoquem é a empresa vaidebetcloro — químico alvejante usadoquem é a empresa vaidebetprodutosquem é a empresa vaidebetlimpeza que,quem é a empresa vaidebettão corrosivo, só pode ser manipulado por pessoas que estejam vestindo equipamentoquem é a empresa vaidebetproteção.

Desde 2018, a Anvisa (Agência Nacionalquem é a empresa vaidebetVigilância Sanitária) proíbequem é a empresa vaidebetfabricação e comercialização no Brasil, devido aos riscos que o produto causa ao ser ingerido:quem é a empresa vaidebetvômito e diarreia até danos à garganta e problemas respiratórios que podem ser fatais.

"[Alegam-se] propriedades terapêuticas para uma substância química que não tem qualquer comprovaçãoquem é a empresa vaidebetsegurança para usoquem é a empresa vaidebethumanos", diz a Anvisaquem é a empresa vaidebetcomunicadoquem é a empresa vaidebet2019.

"O dióxidoquem é a empresa vaidebetcloro não tem aprovação como medicamentoquem é a empresa vaidebetnenhum lugar do mundo. Sua ingestão traz riscos imediatos e a longo prazo para os pacientes, principalmente as crianças."

Até o momento, tampouco há comprovação científicaquem é a empresa vaidebetque outras terapias alternativas que vêm sendo usadas ajudem pacientes com autismo. Elas incluem dietas específicas (algumas das quais ajudam pessoas com epilepsia a reduzir suas convulsões) sem glúten ou caseína, ou mesmo transplantequem é a empresa vaidebetcélulas-tronco. "[Este último] Não só não funciona, como é um procedimento caro e arriscado", afirma Nelson.

Existe uma corridaquem é a empresa vaidebetindústrias farmacêuticas na busca por medicamentos, mas o médico americano também é cético quanto a isso. "A controvérsia é que, no autismo, o que exatamente você vai tratar com as drogas? É um distúrbio complexo. Medicamentos podem reduzir os sintomas, como deixar [pacientes] menos ansiosos ou mais sociáveis, mas não estão tratando o autismoquem é a empresa vaidebetsi."

Um medicamento recente usa o hormônio ocitocinaquem é a empresa vaidebetsprays nasais na tentativaquem é a empresa vaidebetaumentar a sociabilidadequem é a empresa vaidebetpessoas do espectro autista, com resultados aparentemente positivos. A questão é que não se sabe ainda os efeitos colaterais disso, uma vez que a dose necessáriaquem é a empresa vaidebetocitocina tende a aumentar para fazer efeito.

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Legenda da foto, Greta Thunberg é um exemplo dos pontos fortesquem é a empresa vaidebetcrianças e jovens no espectro autista

Os pontos fortes das crianças no TEA

O que se sabe, por enquanto, é que intervenções psicológicas precoces ajudam,quem é a empresa vaidebetboa parte dos casos, as crianças no TEA a se desenvolverem e a melhorarem suas habilidades sociais, embora ainda persista a dúvidaquem é a empresa vaidebetpor que algumas crianças respondem tão bem a intervenções comportamentais (por exemplo, que estimulam a criança a fazer contato visual e a entender nuances da interação social), e outras, nem tanto.

Nelson explica que,quem é a empresa vaidebetcercaquem é a empresa vaidebet10% dos casos nos EUA, crianças que são diagnosticadasquem é a empresa vaidebetseus primeiros anosquem é a empresa vaidebetvida — e por isso recebem acompanhamento desde cedo — acabam saindo do espectro autista.

Ao mesmo tempo, diz o médico, "muitas pessoas dizem que focamos demais nos deficits e não tanto nas fortalezas" das pessoas no espectro autista.

Um dos casos recentes que mais chamam a atenção é o da jovem ativista climática sueca Greta Thunberg, diagnosticada com a síndromequem é a empresa vaidebetAsperger (que atualmente é parte do espectro autista) e que demonstrou grande habilidadequem é a empresa vaidebetgalvanizar o públicoquem é a empresa vaidebettornoquem é a empresa vaidebetsua causa.

"Os interesses restritos (das pessoas com TEA) podem se tornar seu ponto forte", diz Nelson. "Essas pessoas às vezes têm habilidades excepcionais e memórias incríveis. As que são boas com números podem se tornar matemáticas brilhantes, por exemplo."

Uma possibilidade, diz ele, é voltar as atenções para intervenções que estimulem esses pontos fortes — algo que ainda não é feito nem estudadoquem é a empresa vaidebetgrande escala com crianças do espectro autista.

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