Zika causa danos neurológicos tambémadultos, aponta estudo:
"Na maioria das vezes, o Zika causa aqueles sintomas leves que se resolvem logo, como a erupção cutânea", explica à BBC News Brasil Claudia Pinto Figueiredo, coordenadora do ProgramaPós-graduaçãoCiências Farmacêuticas da UFRJ e líder da pesquisa. "Masum número importantecasos - ainda não sabemos quantos, o que exigiria um estudo epidemiológico - o vírus causa complicações."
A pesquisadora aponta que a gravidade do quadro depende, muitas vezes, do estadosaúde do paciente antesele ser infectado pelo Zika.
"Um paciente saudável, que não tenha fatoresriscodesenvolver doenças neurológicas ou psiquiátricas, pode não desenvolver nada (nenhuma complicação). Mas um paciente que tem tendência a demência ou é mais idoso, por exemplo, pode desenvolver mais problemas. Isso torna muito difícil avaliar o que o vírus (é capaz de) causar e por quanto tempo."
A pesquisa
Os pesquisadores da UFRJ (Figueiredo e os colegas Sérgio Ferreira e Andreia Da Poian) já haviam escutadomédicos relatospacientes adultos com complicações neurológicas após a infecção pelo Zika, mas isso ainda não havia sido colocado à provalaboratório.
Para fazê-lo, coletaram tecidos cerebrais humanospacientes que se submetiam a cirurgias neurológicas no hospital da universidade.
Esses tecidos foram cultivadoslaboratório e infectados pelo Zika. "Vimos que o vírus infectava os neurônios e se replicava, ou seja, produzia novas partículas virais", prossegue Figueiredo.
Depois, os pesquisadores testaram o efeito do víruscérebroscamundongos, com conclusões semelhantes: a infecção causava um processo inflamatório no cérebro dos roedores e resultava na perdasinapses - que é o processoque os neurônios transmitem impulsos entre si. O Zika, aponta o estudo, se multiplicava principalmenteáreas relacionadas à memória e ao controle motor.
Nos roedores, os efeitos neurológicos atingiam seu pico seis dias após a infecção e praticamente desapareciam 60 dias depois. No entanto, o efeitohumanos pode ser mais duradouro, a dependercada caso.
"A vida do camundongo édois anos, então 60 dias é muito tempo para eles, proporcionalmente", diz Figueiredo.
Nova frentepesquisa
As descobertas, afirma Figueiredo, abrem uma "nova frentetrabalho" relacionada aos estudos do Zika, que continua ativo no Brasil - foram registrados 2.344 prováveis casosinfecção pelo vírus entre janeiro e março deste ano, segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, datadoabril.
"(O efeitoadultos) não é o principal problema do Zika, considerando que a microcefaliabebês foi algo devastador. Eadultos, não é uma maioria que vai desenvolver complicações. Mas (o objetivo) é ajudar a traçar novas políticassaúde pública para avaliar melhor esses pacientes."
Mais informações sobre esses impactos até então pouco conhecidos do Zika, diz ela, podem ajudar médicos a traçar diagnósticos neurológicos melhores e mais rápidospacientes que saibam que foram infectados pelo vírus, economizando custosexames e tomografias.
Além disso, o estudo da UFRJ identificou que,alguns casos, um medicamento anti-inflamatório -nome genérico infliximab -, hoje usado no tratamentoartrite reumatoide, pode ajudar no tratamentopacientes adultos com complicações neurológicas da zika, embora nãotodos os casos.
Um grave problema futuro na busca para entender melhor os impactos do Zika, opina Figueiredo, é o anúncio do governocortes5,6 mil bolsaspós-graduação da Capes (CoordenaçãoAperfeiçoamentoPessoalNível Superior).
Bolsas do tipo serviram para garantir a conclusão da pesquisa recém-publicada - que teve financiamento também da RedePesquisaZika, Chikungunya e Dengue no Estado do RioJaneiro e da Fundação Carlos ChagasAmparo à Pesquisa (Faperj) -, eausência deve inviabilizar pesquisas futuras sobre o vírus.
"Bolsas são fundamentais para realizarmos pesquisas como esta. Não temos pesquisadores contratados, mas sim alunos bolsistaspós-graduação da Capes coordenados por professores. Sem as bolsas, vai ser impossível fazer ciência", diz ela.
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