Como a pornografia impulsionou avanços tecnológicos:
Hoje, com a expansão da rede, a pornografia domina cada vez menos. A internet dificulta a vidaprodutorespornografia profissionais.
O site pornográfico mais visitado, Pornhub, é mais ou menos tão popular quanto o Netflix ou o LinkedIn. Mas só está no 28º lugar no ranking mundial.
Origens da pornografia
Desde o início da história da arte, sexo tem sido um tema recorrente. Artistas rupestres pré-históricos registravam seios, vulvas e grandes pênis.
Algumas representações conhecidasde casais fazendo sexo datam11 mil anos.
Há cerca4 mil anos, um artista da Mesopotâmia criou uma placaterracotaum homem e uma mulher transando enquanto ela bebe cerveja por meioum canudo.
Um parmilênios depois, os Moche, que habitaram o norte do território onde hoje fica o Peru, desenharam relações sexuaismateriaiscerâmica. O Kama Sutra, da Índia, é do mesmo período.
Mas o fatoque as pessoas usaram arte para retrarar imagens eróticas não quer dizer que havia uma força motora por trás dessas técnicas.
Considere a prensaGutenberg, por exemplo. Embora livros "excitantes" certamente tenham sido impressos, o principal mercado para materialleitura era religioso.
Um meio mais plausível, já no século 19, é a fotografia.
Estúdios pioneirosParis comerciavam os chamados "estudosarte", um eufemismo que as autoridades nem sempre aceitavam.
Clientes estavam dispostos a pagar o suficiente para sustentar a tecnologia: por um tempo, custava mais comprar uma fotografia erótica do que pagar uma prostituta.
A palavra "pornografia" vem do grego pornos (prostituição) e graphos (escrita, registro).
Técnicas evoluindo
Quando novos avanços tecnológicos surgiram, como a imagemmovimento, a palavra já tinha sido adotada com seu significado moderno.
Mas a pornografia não impelia a indústria cinematográfica, por razões óbvias.
Filmes eram caros. Grandes públicos tinhampagar os custos. Isso implicava exibições públicas.
E embora muita gente pagasse para ver fotos pornográficascasa, poucas pessoas se sentiam confortáveis o suficiente vendo filmes adultosum cinema público.
Uma solução veio nos anos 1960 com as "caixasperspectiva" - caixas onde se colocava moedas para que os filmes fossem exibidos.
Uma caixa rendia milharesdólaresuma semana.
Mas o avançorelação à privacidade veio com o vídeo cassete (VCR). Em seu livro The Erotic Engine, o escritor Patchen Barss argumenta que o VCR fez com que a pornografia amadurecesse, ganhando uma "casa própria" tecnológica.
No começo, fitas eram difíceisserem vendidas: eram caras e vinhamdois formatos incompatíveis. Quem se arriscaria a investir dinheiroum equipamento que poderia ficar obsoleto? Pessoas que queriam muito ver filmes adultoscasa.
Nos anos 1970, a maior parte das fitas vendidas eram pornô.
Em poucos anos, a tecnologia ficou mais acessível para pessoas que queriam assistir a filmesfamília - e, quando o mercado expandiu, a parte pornográfica diminuiu.
A chegada da rede
Uma história parecida pode ser contada sobre TV a cabo - e sim, finalmente, a internet.
Leitores mais velhos podem se lembrarquando ficar online significava acessar a rede por meiointernet discada. Depois, levar horas ou dias para fazer o downloadum arquivo que hoje seria baixadopoucos segundos.
Mas o que motivaria alguém a se esforçar tanto? Isso, você adivinhou.
Um estudo1990 que analisou os gruposdiscussão da Usenet, onde usuários postavam mensagenstextofóruns, indica que cincocada seis imagens compartilhadas eram pornográficas.
Alguns anos depois, pesquisassalasbate-papo indicaram uma proporção similaratividade dedicada a sexo.
O apetite pela pornografia ajudou a impulsionar a demanda por conexões mais rápidas, melhores modems e banda larga.
Também estimulou inovaçãooutras áreas. Distribuidorespornô online foram pioneirostecnologias digitais, como a compressãoarquivosvídeo e sistemaspagamento amigáveis a usuários.
Todas essas ideias atingiram mais usuários. E, com a internet expandindo, a pornografia gradualmente perdeu seu espaço.
Hojedia, a internet está dificultando a vidaprodutorespornografia profissionais. Assim como é difícil vender uma assinaturajornal quando tantas coisas estão disponíveisgraça online, é difícil vender pornografia com sites como o Pornhub distribuindo conteúdo gratuitamente.
Grande parte dessa pornografia gratuita é pirateada e é muito difícil conseguir a remoçãoconteúdo ilegal na rede.
O grande player do momento é uma empresa chamada Mindgeek, que é dona do Pornhub evários outros sitesconteúdo adulto.
Seu domínio absoluto no mercado é um problema,acordo com a professora Marina Adshade, da Vancouver School of Economics, autoraDollars and Sex: How Economics Influences Sex and Love ("Dólares e Sexo: Como a Economia influencia o Sexo e o Amor",tradução livre).
"Ter um só comprador colocou pressão nos produtores para que diminuíssem o preçoseus filmes", ela diz.
"Isso não só atrapalhou o lucro dos produtorespornô, mas mudou radicalmente o trabalhoatores pornôs, que agora estão sob grande pressão para representar papéis que eles teriam recusado no passado - e por um preço mais baixo."
Certamente há dinheiro na pornografia.
A melhor maneirafazer dinheiro talvez seja investindotecnologias que têm espaço para a pornografia e que a pornografia, porvez, também permita o desenvolvimento dessas tecnologias.
No passado, isso significava que estúdiosfotos parisienses ou empresas produzindo vídeo cassetes ou modemsalta velocidade; hoje, algoritmos que sugerem conteúdo e que mantêm os olhos dos espectadores na tela.
O papel do sexo como propulsordesenvolvimento tecnológico ainda não terminou.
Tim Harford escreve a coluna "Untercover Economist", do Financial Times. Esse texto faz parte da série "50 Things That Made the Modern Economy", transmitida pela BBC World Service.
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