Rosa nem sempre foi 'corbet365 libertadoresmenina' - nem o azul, 'de menino':bet365 libertadores

Pintura 'Alice e Elisabeth Cahen d'Anvers', mais conhecida como 'Rosa e azul', do pintor impressionista francês Renoir,bet365 libertadores1881 e que faz parte do acervo do Masp,bet365 libertadoresSão Paulo

Crédito, Domínio público

Legenda da foto, Pintura 'Alice e Elisabeth Cahen d'Anvers', mais conhecida como 'Rosa e Azul', do pintor impressionista francês Renoir,bet365 libertadores1881 e que faz parte do acervo do Masp,bet365 libertadoresSão Paulo

bet365 libertadores "A regra geralmente aceita é que rosa é para os meninos, e azul para as meninas. O motivo é que o rosa, sendo uma cor mais decidida e forte, é mais apropriado para meninos. Enquanto o azul, que é mais delicado e gracioso, é mais bonito para a menina."

O parágrafo acima foi publicado há cem anos,bet365 libertadores1918, por uma revistabet365 libertadoresmoda infantil americana, a Earnshaw, voltada para profissionais da área. Foi encontrado por Jo Paoletti, professora eméritabet365 libertadoresEstudos Americanos na Universidadebet365 libertadoresMaryland, nos Estados Unidos, e autora do livro Pink and Blue: Telling the Boys from the Girls in America (Rosa e Azul: Distinguindo Meninosbet365 libertadoresMeninas nos Estados Unidos).

"(Encontrar essa frase) virou minhas suposiçõesbet365 libertadorescabeça para baixo", lembra a pesquisadora,bet365 libertadoresconversa com a BBC News Brasil. Afinal, o rosa nem sempre havia sido uma corbet365 libertadoresmenina, nem o azul corbet365 libertadoresmenino.

"A ideiabet365 libertadoresque há algo natural e permanente sobre o usobet365 libertadoresrosa para as meninas e azul para garotos é historicamente errada", diz Paoletti. "Assim, também é errada a ideiabet365 libertadoresque se você não tratar as crianças segundo um estereótipobet365 libertadoresgênero elas vão crescer confusas, serão pervertidas, vão se tornar homossexuais, transgênero. Não há nenhuma evidência disso. Não é dos estereótiposbet365 libertadoresgênero que nasce a identidade homossexual ou trans."

O usobet365 libertadoresrosa ou azul mobilizou as redes sociais brasileiras nesta quinta-feira, chegando ao topobet365 libertadoresassuntos mais comentados no Twitter. O motivo foi a divulgaçãobet365 libertadoresum vídeobet365 libertadoresDamares Alves, a primeira ministra a ocupar a pastabet365 libertadoresMulher, Família e Direitos Humanos - criada por Jair Bolsonaro,bet365 libertadoressubstituição ao Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos do governobet365 libertadoresDilma Rousseff.

"Atenção, atenção! É uma nova era no Brasil. Menino veste azul e menina veste rosa!", fala Damares Alves no vídeo. A frase foi acompanhadabet365 libertadorescoro por apoiadores. Em seguida, todos pularambet365 libertadorescomemoração - inclusive a ministra, nitidamente empolgada.

O contexto da frase é a intenção do novo governobet365 libertadorescombater a chamada "ideologiabet365 libertadoresgênero". O termo, que não é reconhecido por estudiosos, foi popularizado por segmentos contrários à ideiabet365 libertadoresque gênero é uma construção social e, portanto, não está restrito ao sexo biológicobet365 libertadoresuma pessoa.

"Fiz uma metáfora contra a ideologiabet365 libertadoresgênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores", disse a ministra, após a reação das redes sociais,bet365 libertadoresentrevista ao jornal O Estadobet365 libertadoresS. Paulo.

Menina e seu irmão bebê usando vestido branco; fotografiabet365 libertadores1905, nos Estados Unidos

Crédito, University of Maryland Costume and Textile Collect

Legenda da foto, Menina e seu irmão bebê usando vestido branco; fotografiabet365 libertadores1905, nos Estados Unidos

Vestidos brancos para bebês e azul femininobet365 libertadoresalusão à Virgem Maria

A divisãobet365 libertadorescoresbet365 libertadoresmeninos ebet365 libertadoresmeninas é uma construção social recente, explica Paoletti. "Cem anos atrás, os bebês usavam vestidos brancos, independentemente do sexo da criança. Essas roupas brancas eram mais fáceisbet365 libertadoresserem mantidas limpas, porque podiam ser fervidas", diz ela. Além disso, era mais fácil trocar a fraldabet365 libertadoresum bebêbet365 libertadoresvestido do que com calças.

"Quando as cores foram introduzidas no vestuário infantil, tinham tons pasteis, mas não importava se era rosa ou azul. Geralmente, eram escolhidasbet365 libertadoresacordo com o tipo físico da criança. Era muito comum ver bebêsbet365 libertadoresolhos azuis vestindo azul. E bebêsbet365 libertadoresolhos castanhos vestindo rosa. As pessoas achavam que combinava mais", continua Paoletti.

O uso das cores também variavabet365 libertadoresacordo com a região, explica a pesquisadora. "Em alguns países católicos, era comum encontrar o usobet365 libertadoresazul para meninas, porque o azul era associado à Virgem Maria. Em outros locais católicos, como França e Bélgica, o primeiro filho costumava ser dedicado à Virgem Maria e vestidobet365 libertadoresazul, fosse menino ou menina."

Mais recentemente, o usobet365 libertadoresrosa para meninas e azul para meninos se tornou padronizadobet365 libertadorestodo o Ocidente. Como isso ocorreu? Uma das explicações é que o padrão teria sido criado pela indústria da moda americana e se espalhado para outros países.

O professorbet365 libertadorespsicologia da Universidade do Novo México, Marco Del Giudice, analisou as ocorrênciasbet365 libertadoresrosa e azul para meninos e meninasbet365 libertadoresuma basebet365 libertadoresdadosbet365 libertadoresmilhõesbet365 libertadoreslivros, publicados a partirbet365 libertadores1880. Segundo ele, as referências a "rosa para meninas" começaram a ser mais abundantes a partir do final da Segunda Guerra Mundial, na décadabet365 libertadores1940.

Além disso, outros simbolismosbet365 libertadoresgênero entraram na moda infantil, como laços e corações para meninas, aviões e bolas para meninos. "Antes, o que definia a moda infantil era a praticidade, a conveniência. Agora, as pessoas estão mais interessadasbet365 libertadoresgarantir que seu filho pareça com o estereótipobet365 libertadoresum menino", diz Paoletti.

No desenho animado Peter Pan, Wendy veste azul e e seu irmão Michael usa um pijama rosa

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, No desenho animado Peter Pan, Wendy veste azul e e seu irmão Michael usa um pijama rosa

Meninas preferem rosa? Ciência diz que não

Um estudobet365 libertadores2011 publicado pela Sociedadebet365 libertadoresPsicologia Britânica analisou a preferênciabet365 libertadorescorbet365 libertadoresbebês e crianças com idades entre 7 meses e 5 anos. Cada criança recebeu um parbet365 libertadoresobjetos, um com a cor rosa e o outro com uma segunda cor. Os pesquisadores, então, observaram qual era a preferência ou rejeição pelos objetos rosas.

O resultado foi que, com até um anobet365 libertadoresidade, meninas e meninos escolheram objetos cor-de-rosabet365 libertadoresforma semelhante. Ou seja, não havia uma preferênciabet365 libertadoresgênero pela cor.

Já aos dois anos, as meninas passaram a preferir o rosa um pouco mais frequentemente que os meninos. E, a partirbet365 libertadoresdois anos e meio, a preferência por rosa despontou nas meninas, ao mesmo tempo que a rejeição ao rosa prevaleceu entre meninos.

Segundo as pesquisadoras, a preferência pelo rosa nessa idade pode ser explicada pela identificaçãobet365 libertadoresgênero que é dada pelos adultos e acaba absorvida pelas crianças.

"As descobertas vão na contramão da sugestãobet365 libertadoresque as preferênciasbet365 libertadorescor podem ter uma base biológica. Alguns pesquisadores propuseram que há mais vantagem evolutiva para mulheres que são atraídas por coresbet365 libertadoresfrutas, como o rosa. Mas, se as mulheres tivessem uma predisposição biológica ao rosa, então isso seria evidente independentemente da aquisiçãobet365 libertadoresconceitosbet365 libertadoresgênero".

Em outras palavras, seria perceptívelbet365 libertadoresqualquer estágiobet365 libertadoresvida.

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