'Minha mãe não quer ouvir falar. É como se estuprocasino slots gratismenino gay fosse justificado': o relatocasino slots gratisLondrescasino slots gratisuma trans brasileira:casino slots gratis
"Quando se tratacasino slots gratisuma mulher biologicamente construída ecasino slots gratisum gay, é justificável a violência com gay. Com a mulher é inadmissível, não pode (...) Acho que violência e exploração sexual é exploração sexual, indiferentecasino slots gratisgênero,casino slots gratisvocê ser um homem gay, uma travesti ou uma mulher biologicamente construída."
Há alguns dias o depoimentocasino slots gratisCunha pôde ser escutado e assistido por quem visitasse a instalação batizadacasino slots gratisCicatriz ("Scar",casino slots gratisinglês),casino slots gratisLondres. A obra,casino slots gratisBia Lessa, integrou o festival Mulheres do Mundo ("Women of the World"), no Southbank Centre.
Ali, foram convertidoscasino slots gratisobras gráficas e audiovisuais os relatoscasino slots gratisduas dezenascasino slots gratismoradoras da Maré, dentre as 801 ouvidas para a pesquisa Violência Contra Mulheres no Complexo da Maré, que tenta traçar um panorama da violênciacasino slots gratisgênero naquele aglomeradocasino slots gratisfavelas.
O estudo integra a iniciativa batizadacasino slots gratis"Cidades Saudáveis, Seguras e com Equidadecasino slots gratisGêneros: Perspectivas transnacionais sobre Violência Urbana contra Mulheres", financiada pelo Conselhocasino slots gratisPesquisa Econômica e Social (ESRC/Reino Unido) e realizadacasino slots gratisparceria com a UFRJ (Universidade Federal do Riocasino slots gratisJaneiro), a Redes da Maré, a Queen Mary University, o King's College, a People's Palace Projects e o Latin American Women's Rights Service.
Para este projeto, também foi realizada uma pesquisa sobre o mesmo temacasino slots gratisLondres, desta vez com imigrantes brasileiras que vivenciaram algum tipocasino slots gratisviolência.
Moradora da Maré assim como Cunha, Maria Alice Vieira,casino slots gratis52 anos, também não teve coragemcasino slots gratisdenunciar o ex-companheiro, usuáriocasino slots gratisdrogas, que tentou matá-la.
"Ele pegou pelos cabelos e bateu com a minha cabeça no guarda-roupa. Aí me derrubou, montoucasino slots gratiscimacasino slots gratismim, tapou a minha boca com a mão para eu não gritar, e aí foi a hora que ele enfiou a faca no meu peito... Foi quando mordi a mão dele. Ele tirou a mão da minha boca e foi a hora que eu gritei socorro e ele enfiou a faca dentro da minha boca, na minha garganta", diz.
Quando ela conseguiu fugircasino slots gratiscasa e ser socorrida, o ex pulou do terceiro andar e se machucou todo. Moradores da vizinhança quiseram linchá-lo, o que Maria Alice então impediu. Logo depois, ela o acolheucasino slots gratisvolta.
"Fiquei um tempão me perguntando por que é que eu não fiz isso (de denunciar). Eu não sei se é porque eu não tinha coragem, ou se era pelo amor que eu tinha por ele. Eu mesma fiquei me perguntando, mas eu nunca tive essa resposta", diz a comerciante, que chegou a ficar três meses sem comer por causa dos 14 pontos levados na língua.
Na instalação feita apenas com relatos das moradoras da Maré, a diretora Bia Lessa também usou objetos pessoais das vítimas, alguns usados para feri-las, como um sabonete com o qual uma delas apanhava, ou que fossem símbolo da força para superar as agressões.
Maria Alice escolheu para a mostra uma das roupinhascasino slots gratisValentina,casino slots gratisum ano e nove meses. A filha que teve com o homem que tentou matá-la há seis anos foi o motivo da ruptura na relação abusiva. No segundo semestre, a instalação será exibida no Rio ecasino slots gratisSão Paulo.
Do outro lado do oceano
Do outro lado do Oceano Atlântico, brasileiras que emigraram para Londres relataram episódioscasino slots gratisviolência parecidos com os que sofreram as moradas da Maré.
É o caso da baiana Camila,casino slots gratis31 anos, que teve o sobrenome foi omitido para preservarcasino slots gratisidentidade. Ela mudou-se para a capital inglesa há dez anos, depoiscasino slots gratister conhecido pela internet o brasileiro que se tornaria seu marido.
"Como ele era calmo, evangélico, não bebia e não fumava, pensei que ele seria uma boa pessoa pra mim", conta. Um tempo depois, porém, ela descobriu que o casamento, na verdade, era uma prisão. "Ele me isolou do mundo porque ninguém podia saber que éramos casados. O pior abuso que sofri foi o psicológico", diz.
Não muito tempo depois, Camila passou a sofrer agressões físicas. Ela não teve coragemcasino slots gratisdenunciar a agressão, ainda maiscasino slots gratisum país estrangeiro. "Tinha medo dele se vingar. Eu estava aqui sozinha e não queria voltar para o Brasil. Eu tinha vergonhacasino slots gratisvoltar e admitir que nada deu certo aqui."
Vergonhacasino slots gratisdenunciar
O relato dela foi colhido durante a pesquisa Não se pode lutar no escuro: Violência Contra Mulheres e Meninas entre Brasileirascasino slots gratisLondres,casino slots gratisautoria da professora Cathy McIlwainecasino slots gratisparceria com a pesquisadora Yara Evans, ambas da universidade King's College,casino slots gratisLondres.
Para o estudo, que tem metodologia diferente do feito na Maré e não é comparativo com aquele, foram ouvidas 175 brasileiras que vivem na capital inglesa, indicadas por organizaçõescasino slots gratisdireitos das mulheres.
Do totalcasino slots gratis175 entrevistadas, 82%, ou quatrocasino slots gratiscada cinco mulheres, disseram ter sofrido violênciacasino slots gratisgênero ao longocasino slots gratissuas vidas. Duascasino slots gratiscada cinco delas foram vítimas tanto no Brasil quanto no Reino Unido.
Quase metade delas (48%) sofreu alguma formacasino slots gratisviolênciacasino slots gratisgênero no novo país. A violência emocional/psicológica é a mais relatada (48%), seguida da física (38%) e da sexual (14%).
Camila não é a única que não reportou a agressão no Reino Unido: 56% das imigrantes brasileiras não fizeram denúncia.
Entre os motivos estão a faltacasino slots gratisconfiança que algo seria feito a respeito, pouca informação, vergonha e problemas com a imigração (documentos vencidos ou faltacasino slots gratisdocumentação), além do problema com a língua estrangeira.
Na pesquisa feita na Maré, coordenada pela professora da pós-graduaçãocasino slots gratisServiço Social da UFRJ Miriam Krenzinger e pela Redes da Maré, foram entrevistadas 801 mulherescasino slots gratismaneira aleatória (o compromisso do projeto transnacional era ouvir cercacasino slots gratis200 mulherescasino slots gratiscada país, mas as pesquisadoras brasileiras decidiram ampliar a amostra).
Desse total, 29% relataram ter sofrido alguma violência - apesarcasino slots gratisos dois estudos não serem comparativos, a diferença com a amostracasino slots gratisLondres pode se dar, segundo os pesquisadores, porque as entrevistadas fora do Brasil foram indicadas por entidadescasino slots gratisapoio à mulher.
Na Maré, a agressão física associada à violência psicológica foi a forma mais recorrentecasino slots gratisagressão, segundo 34%. O medo e a vergonha também apareceram como fatores principais para que elas não revelassem a ninguém o que sofreram.
A professora McIlwaine diz à BBC Brasil que as causascasino slots gratisviolênciacasino slots gratisgênero na Maré ecasino slots gratisLondres são fundamentalmente as mesmas: relações desiguaiscasino slots gratispoder, patriarcais e misóginas aprofundadas.
"As condições, no entanto, são muito diferentes. As mulheres na Maré vivem numa pobreza maior, com alto nívelcasino slots gratisexclusão ecasino slots gratisviolência urbana. De muitas maneiras, a violência contra as mulheres lá também está associada a outras formascasino slots gratisviolência."
Para Krenzinger, há uma outra conexão entre as duas pesquisas: a relação das mulheres com a questão da Justiça.
"As mulheres da Maré moram num território que estabelece redescasino slots gratisproteção informais, muitas vezes fora da lógica do que a gente pensacasino slots gratistermoscasino slots gratisestado democráticocasino slots gratisdireito. Elas acionam redes que podem ser vinculadas à família, à igreja e a grupos armados", diz. "Em Londres elas também acionam redes que não são a do Estado, como entidadescasino slots gratisapoio, igreja", fala.
"Outra questão é o medocasino slots gratisacionar o acesso à Justiça formal via Poder Judiciário, ir à polícia. Em Londres, muitas mulheres estãocasino slots gratissituação irregular e têm medo. No Rio, as mulheres não acreditam que a polícia irá até a favela investigar."