Lula eleito: os fatores que levaram Bolsonaro a ser 1º presidente a não se reeleger:sinais double pro arbety
Passados mais oito anos, Dilma Rousseff (PT) enfrentousinais double pro arbety2014 uma eleição disputada contra Aécio Neves (PSDB), que ficou bem pertosinais double pro arbetyvirar, mas acabou com 48,36% contra 51,64%sinais double pro arbetysua adversária.
Em 2018, o então presidente Michel Temer (MDB), altamente impopular, optou por não se candidatar, e Bolsonaro foi eleito pela primeira vez.
O presidente chegou a prometer durante aquela campanha fazer uma reforma política e, entre outras medidas, acabar com a reeleição. Em entrevista recente à CNN, Bolsonaro explicou que não cumpriu a promessa para impedir "a volta da esquerda".
"O que me fez mudarsinais double pro arbetyideia? O quadro oposto para disputar uma eleição minha. Não tínhamos um nome, um perfil parecido com o meu. Estaríamos entregando o Brasil para o PT, o PDT ou o PSB. Seria a volta da esquerda. Isso fez a decisão minhasinais double pro arbetytocar nesse assunto", afirmou.
O presidente chegou pertosinais double pro arbetyseu objetivo, mas não conseguiu os votos necessários para vencer, mesmo com as vantagenssinais double pro arbetyum presidente no exercício na disputa pela reeleição.
Bolsonaro já não havia chegado à frente no primeiro turno, algo inédito desde a redemocratização, quando a eleiçãosinais double pro arbetydois turnos foi instituída, e não conseguiu reverter a desvantagem no segundo.
O presidente foi derrotado por Lula, que teve 50,9% dos votos válidos no segundo turno, contra 49,1%sinais double pro arbetyBolsonaro. Afinal, o que deu errado para o presidente?
Cientistas políticas ouvidas pela reportagem avaliam que a alta rejeição do presidente pelos eleitores foi determinante parasinais double pro arbetyderrota e apontam, entre as causas disso, a forma como governou,sinais double pro arbetygestão da pandemia e a piora da economia durante o governo.
Mas também há outro fator que precisa ser levadosinais double pro arbetyconsideração: seu adversário foi Lula, um político capazsinais double pro arbetygerar grande mobilização (esinais double pro arbetyconquistar muitos votos).
As vantagenssinais double pro arbetyBolsonaro
A derrotasinais double pro arbetyBolsonaro é incomum porque presidentes que tentam um novo mandato têm algumas coisas a seu favor. Uma delas ésinais double pro arbetyordem mais simbólica. Em uma política tão personalista quando a brasileira,sinais double pro arbetyque a minoria da população diz se identificar com um partido, a Presidência dá uma enorme visibilidade a um político.
"A pessoa já ganhou uma eleição, e isso se amplia porque se cria uma memória política, gera vínculos com o eleitor. Isso é um fator importante que desequilibra a disputa", diz a cientista política Flávia Biroli, professora da Universidadesinais double pro arbetyBrasília (UnB).
Presidentes também controlam a máquina pública, ou seja, estão no governo e podem usar isso a seu favor para conseguir apoio político e popular.
O Executivo elabora e executa parte do orçamento e pode direcionar os recursossinais double pro arbetyacordo com seus interesses eleitorais,sinais double pro arbetyforma legal, e tomar medidas que conquistem a simpatia dos eleitores.
O controle da máquina também facilita a costurasinais double pro arbetyalianças no Congresso — que assumiu o controlesinais double pro arbetyuma parte dos recursos distribuídos que antes eram geridos pelos ministérios com as chamadas emendassinais double pro arbetyrelator, também conhecidas como Orçamento Secreto — e com lideranças locaissinais double pro arbetyEstados e municípios, que depois farão campanha a seu favor.
"Houve um alinhamento muito forte entre Bolsonaro e a presidência do Congresso, o que permitiu o uso do orçamento a seu favorsinais double pro arbetyuma forma muito capilar e que ficou no limite entre o legal e o ilegal, contornando as garantias estabelecidassinais double pro arbetylei para que a eleição ocorra com um minimosinais double pro arbetyequilibro", diz Biroli.
A cientista política dá como exemplo a forma como o governo contornou o veto da lei à ampliaçãosinais double pro arbetybenefícios sociaissinais double pro arbetyano eleitoral, entre outras medidas.
"O uso da máquina pública pelo governo Bolsonaro foi alémsinais double pro arbetytudo que conhecíamos, dispondosinais double pro arbetyrecursos públicos às vésperas da eleiçãosinais double pro arbetyuma forma que só foi possível com uma emenda constitucional, e concedendo empréstimo consignado atrelado ao Auxílio Brasilsinais double pro arbetyforma absolutamente irresponsável", diz Biroli.
Mas isso não foi suficiente para reverter a impopularidadesinais double pro arbetyBolsonaro, que chegou a ser desaprovado por quase dois terços da populaçãosinais double pro arbetymeadossinais double pro arbety2021 e terminou seu governo com um terço avaliando seu governo como ruim ou péssimo. Outro terço o aprova, e o restante diz que foi regular ou não sabe.
Isso se traduziusinais double pro arbetyuma grande rejeição nas urnas, com cercasinais double pro arbety50% dos eleitores dizendo que não votariam nelesinais double pro arbetyjeito nenhum, enquanto Lula ficou abaixo, com cercasinais double pro arbety45%. A rejeição a Bolsonaro é maior do que assinais double pro arbetyLula e Dilma, que estavamsinais double pro arbetytornosinais double pro arbety30% quando eles se reelegeram, por exemplo.
"Os presidentes que se reelegeram tinham um nívelsinais double pro arbetyapoio popular muito além do que Bolsonaro tem hoje. Houve um desgaste do governo, especialmente com o eleitorado feminino, que é a maioria, e a campanha teve muita dificuldadesinais double pro arbetylidar com essa alta rejeição", diz a cientista política Denilde Holzhacker, professora da Escola Superiorsinais double pro arbetyPropaganda e Marketing (ESPM).
Alta rejeição e o 'fator Lula'
A piora da economia, com o aumento da inflação, do desemprego e da fome, se somou à reprovação pela maioria da populaçãosinais double pro arbetycomo Bolsonaro geriu a pandemia, como apontam pesquisas.
"Isso acabou afetando a forma como os eleitores avaliam o governo, ao considerarem que as políticas do governo impactaram negativamentesinais double pro arbetyperspectivasinais double pro arbetyfuturo, e a saída para isso foi buscar alternativas", diz Holzhecker.
Biroli avalia que a pandemia consolidou perante parte da população a visãosinais double pro arbetyque o governo Bolsonaro foi "sistematicamente irresponsável".
"O governo fez apostas, como se recusar a comprar vacinas e a fazer uma gestão científica da pandemia, que custaram caro para muitas pessoas. Elas sentiram as consequências na pele, viveram momentossinais double pro arbetymuita dor e insegurança, enquanto o principal governante do país se negou a atuar para produzir um sentimentosinais double pro arbetyenfrentamento coletivo da tragédia."
Biroli avalia ainda que Bolsonaro fez um "governosinais double pro arbetycampanha" com apelos constantes a uma parte do eleitorado para promover uma mobilização permamente.
"É algo característicosinais double pro arbetyum populismosinais double pro arbetydireita, apostando sempresinais double pro arbetyradicalizar seus apoiadores. Isso intensificou alinhamentossinais double pro arbetyum lado, entre aqueles que fazem parte deste movimento bolsonarista,sinais double pro arbetyuma identidade política na sociedade, mas encontrou um limite e afastou outros eleitores", afirma.
Tudo isso fez ganhar corpo no país um sentimento tão potente quanto o antipetismo que contribuiu para a eleiçãosinais double pro arbetyBolsonaro há quatro anos. O antibolsonarismo é uma reação às ações do governo ao longosinais double pro arbetyquatro anos, avalia Holzhacker, o que acirrou a polarização, não só ideológica mas também afetiva, ao estilo, propostas e crençassinais double pro arbetyBolsonaro.
"A visão antibolsonarista cresceu a partir da pandemia e por causasinais double pro arbetycomo Bolsonaro tratou algumas pautassinais double pro arbetycostumes, a liberaçãosinais double pro arbetyarmas, que é vista com muita desconfiança por vários setores da sociedade, e seu estilo pessoal, que para uns é uma autenticidade, enquanto para outros é grosseria e agressividade", afirma Holzhacker.
A cientista política ressalta que o governo elaborou no último ano políticas sociais para liberar recursos para determinados setores sociais para diminuir o impacto negativo da piora da economia. "Isso deu um fôlego para Bolsonaro no segundo turno, mas talvez tenha sido tarde demais para conseguir revertersinais double pro arbetyrejeição", diz.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro tinhasinais double pro arbetyLula um adversário capazsinais double pro arbetyfazer um contraponto ao presidente, diz Holzhacker. "Enquanto Bolsonaro é visto como alguém que não tem sensibilidade para questões sociais, Lula é visto como alguém que tem, e as pesquisas qualitativas mostram que os eleitores, independentementesinais double pro arbetygostar ou não dele, reconhecemsinais double pro arbetyatuaçãosinais double pro arbetyáreas sociais."
Além disso, Lula terminou seu segundo mandato com índicessinais double pro arbetyaprovação a seu governo e a ele pessoalmente acima dos 80%.
"Não foi uma disputa qualquer. Lula tem um histórico positivo enquanto presidente e que, mesmo com todos os casossinais double pro arbetycorrupção esinais double pro arbetyprisão, tem um argumentosinais double pro arbetyter sido vítima do sistema político. Desde a redemocratização, não tivemos um líder tão popular e com uma capacidadesinais double pro arbetymobilização neste nível. Isso muda o jogo."
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