Tuberculose pulmonar ultrapassa fronteirasfutebol onlinepresídios e favelas no Brasil:futebol online
Muitos que tinham tuberculose e estavam sintomáticos com tosse por maisfutebol onlinetrês semanas supuseram que se tratavafutebol onlinecovid-19 ou tiveram medofutebol onlineprocurar serviçosfutebol onlinesaúde com medofutebol onlinepegar covid-19.
"Ou, quando procuraram ajuda, encontraram profissionaisfutebol onlinesaúde que estavam com o olhar bem voltado à covid. Houve um certo esquecimento da doença, o que refletiu uma queda no númerofutebol onlinecasos."
No mundo,futebol onlineacordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),futebol online2020, mais pessoas morreramfutebol onlinetuberculose, com muito menos pessoas sendo diagnosticadas e tratadas ou recebendo tratamento preventivofutebol onlinecomparação com 2019, já que gastos gerais com serviços essenciais para a doença diminuíram.
A previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, pelas consequências da pandemiafutebol onlinecovid-19, até 1,5 milhãofutebol onlinepessoas a mais possam morrerfutebol onlinetuberculose no mundo até 2025.
Quem são os doentes por tuberculose?
Há um estigmafutebol onlineque a tuberculose é uma doença "de presídios" ou restrita às favelas. De fato, os bacilos podem se espalhar com mais facilidadefutebol onlineambientes socialmente precários, onde as pessoas estão naturalmente mais expostas a infecções e comorbidades, que, porfutebol onlinevez, podem prejudicar o sistema imunológico.
Além disso, entre as razões que contribuem para que os mais pobres sejam os mais afetados, estão a aglomeraçãofutebol onlinepessoasfutebol onlineum mesmo cômodo, faltafutebol onlineacesso rápido aos serviçosfutebol onlinesaúde (o que contribui para que uma pessoa que tenha a doença não seja diagnosticada e não se isole, contaminando outras) e até a dificuldadefutebol onlinemanter o tratamento.
"Muitos postosfutebol onlinesaúde requerem que o paciente faça o tratamento assistido, ou seja, vá até a unidade todos os dias para tomar o medicamento na frente do agentefutebol onlinesaúde, mas nem todos podem ir diariamente", explica Viana, descrevendo a realidadefutebol onlinemilharesfutebol onlinebrasileiros que atravessam suas cidades para trabalhar e, às vezes, mantêm maisfutebol onlineum emprego.
Mas qualquer pessoa pode ter o bacilo causador da doença, que é passado por transmissão aérea após o espirro ou tossefutebol onlineum doente. "Basta ter contato com um portadorfutebol onlinetuberculose no ônibus, metrô,futebol onlineuma festa ou qualquer outro lugar para que ele se aloje no organismo", diz Viana.
Mas, para a maioria das pessoas, as defesas naturais do sistema imunológico são suficientes para combater a infecção primária. "Mas, se há uma piora na imunidade por qualquer razão, a bactéria pode sair do estágio adormecido e começar a se proliferar", aponta o pesquisador.
"Pessoas com maior poder aquisitivo, acesso à saúde e à boa alimentação passam anos ou a vida inteira sem manifestar a tuberculose. Mas isso não significa que não possam ter a doença."
A pessoa sintomática, explica Viana, costuma ter perdafutebol onlinepeso com possível quadrofutebol onlinedesnutrição e uma aparência adoecida, o que contribui para o estigma negativo da tuberculose.
"O outro estigma, já histórico, é a tosse. Uma tosse crônica, por maisfutebol onlinetrês semanas, que faz às vezes o paciente expectorar sangue por comprometimento pulmonar. É a chamadafutebol online'tossefutebol onlinetuberculoso'."
Antesfutebol onlineexistir o tratamento efetivo, que hoje é oferecido gratuitamente pelo Sistema Únicofutebol onlineSaúde (SUS)futebol onlinetodos os Estados e no Distrito Federal, algumas pessoas com a doença eram internadasfutebol onlinesanatóriosfutebol onlinetuberculose.
"Ainda que hoje esse isolamento seja feitofutebol onlinecasa e que o paciente não transmita mais o bacilo depoisfutebol online15 dias, o tratamento é longo. A duração normal éfutebol onlineseis meses, mas, para casos resistentes, pode durar até dois anos."
A tuberculosefutebol onlinediferentes cenários
A advogada Thalita Giraldi,futebol online24 anos, moradora da Zona Lestefutebol onlineSão Paulo, acredita que tenha entradofutebol onlinecontato com o bacilo causador da doençafutebol online2017. "Foi quando comecei a ter sintomasfutebol onlinepneumonia que não cessaram com o tempo, o que levou a uma investigação mais minuciosa."
Embora o exame PDD (prova tuberculínica) tivesse dado reagente para tuberculose, por contafutebol onlineuma reaçãofutebol onlinepele paralela e a faltafutebol onlineproduçãofutebol onlineescarro, que geralmente é analisadofutebol onlineum segundo exame,futebol onlinebroncoscopia, para confirmar o diagnóstico, Thalita passou por diferentes especialistas sem um planofutebol onlinetratamento adequado.
"Fui encaminhada para o Hospital das Clínicas, estudaram meu caso, mas não conseguiram 'bater o martelo'futebol onlineum diagnóstico. Com a chegada da pandemiafutebol online2020, pareifutebol onlineir atrás", conta a advogada, que ainda sofriafutebol onlinetosse constante.
Em janeirofutebol online2022, ela foi infectada pelo vírus da covid-19 e, mesmo vacinada, teve sintomas intensos, como dor no corpo, tosse e cansaço.
Passados quatro meses, ela ainda tinha sequelas, e, dado ao seu histórico clínico, o médico pediu um teste laboratorial chamado QuantiFERON, que analisa a resposta do sistema imune ao bacilo da tuberculose. O resultado, assim como o do exame PDD, foi positivo.
"Meu tratamento terminou recentemente, mas foi uma jornada difícil, que me fez abrir mãofutebol onlinealgumas coisas durante os últimos seis meses", diz Thalita.
"Achava que era uma doença muito antiga. No início da investigação, não dei tanta atenção por conta das outras várias possibilidadesfutebol onlinediagnóstico, e também porque a tuberculose soava como algo muito sério, eu tinha medofutebol onlinemorrer se fosse tuberculose", conta Thalita.
Já para Mariana Romano, os sintomas começaramfutebol online2018, e o diagnóstico veio um pouco mais rápido, mas não antesfutebol onlinea doença fazê-la perder 10 kg.
"Eu trabalhava muito, estudava e era donafutebol onlinecasa. Fazia muita coisa ao mesmo tempo e não me alimentava direito. Um dia minha, imunidade caiu, e eu não paravafutebol onlinetossir e estava com febre alta. Fui na UPA [Unidadefutebol onlinePronto Atendimento] e me passaram tratamentofutebol onlinepneumonia, só que eu não melhorava e perdia peso a cada dia", diz ela, que tinha 17 anos na época e morava na favela da Rocinha, no Riofutebol onlineJaneiro, um local conhecido por ter um alto índice da doença.
Já bastante debilitada, Mariana procurou ajuda no hospital municipal Miguel Couto e, com a broncoscopia, recebeu o diagnósticofutebol onlinetuberculose.
Mariana, que hoje tem 21 anos e é promotorafutebol onlineeventos, cursava o ensino médio e estavafutebol onlineférias na época do diagnóstico, mas precisou se afastar do cursofutebol onlineassistente administrativa e do trabalho que tinhafutebol onlineuma drogaria.
"Precisava tomar quatro comprimidos enormes que me davam muito enjoo. Nada parava no estômago, e, para ser sincera, apesarfutebol onlineter feito o tratamento pelo tempo certo, tinha diafutebol onlineque eu passava tão mal que não conseguia tomar os remédios."
Quando chegou a pandemia, a médicafutebol onlineMariana recomendou que ela mudasse para a casa da mãe.
"Eu moravafutebol onlineum beco muito estreito, onde só passava uma pessoa por vez e não dava nem para ver o céu direito. Era úmido, e meu pulmão estava muito comprometido ainda, então, ela sugeriu que eu morasse com a minha mãe no bairrofutebol onlineBelford Roxo para evitar pegar covid-19."
A vacina atual e os imunizantesfutebol onlineestudo
A vacina que existe contra tuberculose hoje não protege contra o tipo pulmonar, que é o mais comumfutebol onlineadultos.
A BCG, como é chamada, é administradafutebol onlinecriançasfutebol onlineaté 4 anosfutebol onlineidade e funciona contra os tipos mais comuns que acometem essa faixa etária: a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (forma grave que ocorre quando as bactérias caem na corrente sanguínea e se disseminam).
"A proteção é muito boa até a adolescência, mas, depois, diminui. Aí, não sabemos se é a BCG que não oferece imunidade contra a tuberculose pulmonar ou se ela se torna o tipo mais comumfutebol onlineadultos porque a eficácia da vacina diminui com o tempo", explica Luciana Cezarfutebol onlineCerqueira Leite, pesquisadora do Laboratóriofutebol onlineDesenvolvimentofutebol onlineVacinas do Instituto Butantan.
Apesarfutebol onlineser obrigatória para recém-nascidos, a vacina BCG - que protege contra as formas graves da tuberculose - tem registrado baixos índicesfutebol onlinecobertura.
Dados do Datasus mostram que a cobertura vacinal caiufutebol online105%,futebol online2015, para 68,6%futebol online2021. "Há vários fatores que contribuíram para essa queda, inclusive a falta periódica da BCG", afirma Leite.
Desde 2016, a única fábrica nacional que produz a BCG e a Onco BCG, pertencente à Fundação Atalphofutebol onlinePaiva (FAP), no Riofutebol onlineJaneiro, passou por sucessivas interdições da Agência Nacionalfutebol onlineVigilância Sanitária (Anvisa) - e, a partir daí, o fornecimento da vacina no país passou a ficar intermitente.
Nos primeiros mesesfutebol online2022, o Ministério da Saúde pediu para que Estados fizessem o racionamentofutebol onlinedoses, conforme mostrou a BBC News Brasilfutebol onlinereportagem publicadafutebol onlinemaio.
"Há também questões do dia-a-dia. É mais fácil encontrar a vacinafutebol onlineuma capital, onde você atravessa a rua e tem um postofutebol onlinesaúde. Mas, se você estáfutebol onlineregião rural, precisa viajar para fazer a aplicação e, quando chega, não há doses, pode acabar desistindofutebol onlinevoltar outro dia", diz a pesquisadora, reforçando a importânciafutebol onlineter os imunizantes amplamente disponíveis.
"Por fim, é uma luta constante da Ciência para mostrar que a vacinação é importante."
Existem atualmente diversos estudos ao redor do mundo que estão buscando alternativas para proteger a população economicamente ativa, entre 20 a 49 anos, contra a tuberculose pulmonar. Leite faz partefutebol onlineum dos estudos desses imunizantes, que estáfutebol onlinedesenvolvimento no Butantan.
Até o momento, os testesfutebol onlineanimais mostraram que a vacina é capazfutebol onlineproteger mais do que o imunizante tradicional. Mas ainda há um longo caminhofutebol onlinetestes até que algum benefício para humanos seja comprovado.
- Texto originalmente publicadofutebol onlinehttp://vesser.net/brasil-63408032