‘Fui contratada grávida’: os casos que desafiam ‘tabu’melhores aplicativo de apostasempregar gestantes e mães:melhores aplicativo de apostas
A postagem teve maismelhores aplicativo de apostas25 mil curtidas e 740 comentários.
"E nesses comentários muitas mulheres contaram o inverso (da minha história), então a gente nota que existe um preconceito muito grande quando a gente se torna mãe."
Caroline dos Santos Gomes,melhores aplicativo de apostasSão Paulo, foi chamada para um novo emprego na áreamelhores aplicativo de apostasgovernançamelhores aplicativo de apostasTI na mesma semanamelhores aplicativo de apostasque descobriumelhores aplicativo de apostasgestação, ainda no início. "Quando avisei a empresa e a resposta foi 'não tem problema nenhum', eu me senti muito valorizada, ainda mais se tratandomelhores aplicativo de apostasgestores homens que eu ainda não conhecia", conta ela, agora emmelhores aplicativo de apostas15ª semanamelhores aplicativo de apostasgravidez e nos primeiros mesesmelhores aplicativo de apostasseu novo trabalho.
"Vi que fui avaliada pelo meu potencial na empresa, e tem sido assim até hoje", prossegue. "Quando tornei públicas a contratação e a gravidez, vi que não era um caso isolado na empresa e torço para que outras empresas ampliemmelhores aplicativo de apostasvisão,melhores aplicativo de apostasque o que elas precisam é da profissionalmelhores aplicativo de apostassi."
De um lado,melhores aplicativo de apostasredes como Linkedin e Instagram, estão mais comuns relatosmelhores aplicativo de apostasmulheres que, como Betina e Caroline, celebram contrataçõesmelhores aplicativo de apostasplena gravidez - e justamentemelhores aplicativo de apostasum períodomelhores aplicativo de apostasdesemprego alto.
De outro, porém, dados e estudos apontam que as barreiras e desigualdades para mulheres grávidas e mães persistentem - e são bem maiores do que as enfrentadas pelos homens.
As Estatísticasmelhores aplicativo de apostasGênero do IBGE (Instituto Brasileiromelhores aplicativo de apostasGeografia e Estatística), divulgadasmelhores aplicativo de apostasmarço deste ano, apontaram que o nívelmelhores aplicativo de apostasocupação das mulheresmelhores aplicativo de apostas25 a 49 anos que vivem com criançasmelhores aplicativo de apostasaté três anos eramelhores aplicativo de apostas54,6%, contra 89,2% dos homens da mesma faixa etária e nas mesmas circunstâncias.
O nívelmelhores aplicativo de apostasocupação era ainda mais baixo se fossem consideradas apenas as mulheres negras ou pardas.
O salário das mulheres também é menor, na média, quando elas se tornam mães. A remuneração das que têm filhos é 18,1% menor do que as sem filhos, segundo dados referentes a mulheresmelhores aplicativo de apostas25 a 35 anos obtidos da partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostramelhores aplicativo de apostasDomicílios) Contínua, do IBGE, do primeiro trimestremelhores aplicativo de apostas2021, levantados pela pesquisadora Mariana Leite, da consultoria iDados, a pedido da BBC News Brasil.
As que têm três filhos ou mais chegam ganhar 42% a menos do que as sem filhos.
E, no período da gravidez, "enquanto a possibilidademelhores aplicativo de apostastrabalhar dos futuros pais não se altera, a das mães cai fortemente conforme o nascimentomelhores aplicativo de apostasum bebê se aproxima", apontaram os pesquisadores do Ipea (Institutomelhores aplicativo de apostasPesquisa Econômica Aplicada) Marcos Hecksher, Ana Luiza Barbosa e Joana Costa em uma nota técnica publicadamelhores aplicativo de apostasabrilmelhores aplicativo de apostas2020.
"O percentual que nem estuda nem trabalha já é mais alto entre as futuras mães do que entre os futuros pais antes mesmo dos trimestresmelhores aplicativo de apostasgravidez, mas a diferença se acentua muito durante a espera e após o nascimento dos(as) filhos(as)."
'Pode ser que você passe mal'
"Quando vejo postagensmelhores aplicativo de apostasmulheres sendo contratadas grávidas, fico feliz por elas - porque muitas empresas não gostam quando a gente é mãe, imagina então grávida", diz a química Michelle Silva,melhores aplicativo de apostasSão Paulo, ainda traumatizada pela experiência própria, ocorrida poucos meses antes do início da pandemia:
"Havia sido contratada para o meu emprego dos meus sonhos. Passei na entrevista online para uma bolsamelhores aplicativo de apostaspós-doutorado e, quando pediram meus documentos, falei que estava grávida."
Mas, ao contar da gestação, Michelle tevemelhores aplicativo de apostascontratação revogada.
"Eu só chorava. Entreimelhores aplicativo de apostasdepressão. Daí a vida seguiu e fui encontrando outros caminhos. Minha bebê tem 1 ano e 4 meses. Ainda sonhomelhores aplicativo de apostastrabalhar lá - gostariamelhores aplicativo de apostasacreditar que o que aconteceu comigo não foi por uma política da empresamelhores aplicativo de apostassi, e sim do conjuntomelhores aplicativo de apostaspessoas que estavam lá. E olha que uma delas já havia passado por uma gestação. Eram todos doutores, pessoas muito estudadas."
Elisa Diolinda, do Riomelhores aplicativo de apostasJaneiro, viveu experiência semelhante ao trocarmelhores aplicativo de apostasemprego recentemente. Depoismelhores aplicativo de apostasmuitos anos tentando engravidar, a gestação ocorreu simultaneamente ao fimmelhores aplicativo de apostasum longo processo seletivo para trabalharmelhores aplicativo de apostasuma grande empresa brasileira.
"Quando o RH contou (da gravidez) ao meu gestor, a contratação foi encerrada", conta ela, que é formadamelhores aplicativo de apostaslogística empresarial e está agora na trigésima semanamelhores aplicativo de apostasgestação.
"Um deles (gestores) foi bem claro: 'você vai ter que se deslocar e com a barriga não vai conseguir dirigir. É complicado, pode ser que você passe mal'. Eu disse que estava bem disposta, mas quemelhores aplicativo de apostasfato não sabia se mais para frente estaria igual. Poderia,melhores aplicativo de apostasqualquer forma, fazer o trabalho remotamente, ainda mais agora na pandemia. Mas eles já previam coisas negativas que iam acontecer comigo. É um pré-julgamento machista", queixa-se.
A volta (ou não) após a licença-maternidade
E, como atestam as diferenças salariais entre mães e não mães, as desigualdades prosseguem quando a mulher volta da licença-maternidade.
Em 2016, a economista e professora da FGV-Rio Cecilia Machado e colegas se puseram a analisar o que acontecia com as mulheres no mercadomelhores aplicativo de apostastrabalho formal (ou seja,melhores aplicativo de apostascarteira assinada) quandomelhores aplicativo de apostaslicença-maternidade (de 4 ou 6 meses) chegava ao fim.
Eles descobriram que entre 40% a 50% delas saíam do mercado formal e dificilmente retornavam depois.
Pode até ser que parte dessas mulheres tenha conseguido um trabalho informal que lhe fosse mais benéfico ou flexível. Mas,melhores aplicativo de apostasqualquer modo, o fenômeno gera perdas para essas mulheres e para a economiamelhores aplicativo de apostasgeral por dois motivos, explica Machado:
"O primeiro é que se reforça uma desigualdade no mercadomelhores aplicativo de apostastrabalho - já sabemos que a produtividade é maiormelhores aplicativo de apostasum ambiente mais diverso", diz ela.
"O segundo é que quem está no mercadomelhores aplicativo de apostastrabalho formal já tem um nívelmelhores aplicativo de apostaseducação mais alto. O fatomelhores aplicativo de apostasela não voltar ao mercado (após a licença-maternidade) significa que não haverá um retorno do que foi investido nela."
Na prática, tanto a empresa perde o que investiu no treinamento e no conhecimento daquela profissional específica, quanto ela também vai ter alguma perda no processo, inclusive porque deixarámelhores aplicativo de apostaster laços com a economia formal.
Embora esse problema não seja exclusivo do Brasil, Cecilia Machado acredita que, por aqui, o debate costuma ficar restrito à duração da licença-maternidade,melhores aplicativo de apostasvezmelhores aplicativo de apostasfocarmelhores aplicativo de apostasoutros aspectos que podem ter tanto (ou até mais) impacto na manutenção - ou na saída - da mulher do mercado profissional.
"Aqui a gente só falamelhores aplicativo de apostasextensão dessa licença-maternidade, mas não falamelhores aplicativo de apostaspolíticasmelhores aplicativo de apostascreche,melhores aplicativo de apostasigualdade (no mercadomelhores aplicativo de apostastrabalho) oumelhores aplicativo de apostasuma licença-parental que não seja só para a mãe, emelhores aplicativo de apostasincentivos para que o pai também tire essa licença", diz a economista à BBC News Brasil.
E,melhores aplicativo de apostasparte, diz ela, essas questões transcendem as políticas públicas e envolvem normas culturais que ainda relegam à mulher a maior parte do cuidado com a família.
As estatísticas reforçam isso. Segundo o IBGE, as mulheres dedicam quase o dobro do tempo que os homens aos cuidados domésticos oumelhores aplicativo de apostaspessoas: 21,4 horas semanais para elas, contra 11 horas semanais para eles.
De modo geral, as mulheres estão (junto a negros e jovens) entre os grupos mais vulneráveis ao desemprego no Brasil, sobretudo no períodomelhores aplicativo de apostaspandemia, segundo dados do Ipea.
Em estudo recém-publicado, os pesquisadores Hecksher, Costa e Barbosa observaram que, nos primeiros meses da crise do coronavírus, no ano passado, menosmelhores aplicativo de apostas40% das mulheres estavam ocupadas no país.
"E sem dúvida grávidas e mães estão ainda mais vulneráveis", diz Joana Costa à BBC News Brasil. "Esse diferencial já existia antes da pandemia, que apenas o agravou, porque dificultou o acesso das mulheres às redesmelhores aplicativo de apostasapoio (para dividir os cuidados com os filhos). Agora, com a retomada da economia, a volta às aulas presenciais, o aumento da vacinação e a volta dessa redemelhores aplicativo de apostasapoio, a expectativa émelhores aplicativo de apostasque as mulheres consigam diminuirmelhores aplicativo de apostassobrecarga e se inserir no mercado" - mas no máximo estacionando nos desiguais níveis pré-pandemia, agrega Costa.
O reflexomelhores aplicativo de apostastudo isso é sentido nas perspectivasmelhores aplicativo de apostastrabalho.
"A gente ouve falar maismelhores aplicativo de apostasdiversidade, mas eu ainda não vejo (na prática). A maioria das empresas tem as portas fechadas para a maternidade", opina Jozi Lambert, que fezmelhores aplicativo de apostascarreira na áreamelhores aplicativo de apostasRecursos Humanosmelhores aplicativo de apostasempresas mas hoje trabalha por conta própria, com consultoria e palestras, na regiãomelhores aplicativo de apostasCambuí, sulmelhores aplicativo de apostasMinas Gerais.
"Comecei a empreender não porque achasse lindo ou fácil, mas porque precisei", conta ela, depoismelhores aplicativo de apostaster sido demitida durantemelhores aplicativo de apostasterceira gravidez (ela é mãemelhores aplicativo de apostasquatro crianças).
"Nunca fuimelhores aplicativo de apostasfaltar ao trabalho porque sempre tive uma boa redemelhores aplicativo de apostasapoio, mas eu passei muito mal naquela gestação. Perdi 11 quilos, tinha muito enjoo."
Ela chegou a ficar temporariamente afastada com atestado médico, mas acabou sendo demitida por justa causa, por não comparecer ao trabalho.
"Foi uma das piores coisas da minha vida, mas também uma das melhores, porque sei como não quero ser (no casomelhores aplicativo de apostasse tornar chefemelhores aplicativo de apostasmulheres grávidas)", diz ela.
Embora tenha encontrado prazer, flexibilidade e propósito no seu trabalho atual, Jozi continua procurando emprego porque sente falta da estabilidade proporcionada por um emprego fixo.
"Infelizmente prevalece nas empresas, principalmente asmelhores aplicativo de apostaspequeno porte, a mentalidademelhores aplicativo de apostasque a 'mulher vai se ausentar' (por causa da gestação e do nascimento do bebê). Mas se essa mulher for amparada, ela volta muito mais forte ao trabalho. Quando as mulheres são acolhidas, elas usammelhores aplicativo de apostassua potência para performar. Uma mãe é alguém que sabe trabalhar sob pressão. Estou aqui falando com você e cuidando das minhas quatro crianças", defende.
Betina, a grávida cuja história abre essa reportagem, concorda. Ela, que já é mãemelhores aplicativo de apostasum meninomelhores aplicativo de apostasquase dois anos, acha que voltou da primeira gestação com mais resiliência e capacidademelhores aplicativo de apostas"gestão do caos".
Agora, na segunda gravidez, Betina diz que a segurança que recebeumelhores aplicativo de apostassua nova empresa lhe deu tranquilidade para "acelerar o trabalho e deixar tudo organizado para a minha ausência na licença".
"Acho que as empresas têmmelhores aplicativo de apostaspensar (a contratação) como um investimento a longo prazo no perfil daquela profissional - ela vai precisar se ausentar, mas vai valer a pena. Aqui, eu mergulheimelhores aplicativo de apostascabeça para criar templates e automatizar os processos. Mas consegui fazer isso porque a empresa encarou isso comigo - e é preciso respeitar o limitemelhores aplicativo de apostascada pessoa", diz.
"A gente (mulheres) está numa luta. Se pararmos para pensar, não faz nem cem anos que temos direito a voto no Brasil. Que legal que agora podemos discutir isso, empregos na gravidez. Quanto mais a gente falar, menos tabu vai ser."
Mas ela também reflete: "Ninguém pergunta ao meu marido (em entrevistasmelhores aplicativo de apostasemprego) se ele vai ser pai. É como se fosse um problema só da mulher."
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