Variante do coronavírus: por que o Japão descobriu antes do Brasil a linhagem do vírus vindabet365etManaus:bet365et
O virologista Felipe Naveca, pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), referência na análise genômica no Amazonas, onde foi identificada a variante que tem preocupado especialistas, afirma que não existe uma rotina diáriabet365etsequenciamento genético na região.
"Para fazer isso teríamos que ter uma equipe dedicada só ao sequenciamento, com automação e investimentos muito maiores do que há hoje", diz ele.
"Caso contrário, todo o recurso acabariabet365et3 meses, quando a nossa proposta é sequenciar durante o maior tempo possível e mostrar as mudanças ao longo desse tempo."
Em paralelo ao processamentobet365etdiagnósticosbet365ettestesbet365etPCR, também feito no instituto, a equipe sequencia 96 genomasbet365etalta qualidade a cada duas ou três semanas.
A África do Sul, que tem cercabet365etum quarto da população brasileira e tem sido considerado um exemplo bem sucedidobet365etvigilância, sequencia entre 50 e 100 genomasbet365etcoronavírus por semana.
O Reino Unido faz cercabet365et10 mil sequenciamentos por semana e se prepara para dobrar esse número nos próximos meses. O país tembet365etlonge a maior capacidadebet365etprocessamento, respondendo por cercabet365et200 mil entre os 400 mil genomas compartilhados por cientistasbet365ettodo o mundo na plataforma Gisaid.
Concorrência entre sequenciamento e examesbet365etPCR
Não existem dados consolidados sobre o volume sequenciado por semana no país ou a capacidadebet365etprocessamento.
Existem algumas iniciativas que caminhambet365etparalelo — uma delas é a rede genômica da Fiocruz, que conta com instituiçõesbet365et11 Estados e analisa amostrasbet365ettodo o país.
A chefe do Laboratóriobet365etVírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, que atua como Centrobet365etReferência Nacionalbet365etvírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde, afirma que os laboratórios da rede têm realizado sequenciamentos desde o início da pandemia — uma expertise que vembet365etparte da vigilância genômica do vírus influenza feita há anos pelo grupo.
Dada a gravidade da pandemia no país, entretanto, o trabalho tem muitas vezesbet365etser dividido com o processamentobet365etexames diagnósticosbet365etPCR - por isso o volumebet365etanálises genômicas é inferior ao que as equipes desejariam.
Ainda assim, ressalta Marilda, o Brasil responde por cercabet365et2,4 mil dos 5 mil genomas do Sars-CoV-2 cadastrados pela América do Sul na plataforma Gisaid.
"A gente não está tão ruim assim quando se pensabet365etregião. Temos, claro, que melhorar, e estamos buscando essa melhora."
O esforço agora, diz ela, é para que a vigilância genômica do coronavírus sejabet365ettempo real, para que o país conheça as variantes que circulam no territóriobet365etforma mais rápida e os gestoresbet365etsaúde possam "se antecipar" para tentar controlar, por exemplo, a disseminaçãobet365etlinhagens que sejam mais transmissíveis.
Para isso, é preciso aumentar o númerobet365etamostras sequenciadas e estruturar uma logística que garanta a análise sistemáticabet365etdadosbet365ettoda as regiões do país.
A linhagem descobertabet365etManaus, que tem preocupado cientistasbet365ettodo o mundo, tornou esse avanço ainda mais premente, mas o esforço para tentar ampliar a análise genômica das amostras do país é anterior, diz a pesquisadora.
Reagentes cotadosbet365etdólar
Em outra frente, o Brasil conta com a ajudabet365etum dos 300 supercomputadores mais potentes do mundo — o SDumont, que fica no Laboratório Nacionalbet365etComputação Científica (LNCC),bet365etPetrópolis (RJ).
Lá, a pesquisadora Ana Tereza Ribeirobet365etVasconcelos, responsável pelo Laboratóriobet365etBioinformática do LNCC, ebet365etequipebet365et25 pesquisadores fazem o sequenciamentobet365etamostras do Riobet365etJaneiro ebet365etoutras regiões do país.
Do início da pandemia até o momento, foram feitos cercabet365et400 sequenciamentos, um número bem abaixo do que a cientista gostaria.
O principal gargalo, diz ela, é verba.
"Estrutura física o Brasil tem, pessoal qualificado, também — trabalhamosbet365etrede genômica há 20, 30 anos", afirma. "A gente precisabet365etmais recursos para custeio, para comprar reagentes e ter acesso às amostras das diferentes regiões do país."
Os reagentes usados no processobet365etsequenciamento são importados — e passaram a custar bem mais com a desvalorização do real nos últimos meses.
Antes disso, entretanto, a vigilância genômica já havia sido impactada pelos cortes sucessivos que o orçamento da Ciência e Tecnologia vem sofrendo no país pelo menos desde 2016.
"E vigilância genômica é algo que tembet365etser constante, a ideia é antever o que vai acontecer", pontua Ana Tereza.
A burocracia brasileira para aprovação e liberaçãobet365etrecursos
O virologista Fernando Spilki, professor da Feevale, diz que o Brasil tem condiçõesbet365et"recuperar o terreno perdido" nessa área daqui para frente, com a liberaçãobet365etrecursos para pesquisas relacionadas à covid-19.
Ele está à frente da rede Corona-ômica BR MCTIC/Finep, um grande projetobet365etsequenciamento do Sars-CoV-2 que começou a ser desenhadobet365etfevereiro do ano passado e recebeu a primeira parte do financiamento — que vai chegar no total a cercabet365etR$ 10 milhões — entre setembro e outubro.
A demora para liberaçãobet365etrecursos, segundo ele, não é exclusividade do momento atual, mas "a rotina do pesquisador brasileiro".
A rede conta no momento com 14 instituições associadas, com 30 bolsistas CNPQ e mais uma centenabet365etpesquisadores. Um dos objetivos é mapear as linhagens do coronavírus que estão circulandobet365etalgumas regiões do país e entender o significado práticobet365etalgumas mutações.
Comentando sobre o esforço dos cientistas do país na áreabet365etvigilância genômica do coronavírus, o virologista acrescenta que a nova variante que circulabet365etManaus foi detectada primeiro no Japão e não no Brasil "por uma questãobet365ethoras".
Ele se refere ao trabalho dos cientistas do Centro Brasil-Reino Unidobet365etDescoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologiabet365etArbovírus (grupo Cadde), que publicaram dois dias depois da notificação das autoridades japonesas um estudo preliminarbet365etque detalhavam a variante.
O grupo, que também tem se dedicado a acompanhar por meio da análise genética a evolução do coronavírus, é coordenado pela imunologista Ester Sabino, pesquisadora do Institutobet365etMedicina Tropical da Faculdadebet365etMedicina da USP, que também esteve à frente do primeiro sequenciamento do genoma do Sars-CoV-2 realizado no país,bet365etfevereirobet365et2020.
Já o Japão não está entre os 10 países que mais têm feito sequenciamento do genoma do vírusbet365etproporção ao totalbet365etinfectados, mas tem realizado uma políticabet365etvigilância epidemiológica ativabet365etseus aeroportos na tentativabet365etevitar um aumento explosivo no númerobet365etcasos da doença.
A grande maioria dos aeroportos conta há meses com "estaçõesbet365etquarentena", para onde são enviados os viajantes com diagnóstico positivo para covid.
O país realiza testesbet365etmassa nos turistas e residentes que chegam do exterior — daí a razão por que identificou com rapidez a variante que circula no Amazonas.
O Brasil, porbet365etvez, não faz vigilância epidemiológica ativa nos aeroportos. As medidas estão mais rígidas desde o dia 31bet365etdezembro, quando o país passou a exigir dos passageirosbet365etvoos internacionais um comprovantebet365etdiagnóstico negativo da doençabet365etaté 72 horas antes do embarque.
Antes disso, contudo, havia protocolos para casos suspeitos, mas, como se sabe, uma grande quantidadebet365etcasosbet365etcovid-19 é assintomática.
O 'padrão ouro' do Reino Unido
O Reino Unido realiza hoje o maior número diáriobet365etsequenciamentos do genoma do coronavírus e tem uma estrutura única, que conta com o trabalho diretobet365etcercabet365et400 pessoas.
O diretorbet365etestratégia da força-tarefa, batizadabet365etCovid-19 Genomics UK Consortium (COG-UK), Ewan Harrison, conta que a equipe vai muito além dos cientistas e envolve uma grande operação logística,bet365etque caminhões transportam diariamente amostras do vírus coletadasbet365ettodo o país para os 16 hubsbet365etsequenciamento.
A história começoubet365et4bet365etmarço, diante da preocupação entre especialistasbet365etgenomasbet365etpatógenos com a rápida expansão da covid-19 no país.
Menosbet365etduas semanas depois, após dias seguidosbet365etreuniões, o grupo formalizou uma proposta e a apresentou ao governo e a organismosbet365etfomento.
Naquele momento, alguns críticos ao projeto argumentavam que os coronavírus mutavam menos do que muitos outros, como o influenza e o HIV, e que o esforço, portanto, seria uma perdabet365ettempo.
Parte deles não imaginava, entretanto, que o vírus infectaria milhõesbet365etpessoas, o que acabou abrindo portas para a ocorrênciabet365etuma sériebet365etmutações.
"Quando o vírus se replica, quando faz uma cópiabet365etsi mesmo (de seu material genético), ele ocasionalmente comete erros", explica o microbiologista Ewan Harrison, ligado à Universidadebet365etCambridge e ao Covid-19 Genomics UK Consortium.
"Quanto mais vírus circulando, maior a probabilidadebet365etisso acontecer. Quanto mais longas as infecções, maiores as chancesbet365eto vírus desenvolver uma mutação."
Naquele momento, o consórcio obteve um financiamentobet365et20 milhõesbet365etlibras (cercabet365etR$ 147 milhões) e acaboubet365etver aprovado um aporte adicionalbet365et12 milhões (R$ 88 milhões), que será usadobet365etparte para expandir a capacidadebet365etsequenciamentos por semana para 20 mil e, posteriormente, para 30 mil.
"Nós nunca fizemos o sequenciamento genéticobet365etum patógeno nessa escala,bet365ettão curto períodobet365ettempo. O que temos visto é a evoluçãobet365etação", acrescenta Harrison.
"Isso só reforça o fatobet365etque precisamos manter o númerobet365etcasos sob controle, temos que manter as medidas para tentar conter o vírus — usar máscaras, manter o distanciamento social, a higiene das mãos", completa.
No caso da variante identificada no país, o cientista conta que o consórcio foi notificado no iníciobet365etdezembro sobre um aumento súbitobet365etcasosbet365etLondres e no sudeste do Reino Unido. A partir daí, os pesquisadores foram buscar no bancobet365etgenomas amostras daquela região para entender se havia algo diferente.
Foi aí que descobriram a B117, que tem 24 mutações, 13 que afetam a espícula, que está associada à entrada do vírus na célula do hospedeiro. Há indicativosbet365etque as mutações tenham tornado essa cepa mais contagiosa, mas não há indíciosbet365etque ela leve a quadros mais gravesbet365etcovid-19.
A variantebet365etManaus
A virologista italiana Marta Giovanetti, que desde 2016 realiza pesquisas no Brasil e tem se dedicado à vigilância genômica do Sars-CoV-2 aqui, ressalta que o modelo britânico é um ponto fora da curva.
Para ela, a resposta do Brasil foi mais interessante do que abet365etseu país, que só mais recentemente passou a sequenciar mais genomas e a "produzir mais conhecimento".
"A gente viu que as regiões mais afetadas (na Itália) geraram genomas na ordembet365etcentenas. Isso não descreve a realidade do que aconteceu, não permite realizar algum tipobet365etinferência", afirma.
"Isso foi um pouco diferente no Brasil — lógico que poderia ser bem melhor", completa.
Assim como a variante identificada no Reino Unido e na África do Sul, a encontradabet365etManaus apresentou mutações nos genes que codificam a espícula, a proteína que permite a entrada do vírus nas células humanas — e que pode indicar um aumento na transmissibilidade do vírus.
Os dados analisados indicam que ela surgiu entre novembro e dezembro, diz Naveca, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). O pesquisador espera aumentar o númerobet365etsequenciamentos para identificar se a nova linhagem está circulandobet365ettodo Estado e,bet365etcaso positivo, com qual frequência. Por enquanto, não há dados sobre a circulação da variante no restante do país.
Para Naveca, por mais que a evolução do vírus seja esperada, a nova cepa encontrada no Reino Unido, na África do Sul e, agora, no Brasil chamam atenção.
"Elas acumularam muitas mutaçõesbet365etpouco tempo, acima do que a gente estava vendo até o momento."
Ainda assim, as razões por trás da explosão no númerobet365etcasos no Amazonas ainda precisam ser melhor estudadas, diz o pesquisador, já que a explicação pode ser multifatorial.
Além da variante que pode ser mais contagiosa, a região entroubet365etnovembro na temporadabet365etvírus respiratórios, com o "inverno amazônico", e ainda reduziu o distanciamento social no períodobet365etfestas.
Por isso, o cientista faz um apelo aos brasileiros para que sigam as recomendações para tentar evitar a disseminação do vírus no país.
"O vírus mutante não atravessa a máscara, não resiste à lavagem das mãos com água e sabão, ao usobet365etálcool gel. A transmissão também é evitada com o distanciamento social."
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