'Li a cartaapostaaposta em roletaroletadespedida do filho para a mãe': os relatos dos alunosapostaaposta em roletaroletaMedicina que cuidaramapostaaposta em roletaroletapacientes terminaisapostaaposta em roletaroletacovid-19:aposta em roleta
A ala, que tinha 20 leitos, foi criadaaposta em roletaabril do ano passado para receber pessoas com sintomas gravesapostaaposta em roletaroletacoronavírus somados a outras doenças, como câncer terminal. Ou seja, na enfermaria havia apenas pacientes cuja morte era considerada iminente e irreversível, embora esse destino anunciado não tenha se concretizadoaposta em roletatodos os casos.
"Convivemos com a morte diariamente. Foi uma experiência muito intensa e impactante. Vivemos momentos que vamos nos lembrar para o resto da vida. Também foi um período muito importante para nossa formação como profissionaisapostaaposta em roletaroletasaúde", explica Gabrielle.
Inicialmente, os estudantes iriam participarapostaaposta em roletaroletaum projetoapostaaposta em roletaroletacomunicação com os pacientesapostaaposta em roletaroletacovid-19 por meioapostaaposta em roletaroletarobôs. Com um tablet embutido, máquinas caminhavam pelas salasapostaaposta em roletaroletaleitos e permitiam que médicos e familiares conversassem com os internados — se desse certo, essa comunicação economizaria equipamentosapostaaposta em roletaroletaproteção individual utilizados pelos profissionais.
Porém, a redeapostaaposta em roletaroletawi-fi não funcionou bemaposta em roletatodos os pontos e os robôs ficaramaposta em roletasegundo plano.
Foi então que o grupoapostaaposta em roletaroletaestudantes precisou participar mais ativamente da rotina da enfermaria. "Começamos a aprender práticasapostaaposta em roletaroletacuidados paliativos. Muitosapostaaposta em roletaroletanós descobriram esses procedimentos ali mesmo, pois esse assunto não é tratado na faculdade", diz Gabrielle.
O que são cuidados paliativos?
"Costumo resumir os cuidados paliativos da seguinte forma: são os cuidados que damos ao sofrimento das pessoas que convivem com doenças graves ou ameaçadoras da vida", explica Douglas Crispim, presidente da Academia Nacionalapostaaposta em roletaroletaCuidados Paliativos (ANCP) e médico-assistente na enfermaria do HC durante a pandemia.
Na prática, esse ramo da Medicina não busca curar o paciente nem fazer com que ele se recupere da doença, como ocorreaposta em roletatratamentos médicos tradicionais. A ideia é garantir que a pessoa sofra cada vez menos com os sintomas — com acesso a analgésicos e opiáceos para aliviar a dor, limite a procedimentos invasivos e disponibilizaçãoapostaaposta em roletaroletaassistência psicológica.
Ou seja,aposta em roletacasoapostaaposta em roletaroletamorte iminente, o objetivo é tornar esse processo o menos doloroso possível, tanto para o paciente quanto para seus familiares.
"Os cuidados paliativos avaliam o ser humano como um indivíduo e não como uma doença ou um conjuntoapostaaposta em roletaroletaórgãos", diz Ricardo Tavares, professorapostaaposta em roletaroletaMedicina da USP e responsável pelo Núcleoapostaaposta em roletaroletaCuidados Paliativos do HC, que existe desde 2010, mas que teve enfermaria própria apenas com o início da pandemia.
"Esse ser humano tem particularidades. O que fazemos é avaliar a melhor formaapostaaposta em roletaroletatratar esses sintomas e diminuir o sofrimento da pessoa, pois muitas vezes a continuidade do tratamento médico intensifica esse sofrimento, mesmoaposta em roletacasosaposta em roletaque o processoapostaaposta em roletaroletamorte é irreversível."
Não significa que todos os encaminhados para cuidados paliativos vão morrer. Segundo o hospital, cercaapostaaposta em roletaroleta25% dos 200 pacientes que passaram pela ala entre abril e setembro receberam alta — um índice ligeiramente menor que o da Unidadeapostaaposta em roletaroletaTerapia Intensiva (UTI).
A enfermaria recebeu principalmente pessoas que acumularam sintomas gravesapostaaposta em roletaroletacovid-19, como extrema dificuldade para respirar, e problemas relacionados a outras doenças — na maioria das vezes, terminais. Elas foram selecionadasaposta em roletaoutras áreas do hospital e encaminhadas aos cuidados paliativos depoisapostaaposta em roletaroletaconversas entre os médicos e as famílias.
Recentemente, um estudo publicado no Journal of Palliative Medicine apontou que 22% das pessoas que morreramapostaaposta em roletaroletacovid-19 no Reino Unido já enfrentavam outra doença grave — ou seja, é possível que procedimentos médicos tradicionais não oferecessem chanceapostaaposta em roletaroletarecuperação ou prolongamentoapostaaposta em roletaroletasua vida.
"Esses dados mostram que boa parte dos pacientes que faleceramapostaaposta em roletaroletacovid-19 viveram seus últimos momentosaposta em roletameio a um grande sofrimento desnecessário", opina Crispim.
Últimos encontros
Na enfermaria do HC, uma das tarefas dos estudantes era acompanhar visitas virtuais do paciente com as famílias do ladoapostaaposta em roletaroletafora. Para evitar novas infecções, as visitas presenciais foram proibidas. Por isso,aposta em roletamuitos casos, os alunos assistiram aos últimos encontros entre familiares e pacientes que morreriam logo depois.
A estudante Gabrielle Cordeiro Trofa diz que esses momentos marcaramapostaaposta em roletaroletaexperiência. "Um dos casos eraapostaaposta em roletaroletaum senhor idoso, já inconsciente. Todos os dias, a gente levava o celular pra perto e a esposa dele cantava uma música religiosa para ele. Foi um processo muito bonito, apesar da piora progressiva dele. Não eram momentosapostaaposta em roletaroletadespedida, masapostaaposta em roletaroletaamor,apostaaposta em roletaroletaagradecimento", conta.
O estudante João Vitor Sampaio Rocha, 24, do 6º anoapostaaposta em roletaroletaMedicina, conta a históriaapostaaposta em roletaroletauma das pacientes graves que acompanhou:
"Todos os dias, a filha dela mandava áudios e músicas, e a gente colocava no ouvido dela. Até que um dia, a filha disse que gostariaapostaaposta em roletaroletafazer um vídeoapostaaposta em roletaroletadespedida. Parece que ela sentiu que era o último dia da mãe, a última oportunidadeapostaaposta em roletaroletase despedir. Ela falou durante 40 minutos. Mas estavaaposta em roletapaz com essa despedida, só queria agradecer tudo o que a mãe tinha feito, dizer o quanto a mãe era importante. Foi um momento muito marcante pra mim. É possível fazer do processoapostaaposta em roletaroletamorte algo menos traumático, com menos sofrimento e até bonito", diz o estudante.
Já Bianca Partezani Megnis, 25, do 5º ano, relata um caso ainda mais triste. "Tentamos fazer uma visita a um paciente, mas ele estava se alimentando quando a família ligou. Depois, não conseguimos contatar os parentes por telefone. Acabou que ele ficou por último naquele dia. Quando finalmente conseguimos completar a ligação com a família, ele já havia morrido. Não acreditamos. Saímos muito abalados da sala", diz.
Sofrimento dos médicos
A comunicação entre equipe médica, pacientes e familiares é um dos pilares dos cuidados paliativos. A ideia é que essa interação seja mais próxima e empática, um pouco diferente da tradicional relação fria entre as partes.
O médico Douglas Crispim conta que, no início da pandemia, muitos parentes reclamaram que ficavam dias sem ter notíciasapostaaposta em roletaroletaseus familiares internados no HC. "Nós criamos uma metaapostaaposta em roletaroletacomunicação diária. Todos os dias nós tínhamosapostaaposta em roletaroletainformar a família sobre o estadoapostaaposta em roletaroletasaúde do paciente, explicar os procedimentos que estavam sendo feitos e dar notícias ruins da maneira menos dolorosa possível", explica.
Para ele, essa tradicional "frieza médica" pode ser um indícioapostaaposta em roletaroletaque os próprios profissionaisapostaaposta em roletaroletasaúde criam uma barreira para se proteger do sofrimento ao lidar com a morte dos outros. "É difícil presenciar o sofrimento das pessoas. Então,apostaaposta em roletaroletacerta forma, nós criamos uma barreira com o paciente e com a família como uma formaapostaaposta em roletaroletaproteção", diz.
Crispim conta que, para ele, trabalharaposta em roletauma enfermariaapostaaposta em roletaroletacuidados paliativos foi uma "chuvaapostaaposta em roletaroletaemoções".
"Eu já tinha dez anosapostaaposta em roletaroletaexperiência como paliativista, mas atuar com a covid foi a experiência mais desafiadora que já enfrentei. Nunca lidei com uma quantidade tão grandeapostaaposta em roletaroletaóbitos. Havia uma rotatividade enormeapostaaposta em roletaroletapacientes, todos os dias. Meus colegas sofreram muito também, choravam, ficavam desanimados. E isso mexeu muito comigo. Mas a gente se apoiava muito, levantava a cabeça e recomeçava o trabalho", relata o médico.
A estudante Aliceapostaaposta em roletaroletaPaula Baer, 23, do 5º anoapostaaposta em roletaroletaMedicina, conta que ficou nervosa ao aceitar o trabalho voluntário na enfermaria. "Fiquei com medoapostaaposta em roletaroletacomo essa experiência diária com a morte poderia me afetar. Mas, com o tempo, a gente percebeu que o trabalho da equipe era muito bem feito, o que passou muita segurança para nós", explica.
Seu colega João Vitor Sampaio Rocha relata que a rotatividade na ala o surpreendeu. "Um dia fui embora do hospital e, quando voltei dois dias depois, metade dos pacientes tinham morrido. Era bem assustador nesse sentido, mas consegui me proteger para que não me afetasse quando eu voltava para casa".
Já Bianca Partezani Megnis concorda que, apesar dos momentos difíceis, a experiência contribuiu paraapostaaposta em roletaroletaformação. "Fiquei com medo inicialmente. Mas, para mim, passar por cuidados paliativos foi muito construtivo. Você aprende que a medicina também pode ser mais humana, com mais empatia no trato e na comunicação com o paciente e com a família", diz.
Para o médico Ricardo Tavares, coordenador da enfermaria do HC, os profissionaisapostaaposta em roletaroletasaúde, tanto médicos como enfermeiros, também precisamapostaaposta em roletaroletaapoio ao trabalhar tão próximos da morte.
"A gente sofre também, e é impossível não sofrer. Sempre digo aos alunos que temos que ser muito fortes para enfrentar esses momentos. Precisamos ter um compromisso com nós mesmos, um compromissoapostaaposta em roletaroletaser feliz eapostaaposta em roletaroletaser pleno na vida, aproveitar os momentos bons que vivemos. Para cuidar dos outros, nós precisamos estar inteiros", diz.
'Papel do médico'
Com o fim do períodoapostaaposta em roletaroletavoluntariado, o grupoapostaaposta em roletaroletaestudantes da USP decidiu divulgar os cuidados paliativos entre colegasapostaaposta em roletaroletafaculdade. O objetivo, agora, é tentar incluir a disciplina na grade curricular, embora esse seja um processo demorado. Atualmente, os procedimentos paliativos não fazem parte do currículo da graduação na universidade e só são abordadosaposta em roletaaulas eventuais a depender do professor.
Os alunos criaram um grupoapostaaposta em roletaroletaestudos para debater a questão entre eles e outros colegas.
"Os profissionaisapostaaposta em roletaroletasaúde precisam saber quando podem usar os cuidados paliativos, como se comunicar com os pacientes, como dar uma notícia ruim para a família. Saber reconhecer quando o processoapostaaposta em roletaroletamorte é inevitável e que prolongar o tratamento só vai gerar mais sofrimento. O papel do médico é evitar justamente evitar o sofrimento", diz a estudante Gabrielle Cordeiro Trofa.
aposta em roleta Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube aposta em roleta ? Inscreva-se no nosso canal!
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosapostaaposta em roletaroletaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaapostaaposta em roletaroletausoapostaaposta em roletaroletacookies e os termosapostaaposta em roletaroletaprivacidade do Google YouTube antesapostaaposta em roletaroletaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta em roleta"aceitar e continuar".
Finalapostaaposta em roletaroletaYouTube post, 1
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosapostaaposta em roletaroletaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaapostaaposta em roletaroletausoapostaaposta em roletaroletacookies e os termosapostaaposta em roletaroletaprivacidade do Google YouTube antesapostaaposta em roletaroletaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta em roleta"aceitar e continuar".
Finalapostaaposta em roletaroletaYouTube post, 2
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosapostaaposta em roletaroletaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaapostaaposta em roletaroletausoapostaaposta em roletaroletacookies e os termosapostaaposta em roletaroletaprivacidade do Google YouTube antesapostaaposta em roletaroletaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta em roleta"aceitar e continuar".
Finalapostaaposta em roletaroletaYouTube post, 3