Eleição nos EUA: Biden e Trump propõem substituiçãorodadas gratis pixbetimportações, tentada no Brasil nos anos 1960:rodadas gratis pixbet

Joe Biden e Donald Trump

Mais do que isso, ambos trouxeramrodadas gratis pixbetvolta para o centrorodadas gratis pixbetseus planos econômicos uma ideia que foi a tônica dos governos do Brasil, e da América Latina, nas décadasrodadas gratis pixbet1960 e 1970 - e que recebia também o endosso da esquerda — a chamada políticarodadas gratis pixbetsubstituiçãorodadas gratis pixbetimportações.

rodadas gratis pixbet O que é substituiçãorodadas gratis pixbetimportaç rodadas gratis pixbet ões rodadas gratis pixbet ?

Substituiçãorodadas gratis pixbetimportações é nome que se dá a um conjuntorodadas gratis pixbetmedidas econômicas que tentavam levar os países, como o Brasil, a produzir os bens e produtos que os cidadãos queriam comprar,rodadas gratis pixbetvezrodadas gratis pixbetimportá-los.

O país fazia isso por meiorodadas gratis pixbetintervenção pesada do Estado na economia: o governo sobretaxava os produtos estrangeiros — para torná-los mais caros e menos atraentes para os brasileiros — ao mesmo temporodadas gratis pixbetque subsidiava a atividaderodadas gratis pixbetvários setores nacionais e chegava a investir dinheiro públicorodadas gratis pixbetáreas consideradas estratégicas e fundamentais para economia e segurança nacional.

Por trás desse ferramental, estava a crençarodadas gratis pixbetpolíticos, economistas e intelectuais brasileiros na chamada teoria da dependência: a ideiarodadas gratis pixbetque o Brasil jamais deixariarodadas gratis pixbetser um país subdesenvolvido se apenas vendesserodadas gratis pixbetprodução agropecuária ao mundo e consumisserodadas gratis pixbetvolta produtos industrializados.

O país precisaria aumentar seu parque industrial para ter tanto produtos com maior valor agregado para exportar quanto empregos mais bem remunerados do que os rurais. Esse seria o caminho pra superar a pobreza.

Só que deu errado. Com o passar do anos, o Estado viu seus gastos aumentarem cada vez mais, já que tinha que bancar os custosrodadas gratis pixbetatividades produtivas nas quais nem sempre o país era eficiente.

Além disso, o preço final das mercadorias para os brasileiros era muito mais caro, porque produzir no país era custoso e porque os produtos estrangeiros eram taxados para proteger a indústria nacional.

A situação gerava ao mesmo tempo inflação, que precisaria ser contida com altos juros, que aumentavam ainda mais alta a dívida pública do país, que se via diante da necessidaderodadas gratis pixbetgastar cada vez mais no seu papelrodadas gratis pixbetprodutorrodadas gratis pixbetbens que custavam caro e eram ruins, e pressionavam a inflação, e assim sucessivamente.

imagemrodadas gratis pixbetmontadorarodadas gratis pixbetveículos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Biden e Trump têm proposto receituário muito parecido com o aplicado no Brasil dos anos 1960

Foi assim que o país desaguou na décadarodadas gratis pixbet1980rodadas gratis pixbethiperinflação e necessidaderodadas gratis pixbetempréstimos justamente do FMI, que forçou a adoçãorodadas gratis pixbetmedidas do Consensorodadas gratis pixbetWashington.

No curto prazo, essas medidas resultaram na quebradeirarodadas gratis pixbetparte significativa da indústria nacional, agora sem o respaldorodadas gratis pixbetmedidas protecionistas. Mas,rodadas gratis pixbetalguma maneira, algumas medidas econômicas dessa vertente se mantém populares até hoje, como a isenção fiscal a certos setoresrodadas gratis pixbettroca da manutençãorodadas gratis pixbetempregos.

O que Trump e Biden propõem?

De acordo com a economista Monica De Bolle, do Peterson Institute for International Economics, o que os dois candidatos americanos têm proposto agora é um receituário muito parecido com o aplicado no Brasil dos anos 1960.

"São as mesmas medidas que vimos na substituiçãorodadas gratis pixbetimportações da América Latina", diz De Bolle. A diferença está no grau e nas motivações: os EUA não querem se industrializar, e sim reavivar parterodadas gratis pixbetseu parque industrial hoje "zumbi".

E não quer fazer isso para superar a pobreza, mas para não dependerrodadas gratis pixbetparceiros internacionaisrodadas gratis pixbetquem não confia, como a China.

Do lado do republicano, o plano não chega a ser uma novidade. Trump se elegeurodadas gratis pixbet2016 prometendo querodadas gratis pixbetascensão à presidência seria "uma vitória do assalariado, do operário" e garantindo que faria uma reversão do processorodadas gratis pixbetglobalização da produção industrial, estimulada décadas antes pelo seu próprio partido, e com isso reabriria postos para os trabalhadores fabris.

Foi exatamente o que ele tentou fazer. Trump impôs tarifas para a importaçãorodadas gratis pixbetuma sérierodadas gratis pixbetprodutos. Seu governo instituiu impostorodadas gratis pixbet10% a cercarodadas gratis pixbetUS$ 200 bilhõesrodadas gratis pixbetprodutos da China, seu principal alvo.

Mas o Brasil não escapou dessas medidas protecionistas — o aço brasileiro tem sido sucessivamente taxado para proteger a ineficiente indústria siderúrgica americana e a carne bovina brasileira in natura ficou vetada do mercado dos EUA por quase toda a gestão Trump, alegadamente por motivos sanitários, masrodadas gratis pixbetmedida vista pelo setor brasileiro como protecionismo aos fazendeiros eleitores do republicano.

Ao renegociar acordos comerciais — como o novo tratado entre México, EUA e Canadá, conhecido pela siglarodadas gratis pixbetinglês USMCA — Trump incluiu uma cláusula que dava preferência aos produtores americanosrodadas gratis pixbetcompras feitas pelo governo dos EUA.

Com isso, forçou o retornorodadas gratis pixbetparte da indústria automobilística do país, que tinha se deslocado para o Méxicorodadas gratis pixbetbuscarodadas gratis pixbetmãorodadas gratis pixbetobra mais barata para as fábricas.

Xi Jinping e Donald Trumprodadas gratis pixbetencontrorodadas gratis pixbet2017

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, EUA buscam depender menos do comércio com a China

Erodadas gratis pixbetseu último grande movimento na direção da substituiçãorodadas gratis pixbetimportação, Trump anunciou que transformaria a falida empresa do ramo fotográfico, a Kodak,rodadas gratis pixbetuma produtora do medicamento paracetamol.

Como os EUA não têm um banco público para fomentorodadas gratis pixbetempresas nacionais, como o BNDES, o presidente alterou as autorizaçõesrodadas gratis pixbetempréstimo da Agência Internacionalrodadas gratis pixbetFinanciamento do Desenvolvimento dos EUA, normalmente destinada a bancar projetosrodadas gratis pixbetinfraestruturarodadas gratis pixbetpaísesrodadas gratis pixbetdesenvolvimento, para financiar a empreitada doméstica da Kodak e conceder US$ 765 milhõesrodadas gratis pixbetdinheiro público para o início da produção.

Com isso, abriria 350 postosrodadas gratis pixbettrabalhorodadas gratis pixbetRochester (NY),rodadas gratis pixbetonde os últimos empregados da Kodak foram demitidosrodadas gratis pixbet2017. E produziria cada comprimido a um custo quase 30% mais alto do que os disponíveis hoje nas gôndolasrodadas gratis pixbetfarmácia americanas, oriundosrodadas gratis pixbetChina e Índia.

Trump e os Republicanos não estão sozinhos nessa ideia. Em seu programarodadas gratis pixbetgoverno, Biden anunciou a intençãorodadas gratis pixbetestimular na população o comportamento "Buy American", ou "compre produtos americanos".

Isso seria feito por meio da injeçãorodadas gratis pixbetdinheiro público na economia: Biden prometeu um aumentorodadas gratis pixbetUS$ 400 bilhõesrodadas gratis pixbetquatro anos nas compras governamentaisrodadas gratis pixbetbens e serviços dos EUA, alémrodadas gratis pixbetUS$ 300 bilhõesrodadas gratis pixbetnovas pesquisas e desenvolvimentorodadas gratis pixbetquestõesrodadas gratis pixbettecnologia e na indústria dos EUA.

Biden ainda prometeu "trazerrodadas gratis pixbetvolta cadeiasrodadas gratis pixbetsuprimento críticas para a América para que não dependamos da China ourodadas gratis pixbetqualquer outro país para a produçãorodadas gratis pixbetbens essenciaisrodadas gratis pixbetuma crise". O plano,rodadas gratis pixbetacordo com a campanha, criaria pelo menos 5 milhõesrodadas gratis pixbetempregosrodadas gratis pixbetfábricas ao redor do país.

Em julho passado, Douglas Irwin, pesquisador do Peterson Institute for International Economics (PIIE), think tankrodadas gratis pixbetque surgiu o consensorodadas gratis pixbetWashington, notourodadas gratis pixbetum artigo que as políticasrodadas gratis pixbetsubstituiçãorodadas gratis pixbetimportação estão fazendo um "indesejável retorno".

"Até mesmo os Estados Unidos procuram promover a manufatura doméstica e excluir as importações do mercado. O governo Trump tem tomado medidas para 'relançar' a produçãorodadas gratis pixbetautomóveis, semicondutores e outros bens manufaturados para impulsionar a produção americana e criar empregos na indústria", escreveu Irwin.

Por que Washington abandonou o Consenso e abraçou o protecionismo?

De acordo com De Bolle, se na América Latina dos anos 1960, a motivação para adoção da substituiçãorodadas gratis pixbetimportação era a economia, nos Estados Unidosrodadas gratis pixbethoje esse movimento é político.

Promovido pelo republicano Ronald Reagan nos anos 1980, o Consensorodadas gratis pixbetWashington seria plenamente incorporado também pelos democratas. O próprio Biden defendeu entusiasticamente aspectos da globalização que levaram para a América Latina e para Ásia partes do processo industrial que antes aconteciamrodadas gratis pixbetfábricas no chamado cinturão da ferrugem, dos quais fazem parte estados como Pensilvânia, Wisconsin, Michigan e Illinois.

Ao longorodadas gratis pixbetdécadas, o processo foi gerando uma massarodadas gratis pixbetex-operários sem qualificação para arranjar novos empregos bem remunerados e cujas opçõesrodadas gratis pixbettrabalho os jogavam para uma classe social abaixo do que se acostumaram a ter.

Eram emrodadas gratis pixbetmaioria homens brancos que passaram boa parte da vida votando nos democratas — muito presentes nos sindicatos — mas que se viam abandonados pela política econômicarodadas gratis pixbetgovernos como orodadas gratis pixbetBill Clinton. Na prática, nenhum político lhes prometia o eles desejavam — ter seus empregos nas fábricasrodadas gratis pixbetvolta — até o surgimentorodadas gratis pixbetDonald Trumprodadas gratis pixbet2016.

O eco que as palavrasrodadas gratis pixbetTrump produziram nesse grupo explica como,rodadas gratis pixbet2016, ele venceu Michigan, após quase 30 anos sem vitóriarodadas gratis pixbetum presidenciável republicano no Estado, o Wisconsin, que não gerava vitória republicanarodadas gratis pixbet32 anos e a Pensilvânia, que votara democrata nos 20 anos anteriores.

operáriorodadas gratis pixbetfábrica

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Globalização levou à transferênciarodadas gratis pixbetparte da indústria americana para outros países com custo operacional mais barato

Em quatro anos, os números mostram que os empregos fabris não voltaram a essas regiões. "Nem iam voltar. Esse segmento industrial já morreu há muito tempo. O que temos é o discurso político, um grande jogorodadas gratis pixbetcena que funciona com o eleitor a curto prazo", afirma De Bolle.

Provarodadas gratis pixbetcomo o reposicionamentorodadas gratis pixbetTrumprodadas gratis pixbetrelação à economia gerou impactos consistentes no eleitorado é o fatorodadas gratis pixbetque a economia é o único tópicorodadas gratis pixbetque ele passou boa parte da corrida eleitoral com índices melhores do que osrodadas gratis pixbetBiden - hoje, ambos então empatados nesse quesito.

"A pandemia também deu força a esse nacionalismo na economia", afirma De Bolle.

Ela se refere ao fatorodadas gratis pixbetque os EUA enfrentaram desabastecimentorodadas gratis pixbetmaterial básico como máscaras e paracetamol durante a pandemia. Isso porque as importações do país acabaram interrompidas.

"É verdade que o pêndulo pós-covid se moveu para uma aceitaçãorodadas gratis pixbetum grau maior da intervenção estatal na economia", afirma o economista Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial.

O momento vivido pelo mundo e a necessidaderodadas gratis pixbetdisputar os eleitores nesses estados-chave explicam para os dois economistas o rumo que os programas econômicosrodadas gratis pixbetBiden e Trump tomaram.

Mas os dois economistas são céticos sobre quão longe o republicano e o democrata estariam dispostos a levar essa agendarodadas gratis pixbetsubstituiçãorodadas gratis pixbetimportaçãorodadas gratis pixbetum próximo governo.

"Medidas como a guerra comercial com a China feriram a economia americana. Acho que nem Trump se repetiria num segundo mandato. Não vejo um neodesenvolvimento americano. Não dá pra submeter completamente a lógica do mercado dessa maneira", diz Canuto.

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Tanto para De Bolle quanto para Canuto, o maior risco dessas medidas econômicasrodadas gratis pixbetTrump e Biden está menos no que pode acontecer com a economia americana e mais na sinalização que isso passa para governos ao redor do mundo.

Em seu artigo, Irwin nota que países africanos e asiáticos têm flertado coma agendarodadas gratis pixbetsubstituiçãorodadas gratis pixbetimportações. É muito improvável, segundo o pesquisador, que o resultado para eles possa ser melhor do que o que aconteceu no Brasil.

"É preocupante porque se os EUA adotam isso, pode virar uma onda,rodadas gratis pixbetum momentorodadas gratis pixbetque precisamos ainda mais desses instrumentos do Consensorodadas gratis pixbetWashington", diz Canuto,rodadas gratis pixbetreferência à recessão global provocada pela pandemiarodadas gratis pixbetcovid-19.

Bidenrodadas gratis pixbetcomício

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em seu programarodadas gratis pixbetgoverno, Biden anunciou a intençãorodadas gratis pixbetestimular na população o comportamento 'Buy American', ou 'compre produtos americanos'

Segundo ele, os americanos podem adotar medidasrodadas gratis pixbetsubstituiçãorodadas gratis pixbetimportações sem acabarrodadas gratis pixbetfiasco justamente porque são os americanos.

"Eles têm uma enorme dívida pública e mesmo assim os títulos da dívida que emitem são demandados pelo mundo inteiro, mesmo que paguem uma miséria (em juros). Os fundos internacionais fazem reservarodadas gratis pixbetliquidez com a dívida americana. Então não dá pra ignorar esse contexto e achar que você pode fazer isso no Brasil", diz Canuto.

De Bolle concorda. "Serodadas gratis pixbetWashington o Consensorodadas gratis pixbetWashington saiurodadas gratis pixbetmoda, ele segue valendo no FMI, no Banco Mundial e pro resto do mundo."

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