Pandemia pode aumentar irritabilidade, interrupçõeshold slotsono e dependênciahold slotcrianças, aponta estudo:hold slot

Meninas Ana e Antônia abraçadashold slotfestahold slotaniversário

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Na quarentena, Ana e Antônia compartilharam a comemoraçãohold slotseu aniversáriohold slot5 anos com familiares por meiohold slotvideochamada.

Pedro também fez cartas (desenhos) para entregar aos primos e amigos. "Ele disse que vai entregar quando o vírus for embora e que é uma formahold slotdemonstrar que sentiu saudades", conta a mãe.

Mesmo após quase quatro meseshold slotquarentena, ainda são frequentes perguntas como "por que você não me leva para a escola?" ou "por que não podemos ver a vovó ou os nossos amigos?". Por isso, pelo menos duas vezes por semana, os pais dialogam para lembrá-loshold slotque todos precisam permanecerhold slotcasa para se proteger e que existe "possibilidadehold slotdoença ehold slotmorte".

"Lembramos que a gente adoraria levá-los, mas não podemos por causa da pandemia. Eles ficam tristes, às vezes choram e ficam mais apegados quando vão dormir", conta a mãe. Na quarentena, Ana Luíza começou a pedir para segurar a mão dos pais anteshold slotdormir e houve episódioshold slotxixi na cama quando as atividades virtuais da escola começaram.

Impactos comportamentais e fisiológicos

Publicado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), o documento "Repercussões da Pandemiahold slotCovid-19 no Desenvolvimento Infantil" analisa como as mudanças abruptas na convivência familiar, impostas pela pandemia, podem atrapalhar o desenvolvimentohold slotcrianças na primeira infância (0 a 6 anos). Tais mudanças podem provocar perdas importantes como interações positivas, uma boa alimentação e um ambiente favorável para descobertas.

Criança sorrindo

Crédito, Rodrigo Arriagada Vianna

Legenda da foto, Alémhold slotchorar, muitas vezes Helena pede para mamar e já colocou a mãe "de castigohold slotum canto da casa" tentar impedi-lahold slotsair.

Composto por pesquisadoreshold slotdiferentes áreas e organizações, entre elas a Faculdadehold slotMedicina da Universidadehold slotSão Paulo (FMUSP), o Center on the Developing Child da Universidadehold slotHarvard (CDHC-EUA) e o Institutohold slotEnsino Superior e Pesquisa (Insper), o NCPI destaca que um dos principais impactos da pandemia é a convivência familiar sob tensão, o que pode provocar o chamado "estresse tóxico": quando a criança vivencia adversidades por um longo período sem o suportehold slotum adulto.

De acordo com o artigo, o estresse surge da "confrontação entre uma situação desconfortável e os recursos que o indivíduo tem para lidar com ela". Em situaçõeshold slotestresse, os neurônios que controlam as respostashold slotmedo ficam mais ativos, o que faz o cérebro interpretar mais situações como ameaçadoras e reagirhold slotacordo, aumentando a produçãohold slothormônios como a adrenalina e o cortisol.

Segundo os pesquisadores, o estresse tóxico pode enfraquecer o desenvolvimento da arquitetura cerebral e trazer problemas a longo prazo.

"O estresse prolongado ou ininterrupto leva à desregulação no sistema neuroendócrino e afeta outros órgãos e sistemas, como o coração e o sistema imunológico, podendo aumentar o riscohold slotdoenças agudas como infecções e problemas na vida adulta, como transtornoshold slotansiedade e depressão", afirma Débora Falleiroshold slotMello, integrante do NCPI e docente da Escolahold slotEnfermagem da USPhold slotRibeirão Preto (EERP- USP).

Segundo os pesquisadores, nesse contextohold slottensão, é natural que as criançashold slotaté 6 anoshold slotidade passem a ter comportamentos como chorar, dormir mal, demonstrar apatia ou distanciamento, não comer e até morder. Essas são formashold slotelas lidarem com situações adversas — mas são formas ineficientes e prejudiciais aos processoshold slotaprendizagem, convivência e desenvolvimento.

Ao reunir dados levantadoshold slotpaíses como Brasil e China, o artigo também aponta que a pandemia provocou nas crianças uma dependência excessiva dos pais (36%), desatenção (32%), problemashold slotsono (21%) e faltahold slotapetite (18%). E que tais comportamentos são decorrentes das dificuldadeshold slotatender três necessidades: a autonomia, a sensaçãohold slotpertencimento e manter controle sobre a situação.

Os pesquisadores do NCPI afirmam que "por razõeshold slotsaúde e por razões pedagógicas", o ensino à distância não é recomendável para crianças na primeira infância, pois, nessa faixa etária, as crianças aprendem atravéshold slot"experiências concretas, interativas e lúdicas".

O artigo também ressalta a importânciahold slothaver políticas públicas integradas, a partirhold slotuma maior inserção comunitária das famílias na formulação e execuçãohold slotsoluções para a crise. Para o NCPI, também é essencial mobilizar assistentes sociais para que a redehold slotproteção atenda rapidamente as famílias, especialmente as mais vulneráveis.

Maior dependência e vontadehold slotsair

O estudo também apontou que crianças mais novas (até 3 anos) desenvolveram maior dependência dos pais. "Como a criança perdeu quase todos os referenciais no isolamento, como avós, tios e amigos, esse apegohold slotrelação aos pais é como um pedidohold slotajuda", afirma a educadora parental Luanda Barros.

Essa maior dependência foi percebida pela advogada Sandra Monteiro emhold slotfilha Helena,hold slot3 anos. Desde o começo da quarentena, ela notou a filha "mais inquieta, arteira e irritada com tudo": "Ela fica bem grudadahold slotmim, chora muito quando eu preciso sair para trabalhar e diz que quer ir comigo." A advogadahold slot45 anos já levou maishold slotuma hora para conseguir sair para trabalhar,hold slotfunção das reações da filha.

Na quarentena, Helena passou acordar mais à noite, muitas vezes chorando. Em junho, a menina começou a pedir para sairhold slotcasa. "Ela queria abrir a porta e sair, mesmo que fosse para subir as escadas do prédio. Por isso, comecei a levá-lahold slotmáscara comigo para pequenos comércios no bairro. Isso ajudou muito", relata Sandra, que morahold slotna capital paulista.

Essa vontadehold slotsair também foi percebida pela roteirista Maria Fernanda Salvador,hold slot38 anos,hold slotrelação à filha Nina, 4 anos. Um dia, a menina brincava no quintal enquanto a mãe cozinhava. Ao ouvir a vozhold slotuma criança na rua, Nina saiu para a calçada para ver quem era.

Dias depois, Maria Fernanda brincouhold slotpintura com a filha e foi trocarhold slotroupa quando viu que Nina havia saído novamente e estava na calçada, no outro lado da rua,hold slotfrente à casahold slotuma vizinha,hold slotamiga. Desde então, ela e o marido passaram a brincar com a filha só no interior da casa e a tentam sair para andar com Nina no quarteirão.

"Na quarentena, ela começou a questionar e tentar romper todos os combinados e dinâmicas que eram hábito aquihold slotcasa. Fala que não quer tomar banho todo dia, questiona a quantidadehold slotdesenho que pode assistir ehold slotdoces que pode comer", conta a mãe.

Mudanças alimentares

Maior consumohold slotdoces ehold slotalimentos processados na quarentena foram alterações relatadas por todos os pais ouvidos pela BBC News Brasil. Muitos também notam que os filhos passaram a querer comer mais durante o dia e a reclamarhold slotalimentos que eram consumidos com tranquilidade antes da pandemia.

Família

Crédito, Pedro Fonseca

Legenda da foto, "Os adultos precisam acolher os próprios sentimentos para poder acolher as crianças e tentar solucionar as questões trazidas por elas", afirma Luanda Barros, educadora parental e mãehold slotJoão (11), Irene (7), Teresa (6) e Joaquim (3).

"A Ana e a Antônia querem mais doces e começaram a reclamar quando comem arroz e feijão, que sempre foi comum aquihold slotcasa. Começamos a colocar os doces nos armárioshold slotcima, para dificultar o acesso delas", afirma o pai, Daniel Minchoni, 40 anos.

No confinamento social, as meninas também passaram a roer as unhas e Antônia começou a desenvolver bruxismo — problema caracterizado pelo rangerhold slotdentes durante o sono, geralmente provocado por ansiedade, raiva e tensão.

Segundo a pediatra Thaís Tubero, o consumohold slotdoces gera hormônioshold slotprazer tantohold slotcrianças comohold slotadultos. Para ela, o aumento do consumohold slotdoces no confinamento social surge como uma busca por conforto.

"Na quarentena, os pais acabam intensificando a permissividade sobre o doce e passam a incluir outras coisas para trazer prazer às crianças e até para suprir um pouco da culpa que eles muitas vezes sentem por não poderem confortá-las", afirma Tubero.

Maior exposição às telas e interrupções no sono

Todos os pais ouvidos pela BBC News Brasil relataram que os filhos passaram a ficar mais tempo expostos a telas (como televisão, computador, videogame e celular). Essa alteração foi motivada por uma combinaçãohold slotfatores: para lidar com o tédio, falar com familiares, acompanhar aulas virtuais e tentar conviver mais com os pais enquanto eles trabalham virtualmente.

Alémhold slotprovocar mais irritação, a maior exposição às telas tem alterado as formashold slotreagirhold slotalgumas crianças.

"Elas brigam mais para escolher o que vão assistir e começaram a ranger os dentes e grunhir na horahold slotnos responder, imitando alguns personagenshold slotdesenhos animados", conta Daniel Minchoni.

Alémhold slotassistir aulas virtuais da faculdade e trabalhar remotamente, Clarice Santos temhold slotcuidar da filha Alliyah,hold slot2 anos. "Como fico até tarde no computador, especialmentehold slotsemanahold slotprovas, ela começou a me acompanhar e acaba dormindo mais tarde", relata a estudantehold slotDireito,hold slot26 anos.

Allyiah também vem acompanhando as reuniões virtuais da mãehold slotseu trabalho, tem visto mais desenhos e aprendeu a manusear o computador da casa. "Agora, ela usa algumas teclas do teclado, para pular anúncios e avançar trechoshold slotvídeos", afirma Clariane, moradorahold slotBarueri, na Região Metropolitanahold slotSão Paulo.

A doula Layza Real, 31 anos, percebeu que o filho Gael, 3, começou a jogar mais videogame ao longo da quarentena e a ter mais dificuldade para dormir.

"Então, uma das irmãs dele, Sophie, resolveu fazer uma festa do pijama na sala todos os dias. Eles colocam o colchão na sala e dormem juntos, o que tem sido ótimo para o sono dele ser menos interrompido", conta a mãe.

A Sociedade Brasileirahold slotPediatria recomenda que crianças com menoshold slot2 anos não sejam expostas às telas. E para aquelas com idade entre 2 e 5 anos, o tempo deve ser limitado a uma hora diária.

Contudo, Thaís Tubero pondera a necessidadehold slotressignificar o uso das telas como um "recurso positivo" na pandemia e fundamental para estabelecer vínculos. "Hoje, não é possível negar a exposiçãohold slottelas para criançashold slotaté 2 anos. É pelas telas elas vão conversar com familiares, que os avós vão ver que o neto está aprendendo a andar e comemorando aniversário", afirma a pediatra.

Na avaliação dela, a maior exposição a telas é nociva quando é usada para "silenciar" as crianças e tentar "abafar" necessidade naturaishold slotse movimentar, desenvolver habilidades motoras e ganhar espaço. Outro problema é que a maior exposição às telas também limita os recursoshold slotcomunicação das crianças. Segundo Tubero, enquanto aquelas com idade até 2 anos ficam com atrasohold slotfala, as mais velhas podem ter mais dificuldade para aguardar a respostahold slotoutra pessoahold slotum diálogo.

"Ao conversar com outras pessoas, elas nem sempre sabem o que vai acontecer. Em jogos virtuais e desenhos animados, elas realizam uma atividade repetitiva, com reações bastante esperadas. Isso limita a capacidade delashold slotconversar, questionar e serem questionadas", diz a pediatra.

Além disso, o maior usohold slottelas impacta diretamente o sono, pois afeta a liberação da melatonina, hormônio que começa a ser produzido ao anoitecer, quando há menor incidênciahold slotluz solar.

Mãe e filha no colo, sorridentes

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, 'Deixar a Allyiah usar o celular acaba sendo um escape para eu conseguir estudar. Já me senti muito culpada, mas venho procurando outras formashold slotorganizar a minha rotina para ficar mais tempo com ela', diz a mãe, Clariane Santos.

"A maior incidênciahold slotluz artificial afeta esse processo e quanto menos melatonina, mais despertares ocorrem ao longo da noite. Essas interrupções fazem a criança ficar mais irritada e com a atenção prejudicada, o que impacta a convivência familiar como um todo", afirma Tubero.

Sobrecarga e culpa

Outro alerta do NCPI é que a sobrecarga trazida às mães pela falta do apoio escolar pode aumentar os casoshold slotdepressão materna. Quase todas as mães entrevistadas pela BBC News Brasil relataram terem sentido culpahold slotalgum momento da pandemia.

"No começo da quarentena, conseguimos manter a rotina. Mas, depoishold slot4 meses, fica difícil. Muitas vezes, eu e meu marido temos reuniões no trabalho e elas pedem o celular e nós damos", afirma Kátia Farto,hold slot43 anos, mãehold slotHelena e Carolina, 4 e 7 anos, respectivamente.

Em julho, Carolina começou a reclamar que Kátia ficava o dia trabalhando e pediu para ver um filme com a mãe à tarde. A publicitária explicou que não podia, pois teria uma reunião com o chefe. "Ela disse que fariahold slottudo para atrapalhar a reunião, para eu ser demitida e ter mais tempo para ficar com ela. Fiquei dilacerada."

Como prometido, Carolina interrompeu a reunião e pediu para o chefe demitir a mãe. "Terminei a reunião e fui ver um filme com elas. Expliquei que sou feliz na minha profissão, mas que nada seria mais importante do que elas. Foi um alertahold slotque eu precisava tentar equilibrar mais", afirma Kátia, cuja rotinahold slottrabalho se estende das 9h às 19h.

Desde então, ela vem tentando realizar pausas às tardes para ficar com as filhas: "Como mãe, me sinto sempre devendo: ou a casa não está limpa ou a lição não está feita ou o trabalho está atrasado. Isso me deixa arrasada diariamente. Mas tento me lembrarhold slotque estou tentando o meu melhor."

Para Thaís Tubero, questões como a exposição às telas, a busca por uma alimentação equilibrada e a dificuldadehold slotconciliar trabalho e demandas familiares já existiam antes da pandemia. A novidade é que o confinamento social restringiu o cuidado das crianças aos pais, sobrecarregando-os com um cuidado que antes era compartilhado socialmente.

"No contexto atual, estamos considerando os pais os únicos responsáveis por esse cuidado, mas é preciso lembrar a importânciahold slotoutras instituições sociais como a escola e os familiares. É preciso que a sociedade não culpabilize os pais, mas procure meios para compartilhar com eles o cuidado das crianças, mesmohold slotconfinamento social", enfatiza a pediatra.

No artigo, o NCPI afirma que o cuidado familiar dependehold slot"boas condições psicossociais, sanitárias e econômicas" e que a fragilidade do contexto familiar pode fragilizar os vínculos afetivos e trazer riscos ao desenvolvimento infantil.

"A sobrecarga nas atribuições dos cuidadores parentais, alémhold slotpreocupações financeiras e o pouco auxílio da redehold slotapoio fragilizam o cuidado da criança, o que pode ser disfuncional para o desenvolvimento dela ehold slottoda a família", afirma Naercio Aquino, pesquisador do Insper e coordenador do NCPI.

Em seus atendimentos, Luanda Barros percebe que muitos pais "adoeceram" durante o confinamento social pela necessidadehold slotproteger os filhos e pelo medohold slotdar espaço para emoções como medo e tristeza.

"Mas é justamente desse espaço que a criança precisa. Ao nos humanizar, abrimos espaço para que ela entenda que nós acolhemos e sustentamos o que ela sente. A criança passa a entender que, se os pais confiam nela para dizer o que sentem, ela também pode confiar neles para dizer o que sentindo. O importante é abrir espaço para dizer que está ali para ouvir."

Aprendizados positivos: maior autonomia

Os pais e especialistas ouvidos pela BBC Brasil ressaltaram alguns aprendizados positivoshold slotuma experiência intensa como o confinamento social. Entre eles, o desenvolvimentohold slotmaior autonomia nos filhos.

"As crianças tem maior plasticidade cerebral do que os adultos e podem aprender mais facilmente novas formashold slotsociabilidade, alémhold slotadquirir novos recursos para lidar com os novos contextos após o confinamento. Dependendohold slotcomo nos organizamos agora, podemos reduzir ou até ressignificar os impactos do confinamento", pondera Thaís Tubero.

Outra possibilidade é a oportunidadehold slotacompanhar o crescimento das crianças maishold slotperto. Segundo a pediatra, mesmo "pesando todas as adversidades", as famíliashold slotseu consultório tem valorizado essa aproximação.

Família

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Na quarentena, Kátia Farto criou o Instagram "Filhoshold slotquarentena", para compartilhar com outros pais os altos e baixos vividos com as filhas Helena e Carolina.

"Vejo quando a Alliyah fala ou faz algo novo, aprendo novas brincadeiras e às vezes dançamos maracatu e jongo no quintal. Estou acompanhando o desenvolvimento delahold slotum jeito que não aconteceria se ela estivesse na creche", diz Clariane Santos.

Ao ver notícias na TV sobre os riscoshold slotcontaminação da populaçãohold slotrua pela pandemia, Carolina organizou uma coletahold slotroupas e brinquedos para doar. "Ela também doou todo o dinheirohold slotseu cofrinho para doar para organizações que distribuem marmitas para essas pessoas", conta Kátia Farto.

Carolina comemorou o aniversáriohold slot7 anos na quarentena e ganhou um kithold slotbijuterias. Foi então que usou o presente para fazer algumas pulseiras e colares e arrecadar mais dinheiro para doar. Os pais divulgaram a iniciativa entre familiares e amigos. "Ela conseguiu arrecadar quase 400 reais e usamos o dinheiro para comprar cobertores", diz a mãe, orgulhosa.

Na avaliaçãohold slotDébora Falleiroshold slotMello, o distanciamento social pode ser uma "chance promissora" para nutrir vínculos afetivos. "Podemos construir relacionamentos sustentadores, realizar atividades conjuntamente e trazer interações como oportunidades ímpares ao diálogo e afeto. Para isso, é fundamental minimizar as situaçõeshold slotconflito", afirma a pesquisadora do NCPI.

Para Luanda Barros, minimizar tais conflitos requer que os adultos percebam as próprias emoções, a fimhold slotnão transferi-las para as crianças. "O corpo nos avisa quando estamos esgotados, mas nos desconectamos dele para resolver coisas e cumprir tarefas. Precisamos perceber o que sentimos, dizer para as crianças quando não estamoshold slotum dia bom e pedir ajuda."

O NCPI enfatiza a importânciahold slotestabelecer horários e manter rotinas, a partirhold slotatividades como contar histórias, desenhar, montar quebra-cabeças e ajudar nas tarefas domésticas (de acordo com a faixa etária). "Na brincadeira, elas elaboram o que sentem e liberam essas emoções: ressentimentos, medos e desejoshold slotencontrar amigos ou ir a uma festa", afirma Luanda Barros.

Para a educadora parental, alémhold slotser um mecanismo terapêutico, o brincar também ajuda a estabelecer mecanismoshold slotcooperação. "Na hora da arrumação, endurecemos e só damos ordens. Mas podemos aprender a brincar na horahold slotcolocar a roupa suja na máquinahold slotlavar, entendendo que eles fazem o que conseguem fazer. Não precisa ser uma guerra. Não podemos mudar a realidade que estamos vivendo, mas podemos mudar a forma como interagimos com ela", avalia.

Diferenciando mudanças

No confinamento social, os pais podem ter mais dificuldades para diferenciar as mudanças naturais decorrentes do crescimento das crianças e as mudanças que funcionam como sintomashold slotinadequação ao novo jeitohold slotviver. "A escola e familiares ajudam a perceber essas mudanças naturais e a perda dessa redehold slotapoio dificulta isso", afirma Thaís Tubero.

Dada a duração da quarentena, a pediatra enfatiza que as crianças se desenvolveram, adquiriram novas necessidades e resolveram outras antigas: "Um bebêhold slot6 meses que precisava cochilar duas vezes por dia, pode não sentir tanto essa necessidade quatro meses depoishold slotfunção do crescimento." Por isso, ela recomenda que os pais resgatem o histórico da criança antes da pandemia (quanto dormia, o que comia e falava) e contextualizem as mudanças no períodohold slotvida do filho.

Tubero lembra que o desenvolvimento infantil não é sempre linear e, por isso, é difícil dizer qual é o limite das mudanças consideradas naturais. "Haverá momentos piores e melhores. É fundamental usar os momentos difíceis para repensar e tentar fazer diferente. Quando não for mais possível lidar com as mudanças no ambiente familiar, cabe procurar a ajudahold slotprofissionais para interpretar esse momento."

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