Brasil: o novo epicentro da pandemiabet365ncoronavírus?:bet365n
Naquele momento, segundo estimativas (veja mais abaixo como elas foram feitas) da equipe coordenada pelo professor Domingos Alves, o totalbet365ninfectados por coronavírus no Brasil teria chegado a 1.657.752 (variando entre 1.345.034 e 2.021.177).
Desde então e até o fechamento desta reportagem, esse número já ultrapassou 3 milhões, segundo a atualização mais recente. Os dados podem acessados no portal Covid-19 Brasil, que reúne pesquisadoresbet365ndiversas universidades brasileiras.
Ou seja, 11 vezes mais do que os casos divulgados pelo Ministério da Saúde e acima do dos Estados Unidos, considerado oficialmente o atual epicentro da pandemia, onde há cercabet365n1,5 milhãobet365ncasos confirmados, segundo a Universidade Johns Hopkins.
"O governo brasileiro perdeu a mão quanto ao controle da pandemia. O númerobet365ncasos está crescendobet365nforma exponencial. Posso afirmar categoricamente que o Brasil se tornou o polo mais importantebet365ndisseminação do vírus covid-19 do mundo", diz Alves à BBC News Brasil.
"Prevejo um cenário extremamente crítico até o fim deste mêsbet365nmaio", acrescenta.
Um dos motivos principais para tamanha discrepância dos dados é a baixa testagem da população. Até agora, o Brasil realizou apenas 3.462 testes por milhãobet365nhabitantes. Para efeitosbet365ncomparação, os Estados Unidos realizaram 37.188 testes por milhãobet365npessoas e a Espanha, o país que mais testou a população, realizou 64.977 testes por milhãobet365nhabitantes, segundo a empresabet365ndados Statista.
"Sendo assim, mesmo que haja subnotificação nos Estados Unidos, o número realbet365ncasos por lá poderia até encostar, mas não ultrapassaria o do Brasil", afirma Alves.
Sem testes
Sem realizar testes, o Brasil não tem ideia do tamanho da pandemia. Dessa forma, não consegue adotar medidas específicas para frear o contágio, seja pelo isolamento dos casos assintomáticos ou com sintomas leves, seja pelo rastreamento dos contatos desses infectados.
Alves explica que chegou às estimativas a partirbet365numa modelagem reversa, baseada no número oficialbet365nóbitos do Brasil e na taxabet365nmortalidade da Coreia do Sul, ajustada para a pirâmide etária brasileira e para o tempobet365ninternação médio entre a confirmação do caso e o óbito,bet365ndez dias.
Segundo ele, a Coreia do Sul foi usada como parâmetro pois é um dos países que mais tem conseguido fazer testesbet365nmassa. Sendo assim,bet365ntaxabet365nmortalidade seria "mais confiável", ou seja, mais próxima da realidade.
"A taxabet365nmortalidade do Brasil atualmente ébet365nquase 8,6%, muito superior abet365noutros países, mas isso não se deve ao fatobet365nque os brasileiros são mais propensos a morrerbet365ncovid-19", esclarece.
"Como há muito menos casos notificados, a taxabet365nletalidade da doença parece maior, quando na verdade é bem mais baixa. Ou seja, no Brasil, essa taxa que vemos nos dados oficiais representa a taxabet365nmortalidade hospitalar, basicamente", acrescenta.
Segundo Alves, a taxa realbet365nmortalidade da covid-19 no Brasil seriabet365n1,11%. Foi com base nela que ele ebet365nequipe chegaram à cifra que hoje ultrapassa 3 milhões.
O pesquisador ressalva, contudo, que se tratabet365numa estimativa "conservadora", uma vez que os cálculos foram baseados no númerobet365nmortes oficiais e no tempobet365ninternaçãobet365n10 dias entre a confirmação do caso e a morte.
Sendo assim, acrescenta ele, se fossem contabilizadas as mortes não notificadas e o tempo totalbet365ninfecção,bet365n20 dias, o totalbet365ninfectados seria "bem maior, certamente ultrapassando 5 milhões".
'Mesma direção'
Outros estudos sobre subnotificaçãobet365ncasos realizados por pesquisadores brasileiros, apesarbet365nadotarem metodologias diferentes, apontam na mesma direção.
No fimbet365nabril, um projetobet365npesquisa coordenado pela Universidade Federalbet365nPelotas (Ufpel) e pelo governo gaúcho, o Epicovid19, mostrou que o númerobet365ncasosbet365ncoronavírus pode serbet365n5 até 26 vezes maior do que as cifrais oficiais.
A constatação foi observada na segunda rodada do levantamento e envolveu 4,5 mil pessoas no Rio Grande do Sul que foram testadas. O Estado tem uma população superior a 11 milhõesbet365nhabitantes. A pesquisa terá mais duas etapas.
Especialistas da Ufpel também lideram outro estudo, dessa vez nacional,bet365nparceria com o Ibope, que começou no último dia 5bet365nmaio e pretende testar 33.250 pessoasbet365ncada umabet365nsuas rodadas, que serão realizadas a cada duas semanas.
O objetivo é estimar a porcentagembet365npessoas com anticorpos para o coronavírus (um número mais próximo do totalbet365ninfectados), determinar o ritmobet365ncontágio, constatar a parcelabet365ninfecções assintomáticas e saber o quanto a covid-19,bet365nfato, mata.
A partir desses dados, seria possível precisar melhor o avanço da epidemia e tomar decisões para frearbet365nexpansão.
Já outro estudo, realizado pelos professores Leonardo Costa Ribeiro, da Faculdadebet365nCiências Econômicas da UFMG, e Américo Tristão Bernardes, do Departamentobet365nFísica da Universidade Federalbet365nOuro Preto, e divulgado há uma semana, mostrou que número confirmadobet365ncasos deve ser multiplicado por "um fatorbet365n3,8 para obter o número realbet365npacientes infectadosbet365ncondições hospitalares", afirmaram os pesquisadores,bet365nnota técnica.
Eles ressalvam, contudo, que os índicesbet365nsubnotificação foram obtidos com base nos casos mais graves, que chegam aos hospitais.
"Então, ébet365nse esperar que, considerando também os casos que não geram hospitalização, esses índices sejam ainda maiores", dizem.
Subnotificaçãobet365nmortes
Em relação às mortes,bet365nque Alves acredita também haver subnotificação, embora menor, ele diz que cálculos preliminares apontam que os dados oficiais representariam apenas 60% do totalbet365nóbitos.
Sendo assim,bet365nvez das quase 18 mil mortes anunciadas pelo Ministério da Saúde, o número real já estaria próximo a 30 mil.
Essa subnotificaçãobet365nóbitos, segundo Alves, deve-se a uma combinaçãobet365nfatores, incluindo excessobet365npedidosbet365nexames, que fazem com que o resultado dos testes atrasem.
Como resultado, os médicos acabam fazendo declaraçõesbet365nóbitos sem diagnóstico específico.
Alves cita como exemplo o númerobet365nmortes causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), doença causada pelo novo coronavírus.
"Em relação ao mesmo períodobet365n2019, o número deste ano já é infinitamente superior, mas nem todos os óbitos são classificados como covid-19", explica.
Segundo dados do Painel COVID Registral, o númerobet365nmortes por SRAG entre 16bet365nmarço e 20bet365nmaio deste ano foibet365n5.300 contra 267bet365nigual período do ano passado, um aumentobet365nquase 2.000%.
Além disso, segundo Alves, devido à faltabet365nestrutura, os Laboratórios Centraisbet365nSaúde Pública (Lacens), responsáveis pela coletabet365ndados, podem demorar quase um mês para entregar os resultados sobre o motivo do óbito.
"O exame é pedido quando o paciente dá entrada no hospital. Ou seja, se ele ficabet365ndez a quinze dias internado e vem a óbito, só vamos saber se foi por covid-19 15 dias depois. Ou seja, os números oficiais têm um atraso de, no mínimo, uma semana", assinala.
Em entrevista à BBC News Brasil, o físico Roberto Kraenkel, professor da Unesp (Universidade Estadualbet365nSão Paulo) e membro do Observatório Covid-19 (iniciativa independentebet365n43 pesquisadores do país) também chama atenção para os casos dos doentes que não passam pelo sistemabet365nsaúde.
"Esses casos são quase impossíveisbet365nserem quantificados, mas podem ser estimados por testes sorológicos,bet365nbuscabet365nquantas pessoas tiveram contato com a doença e desenvolveram anticorpos", diz ele.
Para o epidemiologista Paulo Lotufo, professor titularbet365nClínica Médica da Universidadebet365nSão Paulo (USP), descobertas recentes sobre a covid-19 tornam ainda mais difícil monitorar o avanço da pandemia, pois muitas pessoas infectadas morrem sem apresentar os sintomas associados à doença, como febre ou faltabet365nar, e por isso nem chegam a ser testadas.
Nos países mais afetados pela pandemia, hospitais têm recebido cada vez mais pacientes com problemas cardíacos e renais causados pela doença.
Vêm surgindo ainda estudos que vinculam a ação do vírusbet365ncrianças à síndrome do choque tóxico, doença rara que pode gerar insuficiência renal aguda.
"Várias pessoas com doença cardíaca passaram a morrerbet365ncovid sem que fossem testadas. A pessoa já tinha tido uma cirurgia cardíaca, estavabet365ncasa, tem uma dor no peito e vai para o pronto-socorro. Ninguém vai fazer pesquisabet365ncovid", disse ele,bet365nentrevista recente à BBC News Brasil.
"Então você tem uma quantidade maiorbet365ncasos que aparentemente são por infarto ou por acidente vascular cerebral (AVC), quandobet365nfato são ocasionados pela covid", acrescentou.
Alves também chama atenção para o número crescentebet365nmortes por dia no Brasil, patamar superior aobet365noutros países "levando-sebet365nconsideração as fases da pandemia".
Cenário 'extremamente crítico'
Independentemente das subnotificações, os números oficiais já refletem um "cenário extremamente crítico", diz o especialista.
O Brasil se encontra no 83º dia do surto. Dados da Universidade Johns Hopkins mostram que o Brasil já é o segundo paísbet365nnúmerobet365ncasos por 100 mil habitantes, atrás apenas dos EUA, na comparação dos dados no 83º dia do surto. A confirmação do primeiro caso no Brasil ocorreu apenas no fimbet365nfevereiro, semanas depois do que nos EUA e na Europa.
Hoje,bet365nrelação às mortes por 100 mil habitantes, o país está atrás dos EUA, Itália, França, Espanha e Reino Unido bet365n . Mas deve ultrapassar todos eles, com exceção dos EUA, nos "próximos dez dias", diz Alves.
Alves ressalva, contudo, que, no mesmo período da epidemia, a curvabet365ncasos confirmados ebet365nóbitosbet365ntodos esses países já apontava para baixo ou indicava uma estabilização, enquanto que a do Brasil continua a subir. Ele lembra ainda que o Brasil ainda não chegou ao pico.
"Os gestores públicos ainda estão discutindo se decretam lockdown (confinamento total) ou não. Eles vão ter que se explicar a público quando o númerobet365npessoas morrendobet365ncasa aumentar exponencialmente. Vamos virar um Equador", diz Alves,bet365nalusão ao país vizinho, que passou a registrar um grande númerobet365nóbitosbet365ndomicílio devido ao colapso do sistemabet365nsaúde.
Crítico do lockdown, o presidente Jair Bolsonaro alega que o custo econômicobet365num confinamento nacional seria gigantesco e vem se opondo às tentativas dos governadoresbet365nmanterem a população dentrobet365ncasa.
Contágio e adesão
Segundo especialistas, a inabilidade dos gestores públicosbet365nadmitir a gravidade da pandemia e tomar medidas para confinar a população vem contribuindo para o ritmobet365nexpansão da covid-19 no Brasil.
"O que deubet365nerrado aqui? Basicamente, foi a contrapropaganda da Presidência da República", disse Lotufo.
"Como o Brasil não faz testesbet365nmassa, os números divulgados são muito mais baixos do que os reais e podem dar a falsa sensaçãobet365nque nada precisa ser feito, tanto da parte dos gestores públicos quanto da população", acrescenta Alves.
De fato, a adesão da população ao isolamento social no Brasil é baixa. De acordo com dados da empresa Inloco, o índicebet365nisolamento social no Brasil ébet365n42,6%.
Sem medidas durasbet365nconfinamento, dizem os especialistas, a taxabet365ncontágio (conhecida como R0, ou númerobet365nreprodução básica) deve permanecer alta.
Dados da Universidade Imperial Collegebet365nLondres atualizados na semana passada mostraram que que o Brasil tinha o terceiro R0 mais alto do mundo, 2, atrás apenasbet365nPorto Rico e Bangladesh. O levantamento analisou 54 países com transmissão ativa do vírus.
Mas esse número teria caído para 1,4 depois das primeiras medidasbet365nisolamento social e, agora, com mais Estados promovendo a quarentena, segundo um estudo recente realizado pelo físico nuclear Rubens Lichtenthäler Filho, professor da Universidadebet365nSão Paulo (USP), e seu filho, Daniel, médico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ainda assim, continua alto. Isso significa que duas pessoas no Brasil podem passar a doença para outras três.
Nos Estados Unidos, o país com o maior númerobet365ncasos confirmados atualmente, esse número é 1,11. Na vizinha Argentina, 1,16.
- bet365n Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube bet365n ? Inscreva-se no nosso canal!
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbet365nautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabet365nusobet365ncookies e os termosbet365nprivacidade do Google YouTube antesbet365nconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebet365n"aceitar e continuar".
Finalbet365nYouTube post, 1
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbet365nautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabet365nusobet365ncookies e os termosbet365nprivacidade do Google YouTube antesbet365nconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebet365n"aceitar e continuar".
Finalbet365nYouTube post, 2
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbet365nautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabet365nusobet365ncookies e os termosbet365nprivacidade do Google YouTube antesbet365nconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebet365n"aceitar e continuar".
Finalbet365nYouTube post, 3