Enem abre inscrições: Brasil vai 'na contramão do mundo' ao manter datas do examebetnaciomeio à pandemia?:betnacio

Crédito, Mariana Leal/MEC

Legenda da foto, Enem deste ano continua sendo previsto para novembro, mas há pedidos para que seja adiado

Mas cercabetnacio80 países cancelaram, adiaram ou remarcaram suas avaliações estudantis, entre eles EUA, Reino Unido, China, Irlanda, Espanha, Coreia, França e Noruega.

E é importante destacar que alguns países, como Alemanha, Finlândia e Colômbia, aparecem maisbetnaciouma vez na listagem, por terem maisbetnacioum exame sendo levadobetnacioconsideração pela Unesco ou por adotarem múltiplas estratégias simultaneamente nos âmbitos regionais.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sem aulas presenciais, muitos temem que desigualdadebetnacioacesso à educação se agrave ainda maisbetnaciomeio à pandemia

No hemisfério norte, um agravante é o fatobetnaciomuitas avaliações estarem inicialmente previstas para o fim do primeiro semestre (fim do ano letivo), período ainda crítico da pandemiabetnaciogrande parte do mundo.

'Impacto no sistema educacional por meses'

Nos EUA, país com o maior númerobetnaciocasos (1,3 milhão até esta segunda-feira) e mortes (maisbetnacio79 mil) por covid-19, o órgão US College Board afirmou que os exames SAT, que avaliam alunos concluindo o ensino médio, não serão mais realizadosbetnacio6betnaciojunho.

"Se for seguro do pontobetnaciovistabetnaciosaúde pública, vamos aplicar o SAT mensalmente aos finsbetnaciosemana até o fim do ano, a partirbetnacioagosto", diz a instituição.

No Reino Unido, foram canceladas as avaliaçõesbetnacioadmissão às universidades, sob o argumentobetnacioque a pandemia "deve continuar a ter um impacto significativo no sistema educacional e no país ao longobetnaciomeses".

"Por isso, cancelamos os exames para dar a alunos, pais e professores alguma certeza e permitir que escolas e universidades foquembetnacioapoiar as crianças vulneráveis e as crianças dos trabalhadores essenciais (que continuam tendo aula no país)", diz comunicado do Departamento da Educação britânico. A admissão às universidades será feitabetnaciomodo alternativo, com a mensuraçãobetnaciosimulados e provas feitas anteriormente pelos estudantes.

Legenda da foto, Provas do SAT, exame americano, foram adiadas por causa da pandemia

A França adiou por enquanto seus exames nacionais ebetnacioseleçãobetnacioprofessores, argumentando que seria impossível realizá-los antes do fimbetnaciomaio.

Na China, que começa a retomar a rotina após ter passado pelo pico da pademia, o exame gaokao, que deverá ser feito por estimados 10 milhõesbetnacioestudantesbetnaciobuscabetnaciovagas nas universidades, foi adiadobetnacioum mês,betnaciojunho para julho, segundo a imprensa estatal. A ProvínciabetnacioHubei (epicentro inicial do novo coronavírus) e Pequim terão calendários próprios para a prova.

Outros 30 países estão transferindo os exames para o ambiente virtual ou introduzindo avaliações e validações alternativasbetnacioaprendizado, segundo a compilação da Unesco.

betnacio Desigual betnacio da betnacio desbetnacioacesso

O órgão da ONU pede que, ao decidir se mantêm ou não seus exames nacionais, os países ponderem, acimabetnaciotudo, a "segurança, saúde e bem-estar emocionalbetnacioestudantes e equipes educacionais", tomando as devidas medidas sanitárias — como distanciamento socialbetnacioalunos, usobetnaciomáscaras e limpeza dos locais. Mas é preciso ir além disso, diz a Unesco.

"As decisões devem ser motivadas por preocupações com a justiça, a igualdade e a inclusão", afirma o documento da entidade.

"Avaliações e validaçõesbetnacioaprendizado estudantil durante o períodobetnacioque as escolas estão fechadas devem levarbetnacioconta desigualdadesbetnacioacesso a estruturabetnacioaprendizagem à distância, a recursos e à banda largabetnaciointernet."

No caso do Brasil, a questão da desigualdadebetnacioensino é a mais levantada por críticos que defendem o adiamento do Enem.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Alunos chineses na volta às aulasbetnacioGuangzhou; país adioubetnacioum mês seu exame nacional

"As condiçõesbetnacioestudos dos alunos estão muito diferentes", argumenta Lucas Fernandes, gerentebetnacioestratégias políticas da organização Todos Pela Educação.

"Temos redes (estaduais e municipais) que conseguem oferecer ensino remoto e até oferecer pacotesbetnaciodadosbetnaciointernet para os alunos. E temos redes que ainda estão planejando o que fazer. Do pontobetnaciovista dos alunos, as diferenças no acesso a computadores e a internet são as mais evidentes. Mas há também diferençasbetnacioliteracia digital: pessoas mais vulneráveis podem ter acesso a celulares, mas não fazem uso frequente (para estudar) no dia a dia. As evidências mostram que, na hora das avaliações, esses estudantes menos letrados têm performance pior."

Fernandes agrega que as desigualdades já profundas na educação — e no acesso ao ensino superior — podem acabar agravadas pelas circunstâncias atuais.

"E o Enem não pode ser um mecanismobetnacioaprofundamento dessas desigualdades. Historicamente, o Enem facilitou a entrada dos mais pobres na universidade. Ao optar por manter a data da prova, o Ministério da Educação vai no caminho contrário a isso."

Um adiamento, diz Fernandes, também daria ao Ministério da Educação mais tempo para planejar a logística do Enem caso seja necessário manter as medidasbetnaciodistanciamento social entre os alunos na data da prova.

O ministro Abraham Weintraub, porbetnaciovez, diz que o adiamento significaria fazer os jovens "perderem o ano" e frustraria "as expectativasbetnacio5 milhõesbetnaciobrasileiros" (número estimadobetnacioinscritos no Enem). Ele também afirmou que "não fazer o Enem resultarábetnaciomenos médicos, enfermeiros etc.".

Para Fernandes, do Todos Pela Educação, é provável que tenhamos menos formandos (ou que as formaturas sejam adiadas) independentemente da data do Enem, uma vez que as instituiçõesbetnacioensino superior também estão fechadas para aulas presenciais.

"O ideal seria um diálogo com universidades, com Estados e municípios para postergar o exame e também as datasbetnacioinício das universidades (no ano que vem)", defende ele.

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Pelo Twitter,betnacioentrevistas ebetnaciosessões com parlamentares, Weintraub tem afirmado que a maioria dos jovens que presta o Enem já concluiu o ensino médio (casobetnacio58,7% dos que prestaram a provabetnacio2019, diz o ministro) — portanto, seria supostamente menos afetada pela ausênciabetnacioaulas presenciais nas escolas — e que é preciso ocupar os estudantesbetnaciocasa.

"Ou ele está estudando para o Enem ou é oficina do diabo. A gente tem que dar perspectiva. Se não tiver, você deixa esse jovem ser facilmente cooptado pelo crime ou pelos movimentos sociais organizados", afirmoubetnacioentrevista a um canalbetnacioYouTube.

A parlamentares, o ministro afirmou que a situação do Enem poderá ser reavaliadabetnacioagosto.

No âmbito legislativo, tramitam diversos projetos e emendas relacionados ao Enem 2020, ao menos três deles no Senado. Um deles, do senador Humberto Costa (PT-PE), pede que sejam estendidos prazos para que alunos possam pagar a taxa do Enem ou pedir isenção na taxabetnacioinscrição.

Já projetosbetnacioDaniella Ribeiro (PP-PB) e Izalci Lucas (PSDB-DF) querem o adiamento da prova.

Crédito, Ag Pará

Legenda da foto, Projetosbetnacioleibetnaciotramitação no Congresso defendem mudanças na data do Enem

O senador tucano defende que o calendário das provas só seja definido quando as aulas presenciais forem retomadas. "O Inep (órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem) deve se absterbetnaciodatas ou aplicaçãobetnacioprovas até a retomada das aulas do ensino médio", disse Izalci Lucas à Agência Senado. "Temos muitos alunos sem a mínima condiçãobetnacioreceber seus conteúdos e não é razoável aplicar uma provabetnacioque muitos serão prejudicados."

Na Câmara, um grupobetnacioseis deputados propõe um decreto que faça deixarbetnaciovigorar os editais do Enem 2020 e, assim, force o governo a adiar a prova.

"A maioria das escolas particulares com alunosbetnacioclasse média e alta continuaram seus estudosbetnaciocasa, com aulas online, professores acompanhando exercícios, dúvidas, trabalhos escolares etc. No geral esses alunos têm melhores possibilidadesbetnacioestudosbetnaciocasa, com acesso a internet, computador, tablets e smartphones. Os alunos da rede públicabetnacioensino, embetnaciomaioriabetnaciobaixa renda no Brasil, estão muito distantes dessa realidadebetnaciopossibilidadesbetnacioestudo e como consequência,betnacioaprovação no Enem para ingresso nas universidades federais do país", diz o texto do projetobetnaciodecreto.

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