Coronavírus: a angústia das famílias que não sabem se foram infectadas:roleta de 1 a 2

Criança atrásroleta de 1 a 2porta

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Incerteza sobre contaminação tem levado muitos ao isolamento voluntário

Mas os kits acabaram e a recomendação no Estado, assim como a do Ministério da Saúde, diante da escassezroleta de 1 a 2testes, é que eles fossem direcionados a pacientes com quadros mais graves com suspeitaroleta de 1 a 2covid-19.

Rodrigo é um dos 40 alunos que dividiam a salaroleta de 1 a 2aula com a garota - que até o momento não apresenta sintomas.

"Mas a gente sabe que a contaminação pode acontecer mesmo quando a pessoa está assintomática", diz a mãe, Vanusia Tavares.

Conversa através da porta

Assim, por precaução, Rodrigo tem ficado isolado do restante da família - os pais, a irmã e a avó, que se mudou para lá para que não ficasse sozinharoleta de 1 a 2casa e, assim, não precisasse se preocupar com o abastecimentoroleta de 1 a 2bens essenciais.

A mãe conta que o menino, mesmo fechadoroleta de 1 a 2um espaço pequeno, tem estado bastante atarefado.

Rodrigo é pré-vestibulando e aproveita as aulas online da escola para continuarroleta de 1 a 2preparação.

A família transferiu o videogame da sala para o quarto e às vezes escuta o jovem quicar ou chutar uma bola contra a parede, a alternativa que encontrou para manter o corpo ativo.

"A gente sentaroleta de 1 a 2frente ao quarto dele e fica conversando, tenta ver como ele está lá dentro, se está deprimido", diz a mãe.

"Ele é um menino tranquilo, diz pra gente que está 'de boa', mas a gente não sabe se ele diz isso porque quer proteger a mãe e a avó."

Apesarroleta de 1 a 2dividirem o mesmo teto, Vanusia só vê o filho por uma fresta da porta,roleta de 1 a 2longe, quando ele abre para pegar a comida que é colocadaroleta de 1 a 2frente ao quarto.

"Eu fico angustiada, não sei quanto tempo ele aguenta."

Mulher mexe no celular dianteroleta de 1 a 2telaroleta de 1 a 2laptop

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Toda a família está há maisroleta de 1 a 2uma semanaroleta de 1 a 2isolamento domiciliar

'Operaçãoroleta de 1 a 2guerra'

Toda a família está há maisroleta de 1 a 2uma semanaroleta de 1 a 2isolamento domiciliar. Vanusia e o marido, ambos desenvolvedoresroleta de 1 a 2software, estão trabalhandoroleta de 1 a 2casa.

Até então, a família fez duas compras pela internet: na farmácia e no supermercado - uma "operaçãoroleta de 1 a 2guerra", na definiçãoroleta de 1 a 2Vanusia.

Quem vai buscar é seu marido, que desce pelas escadas para evitar o elevador e cobre as mãos com sacos plásticos para não tocar diretamente os pacotes.

Quando retorna, a mulher está esperando na porta com uma bacia com água e sabão para higienizar ali mesmo o que for possível. O que não pode ser lavado é desinfetado com álcoolroleta de 1 a 2gel.

"É tanto trabalho que a gente evita ao máximo (comprar)."

A família decidiu ser extremamente cautelosa porque Vanusia eroleta de 1 a 2mãe estão no gruporoleta de 1 a 2risco para a covid-19: os casos mais graves da doença geralmente acometem pessoas com alguma comorbidade e os mais velhos.

Escassezroleta de 1 a 2testes

Mesmo que alguém da família desenvolva sintomas, a não ser que sejamroleta de 1 a 2maior gravidade, provavelmente não será testada, pelo menos nos próximos dias.

Desde o início da transmissão comunitária da doença, oficialmente no dia 13roleta de 1 a 2março, a política do Brasil tem sido testar apenas os pacientes com quadros mais graves - apesarroleta de 1 a 2uma sinalização recenteroleta de 1 a 2que isso deve mudar.

No diaroleta de 1 a 2que a família Tavares Carvalho iniciou a quarentena,roleta de 1 a 216roleta de 1 a 2março, a OMS fez um apelo para que os países testassemroleta de 1 a 2massa os casos suspeitos.

A ideia é que, conseguindo identificar os doentes, inclusive os assintomáticos, seria possível fazer uma quarentena mais eficiente e, assim, "achatar a curva"roleta de 1 a 2infecção. Foi o que fizeram países como Coreia do Sul e Alemanha, considerados exemplos bem sucedidosroleta de 1 a 2combate à pandemia.

Na ocasião, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou que o governo estudava importar testes rápidos para aumentar a escala da testagem, mas ressaltou que o critério não seria alterado naquele momento.

Nesta terça-feira (24/03), durante a coletivaroleta de 1 a 2imprensa diária realizada pelo ministério, o secretárioroleta de 1 a 2Vigilânciaroleta de 1 a 2Saúde, Wanderson Oliveira, anunciou a ampliação da testagem.

Pessoa sendo submetida a testeroleta de 1 a 2temperatura

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A políticaroleta de 1 a 2testagemroleta de 1 a 2massa é considerada uma das razões para que a Coreia do Sul esteja conseguindo controlar a disseminação da covid-19

Serão 14,9 milhõesroleta de 1 a 2testes RT-PCR, que detectam a presença do vírus na amostra e, por isso, são considerados mais precisos, e 8 milhõesroleta de 1 a 2testes rápidos, que detectam a presençaroleta de 1 a 2anticorpos que o corpo produz contra o vírus - e, portanto, só acusam se alguém está doente alguns dias após a infecção, quando o organismo começa a reagir.

"Como a OMS falou que deveríamos testar, assim estamos fazendo, trabalhando duramente", afirmou.

"Apesarroleta de 1 a 2termos considerado que poderíamos trabalhar com uma estratégia um pouco menos intensa, mas orientação da OMS a gente segue e está seguindo desta maneira", completou.

Capacidaderoleta de 1 a 2diagnóstico

Os testes rápidos serão direcionados a profissionais da saúde e da árearoleta de 1 a 2segurança, enquanto os RT-PCR continuarão sendo direcionados para os casos mais graves e, a partirroleta de 1 a 2agora, também para a realizaçãoroleta de 1 a 2testes por amostragemroleta de 1 a 2casos leves nas chamadas "unidades sentinela" para monitoramento da epidemia.

A previsão é que, até 30/03, o país receba cercaroleta de 1 a 22,6 milhõesroleta de 1 a 2PT-PCR e 3 milhõesroleta de 1 a 2testes rápidos.

Até o momento, a Fiocruz, única instituição que vinha produzindo os kitsroleta de 1 a 2PT-PCR para abastecer a rede pública, entregou cercaroleta de 1 a 232,5 mil testes,roleta de 1 a 2acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

Além da produção, a capacidaderoleta de 1 a 2processamento dos testes é outro gargalo. Hoje,roleta de 1 a 2acordo com o secretário, a Fiocruz e o Instituto Adolfo Lutz têm capacidade para dar 4 mil diagnósticos por dia.

Os Laboratórios Centraisroleta de 1 a 2Saúde Públicaroleta de 1 a 2cada Estado, os Lacens, porroleta de 1 a 2vez, conseguem processar, ao todo, 2,7 mil testes por dia.

Médica seguro tuboroleta de 1 a 2ensaioroleta de 1 a 2laboratório

Crédito, EPA

Legenda da foto, A política do Brasil tem sido testar apenas os pacientes com quadros mais graves

Segundo o secretário, no "pico da epidemia" o Brasil pode precisar fazer quase 7 vezes mais, até 50 mil diagnósticos por dia - e o ministério estaria trabalhando para ampliar a capacidade.

Na rede particular, alguns empresas, como Albert Einstein e Fleury, conseguem processar os exames feitos internamente, com resultadosroleta de 1 a 2até 48 horas - ante uma médiaroleta de 1 a 2cercaroleta de 1 a 27 dias na rede pública hoje.

Para a médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do serviçoroleta de 1 a 2epidemiologia do Institutoroleta de 1 a 2Infectologia Emílio Ribas, apesar das dificuldades que o país sabidamente enfrenta para adquirir e processar os exames, "daria para fazer mais", especialmente no início do surto, quando o país optou por uma "vigilância epidemiológica passiva" - ou seja, esperava os casos serem notificados às autoridadesroleta de 1 a 2saúderoleta de 1 a 2vezroleta de 1 a 2ativamente tentar localizá-los.

A especialista destaca, por exemplo, que naquele período não houve qualquer tentativaroleta de 1 a 2triagem nos aeroportos e que as definições para casos suspeitos antes da transmissão comunitária eram bastante restritivas, o que fez com que um númeroroleta de 1 a 2potenciais casos positivos fosse excluído da vigilância.

Parte dos casos suspeitos, destaca a especialista, não chegou a ser investigada laboratorialmente porque não se enquadrava nos critérios estabelecidos à época - porque, por exemplo, a pessoa sintomática havia voltadoroleta de 1 a 2outros países que não aqueles determinados na lista do Ministério da Saúde.

Coreia do Sul: 15 mil testes por dia

A políticaroleta de 1 a 2testagemroleta de 1 a 2massa é considerada uma das razões para que a Coreia do Sul esteja conseguindo controlar a disseminação da covid-19.

O país é um dos que registra menor taxaroleta de 1 a 2letalidade, com 1,33%roleta de 1 a 2vítimas fatais entre os 9.000 infectados.

O médico Woo Joo Kim, professor do Departamentoroleta de 1 a 2Infectologia da Universidade da Coreia, afirma que hoje o país realiza cercaroleta de 1 a 215 mil testes por dia, todos com PT-PCR.

"Nós aprendemos com o surtoroleta de 1 a 2Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio)roleta de 1 a 22015 que deveríamos ter uma forte capacidaderoleta de 1 a 2testagem", ele diz, referindo-se a outra doença causada por um vírus da família corona, que infectou 806 pessoas no país e deixou 38 mortos.

Para o especialista, a realizaçãoroleta de 1 a 2testes desta vez é ainda mais importante, já que o Sars-Cov-2, que causa a covid-19, pode ser transmitido mesmo por quem não apresenta sintomas.

Dos 9 mil casos registrados no país até o momento, cercaroleta de 1 a 220% são assintomáticos.

Do total, ele acrescenta, 30% foram detectadosroleta de 1 a 2pessoas na faixa dos 20 anos. Ambas as estatísticas, ele diz, devem servirroleta de 1 a 2alerta para a importância das medidasroleta de 1 a 2distanciamento social, para evitar que pessoas com maior chanceroleta de 1 a 2desenvolver casos graves da doença sejam infectados por indivíduos com sintomas leves ou assintomáticos.

A Coreia adotou medidas polêmicas para garantir que as medidasroleta de 1 a 2quarentena fossem eficientes, entre elas monitorar pelo GPS do celular os pacientes infectados, para garantir que eles não saíssemroleta de 1 a 2casa durante o períodoroleta de 1 a 2isolamento.

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