Redes criminosas cometem assassinatos e se aliam a empresas para desmatar na Amazônia, diz Human Rights Watch:sao paulo e atletico mg palpite
sao paulo e atletico mg palpite Boa parte do desmatamento na Amazônia é realizado por complexas redes criminosas que se valemsao paulo e atletico mg palpiteassassinatos esao paulo e atletico mg palpitealianças com empresas para cumprir seus objetivos, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (17/9) pela ONG Human Rights Watch.
O relatório Máfias do ipê: como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira documenta 28 assassinatos, a maioria ocorridos após 2015, nos quais os responsáveis tinham envolvimento com a destruição da floresta e "viam suas vítimas como obstáculos às suas atividades criminosas".
A maioria dos mortos eram indígenas ou membrossao paulo e atletico mg palpitecomunidades locais contrários à exploração ilegalsao paulo e atletico mg palpitemadeira.
O documento diz ainda que ações do governo Jair Bolsonaro têm deixado defensores da florestasao paulo e atletico mg palpiteposição ainda mais vulnerável e dificultado o cumprimentosao paulo e atletico mg palpitemetas assumidas pelo Brasil para mitigar as mudanças climáticas.
A Human Rights Watch é uma das maiores ONGs globais focadas na defesasao paulo e atletico mg palpitedireitos humanos. Na América Latina, umsao paulo e atletico mg palpiteseus principais palcos é a Venezuela, onde a organização tem adotado posições críticas ao governo chavista.
Quadrilhassao paulo e atletico mg palpitemadeireiros
Para produzir o relatório, a Human Rights Watch diz ter entrevistado maissao paulo e atletico mg palpite170 pessoas, entre as quais 60 indígenas e moradores dos Estados do Maranhão, Pará e Rondônia, alémsao paulo e atletico mg palpitedezenassao paulo e atletico mg palpiteservidores públicossao paulo e atletico mg palpiteBrasília e na Amazônia.
O trabalho enfoca a açãosao paulo e atletico mg palpitequadrilhas especializadas na extraçãosao paulo e atletico mg palpitemadeira. César Muñoz, pesquisador sênior da Human Rights Watch responsável pelo relatório, afirma à BBC News Brasil que esses grupos não são os únicos responsáveis pela destruição da floresta, mas são o "ator mais perigoso pela escala da destruição (que promovem) e porque usam da intimidação e violência contra moradores e agentes ambientais".
Muñoz diz que, embora inicialmente busquem apenas derrubar as árvores mais valiosas das áreas onde atuam, as quadrilhas acabam abrindo o caminho para a destruição completa das matas e parasao paulo e atletico mg palpiteconversãosao paulo e atletico mg palpitepastagens. As quadrilhas costumam agirsao paulo e atletico mg palpiteterras públicas.
Hoje, segundo ele, a árvore preferida dos grupos é o ipê. A extração da madeira exige uma operação logística complexa e bastante dinheiro, pois é preciso custear os equipamentos usados na atividade, como motosserras, tratores e caminhões. Para retirar as toras, são abertos ramais na floresta.
As tarefas costumam ser executadas por trabalhadores da região que, muitas vezes, atuam sob condições degradantes.
"Eles ficam semanas no mato, morandosao paulo e atletico mg palpitebarracos sem nenhum tiposao paulo e atletico mg palpitesegurança", diz Muñoz.
Lavagem da madeira
Após a extração, é preciso "lavar" a madeira, ou seja, fraudarsao paulo e atletico mg palpiteorigem para permitirsao paulo e atletico mg palpitecomercialização. Para isso, as redes criminosas se aliam a empresas do setor madeireiro.
O caminho mais comum, segundo Muñoz, é fraudar planossao paulo e atletico mg palpitemanejo - documentos que regem a exploração da madeirasao paulo e atletico mg palpitetrechos da floresta onde a extração é permitida.
O pesquisador diz que, muitas vezes, madeireiras autorizadas a operar nessas áreas superestimam a quantidadesao paulo e atletico mg palpiteárvores nobres nos planossao paulo e atletico mg palpitemanejo desses locais. O objetivo é permitir que árvores extraídas ilegalmentesao paulo e atletico mg palpiteoutras áreas sejam registradas como se tivessem saído legalmente das áreas regidas pelos planossao paulo e atletico mg palpitemanejo.
Segundo Muñoz, quando as quadrilhas não são detidas, elas retiram todas as árvoressao paulo e atletico mg palpitegrande valor da floresta. A mata então fica cheiasao paulo e atletico mg palpitepequenas clareiras e ramais, tornando-se mais vulnerável ao fogo.
Inicia-se, então, uma nova fase do processosao paulo e atletico mg palpitedesmatamento. Membros da própria quadrilha ou grupos associados se encarregamsao paulo e atletico mg palpitecortar o resto da vegetação. Eles deixam a área secar por vários meses e, depois, ateiam fogo para limparsao paulo e atletico mg palpitevez o terreno - fenômeno que ganhou visibilidade nas últimas semanas conforme as quemadas na Amazônia ganharam o noticiário global.
Sem vegetação, é possível plantar capim e trazer bois para a área. Em muitos casos, a terra desmatada é vendida para terceiros.
Esse passo implica uma nova fraude, pois exige a produçãosao paulo e atletico mg palpitedocumentos falsos sobre a área, também conhecida como grilagem. Segundo Muñoz, essa etapa é promovidasao paulo e atletico mg palpiteconluio com empresassao paulo e atletico mg palpitegeorreferenciamento, que ajudam a delimitar as áreas reivindicadas.
A trocasao paulo e atletico mg palpite"dono" da terra dificulta a punição dos desmatadores. "Se o Ibama vai lá, dizem que foi outro que desmatou. É uma formasao paulo e atletico mg palpitelegalizar esse desmatamento", afirma Muñoz.
Impunidade
De acordo com o relatório, a impunidade alimenta a destruição da floresta. Citando dados compilados pela Comissão Pastoral da Terra, organização ligada à Igreja Católica, o documento diz que maissao paulo e atletico mg palpite300 pessoas foram assassinadas na última década no Brasil no contextosao paulo e atletico mg palpiteconflitos pelo uso da terra esao paulo e atletico mg palpiterecursos naturais na Amazônia.
Segundo a Human Rights Watch, desses maissao paulo e atletico mg palpite300 casos, apenas 14 foram julgados.
Um dos casos citados no relatório foi a morte e o desaparecimentosao paulo e atletico mg palpitedois trabalhadores do assentamento Terra Nossa, no Pará. Eles haviam dito que pretendiam denunciar a exploração ilegalsao paulo e atletico mg palpitemadeira na região.
O irmãosao paulo e atletico mg palpiteuma das vítimas, que passou a investigar o crime por conta própria, também acabou morto, assim como o lídersao paulo e atletico mg palpiteum sindicatosao paulo e atletico mg palpiteagricultores que havia demonstrado a intençãosao paulo e atletico mg palpitedenunciar a retirada ilegalsao paulo e atletico mg palpitemadeira. "Os moradores do assentamento relataram que os quatro homens foram mortos por uma milícia armada que trabalha para uma rede criminosasao paulo e atletico mg palpitefazendeiros que, segundo um relatório do Incra (Instituto Nacionalsao paulo e atletico mg palpiteColonização e Reforma Agrária), estão envolvidossao paulo e atletico mg palpiteextração ilegalsao paulo e atletico mg palpitemadeira", diz a Human Rights Watch.
A ONG diz que a impunidade associada aos assassinatos "se devesao paulo e atletico mg palpitegrande parte ao fato da polícia não conduzir investigações adequadas".
A polícia diz que isso ocorre porque as mortes costumam ocorrersao paulo e atletico mg palpiteáreas remotas. Porém, a Human Rights Watch afirma que houve graves omissões mesmosao paulo e atletico mg palpite"mortes ocorridas nas cidades, não muito longe das delegaciassao paulo e atletico mg palpitepolícia".
Para a ONG, a eleiçãosao paulo e atletico mg palpiteJair Bolsonaro vem favorecendo o desmatamento na Amazônia. O relatório diz que o governo atual "tem agidosao paulo e atletico mg palpiteforma agressiva para diminuir a capacidade do paíssao paulo e atletico mg palpitefazer cumprir suas leis ambientais", citando cortes no orçamento do Ministério do Meio Ambiente e a demissãosao paulo e atletico mg palpite21 dos 27 diretores regionais do Ibama, entre outras decisões.
"O governo também tem atuadosao paulo e atletico mg palpiteforma a minimizar as consequências enfrentadas por aqueles que operam na extração ilegalsao paulo e atletico mg palpitemadeira", prossegue o relatório, que menciona a quedasao paulo e atletico mg palpite38% nas multas por infrações ambientais nos primeiros oito mesessao paulo e atletico mg palpite2019sao paulo e atletico mg palpitecomparação com o mesmo períodosao paulo e atletico mg palpite2018.
"Essas mudançassao paulo e atletico mg palpitepolíticas foram acompanhadassao paulo e atletico mg palpitedeclarações abertamente hostis do presidente esao paulo e atletico mg palpiteseus ministrossao paulo e atletico mg palpiterelação àqueles que buscam defender das florestas do país", afirma o texto.
Em entrevista à BBCsao paulo e atletico mg palpiteagosto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que a redução no númerosao paulo e atletico mg palpitemultas não indica um afrouxamento do combate a ilícitos. Segundo Salles, o Ibama tem buscado embasar mais suas autuações para que os infratores não consigam se livrar das cobranças, priorizando a qualidade e não a quantidadesao paulo e atletico mg palpitemultas.
Recomendações
A Human Rights Watch defende uma sériesao paulo e atletico mg palpiteações para acabar com a impunidade associada ao desmatamento na Amazônia, entre as quais:
- A elaboraraçãosao paulo e atletico mg palpiteum plano, coordenado pelo Ministério da Justiça e com participação da sociedade civil, para "tratar dos atossao paulo e atletico mg palpiteviolência e intimidação contra defensores da floresta e desmantelar as redes criminosas envolvidas no desmatamento ilegal";
- A criaçãosao paulo e atletico mg palpiteuma Comissão Parlamentarsao paulo e atletico mg palpiteInquérito (CPI) no Congresso para identificar as redes criminosas responsáveis pelo desmatamento;
- O apoio e a proteção aos defensores da floresta;
- A criaçãosao paulo e atletico mg palpitecanaissao paulo e atletico mg palpitecomunicação para que comunidades possam denunciar o desmatamento a policiais, promotores e agentes ambientais;
- O fim dos ataques verbais a organizações ambientais e outras ONGs, restabelecendo a colaboração entre agênciassao paulo e atletico mg palpitefiscalização e grupos da sociedade civil que trabalham para proteger os defensores da floresta, os direitos indígenas e o meio ambiente;
- A adoçãosao paulo e atletico mg palpitetodas as medidas necessárias para que o Brasil cumpra seus compromissos relacionados à mitigação das mudanças climáticas;
- A reparação dos danos causados aos órgãos ambientais e a garantiasao paulo e atletico mg palpiteque tenham autonomia, ferramentas e recursos suficientes para cumprir suas obrigações com segurança e eficácia.
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