Como a genética explica a inteligência dos papagaios, os ‘seres humanos’ do mundo dos pássaros:b1bet site

Segundo a pesquisadora Patrícia Schneider, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que também participou do trabalho, o foco do Sisbio-Aves éb1bet siteespécies que ajudem a responder questões centrais sobre filogenia, evolução, genéticab1bet sitepopulações, neurociência e comportamento. "O sequenciamento é um passo inicial para que essas perguntas sejam respondidas", explica.

Outro integrante do consórcio, o geneticista Fabrício Santos, da Universidade Federalb1bet siteMinas Gerais (UFMG), cita mais um objetivo do sequenciamento do DNA do papagaio-comum. "Queríamos ter o mapa dos genes dessa espécie e identificar diferenças na evolução deles, que possam nos dar dicasb1bet sitecomo funciona o cérebro (incluindo o humano) e também aqueles genes possivelmente associados à longevidade."

Superando os primatas

Assim como a maioria dos vertebrados, o Amazona aestiva tem cercab1bet site25 mil genes. Em alguns aspectos cognitivos essa espécie supera até mesmo primatas - com exceção do ser humano. "O exemplo talvez mais marcante é o que se chamab1bet site'object permanence', ou permanência do objeto, que é a capacidade do animal saber que algo apresentado a ele anteriormente está ainda presente, mesmo que escondido", diz Mello.

"É o jogob1bet siteque se coloca alguma coisa debaixob1bet siteuma caixa, por exemplo, e o animal sabe onde ela está escondida. Papagaios conseguem resolver esse problema, mas outros animais, inclusive macacos, têm mais dificuldade assim que perdem o objetob1bet sitevista."

Para esse trabalho, o espécime que forneceu amostrasb1bet siteDNA foi um papagaio chamado Moisés, nascido no início dos anos 2000. Ele pertencia a um biólogo e hoje vive na casab1bet siteuma veterinária, na cidadeb1bet sitePitangui (MG), a 127 quilômetrosb1bet siteBelo Horizonte.

"Comparando a genomasb1bet siteoutros papagaios eb1bet siteaves diversas, além do humano, conseguimos identificar genes com diferenças marcantes e que indicam funções importantes na longevidade e nos processos cognitivos, relacionados à aprendizagem vocal da espécie sequenciada", diz Santos.

De acordo com Patrícia, o sequenciamento identificou cercab1bet site4.000 genes e mostrou as similaridades do Amazona aestiva com outras aves, mas também o que ele temb1bet sitediferente. "Essa busca culminou na identificaçãob1bet sitemodificações no genoma, ou seja, mutaçõesb1bet sitecertos genes e também a identificaçãob1bet siteoutros exclusivosb1bet sitepapagaios que dão suporte à ideiab1bet siteque a capacidade cognitiva e a longevidade são atributos únicos deste grupob1bet siteanimais, pois eles estão ausentesb1bet siteoutras espécies", explica.

"Estudos mais detalhados deles, principalmente relacionados a funções cognitivas, podem elucidar questões importantes, pois observamos muitos paralelos entre humanos e esses pássaros."

Mello dá mais detalhes das descobertas, classificando-asb1bet sitetrês principais achados. "Descobrimos alguns genes parálogos (gene duplicado numa determinada espécie ou grupo), que parecem ser específicos dos papagaios", conta. "Um deles é o chamado PLXNC1, que está envolvido na formaçãob1bet siteconexões neurais, ou seja, como uma área do cérebro se liga a outras para formar circuitos neurais."

De acordo com o pesquisador, já se sabia que esse gene tem uma regulação diferenciada na área vocal das aves e no córtex laríngeob1bet sitehumano. Ou seja, parece estar envolvidob1bet siteregular circuitos da fala nas pessoas e do canto nos pássaros. "O fatob1bet siteele estar duplicado parcialmente no Amazona aestiva nos indica haver uma regulação aumentada, o que pode explicar a maior capacidade vocal deles", diz Mello. "Também descobrimos outras duplicações que levaram a genes novos somenteb1bet sitepapagaios, mas as funções desses ainda não estão claras."

Uma segunda descoberta se refere à longevidade. Papagaios e algumas outras aves vivem bem mais do que seria esperado pelo seu peso corporal. A expectativab1bet sitevida do Amazona aestiva, por exemplo, é 2,5 a 3 vezes maior do que deveria ser. A grosso modo, isto equivaleria a um ser humano viver 150-200 anos.

"Descobrimos que ele e algumas outras aves longevas,b1bet sitecomparação com as que vivem menos, têm modificaçõesb1bet sitevários genes que controlam processos como envelhecimento e proliferação celular, reparob1bet sitedanos ao DNA, tumorigênese (origemb1bet sitetumores), mecanismosb1bet siteproteção ao estresse oxidativo e resposta imune, por exemplo", diz Mello. "Isso sugere que a espécie sequenciada se utilizab1bet sitevárias vias para ter uma maior longevidade."

A terceira descoberta tratab1bet sitemodificaçõesb1bet siteregiões regulatóriasb1bet sitevários genes que controlam o crescimento do cérebro e capacidades cognitivas. Elas são semelhantes às que ocorreram no ser humano e que distinguem o homemb1bet siteoutros primatas, que têm um cérebro menor e menos capacidade cognitivas.

"Isso mostra que alguns mecanismos que levaram a um maior crescimento do cérebro e inteligênciab1bet sitehumanos também devem ter atuado para fazer o mesmo nos papagaios", explica Mello. "Consideramos eles como as aves mais inteligentes, e nesse sentido são como os humanosb1bet siterelação aos outros primatas."

Aindab1bet siteacordo com o pesquisador da Universidadeb1bet siteOregon, vários desses genes, quando modificados drasticamente, levam a distúrbios do desenvolvimento cerebral e cogniçãob1bet sitehumanos, a exemplob1bet siteautismo e esquizofrenia.

b1bet site Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube b1bet site ? Inscreva-se no nosso canal!