O que diz o filme sobre 'infanticídio indígena' divulgado por ministrabetesporte fora do arBolsonaro e que a Justiça tirou do ar:betesporte fora do ar

Damares Alves será ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves chefiará pasta responsável pela Funai, órgão hoje subordinado ao Ministério da Justiça

No entanto, segundo o MPF, a encenação usou crianças e adultos da etnia karitiana, "povo que não tem a práticabetesporte fora do arinfanticídio embetesporte fora do arcultura e que passou a sofrer diversas consequências negativas após o documentário, inclusive discriminação e preconceito".

Além disso, o orgão diz que "o vídeo induz o espectador ao erro por fazer crer que o infanticídio é comum entre os indígenas". O povo karitiana tem cercabetesporte fora do ar300 integrantes e habita o Estadobetesporte fora do arRondônia.

Em 2017, atendendo ao pedido do MPF-DF, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou que o filme fosse retirado dos sites das organizações, mas rejeitou o pleito por uma indenização, alegando que as rés são entidades sem fins lucrativos.

Danos morais coletivos

A ação movida pelo MPF-RO ainda será julgada, segundo a assessoriabetesporte fora do arimprensa do órgão. Nela, a Procuradoria pede que os indígenas karitianas sejam indenizadosbetesporte fora do arR$ 3 milhões por danos morais coletivos.

O órgão diz que o objetivo da ação não é discutir "a questão do 'infanticídio' indígenabetesporte fora do arsi, até mesmo porque são raros os registrosbetesporte fora do arpovos indígenas na Amazônia que adotam tal prática", mas sim os danos que a encenação teria provocado entre os indígenas.

Um laudo antropológico produzido pelo MPF-RO diz que, "alémbetesporte fora do arterem sido usadas para finalidade diversa da que fora dito aos indígenas", as imagens gravadas entre os karitiana "representaram atosbetesporte fora do arextrema relevância sóciocultural".

Para esse povo, segundo o laudo, "simular o enterrobetesporte fora do aruma pessoa viva é o mesmo que matá-la, significa que a alma daquela pessoa morreu". O laudo diz que o menino que foi enterrado se tornou uma "criança triste, deprimida e constantemente doente".

O vídeo foi divulgadobetesporte fora do arvários sites e usado como referência nos debates do Projetobetesporte fora do arLei 1.057, também conhecido como Lei Muwaji. De autoria do deputado federal Henrique Afonso (PT-AC) e apresentadobetesporte fora do ar2007, o projeto foi aprovado na Câmarabetesporte fora do ar2015 e estábetesporte fora do ardiscussão no Senado.

Em ao menos dois sites, segundo o MPF-RO, imagens do vídeo foram usadas como se fossem reais, e não encenadas, para pedidosbetesporte fora do arcolaboração e apadrinhamentobetesporte fora do arcrianças apontadas como "sobreviventesbetesporte fora do arinfanticídio".

A Justiça determinou a retirada das imagens. No site da Atini, no lugar da foto principal, foi escrita a mensagem "Ergabetesporte fora do arvoz pela justiça - por decisão judicial, esta imagem foi removida".

Evento sobre infanticídio indígena na Câmara

Crédito, Agência Câmara

Legenda da foto, Evento sobre a lei que trata do chamado 'infanticídio' indígena na Câmara dos Deputados; antropólogos afirmam que projetobetesporte fora do arlei estigmatiza comunidades nativas

O que mostra a encenação

Apesar das decisões judiciais, o vídeo segue disponívelbetesporte fora do aralguns links do Youtube.

A trama encenada se passa numa aldeia indígena identificada como sendo do povo Suruwahá (também conhecido como Zuruahã), grupo com cercabetesporte fora do ar170 integrantes no sul do Amazonas.

A rotina da aldeia é quebrada por uma tempestade que faz a maloca desabar. Tempos depois, um casal que tinha um filho e uma filha deficientes morre após ingerir uma raiz.

A comunidade dá o veredito: a tempestade e as mortes eram punições pela recusa do casalbetesporte fora do armatar os filhos deficientes, que haviam tido suas almas roubadas por espíritos maus.

O grupo então cava duas covas nos fundos da maloca. As duas crianças são enterradas vivas enquanto choram.

O menino não sobrevive, mas a menina é salva por um irmão. Um adulto protesta: "Para o bem da tribo, ela deve morrer. Ela não poderá comer da nossa comida ou morar na nossa maloca", afirma.

Mesmo assim, o menino cuida da irmã e, três anos depois, leva-a a um posto missionário, onde a menina passa a viver.

Uma narradora diz, então, que "na maioria dos casos, o infanticídio acontece por pressão dos pajés".

"Hoje cada vez mais indígenas das maisbetesporte fora do ar200 tribos brasileiras estão lutando para acabar com essa prática", afirma a narradora.

O vídeo passa a intercalar depoimentos (não se sabe se verídicos ou encenados)betesporte fora do arque indígenasbetesporte fora do ardiversos grupos citam casosbetesporte fora do arcrianças que foram mortas - ou que sofreram pressões para que fossem mortas - por serem deficientes.

O filme termina por mostrar indígenasbetesporte fora do arBrasília, onde, segundo a narradora, eles "começaram uma batalha legal para garantir às suas crianças os mesmos direitos que outras crianças no Brasil e ao redor do mundo têm". E apresenta a Lei Muwaji, "que compele o governo brasileiro a intervirbetesporte fora do arcasosbetesporte fora do arcrianças indígenasbetesporte fora do arrisco do infanticídio". Segundo o vídeo, o nome da lei homenageia uma indígena "que escolheu deixar o povobetesporte fora do arvezbetesporte fora do armatar uma filha com paralisia cerebral".

A narradora cita, no entanto, entraves parabetesporte fora do araprovação, como a oposiçãobetesporte fora do argrupos que "acreditam que a preservação da cultura é mais importante que a vida".

O filme é dirigido por David L. Cunningham, filho dos fundadores da agência missionária Youth with a Mission. No Brasil, onde se chama Jovens com uma Missão (Jocum), a entidade tem sedebetesporte fora do arPorto Velho.

Em seu site, a Jocum diz atuar na Amazônia há maisbetesporte fora do ar20 anos. "Por se tratarbetesporte fora do aruma área geográfica e demograficamente desafiadora fomos aprendendo com Deus a viver o Evangelho entre indígenas e ribeirinhosbetesporte fora do aruma forma integral."

A Jocum e a Atini não responderam aos questionamentos da BBC News Brasil sobre as ações do MPF.

Na ação a que responde na Justiçabetesporte fora do arRondônia, a Jocum diz que o MPF adota postura omissa e cruel ao evitar "discutir a temática do infanticídio".

"Em contraposição ao entendimento do parquet (MPF), a ré acredita que a vidabetesporte fora do arcada criança indígena tem valor. Na verdade, a ré preza pela vidabetesporte fora do artodas as crianças, diferentemente da autora, para quem a vidabetesporte fora do aruma criança pode ser dizimadabetesporte fora do arnome da cultura".

A entidade questiona ainda o laudo antropológico apresentado pelo MPF, classificando-o como uma prova "ilegal, antecipada e unilateral."

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