Cientistas brasileiros criam programa para diagnosticar esquizofrenia e transtorno bipolar através do relatoretro pokersonhos:retro poker
"Mesmo assim, essa formaretro pokerexame ainda é muito dependente da avaliação subjetiva do profissional, que pode não ter acesso a todos os dados necessários, precisando muitas vezesretro pokerum longo períodoretro pokerobservação e contato."
Para criar um método para auxiliar o psiquiatra a fazer um diagnóstico menos subjetivo e mais preciso, os pesquisadores desenvolveram formasretro pokermedir computacionalmente certos sintomas, que tradicionalmente são detectadosretro pokermodo pouco quantitativoretro pokerum exame do estado mental. "Transformamos a sequênciaretro pokerpalavras do discurso na representação matemática denominada grafo", explica Ribeiro.
Grafos são diagramasretro pokerque cada palavra é representada por um nó e a sucessão temporal delas por arestas (conexões entre os nós). É uma espécieretro pokerrepresentação gráfica do discurso, ou seja, da falaretro pokeralguém.
Tecnicamente falando eles mostram ainda o grau total médio (média do totalretro pokerarestas que entram e saemretro pokerum nó); maior componente conectado (totalretro pokernós no maior subgraforetro pokerque todos eles sejam conectados entre si); e maior componente fortemente conectado (LSC -retro pokerlargest strongly connected component -, totalretro pokernós no maior subgraforetro pokerque todos eles sejam mutuamente conectados entre si).
"Essa representação permite medir diversos sintomas, como logorreia (verborragia ou profusãoretro pokerfrases sem sentido), alogia (dito absurdo), fugaretro pokerideias e saladaretro pokerpalavras", diz Ribeiro.
Para testar o método, os pesquisadores gravaram os relatos consentidos, feitos a Natália, do dia (estadoretro pokervigília) e dos sonhosretro poker60 pacientes voluntários, atendidos no ambulatórioretro pokerpsiquiatriaretro pokerum hospital públicoretro pokerNatal (RN). Eles foram divididosretro pokertrês grupos, um com pessoas com diagnósticoretro pokeresquizofrenia, outro,retro pokerbipolaridade, e o terceiro, sem doença, que serviuretro pokercontrole.
Os discursos dos pacientes foram transcritos e inseridos no programaretro pokercomputador, que os transformouretro pokergrafos. Os relatos do dia dos três grupos não foram muito diferentes uns dos outros. Quando eles contam seus sonhos, no entanto, as diferenças apareceram. Elas ficaram bem evidentes entre os esquizofrênicos e bipolares.
Os relatos dos primeiros, representados por grafos, apresentam menos ligações do que os demais. Eles costumam falarretro pokerforma lacônica e com pouca digressão (desvioretro pokerassunto), o que explica por que a conectividade e a quantidaderetro pokerarestas dos seus grafos são menoresretro pokercomparação às dos bipolares, que, porretro pokervez, tendem a apresentar um sintoma oposto, a logorreia.
Ribeiro conta que o grupo testou diversas formasretro pokerrelatosretro pokermemórias e verificou que aretro pokersonhos efetivamente é o tipo que mais diferencia os sujeitos. "As pessoas falamretro pokerassuntos cotidianos relacionados a eventos da vigíliaretro pokeruma maneira bastante 'linear', seguindo uma trajetóriaretro pokerpalavras simples e previsível", explica.
"Mas ao contar sonhos, se elas não têm danos cognitivos, falamretro pokeruma maneira mais complexa, fazendo trajetóriasretro pokerpalavras mais ricas, conectando melhor todas elas do início ao fim."
De acordo com ele, relatosretro pokersonho são mais difíceisretro pokerserem elaborados no momento que é preciso contá-los a alguém. "Existe mais incerteza e a necessidaderetro pokerevocar memórias mais profundas", diz. "Por serem mais complexos, eles são mais úteis ao diagnóstico psiquiátrico, pois pessoas com danos cognitivos, como, por exemplo portadoresretro pokeresquizofrenia, os contamretro pokermaneira muito simplificada, pouco conectada."
O trabalho dos pesquisadores da UFRN e UFPE rendeu vários artigos científicos, como um publicado este ano, que foi o primeiro a demonstrar que a estrutura da linguagem medida por grafosretro pokerpessoas com psicose está correlacionada com aspectos neurais medidos por ressonância magnética anatômica e funcional.
Além disso, mostrou que é a estrutura da linguagem que liga os sintomasretro pokerdisfunções sociais apresentados pelos pacientes a seus substratos neurais. "O artigo foi escrito com dados coletados na Inglaterra", conta Ribeiro. "Ou seja, além da novidaderetro pokerligar os efeitos da fala a alterações cerebrais, replicamosretro pokeroutra língua os achados que detectamosretro pokerportuguês desde 2012."
Em 2017, o grupo havia publicado um artigo que teve grande repercussão, porque possibilitou prever com seis mesesretro pokerantecedência o diagnósticoretro pokeresquizofrenia, por meioretro pokeruma comparação do relato verbal do paciente com outros aleatórios usando as mesmas palavras. "Mostramos que 64% dos pacientes esquizofrênicos produzem relatos parecidos ao aleatório, se assemelhando, portanto, ao sintoma clínicoretro poker'saladaretro pokerpalavras'."
Mesmo com os bons resultados, Ribeiro diz que a técnica que criaram não substitui o trabalho tradicional dos psiquiatras. "Nosso método é uma ferramenta quantitativa complementar ao diagnóstico clínico psiquiátrico, assim como o raio-X e o hemograma auxiliam na ortopedia e na infectologia, respectivamente", explica.
"Ele possibilita a prediçãoretro pokerriscos e a orientação terapêuticaretro pokermaneira mais assertiva e precoce, protegendo contra danos cognitivos irreparáveis."