'Sesportbrasil betnomesportbrasil betCristo destroem,sportbrasil betnomesportbrasil betCristo vamos reconstruir': evangélicos ajudam a reerguer terreiro queimado:sportbrasil bet

Legenda do vídeo, Evangélicos ajudam na reconstruçãosportbrasil betterreiro incendiado no RJ

sportbrasil bet Lugarsportbrasil betencontro e devoçãosportbrasil betpraticantes do candomblé há 17 anos, o terreirosportbrasil betConceição d'Lissá tem recebido, nos últimos meses, visitantes inusitados. O templo, localizadosportbrasil betDuquesportbrasil betCaxias, na Baixada Fluminense, está sendo reconstruído com a ajudasportbrasil betevangélicos. Em meio a diversos casossportbrasil betintolerância e violência contra religiõessportbrasil betmatriz africana, um grupo arrecadou maissportbrasil betR$ 12 mil para as obras depois que o espaço foi parcialmente destruídosportbrasil betum incêndio.

Em uma manhãsportbrasil betsábadosportbrasil betfevereiro, a pastora Lusmarina Campos, da Igreja Evangélicasportbrasil betConfissão Luterana no Brasil, foi ao local acompanhadasportbrasil bettrês voluntários para, pessoalmente, ajudar na remoçãosportbrasil betentulhos - tijolos e pedaçossportbrasil betmadeira que faziam parte do segundo andar do terreiro, área atingida pelo fogosportbrasil betjunhosportbrasil bet2014.

Na época presidente do Conselho Nacionalsportbrasil betIgrejas Cristãs do estado (Conic-Rio), Lusmarina organizou a campanhasportbrasil betarrecadação, concluída no fim do ano passado, para a reconstrução do templo.

Conceição d'Lissá

Crédito, Ana Terra/BBC Brasil

Legenda da foto, Incêndio foi oitavo ataque a localsportbrasil betculto da mãesportbrasil betsanto

"Logo que a gente ouviu sobre a destruição do terreiro, eu pensei: 'Sesportbrasil betnomesportbrasil betCristo eles destroem,sportbrasil betnomesportbrasil betCristo nós vamos reconstruir'. É extremamente importante dar um testemunho positivo da nossa fé, porque o Cristo que está sendo utilizado para destruir um terreiro está sendo completamente mal interpretado", explica Lusmarina.

Aquele foi o oitavo ataque ao localsportbrasil betculto da mãesportbrasil betsanto. Antes, tiros haviam sido disparados contra o templo e a casasportbrasil betConceição. Três carros que pertenciam a candomblecistassportbrasil betseu grupo foram queimados. A polícia ainda não identificou os responsáveis pelos crimes. Para tentar se proteger, Conceição instalou grades e reforçou muros e cadeados do templo. Sem apontar suspeitos, ela afirma que os ataques têm cunho religioso: "Não há roubosportbrasil bettelevisão, rádio, uma porçãosportbrasil betcoisas que poderiam usar para fazer dinheiro. Não levam nada, só destroem."

No ano passado, 71,5% dos casossportbrasil betintolerância religiosa registrados no Riosportbrasil betJaneiro foram contra grupossportbrasil betmatriz africana, segundo a Secretariasportbrasil betEstadosportbrasil betDireitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. Crimessportbrasil betódio contra os adeptossportbrasil betreligiões como o candomblé e a umbanda também ocorremsportbrasil betoutras partes do país, que possui cercasportbrasil bet600 mil devotossportbrasil betcrençassportbrasil betorigem africana, segundo o Censosportbrasil bet2010.

"É um fenômeno nacional, agora com essa face cruel, que já se expressousportbrasil bet2008 e vem desde a décadasportbrasil bet90, que são os traficantes instrumentalizados por grupos neopentecostais que atacam os templos religiosos nas periferias e favelas", comenta o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissãosportbrasil betCombate à Intolerância Religiosa.

Pastora Lusmarina

Crédito, Ana Terra/BBC Brasil

Legenda da foto, Pastora Lusmarina: 'O Cristo que está sendo utilizado para destruir um terreiro está sendo completamente mal interpretado'

"O arcabouço do que está acontecendo no Riosportbrasil betJaneiro,sportbrasil bettermossportbrasil betviolência religiosa, tem como fundo uma lógicasportbrasil betguerra", complementa a pastora Lusmarina.

"Faz partesportbrasil betum projetosportbrasil betpoder a descaracterizaçãosportbrasil betoutros grupos religiosos, ou seja, uma linguagemsportbrasil betdesrespeito e condenação. Porque, nesse tiposportbrasil betconcepção, a diversidade não é permitida. É um enfrentamento que precisamos fazer porque é muito mais amplo do que a questão estritamente religiosa. A questão é política. Por isso, a gente precisa se unir."

O babalaô acompanhou desde o início a açãosportbrasil betapoio ao terreirosportbrasil betDuquesportbrasil betCaxias organizada por Lusmarina. "Esse ato é um divisorsportbrasil betáguas na luta contra a intolerância religiosa no país", comenta ele. A entrega do dinheiro, com o maior aporte vindosportbrasil betfiéis da Igreja Cristãsportbrasil betIpanema, que é evangélica, foi celebrada no fim do ano passado com uma cerimônia inter-religiosa no terreirosportbrasil betConceição.

Alguns dos que participaram tiveramsportbrasil betenfrentar críticas e ameaças, principalmente na internet e nas redes sociais. Lusmarina conta que um youtuber evangélico gravou um vídeosportbrasil betque incentiva outras pessoas a agredirem. "Ele diz: 'Pastora vadia, vagabunda...Tem que tomar tapa na cara',sportbrasil betmaneira muito agressiva e violenta."

A discriminação, no entanto, não é exclusivasportbrasil betgrupos extremistas. Os próprios voluntários que acompanharam Lusmarina na preparação do terreiro para as obras admitiram que,sportbrasil betdeterminado momento da vida, chegaram a ter uma visão negativasportbrasil betrelação a religiõessportbrasil betmatriz africana, por acreditarem que eram ligadas ao mal.

"O candomblé sofre preconceito desde que era a religião professada pelos nossos antepassados, que vieram para o país escravizados", comenta Conceição. "As pessoas hoje endemonizam o candomblé como se tivéssemos uma relação estreita com essa figura chamada diabo, sem saber que o diabo não faz parte do nosso panteãosportbrasil betdivinizados. É uma visão eurocristã que não tem nada a ver conosco."

Conceição d'Lissá

Crédito, Ana Terra/BBC Brasil

Legenda da foto, Obrassportbrasil betreconstrução começaram pela cozinha é considerado 'o coração do barracão', uma vezsportbrasil betque lá são produzidas as oferendas - parte importante da tradição candomblecista

A exemplo da iniciativa tomada no Riosportbrasil betJaneiro, a direção nacional do Conic decidiu criar o Fundosportbrasil betSolidariedade para o Enfrentamentosportbrasil betViolências Religiosas. A entidade já começou a receber doações e pretende criar um comitê inter-religioso que fique responsável por gerir o fundo e selecionar pessoas e espaços que precisem ser atendidos -sportbrasil betespecial, ossportbrasil betreligiõessportbrasil betmatriz africana.

"Essa repercussão já significou um racha na basesportbrasil betum grande blocosportbrasil betigrejas que parecia mais ou menos uniforme", diz Lusmarina. "Embora uma parte das igrejas esportbrasil betpessoas dentrosportbrasil betigrejas não tenha apoiado a nossa ação, a grande maioria das pessoas apoiou e a grande maioria das igrejas prefere o respeito à violência, prefere o amor, a aproximação... que ésportbrasil betfato a mensagem central do evangelho. Esses são valores fundamentais dos quais não podemos abrir mão."

As obras no terreiro da mãesportbrasil betsanto Conceição começaram pela cozinha, que estava funcionando no quintal desde que a estrutura interna da casa foi danificada pelo incêndio. O local é considerado "o coração do barracão", uma vezsportbrasil betque lá são produzidas as oferendas - parte importante da tradição candomblecista.

"Quando eles vêm dar essa ajuda pra gente, é justamente (uma forma de) reconhecer que, primeiro, a gente sofre o ataque. Depois, é reconhecer que a gente tem o direitosportbrasil betexistir e professar o nosso sagrado", comenta Conceição.

"Eles não vieram aqui pra me mudar, evangelizar ou dizer que o que eu faço está feio ou é do diabo. Vieram para dizer: 'Faça aquilo que você crê. Eu vou te ajudar'."

Reportagem e vídeosportbrasil betAna Terra Athayde, do Riosportbrasil betJaneiro para a BBC Brasil