Por que famílias pobres também desperdiçam comida no Brasil?:sites poker
"É preciso combater o desperdíciosites pokertodas as etapas da produção, comercialização e consumo", disse à BBC Daniel Balaban, diretor do centro. "Reduzir o desperdício na fasesites pokerconsumo está ao alcancesites pokertodos."
Dinheiro no lixo
Uma estimativa do Instituto Akatu, que trabalha há 16 anos com açõessites pokerincentivo ao consumo consciente, indica que o brasileiro desperdiça,sites pokermédia, 205 gramassites pokeralimento por dia e que cada família -sites pokertrês integrantes,sites pokeracordo com o padrão do IBGE - joga no lixo mensalmente R$ 171sites pokeralimentos.
Na Grã-Bretanha, descartar comidasites pokercondiçõessites pokerconsumo representa um prejuízo mensal equivalente a 60 libras (R$ 231) para uma família média.
"Um consumidor são vários: ele, a família e os amigos. Todos podem mobilizar outras pessoas. O consumo tem impacto e o consumidor, individualmente, causa impacto econômico", afirma Hélio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
O analista da Empresa Brasileirasites pokerPesquisa Agropecuária (Embrapa) Gustavo Porpino, que fez estudos sobre o comportamento do consumidor nos EUA e no Brasil, afirma que não são apenas os mais ricos que esbanjam alimentos no Brasil.
O desperdício, segundo ele, impressiona nas famíliassites pokerclasse média baixa, que representam a maior fatia da população brasileira.
Segundo o analista da Embrapa, contribuem para o desperdício dois hábitos brasileiros - a fartura e a hospitalidade.
"Sempre pode chegar alguém" e "é melhor sobrar do que faltar" foram as frases que Porpino mais ouviusites pokerdonassites pokercasa durantesites pokerpesquisa, realizadasites poker2015.
As sobras são vistas com preconceito, e isso alimenta o desperdício. "Muitas mulheres me disseram que a família não gostasites poker'comida dormida' e que o arroz tem que ser sempre fresquinho", conta.
Outra constatação feita pelo pesquisador diz respeito ao papel do sentimentosites pokerculpa na cadeia do desperdíciosites pokercomida.
Essa culpa explicaria o fatosites pokeras sobras serem dadas também para cães e gatos, que podem ser dos vizinhos ousites pokerrua.
Outras vezes, o que sobra é guardadosites pokerrecipientes impróprios, fica esquecido por dias na geladeira e acaba indo para o lixo.
Qual o seu perfil?
Porpino estabeleceu cinco perfissites pokermães responsáveis pela alimentaçãosites pokersuas famílias, após comparar o comportamentosites pokerconsumidoressites pokerbaixa renda no Brasil e nos EUA:
Mães carinhosas
Elas adoram prover a família e alimentá-la como formasites pokerdemonstrar afeto e cuidado.
Acabam se excedendo na comprasites pokerguloseimas e das chamadas comfort foods (com valor sentimental ou nostálgico e quase sempre com alto nível calórico).
Sua família belisca muito entre as refeições e isso acaba por aumentar a quantidadesites pokeralimentos que sobram do jantar,sites pokeracordo com Porpino.
"Que tal um lanchinho?", é a pergunta que melhor define essas mães.
Cozinheiras abundantes
Essas mães costumam preparar grandes porçõessites pokeralimentos.
As cozinheiras abundantes valorizam a fartura à mesa, por status ou hospitalidade.
A mesa farta seria uma maneirasites pokerdemonstrar que problemas econômicos não abalam a família ou um meiosites pokerdar boas vindas a quem chegasites pokersurpresa.
Sua frase típica: "É melhor sobrar comida do que faltar".
Desperdiçadorassites pokersobras
Elas valorizam o que consideram "comida fresca", preparada diariamente. Reaproveitar alimentos não faz parte dos seus hábitos.
Os diassites pokerque mais jogam sobras fora são as quintas e sextas-feiras. Isso porque os finssites pokersemana sãosites pokerreunião da família e a refeição temsites pokerser farta e especialmente preparada.
"Comer o que sobrousites pokerontem é muito mesquinho. Prefiro o arroz fresquinho", é o lema das desperdiçadorassites pokersobras.
Procrastinadoras
As procrastinadoras guardam as sobrassites pokercomida na geladeira.
O pesquisador da Embrapa constatou que elas fazem isso mesmo sabendo que provavelmente o que sobrou não será consumido posteriormente.
Nasites pokergeladeira há vários potinhos, panelas e recipientes com restos. Mas eles acabam mesmo no lixo.
Estas mães têm um forte sentimentosites pokerculpa que as faz pensar algo como: "Jogar comida forasites pokerum mundo com tanta gente faminta é pecado. Tenho que guardar o que sobrou".
Mães versáteis
Elas fazem alimentossites pokermenor quantidade e reinventam pratos a partir do que sobrou.
Também planejam a compra dos alimentos.
A quantidadesites pokercomida que vai ser preparada é cuidadosamente calculada.
"O arroz que sobrou vai virar um ótimo risoto e as sobras dos legumes podem se transformar numa fritada", costumam dizer as mães desse grupo, que também se destacam pela criatividade.
Brasileiras x americanas
Ao comparar os grupos pesquisados no Brasil e nos Estados Unidos, Porpino constatou que as brasileiras são majoritariamente desperdiçadorassites pokersobras (42%), enquanto o perfil mais comum entre as americanas é o das cozinheiras abundantes (30%).
Entre as brasileiras, o segundo perfil mais corriqueiro é o das cozinheiras abundantes (21%).
As versáteis aparecemsites pokerterceiro lugar, com 17%, e as mães carinhosas representam apenas 8%.
Ao analisar as americanas, Porpino verificou um empate, no segundo lugar, entre as mães carinhosas (20%) e as procrastinadoras (20%).
No terceiro lugar, outro empate: versáteis e desperdiçadorassites pokersobras, com 15%.
Dicassites pokerespecialistas
O Centre of Excellence Against Hunger destaca que é possível reduzir drasticamente o desperdíciosites pokeralimentossites pokercasa e, com isso, economizar dinheiro do orçamento doméstico.
Daniel Balaban, diretor do centro, cita iniciativas como maior planejamento das compras, elaboraçãosites pokercardápios semanais e mudança no padrão brasileirosites pokerrefeições com fartura excessiva.
"Planejar a compra faz toda a diferença. Fazer pequenas compras é melhor para economizar e desperdiçar menos", diz Hélio Mattar, do Instituto Akatu.
Porpino, porsites pokervez, lembra a importânciasites pokerusar recipientes herméticos para guardar as sobrassites pokerarroz e feijão.
"O que não for consumido nos próximos dois dias deve ser congelado", aconselha. "Também é bom separar os alimentos a serem reaproveitadossites pokerpequenas porções."
Ele sugere ainda que as sobras seja "reinventadassites pokernovos pratos"sites pokercasas com mais moradores, para que a família "não tenha preconceitosites pokerconsumir a chamada comida 'dormida'".
Aplicativo contra o desperdício
Para ajudar a combater o desperdíciosites pokercomida, a Embrapa lançou no Brasil o aplicativo Food Keeper com dicas para manter o frescor e a qualidade dos alimentos.
A ideia foisites pokerPorpino, que traduziu e adaptou para a realidade brasileira o app criado originalmente pelo Departamentosites pokerCiência dos Alimentos da Universidadesites pokerCornell e pelo Departamentosites pokerAgricultura dos Estados Unidos (USDA).
Alimentos e bebidas aparecem distribuídossites poker14 categorias: aves, bebidas, carne, comidasites pokerbebê, condimentos e molhos, congelados, delicatessen e comidas prontas, frutos do mar, grãos, feijões e massa, industrializadossites pokerlonga duração, laticínios e ovos, legumes e frutas, proteínas vegetarianas, pães, tortas e bolos.
Sem verba da Embrapa para divulgar o aplicativo, Porpino diz ter se surpreendido com a rápida popularização da iniciativa, que decolou com ajuda das redes sociais: desde o iníciosites poker2017, o Food Keepersites pokerportuguês foi baixado 131 mil vezes.