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Como Marta e novas gerações estão combatendo o preconceito contra mulheres no futebol:app para apostar futebol
Quando começou a dar seus primeiros toques na bola, aos 6 anosapp para apostar futebolidade, Marta teveapp para apostar futebolenfrentar os olhares inquisidoresapp para apostar futebolseus vizinhosapp para apostar futebolDois Riachos, a pequena cidade alagoana onde morava.
Eles não se aquietavam: "Como é que pode uma menina jogando bola ali no meioapp para apostar futebolum monteapp para apostar futebolmenino? Como é que a mãe dela deixa?"
Foi assim quase a vida toda. Mas, nas palavras dela própria, a resposta veio no campo. "Eu gostavaapp para apostar futeboljogar e eu sabia jogar. Então por que eu não podia?", diz à BBC Brasil a atual camisa 10 da Seleção Brasileira - e uma das melhores jogadorasapp para apostar futeboltodos os tempos.
Quase três décadas depois, Larissa,app para apostar futebol17 anos, ouve comentários não são muito diferentes daqueles que Marta ignorou quando calça as chuteiras para enfrentar duas horasapp para apostar futeboltrânsitoapp para apostar futebolAraruama ao Rioapp para apostar futebolJaneiro para seus treinos no Vasco.
"Menina jogando bola? Lugarapp para apostar futebolmulher éapp para apostar futebolcasa, cozinhando, lavando roupa. Não é no campoapp para apostar futebolfutebol", dizem.
Larissa também não dá ouvidos.
"Acho que issoapp para apostar futebol'mulheres não podem jogar futebol' não deveria existir. Claro que podem. O futebol feminino é a mesma coisa que o masculino. São 11 jogadores para cada lado, mesmo campo, mesma bola, então por que mulheres não podem jogar?", questiona.
Mas houve um tempoapp para apostar futebolque mulheres realmente não podiam - por lei - jogar futebol no Brasil. Foiapp para apostar futebol1940 a 1979, quando elas poderiam ir parar na delegacia se fossem flagradas jogando bola na rua.
Dizia-se que a fragilidade da mulher não combinava com um esporteapp para apostar futeboltanto contato.
"Não existe sexo frágil no campo. Mulheres são livres para fazer o que quiserem, a gente leva o futebol tão a sério quanto os homens", rebate hoje Larissa.
Um ano após o fim da proibição do futebol feminino no país, nasceu a mais velha das três personagens desta reportagem, Emily Lima.
A história que começou a ser mudada com Marta - cinco vezes escolhida melhor jogadora do mundo da Fifa e indicada pela 12ª vez entre as três finalistas na semana passada - ganhou, neste ano, um novo capítulo com a própria Emily.
No fimapp para apostar futeboloutubro, ela se tornou a primeira mulher a assumir o comando da Seleção Brasileiraapp para apostar futebolfutebol feminino. E a estreia, ocorrida nesta quarta, não poderia ter sido melhor: uma goleadaapp para apostar futebol6 a 0 na Costa Rica,app para apostar futebolpartida pelo Torneio Internacionalapp para apostar futebolNatal.
Larissa acredita que o caminho para realizar seu sonho - jogar uma Olimpíada pela Seleção Brasileira - será menos tortuoso por causa das conquistasapp para apostar futebolMarta e Emily.
"As coisas estão evoluindo hoje por causa delas eapp para apostar futeboltantas outras que lutaram pelo futebol feminino no Brasil."
Evolução?
Aos 14 anos, Marta deixou Alagoas e foi sozinha para o Rioapp para apostar futebolJaneiro perseguirapp para apostar futebolvocação. Ela foi vestir a camisa do Vasco, que tinha um forte time feminino na época. Chegou à seleção brasileira logoapp para apostar futebolseguida.
Mas menosapp para apostar futeboltrês anos depois, o clube acabou comapp para apostar futebolequipeapp para apostar futebolfutebol feminino, e Marta quase teve que desistirapp para apostar futebolseu sonho antes mesmoapp para apostar futebolele começar a se realizar.
Felizmente algo ocorreu: após jogarapp para apostar futebolprimeira Copa do Mundo,app para apostar futebol2003, um clube da Suécia se interessou por seu futebol. A menina-prodígio então foi para a Europa se consagrar como uma das melhoresapp para apostar futeboltodos os tempos.
O drama vivido por Marta persiste até hoje, no entanto: não é raro ver times femininos fechando as portas ou falindo por faltaapp para apostar futeboldinheiro.
"Ainda temos times que não oferecem uma estrutura mínima, que não têm dinheiro para pagar jogadoras, para pagar os funcionários. Era assim no passado e, infelizmente, ainda é assim", diz Emily, que agora quer lutar para mudar essa realidadeapp para apostar futeboldentro da CBF (Confederação Brasileiraapp para apostar futebolFutebol).
"É difícil porque nós não temos muitos clubes. Nós temos um monteapp para apostar futebolmenina querendo jogar, mas não temos times para elas. A gente precisa da CBF, que está investindo mais agora, mudando o formato das competições, a gente precisa das federações, para que elas deem aos clubes condiçõesapp para apostar futebolcontinuar investindo", analisa.
"Acho que ainda temos muitas dificuldades, mas ao poucos estamos evoluindo."
'Linguagem universal'
Tendo que deixar o país aos 17 anos para jogar no sueco Umeaapp para apostar futebolpleno inverno (temperatura médiaapp para apostar futebol-15°C) e sem falar uma palavra da língua local, Marta passou por maus bocados até se adaptar à nova vida.
Mas, como ela mesma diz, "o futebol é uma linguagem universal", e foi com ele que ela conseguiu chegar ao topo. Se tivesse ficado no Brasil, dificilmente teria o mesmo sucesso.
"Até hoje a gente vê como é difícil achar uma escolinhaapp para apostar futebolfutebol para meninas. Se eu tivesse ficado no Brasil, talvez eu tivesse chegado num pontoapp para apostar futebolque eu teria pensado que realmente era impossível continuar jogando."
O êxitoapp para apostar futebolMarta tem mudado um pouco o curso dessa história.
Na própria cidadeapp para apostar futebolDois Riachos, ela conta, hoje não faltam meninas dando dribles nas ruas e imitando a estrela que saiu dali. Na Olimpíada deste ano, não foram poucas as pessoas que escreveram o nome dela na camisa da seleção brasileira, riscando oapp para apostar futebolum Neymar entãoapp para apostar futebolmá fase.
Sua principal luta agora é para que as novas gerações - como aapp para apostar futebolLarissa - não tenham que sofrer tanto quanto ela.
"É isso que a gente tenta mudar. Mudarapp para apostar futebolvez essa realidade. Porque eu não quero que a próxima geração tenha que passar por tudo o que eu passei, por todas as dificuldades."
Para a vascaína Larissa, a história já está mudando.
Atuando pelo mesmo clube onde Marta começou - e que voltou a abrir as portas para o futebol femininoapp para apostar futebol2009 -, a jovemapp para apostar futebol17 anos ganhou o apelidoapp para apostar futebolEsquerdinha por seu sucesso na lateral. E já começou a realizar seu sonho jogando pelas seleções brasileiras sub-17 e sub-20.
E, por mais que admita que ainda enfrentará muitas obstáculos pela frente, ela não vê a menor possibilidadeapp para apostar futeboldesistir.
"Se eu sonhoapp para apostar futebolser uma jogadoraapp para apostar futebolfutebol, a única pessoa que pode me parar nesse sonho sou eu mesma. Ninguémapp para apostar futebolfora pode fazer isso."
Reportagem: Renata Mendonça / Produção: Rhian John-Hankison / Edição: Dina Demrdash
Esta reportagem faz parte da série especial 100 Mulheres, da BBC.
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