Acessível para quem? Como o transporte divide ricos e pobres na cidade brasileira:roleta de números de 1 a 100

Ônibus lotado no Rioroleta de números de 1 a 100Janeiro

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Legenda da foto, O objetivo básico do transporte é oroleta de números de 1 a 100melhorar a conexão entre as pessoas, mas, muitas vezes, ele só faz aumentar a divisão social

É importante compreender que altos investimentos são necessários para que essas cidades funcionem efetivamente. Somente dessa forma a segregação que dominou o passado pode ser reduzida, permitindo que cidades brasileiras alcancem o desenvolvimento econômico que cidades no Norte Global já atingiram há muitos anos.

Divididas desde a origem

A típica cidade brasileira se originou a partir do modelo colonial das cidades portuguesas e espanholas: uma malha quadriculada ao redor da praça principal, onde se localizavam igreja matriz e sede do governo.

Na área central viviam os mais privilegiados, enquanto seus empregados e outros trabalhadoresroleta de números de 1 a 100baixa renda se localizavam na periferia da cidade.

Rocinha, no Rioroleta de números de 1 a 100Janeiro, ao fundo e um prédioroleta de números de 1 a 100São Conrado

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Legenda da foto, Na América Latina os anéis periféricos das cidades continuaram se expandindo

Apesar do rápido e extensivo crescimento ocorrido a partir dos anos 1960, essa estrutura persistiu, consolidando a localização dos gruposroleta de números de 1 a 100alta renda nas áreas centrais e dos gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda nas periferias.

Na medidaroleta de números de 1 a 100que a cidade cresceu e as áreasroleta de números de 1 a 100alta renda se expandiram, as residênciasroleta de números de 1 a 100baixa renda foram afastadas para áreas periféricas num processo similar, ainda que oposto, ao descrito por sociólogos a respeitoroleta de números de 1 a 100Chicago há quase um século.

Na típica cidaderoleta de números de 1 a 100países desenvolvidos, os gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda tendem a se concentrar nas áreas centrais da cidade, enquanto gruposroleta de números de 1 a 100renda mais alta, tirando proveito das tecnologiasroleta de números de 1 a 100transporte - primeiramente trens, depois bondes e finalmente automóveis - passaram a morar nos subúrbios. Esses grupos buscavam espaço a menor custo e um estiloroleta de números de 1 a 100vida próximo a áreas verdes, longe da poluição e das altas densidades demográficas dos centros urbanos.

Na América Latina, porém, com o incremento populacional das áreas urbanas alimentado pela migração rural-urbana, os anéis periféricos das cidades continuaram se expandindo por meioroleta de números de 1 a 100uma combinaçãoroleta de números de 1 a 100loteamentos formais e informaisroleta de números de 1 a 100baixa renda. Locais, na maioria das vezes, carentesroleta de números de 1 a 100serviços urbanos como transporte.

Ônibus lotato a caminho do Parque Olímpico durante as Olimpíadas no Rio

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Legenda da foto, As tecnologiasroleta de números de 1 a 100transporte disponíveis atualmente permitem que cidades ofereçam oportunidadesroleta de números de 1 a 100integração

Com exceçãoroleta de números de 1 a 100alguns loteamentos informais criados no centro urbano, geralmenteroleta de números de 1 a 100terrenos ilegais ou inapropriados para construção (e sujeitos à remoção), os gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda ficaram impossibilitadosroleta de números de 1 a 100morar nas áreas centrais, e também privadosroleta de números de 1 a 100fácil acesso ao centro urbano e suas oportunidadesroleta de números de 1 a 100emprego e amenidades.

Durante os últimos 25 anos, todavia, esse padrão passou a ser rompido. O surgimentoroleta de números de 1 a 100condomínios fechados marcou uma mudança no padrãoroleta de números de 1 a 100segregação espacial centro-periferia e,roleta de números de 1 a 100processo similar ao das cidades dos países desenvolvidos, gruposroleta de números de 1 a 100alta renda mudaram-se do centro da cidade para áreas mais distantes.

Mudançaroleta de números de 1 a 100padrão

Comunidadesroleta de números de 1 a 100alta renda, que no Brasil tradicionalmente ocupavam áreas centrais, deslocaram-se para assentamentos exclusivosroleta de números de 1 a 100áreas periféricas, muitas vezes localizados ao ladoroleta de números de 1 a 100comunidadesroleta de números de 1 a 100baixa renda.

O padrãoroleta de números de 1 a 100segregação, até então definido pela distância física entre grupos socioeconômicos distintos, passou a ser definido também por outros modosroleta de números de 1 a 100separação: portões e muros.

Uma mistura seletivaroleta de números de 1 a 100pessoasroleta de números de 1 a 100diferentes rendas e, até certo ponto, grupos étnicos, vem acontecendo desde então, quebrando padrões tradicionaisroleta de números de 1 a 100segregação e ao mesmo tempo produzindo novos padrões - infelizmente tão divisivos quanto os do passado.

Serviços urbanos são oferecidos aos gruposroleta de números de 1 a 100alta renda para prover condomínios fechados recém-construídos, porém raramente alcançam comunidadesroleta de números de 1 a 100renda mais baixa para as quais o transporte público é um serviço essencial.

Apesarroleta de números de 1 a 100gruposroleta de números de 1 a 100alta renda terem pouco interesse ou necessidaderoleta de números de 1 a 100transporte público para si próprios, eles se beneficiam da proximidade aos gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda pelo acesso à forçaroleta de números de 1 a 100trabalho prestadoraroleta de números de 1 a 100serviços domésticos, tais como cozinheiros e jardineiros, entre outros.

A presençaroleta de números de 1 a 100"enclaves"roleta de números de 1 a 100condomínios fechadosroleta de números de 1 a 100alta renda lado a ladoroleta de números de 1 a 100loteamentosroleta de números de 1 a 100baixa renda no tecido urbano criou um padrãoroleta de números de 1 a 100segregação espacial mais fragmentado eroleta de números de 1 a 100granularidade mais finaroleta de números de 1 a 100cidades brasileiras e latino-americanas.

Sistemaroleta de números de 1 a 100transporte urbano

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Legenda da foto, Sistemasroleta de números de 1 a 100transporte nas metrópoles brasileiras ainda possuem muitos gargalos

No modelo urbano tradicional (de centro-periferia), os gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda eram vistos como os mais segregados.

Eduardo Marques, professor do Centroroleta de números de 1 a 100Estudos da Metrópole (CEM) da Universidaderoleta de números de 1 a 100São Paulo (USP), recentemente destacou que os grupos mais segregados na cidade brasileira são aquelesroleta de números de 1 a 100rendas mais altas, ainda que a mobilidade desses grupos seja bem maior do que aroleta de números de 1 a 100setoresroleta de números de 1 a 100baixa renda.

O mapa mostra o percentualroleta de números de 1 a 100empregos acessíveisroleta de números de 1 a 100uma horaroleta de números de 1 a 100viagem por transporte público, no municípioroleta de números de 1 a 100São Paulo.

Maparoleta de números de 1 a 100acesso aos empregos por transporte públicoroleta de números de 1 a 100huma horaroleta de números de 1 a 100viagem

Crédito, Joana Barros e Michael Batty

Legenda da foto, Mapa mostra zonas acessíveis por temporoleta de números de 1 a 100viagemroleta de números de 1 a 100transporte público: periferia tem baixa acessibilidade

As zonas sombreadas ao redor das comunidadesroleta de números de 1 a 100baixa renda "Cantinho do Céu" e "São Francisco Global" e do condomínioroleta de números de 1 a 100alto padrão "Villa Lobos" destacam as áreas acessíveis aos moradores dessas localidadesroleta de números de 1 a 100uma horaroleta de números de 1 a 100viagem.

É evidente que os moradores das comunidadesroleta de números de 1 a 100baixa renda localizadas nas áreas periféricas da cidade têm baixa acessibilidade, o que efetivamente os priva do acesso a empregos e oportunidades.

O desafio do transporte como meioroleta de números de 1 a 100integração

As tecnologiasroleta de números de 1 a 100transporte disponíveis atualmente permitem que a cidade ofereça oportunidadesroleta de números de 1 a 100integração e acesso a locaisroleta de números de 1 a 100empregos a todos os seus habitantes, independentementeroleta de números de 1 a 100seu grupo econômico.

Sendo assim, os gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda deveriam ao menos ter acesso às áreas onde empregos estão disponíveis, e os gruposroleta de números de 1 a 100alta renda deveriam contribuir para a integração dos grupos menos favorecidos, criando assim comunidades mais inclusivas. Mas como o economista britãnico-australiano Colin Clark já dizia há 60 anos, o transporte ao mesmo tempo "faz e desfaz" as cidades.

De fato, os sistemasroleta de números de 1 a 100transporte no Sul Global,roleta de números de 1 a 100vezroleta de números de 1 a 100integrar, dividem e mantêm a separação existente entre grupos e pessoas, o que contradiz o princípioroleta de números de 1 a 100que a cidade deveria proporcionar acessibilidade a todos seus habitantes.

O objetivo básico do transporte é melhorar a conexão entre as pessoas. No entanto, o transporte muitas vezes aumenta a divisão, reduzindo oportunidadesroleta de números de 1 a 100interação entre grupos.

É irônico o fatoroleta de números de 1 a 100que cidades brasileiras apresentam um padrão espacialroleta de números de 1 a 100segregação socioespacial tambémroleta de números de 1 a 100relação ao transporte, com longas viagens e grandes distâncias ao trabalho, reduzindo assim as oportunidadesroleta de números de 1 a 100ascensão econômica dos gruposroleta de números de 1 a 100baixa renda.

roleta de números de 1 a 100 Esse é o sextoroleta de números de 1 a 100uma sérieroleta de números de 1 a 100artigos publicada pela BBC Brasilroleta de números de 1 a 100parceria com o Urban Transformations Network e o UK Economic and Social Research Council (UT-ESRC) sobre presente e o futuro das cidades brasileiras. Os artigos publicados não traduzem a opinião da BBC.

*Mais informações sobre o projeto: http://www.urbantransformations.ox.ac.uk/project/resolution-resilient-systems-for-land- use-transportation/