'Epidemiacomo apostar na copa do mundo 2024câncer'? Alto índicecomo apostar na copa do mundo 2024agricultores gaúchos doentes põe agrotóxicoscomo apostar na copa do mundo 2024xeque:como apostar na copa do mundo 2024
"Meu pai acusa muito esse negóciocomo apostar na copa do mundo 2024veneno. Ele nunca usou, mas as fazendas vizinhas sempre pulverizavam a soja com avião e tudo", diz Osmar.
O noroeste gaúcho, onde seu Atílio mora, é campeão nacional no usocomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxicos, segundo um mapa do Laboratóriocomo apostar na copa do mundo 2024Geografia Agrária da USP, elaborado a partircomo apostar na copa do mundo 2024dados do IBGE (Instituto Brasileirocomo apostar na copa do mundo 2024Geografia e Estatística).
Para especialistas que lidam com o problema localmente, não há dúvidas sobre a relação entre o veneno e a doença.
"Diversos estudos apontam a relação do usocomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxicos com o câncer", diz o oncologista Fábio Franke, coordenador do Centrocomo apostar na copa do mundo 2024Alta Complexidadecomo apostar na copa do mundo 2024Oncologia (Cacon) do Hospitalcomo apostar na copa do mundo 2024Caridadecomo apostar na copa do mundo 2024Ijuí, que atende 120 municípios da região.
O glifosato é o agrotóxico mais usado no país, e fabricado pela Monsanto, que rechaça a relação do uso do produto com a doença.
A empresa diz tratar-secomo apostar na copa do mundo 2024"um dos herbicidas mais usados no mundo, por maiscomo apostar na copa do mundo 202440 anos ecomo apostar na copa do mundo 2024maiscomo apostar na copa do mundo 2024160 países", e que "nenhuma associação do glifosato com essas doenças é apoiada por testescomo apostar na copa do mundo 2024toxicologia, experimentação ou observações".
Já o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústriacomo apostar na copa do mundo 2024Produtos para Defesa Vegetal), que representa os fabricantescomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxicos, encaminhou o questionamento da BBC Brasil para a Andef (Associação Nacionalcomo apostar na copa do mundo 2024Defesa Vegetal), que responde basicamente pelas mesmas empresas.
Em nota, a Andef afirma que "toda substância química, sintetizadacomo apostar na copa do mundo 2024laboratório ou mesmo aquelas encontradas na natureza, pode ser considerada um agente tóxico" e que os riscos à saúde dependem "das condiçõescomo apostar na copa do mundo 2024exposição, que incluem: a dose (quantidadecomo apostar na copa do mundo 2024ingestão ou contato), o tempo, a frequência etc.".
Um dos principais problemas é que boa parte dos trabalhadores não segue as instruções técnicas para o manejo das substâncias.
"Nós sempre perguntamos se usam proteção, se usam equipamento. Mas atendemos principalmente pessoas carentes. Da renda deles não sobra para comprar máscaras, luvas, óculos. Eles ficam expostos", diz Emília Barcelos Nascimento, voluntária da Liga Femininacomo apostar na copa do mundo 2024Combate ao Câncercomo apostar na copa do mundo 2024Ijuí.
Anderson Scheifler, assistente social da Associaçãocomo apostar na copa do mundo 2024Apoio a Pessoas com Câncer da cidade (Aapecan), corrobora: "Temos como relatocomo apostar na copa do mundo 2024vida dessas pessoas um históricocomo apostar na copa do mundo 2024utilização excessivacomo apostar na copa do mundo 2024defensivos agrícolas e, na maioria das vezes, sem usocomo apostar na copa do mundo 2024proteção".
'Alarmante epidemia'
Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comparou o númerocomo apostar na copa do mundo 2024mortes por câncer da microrregiãocomo apostar na copa do mundo 2024Ijuí com as registradas no Estado e no país entre 1979 e 2003 e constatou que a taxacomo apostar na copa do mundo 2024mortalidade local supera tanto a gaúcha, que já é alta, como a nacional.
De acordo com o Inca (Instituto Nacionalcomo apostar na copa do mundo 2024Câncer), o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior taxacomo apostar na copa do mundo 2024mortalidade pela doença. Em 2013, foram 186,11 homens e 140,54 mulheres mortos para cada grupocomo apostar na copa do mundo 2024100 mil habitantescomo apostar na copa do mundo 2024cada sexo.
O índice é bem superior ao registrado pelos segundos colocados, Paraná (137,60 homens) e Riocomo apostar na copa do mundo 2024Janeiro (118,89 mulheres).
O Estado também é líder na estimativacomo apostar na copa do mundo 2024novos casoscomo apostar na copa do mundo 2024câncer neste ano, também elaborada pelo Inca - 588,45 homens e 451,89 mulheres para cada 100 mil pessoascomo apostar na copa do mundo 2024cada sexo.
Em 2014, 17,5 mil pessoas morreramcomo apostar na copa do mundo 2024câncercomo apostar na copa do mundo 2024terras gaúchas - no país todo, foram 195 mil óbitos.
Anualmente, cercacomo apostar na copa do mundo 20243,6 mil novos pacientes são atendidos na unidade coordenada por Franke. Se incluídos os antigos, são 23 mil atendimentos. Destes, 22 mil são bancados pelo SUS (Sistema Únicocomo apostar na copa do mundo 2024Saúde) - os cofres públicos desembolsam cercacomo apostar na copa do mundo 2024R$ 12 milhões por ano para os tratamentos.
Segundo o oncologista, a maioria dos doentes vem da área rural - mas o problema pode ser ainda maior, já que os malefícios dos agrotóxicos não ocorrem apenas por exposição direta pelo trabalho no campo, mas também via alimentação, contaminação da água e ar.
"Se esses números fossemcomo apostar na copa do mundo 2024pacientescomo apostar na copa do mundo 2024dengue ou mesmo uma simples gripe, não tenho dúvidacomo apostar na copa do mundo 2024que a situação seria tratada como a mais alarmante epidemia, com decretocomo apostar na copa do mundo 2024calamidade pública e tudo. Mas é câncer. Há um silêncio estranhocomo apostar na copa do mundo 2024torno dessa realidade", afirma o promotor Nilton Kasctin do Santos, do Ministério Público da cidadecomo apostar na copa do mundo 2024Catuípe.
"Milharescomo apostar na copa do mundo 2024pessoas estão morrendocomo apostar na copa do mundo 2024câncer por causa dos agrotóxicos", acrescenta ele, que atua no combate aos produtos.
Mas, segundo a Andef, "o setorcomo apostar na copa do mundo 2024defensivos agrícolas apresenta o graucomo apostar na copa do mundo 2024regulamentação mais rígido do mundo".
Salto no consumo
A comercializaçãocomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxicos aumentou 155%como apostar na copa do mundo 2024dez anos no Brasil, apontam os Indicadorescomo apostar na copa do mundo 2024Desenvolvimento Sustentável (IDS), estudo elaborado pelo IBGE no ano passado - entre 2002 e 2012, o uso saltoucomo apostar na copa do mundo 20242,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare.
O número é preocupante, especialmente porque 64,1% dos venenos aplicadoscomo apostar na copa do mundo 20242012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos, aponta o IBGE.
O Inca é um dos órgãos que se posicionam oficialmente "contra as atuais práticascomo apostar na copa do mundo 2024usocomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxicos no Brasil" e "ressalta seus riscos à saúde,como apostar na copa do mundo 2024especial nas causas do câncer".
Como solução, recomenda o fim da pulverização aérea dos venenos, o fim da isenção fiscal para a comercialização dos produtos e o incentivo à agricultura orgânica, que não usa agrotóxico para o cultivocomo apostar na copa do mundo 2024alimentos.
Márcia Sarpa Campos Mello, pesquisadora do instituto e uma das autoras do "Dossiê Abrasco - Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde", ressalta que o agrotóxico mais usado no Brasil é o glifosato - vendido com o nomecomo apostar na copa do mundo 2024Roundup e fabricado pela Monsanto.
Segundo ela, o glifosato está relacionado aos câncerescomo apostar na copa do mundo 2024mama e próstata, alémcomo apostar na copa do mundo 2024linfoma e outras mutações genéticas.
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% dos casoscomo apostar na copa do mundo 2024câncer são atribuídos à exposiçãocomo apostar na copa do mundo 2024agentes químicos. Se os agrotóxicos também são esses agentes, o que já está comprovado, temos que diminuir ou banir completamente esses produtos", defende.
A Monsanto, entretanto, rechaça a opinião. Procurada pela BBC Brasil, a empresa afirma que o registro do glifosato na União Européia foi renovado por 18 meses,como apostar na copa do mundo 2024junho.
A renovação, porém, não passou sem polêmica. A intenção inicial era que a renovação fosse por 15 anos. França, Itália, Suécia e Países Baixos foram contra. Um dos motivos é a recente classificação da Agency for Research on Cancer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde, que classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos".
Procurada, a Monsanto afirma que "todos os usoscomo apostar na copa do mundo 2024produtos registrados à basecomo apostar na copa do mundo 2024glifosato são seguros para a saúde e o meio ambiente, o que é comprovado por um dos maiores bancoscomo apostar na copa do mundo 2024dados científicos já compilados sobre um produto agrícola".
Três vezes mais
Segundo a Associação Brasileiracomo apostar na copa do mundo 2024Saúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome até 12 litroscomo apostar na copa do mundo 2024agrotóxico por ano.
A bióloga Francesca Werner Ferreira, da Aipan (Associação Ijuiensecomo apostar na copa do mundo 2024Proteção ao Ambiente Natural) e professora da Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul), alerta que a situação é ainda pior no noroeste gaúcho, onde o volume consumido pode ser três vezes maior.
Ela conta que produtores da região têm abusado das substâncias para secar culturas foracomo apostar na copa do mundo 2024época da colheita e, assim, aumentar a produção. É o caso do trigo, que recebe doses extrascomo apostar na copa do mundo 2024glifosato, 2,4-D, um dos componentes do "agente laranja", usado como arma química durante a Guerra do Vietnã, e paraquat.
Segundo o promotor Nilton Kasctin do Santos, este último causa necrose nos rins e morte das células do pulmão, que terminamcomo apostar na copa do mundo 2024asfixia sem que haja a possibilidadecomo apostar na copa do mundo 2024aplicaçãocomo apostar na copa do mundo 2024oxigênio, pois isso potencializaria os efeitos da substância.
"Nada disso é invençãocomo apostar na copa do mundo 2024palpiteiro,como apostar na copa do mundo 2024ambientalistacomo apostar na copa do mundo 2024esquerda oucomo apostar na copa do mundo 2024algum cientista maluco que nunca tomou sol. Também não é invençãocomo apostar na copa do mundo 2024algum inimigo do agronegócio. Sabe quem diz tudo isso sobre o paraquat? O próprio fabricante. Está na bula, no rótulo", alerta o promotor.
No último ano, 52 pessoas morreram por intoxicação por paraquatcomo apostar na copa do mundo 2024terras gaúchas, segundo o Centrocomo apostar na copa do mundo 2024Informação Toxicológica do Estado.
No Brasil, 1.186 mortes foram causadas por intoxicação por agrotóxicocomo apostar na copa do mundo 20242007 a 2014, segundo a coordenadora do Laboratóriocomo apostar na copa do mundo 2024Geografia Agrária da USP, Larissa Bombardi.
A estimativa é que para cada registrocomo apostar na copa do mundo 2024intoxicação existam outros 50 casos não notificados, afirma ela. A pesquisa da professora aponta ainda que 300 bebêscomo apostar na copa do mundo 2024zero a um anocomo apostar na copa do mundo 2024idade sofreram intoxicação no mesmo período.
A Syngenta, fabricante do paraquat, não se manifestou sobre os casoscomo apostar na copa do mundo 2024intoxicação e afirmou endossar o posicionamento da Andef.