Contra epidemiabahia x sport recifecesáreas no Brasil, projeto consegue aumentar númerobahia x sport recifepartos normais:bahia x sport recife
Segundo os profissionais ouvidos pela BBC Brasil, ligadas ou não ao Parto Adequado, o sucesso estábahia x sport recifeatacarbahia x sport recifevárias frentes, inclusive nas mais polêmicas.
"É claro que não íamos mudar nada para valer se não discutíssemos novos modelosbahia x sport reciferemuneração dos obstetras. E isso passa por resgatar o papel fundamental das enfermeiras nos partosbahia x sport recifebaixo risco, ainda que isso signifique enfrentar a resistênciabahia x sport recifealguns médicos", diz Ritabahia x sport recifeCássia Sanchez, obstetra e especialistabahia x sport recifemedicina fetal do Einstein.
A diretorabahia x sport recifeDesenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira, diz que é preciso reorganizar todo o sistema. "Trabalho há maisbahia x sport recife10 anos com o tema parto na ANS, mas nada dava certo. Isso porque nosso sistemabahia x sport recifesaúde nesse setor está preparado para (que partos) tenham como desfecho uma cesariana. Precisamos mudar isso."
Horabahia x sport recifemexer no bolso
E por que é necessário mexer no bolso tantobahia x sport recifemédicos, comobahia x sport recifehospitais e planosbahia x sport recifesaúde? Segundo as especialistas, o modelo atualbahia x sport reciferemuneração é totalmente ineficiente.
Hoje, grande parte das gestantes faz seu parto com seu médicobahia x sport recifeconfiança, e não com a equipe plantonista. Além disso, o planobahia x sport recifesaúde paga o médico por parto acompanhado, e não por turno trabalhado - o que acontecebahia x sport recifeoutros países, como a Inglaterra.
"Esse sistema é insustentável", diz Raquel Marques, presidente da ONGbahia x sport recifedireitos da mulheres Artemis.
"Ter uma grávida atrelada a apenas um profissional não funciona, pois não se tem como aumentar a remuneração ao ponto que valha a pena para o médico ficar horas e horas no hospital a acompanhando. Ele tem outras pacientes, tem o consultório - onde ganha mais -, ou não tem disponibilidade para ficar o dia todo."
Rita concorda: "O médico da grávida que entroubahia x sport recifetrabalhobahia x sport recifeparto não vai ficar lá 10, 12 horas para acompanhá-la. Ele vai querer embora rápido e por isso indica cesárea."
A diretora da ANS, Martha Oliveira, vai além e diz que o sistemabahia x sport recifefinanciamento atual é a causa e a consequência da epidemia desse tipobahia x sport recifeparto: "Hoje, o que importa é o volumebahia x sport recifepartos. E sempre vai dar errado se você tiverbahia x sport recifefazer um volume grande para ganhar o que merece".
Para ela, o esquemabahia x sport recifepagar o obstetra por turnobahia x sport recifetrabalho, por si só, também não é suficiente. "Quanto custaria um acompanhamentobahia x sport recifeparto normal, se eu desmarquei todas as consultas do dia que eu tinha agendadas no meu consultório?"
Diante desse impasse, o projeto está fazendo testesbahia x sport recifenovas propostasbahia x sport reciferemuneração. Uma delas sugere a remuneração pelo desfecho - o parto adequado àquela gestante e ao seu bebê. Há debates sobre uma divisãobahia x sport recifepagamento envolvendo o valor do procedimentobahia x sport recifesi, mas também o trabalho por turno.
Enfermeiras no parto
A alteração no pagamento envolve ainda mudanças no esquemabahia x sport recifetrabalho nos hospitais.
Entre os modelos testados no projeto-piloto está aquelebahia x sport recifeque o parto é realizado pelo plantonista da maternidade e ponto final. Em outra proposta, uma equipe multidisciplinarbahia x sport recifeplantão apoia a gestante até a chegadabahia x sport recifeseu médico.
"Esse modelo pode ser eficiente porque,bahia x sport recifevezbahia x sport recifepassar muitas horas acompanhando o parto, o médico é chamado quando a gestante já estiver mais próximabahia x sport recifedar à luz - e assim não se sente pressionado a fazer uma cesárea", diz Rita Sanchez, obstetra do Einstein.
Outro modelo prevê que o parto (sem risco) seja assistido por uma enfermeira obstetra, e não por um obstetra - o que já acontece no SUS, mas ainda não é regulamentado no sistema privado.
É nesse ponto que entra outro aspecto do projeto: a valorizaçãobahia x sport recifeuma equipe multidisciplinar, incluindo dar mais protagonismo à enfermagem.
"Essa mudançabahia x sport recifechave só vai acontecer quando valorizarmos mais a enfermeira obstetra e a obstetriz. A enfermagem sabe cuidar muito melhor dos pacientes - incluindo as gestantes - do que um médico", diz Martha, da ANS.
"O médico estuda patologia, condutas. A enfermeira está mais preparada para ficar com a paciente no chuveiro, na bola (usada para amenizar os sintomas)... e com isso fazer com que o trabalhobahia x sport recifeparto evolua mais confortavelmente e adiar a analgesia."
Segundo Martha, outro ponto importante é a capacitação da equipe médica para fazer um parto normal.
"Ao longobahia x sport recifetodos esses anos, eles foram treinados para fazer cesarianas. Precisam reaprender a assistir a mulherbahia x sport recifeum parto normal. E o médico também precisa reaprender a trabalharbahia x sport recifeequipe, valorizando a importância dos outros profissionais."
Menos prematuros, menos UTI
O projeto também teve um impacto positivobahia x sport recifeum dos principais problemas causados pela epidemia: bebês prematuros.
Isso porque no casobahia x sport recifecesáreas agendadas sem necessidade (antesbahia x sport recifea mulher entrarbahia x sport recifetrabalhobahia x sport recifeparto e sem razões médicas) há um riscobahia x sport recifeo bebê nascer antesbahia x sport recifeestar "pronto".
Seis hospitais integrantes do Parto Adequado conseguiram reduzir as admissõesbahia x sport recifeUTI neonatal decorrentesbahia x sport recifecesáreas prematurasbahia x sport recifeaté 67%.
Esse aspecto também é um dos pilares do projeto, que prevê uma reestruturação da infraestrutura do hospital, com menos UTI neonatal (já que, sem tantas cesáreas, o índicebahia x sport recifeinternações cai) e mais áreas para itens que ajudam o parto normal, como bolas, banquetas para o parto e chuveiro.
Pagando o dobro
Doutorbahia x sport recifeginecologia e obstetrícia pela USP, o gerente médico do hospital Nipo-Brasileiro Rodrigo Borsari conta que a instituição implementou diversas mudanças que fizeram o númerobahia x sport recifepartos normais subirbahia x sport recife15% para 40%bahia x sport recifemenosbahia x sport recifeum ano.
Na remuneração dos médicos, são duas mudanças básicas - uma jábahia x sport recifevigor e outra sob análise.
"Com o Parto Adequado, fechamos um contrato com uma operadorabahia x sport recifesaúde, que agora paga aos médicos o dobro pelo parto normal do que pela cesárea", diz Borsari.
"Na segunda medida, temos uma sériebahia x sport recifemetas que, se atingidas, aumentam a remuneração. Um exemplo é a UTI neonatal: se reduzirmos a internaçãobahia x sport recife10%, o planobahia x sport recifesaúde vai pagar mais tanto para o hospital quanto para o médico. Já temos menos internações, mas faremos uma análise detalhada nos próximos meses e esses valores serão pagos retroativamente."
Esse indicador é importante porque mostra uma formabahia x sport recifeo hospital continuar obtendo renda mesmo com menor uso dessa UTI - hoje, muitas maternidades dependem dos altos valores pagos pelas operadoras por internaçõesbahia x sport reciferecém-nascidos.
"Outro dado relevante é o Apgar (teste que mede a saúde do bebê ao nascer). Estamos aumentando o númerobahia x sport recifepartos normais e o resultado do Apgar continua o mesmo. Isso é crucial para mostrar que esse tipobahia x sport recifeparto não traz mais riscos para os bebês, como muitos médicos ainda acreditam."
Impasses e desafios
Borsari afirma, no entanto, que um dos maiores desafios é convencer os médicos que atendem no hospital apenas pelos planosbahia x sport recifesaúde.
"Ainda há certa resistência entre os médicos que vêm aqui para acompanhar suas pacientes na hora do parto. Nesses casos, o númerobahia x sport recifecesáreas ainda é grande. Em contrapartida, posso dizer que 100% dos partos normais são feitos pelos médicos contratados do hospital, durante seus plantões."
Para o pediatra Pierre Barker, vice-presidente do americano Institute for Healthcare Improvement, há dois desafios para fazer o projeto avançar - e o primeiro é justamente essa relutância.
"Estou extremamente otimistabahia x sport reciferelação ao projeto. Jamais vi tamanha redução nas taxasbahia x sport recifecesáreasbahia x sport recifetão pouco tempo. Uma das coisas que me preocupam é como convencer os médicos independentes a trabalhar pelo que é melhor para a mãe e o bebê", disse à BBC Brasil.
"Muitos têm medobahia x sport recifeserem processadosbahia x sport recifecasobahia x sport recifeproblemas com o bebê durante um parto normal. Sempre que vou ao Brasil, ouço esse argumentobahia x sport recifeque o parto normal é arriscado, que pode causar mais problemas neurológicos para o recém-nascido. Sabemos que,bahia x sport recifenível populacional, isso não é verdade. Há muitas pesquisas provando que o risco inclusive é menor se o parto normal for bem assessorado."
Outra barreira que Barker vê é o graubahia x sport recifeinformação das mulheres brasileiras. "É preciso valorizar o empoderamento feminino nesse cenário. Precisamos levarbahia x sport recifeconta que é muito difícil pra uma gestante contradizer o que o obstetra está dizendo", diz.
"Se o médico dela diz 'veja, eu não estou gostando dos sinais do seu bebê', é complicado questionar. E sabemos que uma dos motivos dessa epidemiabahia x sport recifecesárea é uma interpretação exagerada dos sinais fetais. Mas uma gestante bem informada, com ferramentas para conversar com o médico, pode mudar esse cenário. Mas o Brasil não está fazendo um bom trabalho no sentidobahia x sport recifeinformá-las como se deve."
Com mais informações, as brasileiras voltarão a se sentir seguras como parto normal, avalia.
"Para isso, é preciso explicar com clareza os benefícios do parto normal para ela e para o bebê, falar dos riscos da cesárea e também criar ambientes hospitalares que propiciem o parto normal, mais calmos, tranquilos. Se antes do parto, elas conhecerem esses locais, entenderem que é normal doer, é natural ter medo, confiarem na equipe... o Parto Adequado vai avançar ainda mais."
Autonomia
Raquel, da ONG Artemis, afirma que gostariabahia x sport recifever dados qualitativos dos hospitais que integram o projeto.
"Seria interessante ouvirbahia x sport recifedetalhes essas mulheres. Os números são muito animadores, mas temosbahia x sport recifeouvi-las para saber como foi a experiência. Seria horrível ver as taxasbahia x sport recifecesáreas caindo se houver perdabahia x sport recifeautonomia por parte da mulher."
A ANS informou que uma pesquisabahia x sport recifesatisfação rápida feita com as mulheres que acabarambahia x sport recifeter bebês teve resultados foram empolgantes.
Segundo o Ministério da Saúde, quando não há indicação médica, a cesárea ocasiona riscos desnecessários, aumentandobahia x sport recife120 vezes a probabilidadebahia x sport recifeproblemas respiratórios para o recém-nascido e triplicando o riscobahia x sport recifemorte da mãe.
Entre os hospitais privados selecionados para o projeto-piloto estão o Teresabahia x sport recifeLisieux (Salvador), Mater Dei (Belo Horizonte), Perinatal (Rio), Nipo Brasileiro (São Paulo) e Moinhosbahia x sport recifeVento (Porto Alegre).