Duas realidades: como cor e classe influenciam quem você é?:esporte da sorte 1

Legenda do vídeo, Duas realidades: como cor e classe influenciam quem você é?

As duas são cariocas, estão dando os primeiros passos para suas carreiras e estudam na mesma universidade particular - mas têm históriasesporte da sorte 1vida muito diferentes.

Sharon Schottler tem 20 anos e estuda cinema na PUC-Rio. Juliana Thaísesporte da sorte 1Araújo tem 24 e estuda designesporte da sorte 1moda.

Sharon mora com os pais no Recreio, na zona oeste do Rio; Juliana divide um apartamento com uma amigaesporte da sorte 1uma comunidade perto da universidade na Gávea, zona sul do Rio.

Sharon é louraesporte da sorte 1olhos claros, Juliana tem dreadlocks cor-de-rosa-bebê (e também pinta as sobrancelhasesporte da sorte 1rosa).

Sharon faz aulaesporte da sorte 1saxofone; Juliana gostaesporte da sorte 1tocar músicasesporte da sorte 1festasesporte da sorte 1black music.

Sharon tem ascendência escocesa e alemã; Juliana nada sabe sobre a históriaesporte da sorte 1seus antepassados africanos.

Em um paísesporte da sorte 1que as origens racial e social podem ter um peso tão grande, como ser branca ou negra influenciou quem elas são, e o quão decisiva foi a condição socioeconômicaesporte da sorte 1suas famílias para delinear suas trajetórias?

A pedido da BBC, elas passaram uma semana conhecendo um pouco da vida uma da outra para a série especial Identity, com reportagens feitas no mundo todo sobre como se forma e o que influencia a identidadeesporte da sorte 1cada um.

"O recorte racial pra mim é muito forte. Antesesporte da sorte 1brasileira, eu me considero negra. E a partir daí eu vou construindo as minhas outras identidades", conta Juliana, filhaesporte da sorte 1uma psicóloga e um funcionário público.

"Meus pais, apesaresporte da sorte 1não terem uma situação econômica elevada, tiveram muito acesso a cultura. Sempre prezaram pela minha educação e formação. Acho que é por isso que sou mais grata a eles. Sou mulher e isso também forma a minha visãoesporte da sorte 1mundo. Vivo num país bastante machista e racista. Esses são os fatores que mais me formam como ser humano. E também o fatoesporte da sorte 1eu não ser parte da zona sul da cidade,esporte da sorte 1seresporte da sorte 1outra região que não é tão elitizada."

Eu fui criada na Taquara, um sub-bairroesporte da sorte 1Jacarepaguá (na zona oeste do Rio, a cercaesporte da sorte 1duas horas da Gávea, onde fica a PUC).

Juliana está no oitavo períodoesporte da sorte 1designesporte da sorte 1moda na PUC-Rio. Há seis meses, desenvolveuesporte da sorte 1primeira marcaesporte da sorte 1roupas com dois designers e sócios, a RMA-3.

Sharon, poresporte da sorte 1vez, tem ascendência britânica - escocesa - por parteesporte da sorte 1mãe, e alemã, por parteesporte da sorte 1pai.

"O que marca a minha identidade é muito a minha família, a convivência com eles. Temos essa cultura forteesporte da sorte 1falar inglêsesporte da sorte 1casa, tomar chá, assistir a filmesesporte da sorte 1inglês. Isso acabou ficando muito forteesporte da sorte 1mim - ainda que eu passe a maior parte do diaesporte da sorte 1um ambiente, digamos, brasileiro", diz.

"Acho que tive sorteesporte da sorte 1nascer e crescer na família que eu tenho, porque economicamente nós estamos bem, apesar da crise. Temos momentos difíceis, todo mundo tem, mas ainda estamos acima da média."

Em setembro ela partirá para um intercâmbioesporte da sorte 1Londres, durante um ano. "Acho que vou me conhecer melhor nesse período. Eu tenho essa imagemesporte da sorte 1mim como meio britânica, e tenho medoesporte da sorte 1chegar lá e ver que não é nada disso, que na verdade sou completamente brasileira. Estou curiosa para ver que diferença o Brasil fazesporte da sorte 1mim. "

Assista no vídeo acima como foi essa trocaesporte da sorte 1experiências entre as duas.

Texto: Júlia Carneiro; imagens: Franz Strasser; produção: Ana Terra.