Como saber se cosméticos que usamos não causam danos ao planeta:betnacional quem é o dono
Sem um diplomabetnacional quem é o donoquímica, entender como fazer escolhasbetnacional quem é o donocosméticos sustentáveis não é uma tarefa fácil para a maioria dos consumidores.
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As informações sobre o impacto ambiental e social dos ingredientes dos cosméticos são escassas, apesar da prevalência do uso desses produtos.
Há poucos dados recentes sobre quantos cosméticos são normalmente usados por dia, mas uma pesquisa realizada com 2,3 mil pessoasbetnacional quem é o dono2004 estimou que as mulheres utilizam cercabetnacional quem é o dono12 produtosbetnacional quem é o donobeleza por dia — e os homens, seis.
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Assim como a indústria da moda, grande parte da indústria da beleza, avaliadabetnacional quem é o donoUS$ 430 bilhões anuais, carecebetnacional quem é o donotransparência para permitir que os consumidores tomem decisões conscientes.
"A indústria da beleza utiliza grandes quantidadesbetnacional quem é o donoingredientes que são cultivados, colhidos e processados, ou sintetizadosbetnacional quem é o donolaboratório, mas atualmente não existem números sobre a quantidadebetnacional quem é o donoingredientes utilizados", diz Lorraine Dallmeier, executiva-chefe da escolabetnacional quem é o donocuidados com a pele Formula Botanica.
Dallmeier oferece cursos online para que as pessoas possam preparar seus próprios produtos botânicos para a pele.
Para iniciantes, a proposta é criar um creme para os olhos, para o qual seria necessário um banho-maria (em um fogão ou chapa quente); dois béqueres (no curso que assisti, um cheiobetnacional quem é o donoóleobetnacional quem é o donojojoba e outrobetnacional quem é o donoáguabetnacional quem é o donorosas); um batedorbetnacional quem é o donoarame, uma balança, dois bastõesbetnacional quem é o donovidro, um termômetro e um potebetnacional quem é o donoemulsificante.
"Todo mundo pode formular", diz Dallmeier.
Decidi experimentar, optando pelo produto mais básicobetnacional quem é o donotodos: um óleo facial com dois ingredientes, que não inclui água. Se um produto para a pele contém água ou ingredientes à basebetnacional quem é o donoágua – como acontece com as loções –, ele precisabetnacional quem é o donoalgum outro ingrediente para permanecer estável e seguro para uso.
A "receita" foi dada pela marcabetnacional quem é o donocuidados com a pele Soeder, com sedebetnacional quem é o donoZurique, na Suíça, que controla toda abetnacional quem é o donocadeiabetnacional quem é o donofornecimento — desde os ingredientes até a embalagem — embetnacional quem é o donoprópria fábrica e laboratório.
Ela produz a maioriabetnacional quem é o donoseus produtos usando óleos prensados a frio e ingredientes naturais, como trigo e mel.
"O maior problema da indústria da beleza [quando se tratabetnacional quem é o donoingredientes] é que as marcas costumam usar pré-misturasbetnacional quem é o donoseus produtos, que são combinações pré-fabricadasbetnacional quem é o donomatérias-primas técnicas", diz o cofundador da Soeder, Johan Åkerström.
E os ingredientes contidos nestas pré-misturas não precisam ser listados no rótulo do produto final.
"Por exemplo, se uma pré-mistura contém um tensoativo como o glicosídeobetnacional quem é o donococo, ela pode ter sido feita com óleobetnacional quem é o donopalma (conhecido no Brasil como dendê). No entanto, o óleobetnacional quem é o donopalma não será listado separadamente como um ingrediente, o que não torna claro para os consumidores o que foi incluído no produto", explica Åkerström.
A Nomenclatura Internacionalbetnacional quem é o donoIngredientesbetnacional quem é o donoCosméticos (INCI, na siglabetnacional quem é o donoinglês) exige que sejam incluídos apenas os ingredientes finais, e não a fonte original desses ingredientes.
Óleobetnacional quem é o donocânhamo
A falta geralbetnacional quem é o donoclareza nos rótulos continua a ser um desafio para os consumidores que querem saber exatamente o conteúdo dos cosméticos que utilizam.
A receitabetnacional quem é o donoóleo facialbetnacional quem é o donoSoeder é relativamente simples: basta combinar cinco gotasbetnacional quem é o donoóleobetnacional quem é o donosementebetnacional quem é o donocânhamo com 15 gotasbetnacional quem é o donoóleobetnacional quem é o donoamêndoa doce. Aplicar duas vezes ao dia, após a limpeza e antes da hidratação da pele.
"Os óleos são complicadosbetnacional quem é o donousar, por isso é importante encontrar um óleo adequado àbetnacional quem é o donopele", esclarece Åkerström.
"O cânhamo é muito leve e ricobetnacional quem é o donoácidos graxos ômega, então essa é uma receita genérica e bem balanceada — e usamos esses ingredientesbetnacional quem é o dononosso sabonete. Massageie primeiro nas mãos, não diretamente no rosto."
Mas encontrar os ingredientes foi mais complicado. Achei o óleo 100%betnacional quem é o donoamêndoa doce (alguns óleos já são misturados), prensado a frio,betnacional quem é o donouma lojabetnacional quem é o donoprodutos naturais na minha rua, onde uma garrafabetnacional quem é o dono100 ml custava £ 7 (cercabetnacional quem é o donoR$ 44).
Para obter o óleobetnacional quem é o donosementebetnacional quem é o donocânhamo puro, tive que procurar na internet. Uma garrafabetnacional quem é o dono500ml custava £ 8, mais £ 3betnacional quem é o donotaxabetnacional quem é o donoentrega, totalizando £ 11 (aproximadamente R$ 69).
Encontrei um óleo facial equivalentebetnacional quem é o donomarca própria sendo vendidobetnacional quem é o donouma loja conhecida por apenas £ 2,50 (cercabetnacional quem é o donoR$ 16), mas uma análise dos ingredientes exigiria o diplomabetnacional quem é o donoquímica que eu não tenho.
Calculo que o produto poderia durar maisbetnacional quem é o dono100 aplicações. Além disso, uma vez preparado e aplicado, o óleo tinha um cheiro delicioso — e deixou minha pele macia e nutrida.
"Você está pagando pela qualidade dos ingredientes, que são nutritivos,betnacional quem é o donovezbetnacional quem é o donopreenchedores sintéticos baratos", diz Khandiz Joni, ex-maquiadora que virou consultorabetnacional quem é o donosustentabilidade.
"Muitas vezes, são mais concentrados, então você precisabetnacional quem é o donomenos. E compre só o que precisa, termine o que você tem, e opte pelos refis, que costumam ser mais baratos."
Quando ingredientesbetnacional quem é o donoqualidade são mais caros, vale a pena levarbetnacional quem é o donoconsideração por que as alternativas podem ser mais baratas.
"É como a fast fashion", compara Joni.
"É necessária energia física, do planeta e das pessoas que fabricam os produtos que usamos – precisamos respeitar isso. Por isso, encontre as marcas mais ambiental e socialmente responsáveis que consiga comprar."
Joni recomenda procurar marcas que promovam a circularidade — investindo no reaproveitamento, por exemplo, utilizando a química verde nabetnacional quem é o donoformulação e fabricação, e que sejam transparentes sobre seu impacto ambiental desde a produção, embalagem e envio. Vale sempre a pena pesquisar cuidadosamente as alegações ambientaisbetnacional quem é o donoqualquer empresa.
A marca Ilia, com sedebetnacional quem é o donoLos Angeles, fundada por Sasha Plavsicbetnacional quem é o dono2011 e adquirida pela Clarinsbetnacional quem é o dono2022, pretende prestar especial atenção à origem dos seus ingredientes.
"A Clarins cultiva muitos dos seus ingredientes, por isso trabalhamos diretamente combetnacional quem é o donoequipe reguladora para garantir que os nossos produtos cumpram os requisitos regulatórios necessários, que incluem a visibilidadebetnacional quem é o donotodos os ingredientes, até os elementos-traços", afirma Plavsic.
"Cada ingrediente pode ter questõesbetnacional quem é o donorelação ao fornecimento – não existe um caminho perfeito."
Danka Tamburic, professorabetnacional quem é o donociências cosméticas no London College of Fashion, no Reino Unido, argumenta que o efeito do processobetnacional quem é o donofabricação das matérias-primas é muitas vezes ignorado na determinaçãobetnacional quem é o donoquão sustentável é um produto cosmético.
"Teoricamente, os ingredientes naturais poderiam ser mais sustentáveis, mas na maioria dos casos, a pegadabetnacional quem é o donocarbono é, na verdade, maior do que a dos sintéticos", explica Tamburic.
"As pessoas esquecem que a agricultura exige muito recursos."
Tamburic estudou o usobetnacional quem é o donoenergia na fabricaçãobetnacional quem é o donoemulsões, a forma mais comumbetnacional quem é o donocosméticos, e descobriu que tem um efeito muito maior nas emissõesbetnacional quem é o donocarbono do que a origem das matérias-primas.
A energia pode ser reduzidabetnacional quem é o donomaisbetnacional quem é o dono80% usando um método que requer menos calor para preparar emulsões.
Tamburic acrescenta que muitas vezes existe um mal-entendidobetnacional quem é o donoque "natural" equivale a "seguro".
"Segurança e sustentabilidade são duas coisas diferentes, mas a solução comum proposta para ambas é a utilizaçãobetnacional quem é o donoingredientes naturais. Isso simplesmente não é sempre válido. Os [ingredientes] naturais não são inerentemente mais sustentáveis, nem mais seguros; cada caso precisa ser analisado por mérito próprio."
Além dos ingredientes, o que acontece com a embalagem depoisbetnacional quem é o donoutilizada é outro grande desafio para a indústria.
As embalagens dos cosméticos são muitas vezes feitasbetnacional quem é o donoplásticos difíceisbetnacional quem é o donoreciclar — e maisbetnacional quem é o dono90% delas vão para aterros sanitários.
Todos os anos, a indústria global da beleza contribui com 100 bilhõesbetnacional quem é o donounidades para o consumo totalbetnacional quem é o donoembalagens plásticas. Os EUA, como um mercado único, foram responsáveis por 11,4 bilhões destas unidadesbetnacional quem é o dono2023, atrás apenas da China e da Índia.
Algumas marcas participambetnacional quem é o donoprogramasbetnacional quem é o donodevolução,betnacional quem é o donoque os fornecedores aceitambetnacional quem é o donovolta as embalagens que os clientes optam por devolver.
A Ilia, por exemplo, trabalha com a organização sem fins lucrativos Pact Collective para reciclar suas embalagensbetnacional quem é o donodifícil reciclagem. Os clientes podem enviar até 10 produtosbetnacional quem é o donobeleza vazios por mês para a Ilia –betnacional quem é o donosua própria linha oubetnacional quem é o donooutra marca –, e a Pact Collective afirma que vai reciclá-losbetnacional quem é o donoforma responsável.
Plavsic conta que a parceria desviou maisbetnacional quem é o dono27,7 toneladasbetnacional quem é o donoresíduos dos aterros sanitários desde o lançamento do programa.
A marca independente Meow Meow Tweet, com sede na Califórnia, utiliza um sistemabetnacional quem é o donociclo fechado que recolhe recipientes vazios, os esteriliza e reabastece, antesbetnacional quem é o donovoltar a vendê-los.
Todos os meses, a Meow Meow Tweet escolhe uma organização para apoiar financeiramente, priorizando grupos pequenos,betnacional quem é o donoajuda mútua, voltados para as bases, e aqueles com liderança queer ou BIPOC [sigla para negro, indígena e pessoasbetnacional quem é o donocor,betnacional quem é o donoinglês].
"O que me deixa animada é quando empresas menores rompem com os conceitosbetnacional quem é o donobeleza uniformes, manipulados e antiquados, e fornecem produtos que compreendem pessoas reais, como elas existem no mundo e embetnacional quem é o donoprópria pele", diz a cofundadora, Tara Pelletier.
"Acho que a indústria da beleza tem um longo caminho a percorrer para se tornar social e ambientalmente responsável. A coisa mais significativa que poderia ser feita para causar impacto é produzir menos, mas isso significa vender menos. E a indústria ainda não está pronta para encolher."
Dallmeier acredita que marcas pioneiras e desafiadoras estão mudando a narrativabetnacional quem é o donotorno da beleza —betnacional quem é o donovezbetnacional quem é o donodizer às pessoas que elas são inadequadas, estão se concentrando mais na pele e na saúde mental.
"Durante décadas, nos disseram que não somos jovens o suficiente, ou atraentes o suficiente, ou lisinhas o suficiente, que a celulite — uma condição perfeitamente normal — é desagradável e pode ser curada, apesarbetnacional quem é o donouma revisãobetnacional quem é o donoestudos baseadabetnacional quem é o donoevidências ter concluído que produtos anticelulite não funcionam", diz ela.
"E sabemos por que eles fazem isso: para impulsionar o consumobetnacional quem é o donomassa."
Joni concorda e cita as influenciadorasbetnacional quem é o donobeleza nas redes sociais mostrando suas prateleiras do banheiro repletasbetnacional quem é o donoprodutos.
"Como elas conseguem passar todos esses produtos? Pense nas datasbetnacional quem é o donovalidade!"
Para Joni, grande parte da dificuldade dos consumidoresbetnacional quem é o donofazer escolhas melhores está no uso da palavra "sustentável" para definir um tipobetnacional quem é o donocuidado com a pele. Os preços comparativamente mais elevados dos produtosbetnacional quem é o donobeleza "sustentáveis" os posicionam inadvertidamente como artigosbetnacional quem é o donoluxo. No entanto, para que qualquer produto seja verdadeiramente sustentável, precisa ser equitativo.
"Precisamos nos perguntar: o que é o cuidado com a pele sustentável ? Em poucas palavras, é uma formabetnacional quem é o donopensar, e depende tanto do consumidor quanto da marca. Não se trata simplesmentebetnacional quem é o donoquão 'limpo' ou 'verde' ou 'eco' um produto é; se você não usar, não é sustentável", afirma Joni.
"Trata-sebetnacional quem é o donouma mudança completabetnacional quem é o donomentalidade."
Aproveito a oportunidade para perguntar a Joni sobre meu hidratante, e o ingredientebetnacional quem é o dononome extenso: acrilatos/polímero cruzadobetnacional quem é o donoacrilatobetnacional quem é o donoalquila C10-30.
"Resumindo, é um microplástico", diz ela.
É horabetnacional quem é o donotrocarbetnacional quem é o donohidratante, mas não antesbetnacional quem é o donousar esse pote todo primeiro.
Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.