Por que Ozempic virou símbolo da desigualdade no tratamento da obesidade no Brasil:copa do mundo de 2026

Ozempic

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Legenda da foto, Dose mensalcopa do mundo de 2026Ozempic sai ao redorcopa do mundo de 2026R$ 1.000,00

De um lado, esse campo da Medicina vive uma espéciecopa do mundo de 2026"eracopa do mundo de 2026ouro", com a aprovaçãocopa do mundo de 2026remédios como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, que são capazescopa do mundo de 2026reduzir o pesocopa do mundo de 2026um indivíduocopa do mundo de 2026até 25%copa do mundo de 2026alguns casos — algo impensável há poucos anos.

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O problema é que essas opções farmacêuticas precisam ser tomadascopa do mundo de 2026forma contínua e têm um preço elevado, o que as torna inacessíveis a boa parte da população (e difíceiscopa do mundo de 2026caber no orçamento da saúde pública).

Do outro, a obesidade já atinge umcopa do mundo de 2026cada cinco brasileiros — com a tendênciacopa do mundo de 2026que esses números continuarão a subir pelos próximos anos, especialmente entre os mais pobres.

E, para completar, o Sistema Únicocopa do mundo de 2026Saúde (SUS) ainda não oferece nenhum tratamento medicamentoso contra a obesidade.

Mas como resolver essa equação? Será possível fechar essa conta e garantir o acesso aos remédios antiobesidade àqueles que mais precisam? A BBC News Brasil conversou com representantescopa do mundo de 2026vários setores envolvidos neste debate para entender quais são as possíveis saídas diante deste dilema atual.

Uma transiçãocopa do mundo de 2026peso

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O nutricionista e epidemiologista Rafael Claro explica que as doenças crônicas (diabetes, hipertensão, colesterol alto…) e a obesidade são problemascopa do mundo de 2026saúde que estão historicamente ligados a grupos com condições socioeconômicas mais elevadas.

"E a lógica por trás disso é relativamente simples. Antigamente, o padrãocopa do mundo de 2026alimentação que conduz as pessoas à obesidade era caro. Para você ter acesso a alimentos ultraprocessados no passado, era preciso ter dinheiro", lembra o professor do Departamentocopa do mundo de 2026Nutrição da Escolacopa do mundo de 2026Enfermagem da Universidade Federalcopa do mundo de 2026Minas Gerais (UFMG).

"Além disso, o estilocopa do mundo de 2026vida mais sedentário estava ligado a ocupações específicas, como o trabalhocopa do mundo de 2026escritório. E os lazeres sedentários, como a televisão e o videogame, só eram acessíveis aos mais ricos", continua ele.

Nessa época, os mais pobres se alimentavam majoritariamentecopa do mundo de 2026comida in natura (como verduras, legumes, frutas ou grãos) e costumavam ter ocupações braçais, que exigem mais energia e esforço físico.

"À medida que o tempo passa, essa carga se desloca dos indivíduos mais ricos para aqueles que são mais pobres", observa Claro.

"Hojecopa do mundo de 2026dia, a alimentação que protege as pessoas da obesidade, ou seja, uma dieta baseadacopa do mundo de 2026alimentos in natura e minimamente processados, passou a custar mais caro que a comida ultraprocessada e não saudável."

"Para completar, todas as ocupações se tornaram sedentárias. Para você ter acesso a um lazer ativo nos dias atuais, é preciso morar num bairro bom, onde terá segurança e estrutura para andar numa calçada ou num parque. E o acesso a clubes e academias custa caro", complementa o epidemiologista.

Foto antigacopa do mundo de 2026família vendo TV

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Legenda da foto, No passado, lazeres sedentários (como assistir TV) estavam restritos às famílias mais abastadas

Na visão do especialista, essa transiçãocopa do mundo de 2026hábitoscopa do mundo de 2026consumo, trabalho e comportamento ocorridacopa do mundo de 2026poucas décadas já gera resultados práticos, que são observadoscopa do mundo de 2026estatísticas.

"Nos inquéritos populacionais realizados periodicamente no Brasil, é possível notar claramente que a carga da obesidade está se deslocando dos sujeitos mais ricos para aqueles que são mais pobres, especialmente para as mulheres com menos condições socioeconômicas", destaca ele.

A última Pesquisa Nacionalcopa do mundo de 2026Saúde (PNS), realizadacopa do mundo de 20262019, aponta que 20,1% dos brasileiros estão obesos (ou seja, têm o IMC acimacopa do mundo de 202630).

Trocandocopa do mundo de 2026miúdos,copa do mundo de 2026apenas seis anos um quartocopa do mundo de 2026toda a população do país terá uma condição crônica que está diretamente relacionada com as principais causascopa do mundo de 2026morte no mundo, como as doenças cardiovasculares e o câncer.

Esse mesmo trabalho da FGV ainda destaca que a escolaridade e a renda são fatores associados a esse fenômeno: indivíduos que estudaram menos e apresentam condições econômicas desfavoráveis tendem a sofrer com maior intensidade as consequências do acúmulo excessivocopa do mundo de 2026gordura no organismo.

"Nos próximos 50 anos, a obesidade vai causar um grande estrago do pontocopa do mundo de 2026vista da saúde pública e da economia no Brasil", projeta o médico Fernando Gerchman, da Sociedade Brasileiracopa do mundo de 2026Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

"O prejuízo que o país terá por causa da obesidade será gigante se não começarmos a fazer uma mobilização adequada desde agora", acredita o especialista, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Uma 'eracopa do mundo de 2026ouro' bate à porta

Embora a práticacopa do mundo de 2026atividade física e alimentação saudável ainda sejam a base do tratamento da obesidade, os especialistas sempre ansiaram por opções farmacológicas que ajudassem os pacientes a perder os quilos necessários.

Mas, até recentemente, essas alternativas eram escassas e traziam resultados razoáveis — na melhor das hipóteses.

Remédios como a sibutramina, o orlistate e alguns antidepressivos levavam a uma perdacopa do mundo de 20265 a 10% do peso corporal.

A barreira aqui é que muitos portadorescopa do mundo de 2026obesidade necessitam enxugar mais as medidas para se aproximaremcopa do mundo de 2026um IMC considerado saudável.

O cenário começou a mudar com a chegada da liraglutida, da farmacêutica Novo Nordisk,copa do mundo de 2026meadoscopa do mundo de 20262011. Essa medicação integra a classe dos análogoscopa do mundo de 2026GLP-1 e é capazcopa do mundo de 2026influenciar regiões do cérebro responsáveis por controlar a sensaçãocopa do mundo de 2026fome e o gastocopa do mundo de 2026energia.

Essa modificação gera uma sensaçãocopa do mundo de 2026saciedade no indivíduo, que passa a comer menos (e consequentemente emagrece).

Alguns anos depois, o mesmo laboratório dinamarquês lançou a semaglutida. O mecanismocopa do mundo de 2026ação é o mesmo, com uma vantagem prática: essa versão só precisa ser injetada uma vez por semana (a liraglutida requer aplicações diárias).

A semaglutida ficou mais conhecida pelos nomes comerciais da formulação: Ozempic (injeçãocopa do mundo de 20261 miligrama, prescrita contra o diabetes tipo 2), Rybelsus (comprimidoscopa do mundo de 20263,7 ou 14 mg, também usados no diabetes) e Wegovy (injeçãocopa do mundo de 20262,4 mg, utilizada contra a obesidade).

Nos estudos que serviramcopa do mundo de 2026base para a aprovação do Wegovy, a perdacopa do mundo de 2026peso média entre os voluntários foicopa do mundo de 202617% — porcentagem que supera o obtido com as demais opções farmacológicas disponíveis.

Caixacopa do mundo de 2026Ozempic

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Legenda da foto, O Ozempic é usado no tratamento do diabetes tipo 2, mas alguns especialistas também o prescrevem contra a obesidade

Uma última novidade a chegar ao mercado foi a tirzepatida (Mounjaro), da farmacêutica Eli Lilly. Inicialmente ela foi aprovada como um tratamento contra o diabetes tipo 2, mas a expectativa é que essa droga também seja preconizadacopa do mundo de 2026breve no contexto da obesidade.

Nos estudos Surmount-3 e 4, a tirzepatida foi comparada com o placebo (uma substância sem nenhum efeito terapêutico aparente) e permitiu uma reduçãocopa do mundo de 2026pesocopa do mundo de 202626% (ou 28 quilos,copa do mundo de 2026média).

Nessas pesquisas foram avaliados voluntários com obesidade ou sobrepeso que tinham comorbidades (doenças crônicas), mas não eram portadorescopa do mundo de 2026diabetes tipo 2.

Essa taxacopa do mundo de 2026emagrecimento obtida com a tirzepatida fica bem próxima — ecopa do mundo de 2026alguns casos até é superior — aos resultados obtidos com a cirurgia bariátrica.

E, mesmo que o efeito emagrecedor dos medicamentos disponíveis tenha praticamente quintuplicado, a expectativa é que essa porcentagem cresça ainda mais no futuro, com a chegadacopa do mundo de 2026remédios ainda mais modernos e eficazes.

"Nós vivemos uma eracopa do mundo de 2026ouro no tratamento da obesidade", acredita o cirurgião Ricardo Cohen, do Centro Especializadocopa do mundo de 2026Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,copa do mundo de 2026São Paulo.

"Com os remédios e as cirurgias disponíveis hoje, nós conseguimos tratar todo o espectrocopa do mundo de 2026pacientes, desde os casos mais leves até aqueles muito graves", observa ele.

"Isso significa a possibilidadecopa do mundo de 2026tirar pacientes da filascopa do mundo de 2026transplantes e evitar outras complicações, que poderiam levá-los à morte."

Detalhe importante: essas opções terapêuticas modernas, como semaglutida e tirzepatida, precisam ser aplicadascopa do mundo de 2026modo contínuo. Se o indivíduo deixacopa do mundo de 2026tomá-las, pode recuperar o peso que foi perdido durante o tratamento.

Esse raciocínio não difere muito do manejocopa do mundo de 2026outras doenças crônicas, como a hipertensão, o colesterol alto e o diabetes. Caso o paciente desistacopa do mundo de 2026tomar os fármacos, a tendência é que esses problemas fiquem descontrolados e gerem complicaçõescopa do mundo de 2026órgãos como o coração, os rins e o cérebro.

Uma barreira chamada custo

A continuidade no uso desses remédios é um dos fatores por trás da desigualdade no tratamento da obesidade — afinal, eles têm um valor relativamente alto.

Para ter ideia, a quantidade necessáriacopa do mundo de 2026Ozempic para passar um mês é vendida nas farmácias brasileiras por cercacopa do mundo de 2026R$ 1.000,00.

O Wegovy, a versão da semaglutida específica para tratar a obesidade ainda não chegou às drogarias do país, mas os valores definidos pela Câmaracopa do mundo de 2026Regulação do Mercadocopa do mundo de 2026Medicamentos (CMED) recentemente indicam que ele custará entre R$ 1.220,00 e R$ 2.383,00, a depender da dosagem.

Esses preços ficam próximos — ou até ultrapassam — o salário mínimo estipulado para 2024, que écopa do mundo de 2026R$ 1.412,00.

E não custa reforçar: é necessário tomar esses remédioscopa do mundo de 2026forma contínua, o que significa que um indivíduo precisa despender esses valores todos os meses.

Na prática, a parcela mais pobre da população — justamente aquela sobre a qual a obesidade avança e gera os maiores impactos — não tem a menor chancecopa do mundo de 2026comprar esses remédios por conta própria.

Mas e o governo? Será que o Ministério da Saúde teria capacidadecopa do mundo de 2026bancar esse valor e incluir esses tratamentos contra a obesidade no SUS?

Para que isso eventualmente aconteça, seria necessário que o novo remédio (ou qualquer outra tecnologiacopa do mundo de 2026saúde, na verdade) passasse por uma extensa avaliação na Conitec, Comissão Nacionalcopa do mundo de 2026Incorporaçãocopa do mundo de 2026Tecnologias no SUS.

"Os especialistas analisam qual o benefício da nova opção terapêutica quando comparada ao que já está disponível, bem como os eventos adversos, o custo, o impacto no orçamento, como se dará a distribuição pelo país, e realizam um monitoramentocopa do mundo de 2026horizonte tecnológico, ou seja, a chegadacopa do mundo de 2026possíveis tecnologias semelhantes nos próximos anos", resume a pesquisadora Verônica Colpani, metodologista e especialista nesse tipocopa do mundo de 2026parecer técnico.

"E precisamos sempre lembrar que o orçamento é finito, com a necessidadecopa do mundo de 2026atender todas as demandascopa do mundo de 2026saúde da população", destaca ela.

Se, após todo esse trabalho, os envolvidos apresentarem um parecer positivo, a nova opção chega à rede pública.

Médico medindo a cinturacopa do mundo de 2026um paciente

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Legenda da foto, Até 2030, um quarto da população brasileira estará obesa

No ano passado, uma avaliação dessas foi realizada sobre a liraglutida, aquele análogocopa do mundo de 2026GLP-1 da Novo Nordisk que precisa ser aplicado todos os dias. A ideia era avaliar a possível incorporação desse medicamento para ofertá-lo aos pacientes com obesidade cujo IMC supera 35, e que também tenham pré-diabetes e alto riscocopa do mundo de 2026doença cardiovascular.

A Conitec, porém, foi contrária à incorporação da liraglutida no SUS.

Segundo a avaliação da comissão, a droga é eficaz e segura, mas não mostrou-se vantajosa do pontocopa do mundo de 2026vista do custo e da efetividade. Essa análise econômica levacopa do mundo de 2026conta o preço da nova tecnologia e o resultado prático que ela é capazcopa do mundo de 2026surtir na saúde pública.

À época, a Conitec avaliou que incorporar a liraglutida no SUS para oferecer esse tratamento a 2,8 milhõescopa do mundo de 2026pessoas traria um impacto orçamentáriocopa do mundo de 2026R$ 12,6 bilhõescopa do mundo de 20265 anos.

E vale destacar aqui que, hojecopa do mundo de 2026dia, a liraglutida é vendida nas farmácias por voltacopa do mundo de 2026R$ 500,00 a R$ 600,00 — metade do preço médio do Ozempic.

"Quando pensamoscopa do mundo de 2026termoscopa do mundo de 2026saúde pública, que precisa atender milhõescopa do mundo de 2026pessoas, os custos ficam absurdos", classifica Gerchman.

"Estamos falando do cenáriocopa do mundo de 2026que uma única medicação faria o Ministério da Saúde mobilizar entre 5 a 10%copa do mundo de 2026seu orçamento", estima ele.

O que dizem as autoridades

A BBC News Brasil entroucopa do mundo de 2026contato com o Ministério da Saúde para questionar sobre a incorporaçãocopa do mundo de 2026novas drogas contra a obesidade na rede pública.

Em nota enviada à reportagem, o ministério disse reconhecer "a obesidade como problemacopa do mundo de 2026saúde pública desde o final da décadacopa do mundo de 20261990" e promover "esforços para a prevenção e o cuidado com essa formacopa do mundo de 2026má nutrição [...] desde 2006, que englobam a promoção da alimentação adequada e saudável ecopa do mundo de 2026práticas corporais e atividade física".

O texto também aponta que, além dos impactos na saúde e na qualidadecopa do mundo de 2026vida, os gastos com tratamentocopa do mundo de 2026obesidade, hipertensão e diabetes no SUS foramcopa do mundo de 2026R$ 3,45 bilhõescopa do mundo de 20262018. O ministério estima que 11% desse valor se refere exclusivamente aos cuidados com a obesidade.

O Ministério da Saúde ainda informou que "não há atualmente demanda para avaliaçãocopa do mundo de 2026medicamentos para obesidade" na Conitec.

Vale explicar aqui que esses pedidoscopa do mundo de 2026avaliações da Conitec podem vircopa do mundo de 2026qualquer parte, como sociedades médicas, associaçõescopa do mundo de 2026pacientes, farmacêuticas ou outros entes físicos e jurídicos.

"Embora não haja tratamento medicamentoso, pacientes com obesidade podem ser tratados no SUS", reforça o ministério.

De acordo com a nota, os principais pilares da rede pública continuam a ser "a ênfase na atividade física, a promoção da alimentação adequada e saudável e suporte psicológico".

"O tratamento prevê o alcancecopa do mundo de 2026uma sériecopa do mundo de 2026objetivoscopa do mundo de 2026curto e longo prazo que buscam a diminuição da gordura corporal, preservando a massa magra; a promoção da manutenção da perdacopa do mundo de 2026peso; o impedimento do ganhocopa do mundo de 2026peso; a educação alimentar e nutricional, por meiocopa do mundo de 2026escolhas alimentares saudáveis; a reduçãocopa do mundo de 2026fatorescopa do mundo de 2026risco cardiovasculares associados à obesidade; a melhoriacopa do mundo de 2026outras comorbidades; a recuperação da autoestima; o aumento da capacidade funcional e da qualidadecopa do mundo de 2026vida. Em casos específicos, pode ser indicada a realizaçãocopa do mundo de 2026cirurgia bariátrica pelo SUS", completa o Ministério da Saúde.

Fachada do Ministério da Saúde

Crédito, Valter Campanato/Agência Brasil

Legenda da foto, Incorporaçãocopa do mundo de 2026novas tecnologias no SUS passa por avaliaçõescopa do mundo de 2026comissões ligadas ao Ministério da Saúde

Já a Novo Nordisk, responsável por liraglutida e semaglutida, afirmou que "todo o processocopa do mundo de 2026submissão do Saxenda (liraglutida 3 mg) ao SUS foi realizadocopa do mundo de 2026forma regularizada, seguindo todas as diretrizes estabelecidas pelo governo".

"A inclusão do medicamento no sistemacopa do mundo de 2026saúde não avançou devido a questões orçamentárias, mesmo que seu custo tenha sido considerado viável", detalhou a farmacêuticacopa do mundo de 2026nota.

Por fim, a empresa disse que não faz comentários sobre custo-efetividadecopa do mundo de 2026suas formulações.

Confusõescopa do mundo de 2026conceitos

Coutinho, da PUC-Rio, entende que a faltacopa do mundo de 2026remédios para tratar a obesidade no SUS representa uma "situação dramática".

"É fundamental, praticamente uma questão humanitária, a gente batalhar pela incorporação dessas medicações", opina ele, que também é ex-presidente da Federação Mundialcopa do mundo de 2026Obesidade.

"Nós sabemos que basear o tratamento da obesidade apenascopa do mundo de 2026dieta e exercício físico não funciona no longo prazo. Já temos muitas evidências que mostram que esse tipocopa do mundo de 2026intervenção até pode dar um bom resultadocopa do mundo de 2026início, mas o paciente tende a recuperar todo o peso depoiscopa do mundo de 2026quatro a sete anos", calcula ele.

Já Cohen chama a atenção para uma espéciecopa do mundo de 2026preconceito que existe nessa área da Medicina. Um editorial que ele escreveu e publicou no periódico especializado The Lancetcopa do mundo de 2026setembrocopa do mundo de 20262023 juntocopa do mundo de 2026outros dois colegas, aponta que "a faltacopa do mundo de 2026remédios contra a obesidade é sintomacopa do mundo de 2026um mal maior".

"A chegadacopa do mundo de 2026novos medicamentos revelou certas objeções, como a crençacopa do mundo de 2026que a obesidade deve ser prevenidacopa do mundo de 2026vezcopa do mundo de 2026tratada. A prevenção e o tratamento não são mutuamente exclusivos. Eles representam as duas abordagens necessárias para resolvercopa do mundo de 2026forma eficaz qualquer problemacopa do mundo de 2026saúde pública", escrevem os especialistas.

"Quão absurdo seria propor não fazer o tratamento do câncer ou das doenças cardiovasculares porque estes problemas deveriam ser prevenidos?", questionam eles.

"É claro que a prevenção é crucial, mas até o momento, nenhuma estratégia populacional reduziu a prevalência da obesidadecopa do mundo de 2026qualquer país e, para os maiscopa do mundo de 2026700 milhõescopa do mundo de 2026pessoas já afetadascopa do mundo de 2026todo o mundo, a oportunidadecopa do mundo de 2026prevenção já passou."

"O impacto da obesidade na morbidade, mortalidade, qualidadecopa do mundo de 2026vida e custoscopa do mundo de 2026cuidadoscopa do mundo de 2026saúde é imenso — e não podemos optar por não tratá-lacopa do mundo de 2026uma perspectivacopa do mundo de 2026saúde, economia ou ética", defendem eles.

Canetascopa do mundo de 2026Wegovy

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Legenda da foto, O Wegovy deve chegar ao mercado brasileiro aindacopa do mundo de 20262024 por valores que superam o salário mínimo

Luzes no fim do túnel?

A epidemiologista nutricional Rosely Sichieri, da Associação Brasileiracopa do mundo de 2026Saúde Coletiva (Abrasco), acrescenta alguns outros elementos à discussão.

"De um lado, nós temos uma indústria alimentícia poderosíssima, que faz a gente comer um montecopa do mundo de 2026coisas que não precisamos. Do outro, há a indústria farmacêutica, que deseja fazer todo mundo emagrecer por meiocopa do mundo de 2026um remédio, algo que não se sustenta quando pensamoscopa do mundo de 2026termoscopa do mundo de 2026saúde pública", opina a especialista, que também é professora da Universidade do Estado do Riocopa do mundo de 2026Janeiro (Uerj).

"O problema da obesidade tem que ser atacado na raiz. E infelizmente não vamos resolvê-lo enquanto não entendermos que a gente vive numa sociedade fadada a engordar", observa Sichieri.

Para Claro, da UFMG, esse problema virou tão complexo que é quase impossívelcopa do mundo de 2026ser resolvido sem mexer nas basescopa do mundo de 2026como a sociedade está organizada.

"Isso é uma questão estrutural, que passa até pela política agrícola do país. É preciso pensarcopa do mundo de 2026mecanismos para investir dinheiro não apenascopa do mundo de 2026commodities, mas numa agricultura periurbana, que é responsável por trazer alimentos saudáveis para as cidades", exemplifica ele.

Especificamente sobre os remédios antiobesidade, os especialistas veem alguns caminhos para melhorar o acesso a quem mais precisa desses tratamentos no futuro.

O primeiro deles passa pela queda das patentes dessas moléculas. Atualmente, a liraglutida não é mais exclusiva da Novo Nordisk no Brasil — o que permite a outros laboratórios começarem a produzi-la.

A farmacêutica dinamarquesa diz que, "no entanto, existem ações judiciaiscopa do mundo de 2026andamento com o objetivocopa do mundo de 2026restituição do prazocopa do mundo de 2026validade da patente [da liraglutida] por conta da demora na análise do pedidocopa do mundo de 2026patente pelo INPI [Instituto Nacional da Propriedade Industrial]".

Já o Ozempic tem patente válida no Brasil por mais dois anos, até 2026.

Com a chegadacopa do mundo de 2026novos competidores nesse mercado, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil acreditam que os preços podem começar a cair.

Coutinho também destaca a necessidadecopa do mundo de 2026existir um diálogo constante entre os diversos interessados — governos, empresas, médicos e pacientes — para chegar a um denominador comum que seja favorável a todos.

"Claro que esse cenário representa um desafio, mas é preciso encontrar uma saída. No pior ano da pandemia, a covid-19 matoucopa do mundo de 20262 a 3 milhõescopa do mundo de 2026pessoas no mundo. A obesidade mata 4 milhões todos os anos", compara o endocrinologista.

"Se encontramos um caminho para oferecer a vacina contra a covid-19 para todo mundo, precisamos também achar uma solução para ampliar o acesso aos agentes antiobesidade", conclui ele.