As drogas que pilotos tomam para ficarem acordados — e os dilemas que isso traz:apostadores desportivos

Aqueles souvenirs farmacológicos foram rapidamente enviados para testes e, logo depois, os britânicos já desenvolviamapostadores desportivosprópria versão. O resultado foi um estimulante amplamente distribuído, que possibilitou centenasapostadores desportivosmissões noturnasapostadores desportivostoda a Europa.

Mas era apenas o começo.

Durante a Guerra do Golfo (1990-1991), uma droga relacionada, a dextroanfetamina, voltou a ganhar popularidade. Ela foi consumida pela maioria dos pilotos combatentes que conduziram os bombardeios iniciais sobre as forças iraquianas no Kuwait.

Atualmente, os oficiais da aeronáutica americana ainda consomem a pílula para resolver o mesmo problema: a fadiga dos pilotos, que pode afetar os aviadoresapostadores desportivosmissões longas e comprometerapostadores desportivossegurança.

Mas existe um porém. As anfetaminas podem ser altamente viciantes – e houve grandes abusos já nos anos 1940. Por isso, nos últimos anos, as organizações militares vêm procurando opções para substituí-las.

Uma delas é o modafinil, um estimulante desenvolvido originalmente para o tratamentoapostadores desportivosnarcolepsia e excessoapostadores desportivossonolência diurna nos anos 1970.

Não levou muito tempo para as pessoas descobrirem que, alémapostadores desportivosajudar a evitar que as pessoas adormeçam, a droga pode ter outros efeitos poderosos.

Demonstrou-se que a medicação melhora a orientação espacial, o reconhecimentoapostadores desportivospadrões e a memóriaapostadores desportivostrabalho, alémapostadores desportivosaumentar o desempenho cognitivo geral, o estadoapostadores desportivosalerta e a vigilânciaapostadores desportivossituaçõesapostadores desportivosfadiga extrema.

O modafinil também tem suas desvantagens. Seus efeitos colaterais podem incluir suor, doresapostadores desportivoscabeça latejantes e até alucinações. Mesmo com esses riscos,apostadores desportivoscertas circunstâncias, a droga pode ser um auxiliar formidável para quem precisa ficar acordado.

Em um estudo inicial, o modafinil manteve pessoas acordadas por até 64 horasapostadores desportivosatividade. Seus efeitos foram comparáveis a 20 xícarasapostadores desportivoscafé.

Mas como ele funciona? E qual a razão do seu uso?

Estimulante poderoso

No mundo dos pilotosapostadores desportivoscombate, existem dois tiposapostadores desportivosdrogas: pílulas para voar e para não voar.

As primeiras são estimulantes, que aumentam a atividade do sistema nervoso central. Este é um dos motivos por que as anfetaminas, às vezes, são conhecidas pelo nomeapostadores desportivosinglês speed, que significa "velocidade".

A outra categoria é a das substâncias sedativas, que reduzem a velocidadeapostadores desportivostransmissãoapostadores desportivosmensagens entre o cérebro e o corpo.

Às vezes,apostadores desportivossituaçõesapostadores desportivosque o tempoapostadores desportivossono e vigília é fundamental, as forças aéreas usam esses medicamentos para fazer o corpo cooperar. Por isso, ao ladoapostadores desportivosum arsenalapostadores desportivosindutores do sono, entraapostadores desportivosação o modafinil.

O modafinil já é amplamente disponível. Ele foi aprovado para uso pelas forças aéreasapostadores desportivosSingapura, Índia, França, Holanda e Estados Unidos.

Paralelamente, uma investigação do jornal britânico The Guardian revelou que um estoque substancial da droga foi adquirido pelo Ministério da Defesa do Reino Unido antes do início da Guerra na Afeganistão,apostadores desportivos2001 – e outro pedido ocorreuapostadores desportivos2002, antes da invasão do Iraque.

Embora uma agênciaapostadores desportivospesquisaapostadores desportivosdefesa tenha realizado experimentos com as pílulas, não há relatosapostadores desportivosque elas tenham sido utilizadas por oficiaisapostadores desportivoscombate.

Na última década, aviadores contaram com o apoioapostadores desportivossubstâncias químicasapostadores desportivoscentenasapostadores desportivosoperações militares.

Quando voam pelos céus, os pilotos combatentes costumam ter apenas alguns segundos para observar o cenário e decidir como devem reagir às ameaças. Nestas situações, o cansaço pode facilmente ser fatal.

Mas, por estranho que possa parecer, os pilotos não enfrentam a faltaapostadores desportivossono apenasapostadores desportivosvoos intensos, que incluem manobras difíceis ou operaçõesapostadores desportivosguerra.

Na verdade, os voos monótonos também trazem suas próprias dificuldades.

Os pilotos que caíram no sono

Em janeiroapostadores desportivos2023, 153 pessoas, entre passageiros e tripulantes, viajavamapostadores desportivosum avião comercial Airbus A320, conduzido por dois pilotos.

Um deles pediu ao copiloto que assumisse o controle do avião para poder dormir um pouco. O colega concordou, mas nada saiu como o planejado.

Um relatório do Comitê Nacionalapostadores desportivosSegurança no Transporte da Indonésia revelou,apostadores desportivosmarçoapostadores desportivos2024, que o voo da ilhaapostadores desportivosSulawesi para a capital Jacarta havia ficado sem piloto por 28 minutos, quando os dois adormeceram simultaneamente.

O caso levou a uma investigação nacional e destacou o problema da fadiga dos pilotosapostadores desportivosoperações comerciais.

"Se você estiver apenas observando, cinco horas parecem demorar muito mais do queapostadores desportivosuma missãoapostadores desportivoscombate", afirma a tenente-coronel Yara Wingelaar-Jagt, chefe do departamentoapostadores desportivosmedicina aeroespacial do Ministério Holandês da Defesaapostadores desportivosSoesterberg.

Em situações aceleradas, o corpo produz o seu próprio estimulante, a adrenalina, que aumenta a vigilância e reduz a sensaçãoapostadores desportivosfadiga, pelo menos por curto período.

Por outro lado, missões menos estressantes podem levar ao tédio, que pode amplificar o impacto da exaustão.

"Dois anos atrás, depoisapostadores desportivoscompletarem uma nova missão, nossos pilotosapostadores desportivosteste relataram que o remédio contra a fadiga usado na época, a cafeína, não era suficiente", conta Wingelaar-Jagt.

"Eles queriam algo a mais para mantê-los acordados durante o voo."

Para descobrir se o modafinil poderia ser a resposta, Wingelaar-Jagt e seus colegas realizaram um estudo randomizado controlado.

Voluntários da Força Aérea Real Holandesa foram mantidos acordados por 17 horas e receberam uma doseapostadores desportivosmodafinil, cafeína ou placebo. Em seguida, foi avaliado seu grauapostadores desportivosvigília e sonolência.

Os pesquisadores concluíram que tanto a cafeína quanto o modafinil foram eficazes, mas este último funcionou por mais tempo. Mesmo depoisapostadores desportivosuma noite inteira sem dormir, algumas pessoas que tomaram a droga sentiram que, provavelmente, iriam continuar acordadas por mais um dia, segundo ela.

"Com o modafinil, eles realmente se sentiram menos fatigados e mais alertas", afirma Wingelaar-Jagt.

Não são apenas os pilotos que podem sofrer os efeitos da faltaapostadores desportivossonoapostadores desportivoscontextos militares.

Para realizar certas operações com sucesso, a tripulação pode incluir, particularmenteapostadores desportivoshelicópteros, um atiradorapostadores desportivosporta, cuja função é apontar armasapostadores desportivosfogo e atirar; e um mestreapostadores desportivoscarga, para fazer subir e descer cargas importantes.

E,apostadores desportivosterra, sempre haverá os controladoresapostadores desportivostráfego aéreo para ajudar os pilotos a decolar e aterrissar.

Decisão delicada

É claro que existem sérias implicações legais e éticas envolvidas na ofertaapostadores desportivosestimulantes como modafinil para os oficiais militares.

O que aconteceria se alguém se recusasse a tomar uma droga considerada necessária para o sucessoapostadores desportivosuma missão?

Um estudo sobre as possíveis dificuldades para a permissãoapostadores desportivosusoapostadores desportivosestimulantes nas forças armadas canadenses destacou uma contradição.

De um lado, é ilegal forçar alguém a tomar um remédio no Canadá. Mas, por outro lado, os militares são obrigados legalmente a desempenhar "qualquer função que venha a ser solicitada", a qualquer hora do dia ou da noite.

Ou seja, se fosse considerado necessário que alguém tomasse modafinil por razões operacionais, essa pessoa poderia se recusar, mas não teria o direitoapostadores desportivosdeixarapostadores desportivoscumprir com a missão por conta disso.

E os riscos podem ser altos. Adormecerapostadores desportivosum avião pode gerar muitas mortes, incluindoapostadores desportivoscivis, além da perdaapostadores desportivosaviões que custam dezenasapostadores desportivosmilharesapostadores desportivosdólares e do fracassoapostadores desportivosuma missão importante.

"Para nós [na Força Aérea Real Holandesa], é muito importante não querer forçar alguém a tomar modafinil", explica Wingelaar-Jagt.

"É uma medida que combate a fadiga, mas não a elimina. Por isso, o mais importante, para combater a fadiga, ainda é enfatizar a escalaapostadores desportivosturnos, a programação."

Wingelaar-Jagt explica que é importante questionar se todos os voos noturnos realmente são necessários, embora, às vezes, não se possa evitar.

"Pode ser melhor para um planoapostadores desportivosbatalha ou pode ser necessário devido a uma ameaça."

E o modafinil não é uma droga perfeita. Como todos os medicamentos, ele tem efeitos colaterais, que podem ser mentais e físicos.

Diversos estudos concluíram que o modafinil pode fazer as pessoas se tornarem excessivamente confiantes nos seus julgamentos, algo que pode ser fatal para alguém voando a velocidades que podem facilmente atingir os 1.915 km/h.

Os nazistas enfrentavam problemas similares ao medicarapostadores desportivosforça aérea durante a Segunda Guerra Mundial.

Eles distribuíram cercaapostadores desportivos35 milhõesapostadores desportivospílulasapostadores desportivosmetanfetamina para seus militares somente na primavera e no verãoapostadores desportivos1940. Mas logo se percebeu que os pilotos que tomavam a droga apresentavam falhasapostadores desportivosjulgamento.

Muitas vezes, eles acreditavam que tinham bom desempenho, mesmo quando, na verdade, ele era muito ruim. Com isso, as autoridades acabaram receando que as drogas, vendidas com o nome comercial Pervitin, pudessem, na verdade, causar acidentes.

E, como as anfetaminas, o modafinil pode causar dependência, embora com muito menos potência. E também é suscetível a abusos.

O medicamento ficou popular como a "droga da inteligência", nos anos 2000, entre estudantes que tentavam passar a noiteapostadores desportivosclaro estudando e trabalhadores sobrecarregados procurando uma formaapostadores desportivosdar contaapostadores desportivostudo.

Proposta muito diferente

Mas o que tudo isso significa para os pilotos comerciais?

É verdade que a duração dos seus turnos costuma ser regulamentadaapostadores desportivosforma muito mais rígida que a dos pilotos militares. Ainda assim, eles podem passar mil horas por ano entre as nuvens, lutando contra os fusos horários e a fadiga extrema.

Uma pesquisaapostadores desportivos2023 entre 6,9 mil pilotos na Europa concluiu que 72,9% sentiam que não tinham descanso suficiente para se recuperar entre os turnos – e 75% haviam sofrido microssonecas durante o trabalho no mês anterior.

Para Wingelaar-Jagt, os benefícios do modafinil para os pilotos militares podem também se aplicar à aviação comercial, mas isso certamente não deveria acontecer.

"Acredito que, para a aviação comercial, precisamos ser reticentes sobre o que pedimos aos nossos pilotos e à nossa sociedade", explica ela.

"Nós realmente precisamos que os nossos pilotos comerciais voem à noite para nos levarapostadores desportivosviagem ou precisamos aceitar que até os seres humanos têm seus limites e respeitar a necessidade universalapostadores desportivossono?"

Wingelaar-Jagt indica que o modafinil pode ter algum valor para outras profissões com longas horasapostadores desportivostrabalho, como o atendimentoapostadores desportivosemergência ou os bombeiros.

"Para estas linhasapostadores desportivostrabalho, sem dúvida, eles precisam atingir o desempenho ideal, mesmoapostadores desportivostemposapostadores desportivosfadiga", segundo ela.

Um estudo concluiu que médicos que haviam ficado acordados a noite toda apresentaram melhor desempenhoapostadores desportivosuma sérieapostadores desportivostarefas que podem ser relevantes para suas obrigações depoisapostadores desportivostomar modafinil.

Eles foram mais eficientes na resoluçãoapostadores desportivosproblemas que envolviam planejamento e memóriaapostadores desportivostrabalho e tomavam decisõesapostadores desportivosforma menos impulsiva.

Mas, como ocorre com os pilotos militares, existem obstáculos éticos – particularmente, a preocupaçãoapostadores desportivosque os profissionais médicos possam ser pressionados a usar o medicamento.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.