O romance que Gabriel García Márquez quis destruirblaze minasvida lançado 10 anos apósblaze minasmorte:blaze minas

Capa do livro

Crédito, Getty Images

Mas seus filhos Rodrigo e Gonzalo decidiram resgatá-lo do arquivo da Universidade do Texas,blaze minasAustin, e publicá-lo às vésperas do aniversárioblaze minasdez anos da morte do escritor.

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The Spanish deck of cards has four suits and contains 40 or 48 cards, depending on the game. They are used in Spain, some areas of Italy and France, Latin America, and some former imperial colonies. The four suits are copas (Cups), oros (Coins), bastos (Clubs), and espadas (Swords). The cards are numbered from 1 to 9.
Product Dimensions
43.31 x 0.04 x 23.62 inches
Color
Brown
Included Components
78 cards
Item Package Quantity
1
Style
Spanish Tarot

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“Minha teoria é que quando ele disse que não funcionava, ele havia perdido a capacidadeblaze minasjulgá-lo. Não é tão polido quanto seus outros romances, mas também não é uma confusão incompreensível. Acho que foi ele quem não entendeu mais nada”, afirmou Rodrigo García à imprensa.

Cristóbal Pera, diretor editorial da Planeta USA, trabalhou com García Márquez aindablaze minasvida na obra e também foi o editor da versão final do livro.

Em entrevista à BBC News Mundo, serviçoblaze minasnotíciasblaze minasespanhol da BBC, Pera conta os bastidoresblaze minasEm agosto nos vemos, que muitos classificam como o acontecimento literário do ano.

Cristóbal Pera e Gabriel García Márquez

Crédito, Ricardo Trabulsi

Legenda da foto, Cristóbal Pera, editor da versão final do livro, com Gabriel García Márquez
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blaze minas BBC News Mundo - Como você começou a trabalharblaze minas blaze minas Em agosto nos vemos, blaze minas e como foiblaze minasrelação com García Márquez nesse processo?

blaze minas Cristóbal Pera - Fui editorblaze minasGarcía Márquez desde 2001, quando colaborei com a ediçãoblaze minassuas memórias, Viver para Contar. Começou aí uma relaçãoblaze minaseditor-autor à distância, que mais tarde, quando fui ao México,blaze minas2006, retomamos pessoalmente. Tive um relacionamento contínuo com ele na ediçãoblaze minasEu não vim fazer um discurso, livro que reúne todos os seus discursos e foi publicadoblaze minas2010.

E, finalmente, como menciono na nota do editor que consta do livro, a agenteblaze minasGarcía Márquez, Carmen Balcells, me pediublaze minas2010 para encorajá-lo a terminar seu romance Em agosto nos vemos, do qual eu não tinha notícias.

Então, quando voltei ao México, comentei isso com ele. Ele já havia terminado um primeiro rascunhoblaze minas2004.

Naquela época, 2010 e 2011, ele já estava começando a perder um pouco a memória, e não estava trabalhando realmente no romance. Mas estava dedicado a corrigir uma palavra, uma frase, para melhorá-lo, e aí brilhava ablaze minasgenialidade, nessas pequenas correções.

Pude ler três ou quatro capítulos do romanceblaze minasvoz alta com ele na minha frente, e adorei. Vi que o tema também era inédito para ele, com uma protagonista mulher, que não se havia visto emblaze minasnarrativa.

E ele continuou tomando notasblaze minasuma quinta versão, que tinha entre as versões que vinha fazendo, até que finalmente foi desistindo à medida queblaze minasdoença progredia.

blaze minas BBC News Mundo - O que aconteceu com o romance após a morteblaze minasGarcía Márquezblaze minas2014?.

blaze minas Pera - Apósblaze minasmorte, a família decidiu que não era o momentoblaze minaspublicar aquele romance, que ele também havia dito que não queria publicarblaze minasseus últimos anosblaze minasvida.

Todos os artigosblaze minasGarcía Márquez, incluindo este manuscrito, foram enviados à Universidade do Texas,blaze minasAustin, para fazer parte do grande arquivoblaze minasGarcía Márquez. Este romance não estava inicialmente disponível ao público, mas algumas pessoas puderam vê-lo.

Depoisblaze minassaber que algumas pessoas haviam tido acesso ao manuscrito e haviam dito que era muito bom e que deveria ser publicado, os filhosblaze minasGarcía Márquez finalmente decidiram não dar ouvidos ao pai e publicá-lo. E foi aí que me pediram para trabalhar na edição final do romance.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Este romance fazia parteblaze minasum projeto narrativo', afirma o editorblaze minasGarcía Márquez

blaze minas BBC News Mundo - Alémblaze minasdescartá-lo nos últimos anos, que relação García Márquez havia tido com este romance? Que visão ele tinha do livro?

blaze minas Pera - Este romance fazia parteblaze minasum projeto narrativo.

Em uma entrevista que concedeblaze minasMadri, ao lerblaze minaspúblico o primeiro capítulo deste romance, ele diz ao jornalista que está escrevendo uma sérieblaze minasromances curtos com o tema geral do amor na meia-idade. Do amor e outros demônios fazia parte disso.

Então, quando voltou para casablaze minas2002, depoisblaze minastratar um câncerblaze minasLos Angeles, ele retoma o manuscrito do que mais tarde se tornaria Memóriablaze minasMinhas Putas Tristes, terminablaze minasum ano e publica o livro.

E depois ele dedica um ano inteiro a trabalhar no rascunho que já tinhablaze minasEm agosto nos vemos.

Ele envia um manuscrito para a agência Balcells, e essa é a quinta versão que ele abandona, abandona no sentidoblaze minasdeixar descansar, como disse àblaze minassecretária Mónica Alonso. A secretáriablaze minasGarcía Márquez é fundamental. Era ela quem o ajudava e quem guardava os manuscritos.

Em seus últimos anos, quandoblaze minasmemória falhava, e ele não reconhecia muitas coisas, mencionou diversas vezes que não queria publicar o romance, que não estava pronto, etc.

Mas, enfim, como dizem os filhos na apresentação do livro, o romance não estava polido, mas estava finalizado, os leitores vão ver. Não precisei acrescentar nenhuma palavra, é claro. Não preciso nem dizer que não acrescentei nada.

blaze minas BBC News Mundo - Que detalhes você pode contar sobre o processoblaze minasedição do livro? Que desafios você encontrou?

blaze minas Pera - O maior desafio foi o respeito absoluto pela obrablaze minasGarcía Márquez. É uma tarefablaze minasimensa responsabilidade.

Felizmente tive a oportunidadeblaze minastrabalhar bastante lado a lado com ele, então conhecia muito bemblaze minasobra, já havia trabalhado com eleblaze minascorreções, sabia como ele trabalhava, e isso me ajudou.

O mais importante foi ler o manuscrito completo e ver que a história estava ali completa, acabada. Não havia nada a fazer ali para terminar, nem era preciso acrescentar uma frase ou um final, estava tudo lá.

Fiz o trabalhoblaze minaseditor com o manuscrito que estavablaze minasdocumentoblaze minasWord, e a quinta versão que ele deixou impressa com muitas anotações feitas a mão nas margens, com alterações, com algo. É aíblaze minasque baseio a edição para chegar ao texto final.

Bastava seguir as pistas que ele deixou para tomar a decisão de, por exemplo, deletar uma frase que estava riscada.

E depois, o que tive que fazer foram algumas mudanças que surgiram a partir da verificaçãoblaze minasdados, como nomesblaze minasautores mencionados, o trabalho normalblaze minasum editor, e algumas questõesblaze minascoerência do próprio texto.

Cristóbal Pera com Gabriel García Márquez.

Crédito, Mónica Alonso

Legenda da foto, 'É uma tarefablaze minasimensa responsabilidade', afirma Pera

blaze minas BBC News Mundo - O que você quer dizer com questõesblaze minascoerência?

blaze minas Pera - Há alguns exemplos que menciono na nota do editor. No romance, a protagonista termina o último capítulo com 50 anos — então, fazendo as contas, no primeiro capítulo ela tem 46 anos.

A questão é que, no primeiro capítulo, ele descreve a protagonista como uma mulher que está perto da terceira idade, e ele mesmo marca essa frase e coloca nela um pontoblaze minasinterrogação. Obviamente, erablaze minasuma versão inicial, e ele percebe que, claro, uma mulherblaze minas46 anos não chega perto do que entendemos por terceira idade.

Ali, como editor, simplesmente interpretando aquela marcação, retiro essa referência à terceira idade, e o leitor não se confunde, porque ela é uma mulherblaze minas46 anos.

Outro exemplo é que a protagonista conhece um homem no primeiro capítulo, e no último capítulo, anos depois, ela o reencontrablaze minasuma ruablaze minasuma cidade litorânea, e a princípio não o reconhece porque ele estavablaze minasbigode, e ele não usava (bigode) quando o conheceu. E, no primeiro capítulo, o homem apareceblaze minasbigode.

São questões puramenteblaze minascoerência narrativa que ele teria vistoblaze minasuma revisão final. Assim, a menção ao bigode teve que ser retirada daquele primeiro capítulo para que a referência final fizesse sentido.

As minhas intervenções foram essas: seguir todas as suas marcações e simplesmente controlar a coerência narrativa das idades, da cronologia, dos nomes, etc., etc.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

blaze minas BBC News Mundo - O que este livro representa na literaturablaze minasGarcía Márquez, e o que revela sobre o finalblaze minassua carreira?

blaze minas Pera - Os leitores que vão julgar Em agosto nos vemos. Acredito que este romance encerra toda ablaze minasnarrativa com chaveblaze minasouro. E acho que no fundo ele estava ciente disso.

É um romance com uma protagonista mulher, nunca havia tido umablaze minasseus romances. E as mulheres são muito importantesblaze minasseus romances, desde Cem Anosblaze minasSolidão, eblaze minastodas as suas histórias, mas nunca tiveram um papelblaze minasprotagonista como oblaze minasAna Magdalena Bach, que é uma mulher que decide explorarblaze minassexualidade eblaze minasliberdade.

Isso gera conflitos nela, mas ela continua nesse caminho, embora seja uma mulher queblaze minasteoria é feliz, e não teria razões objetivas para fazer isso.

Por isso, é um romance que seu próprio filho Rodrigo descreveu como feminista. Acho que este romance reorganiza toda a obrablaze minasGarcía Márquez, e principalmente o papel da mulher nela, que depois deste romance deve ser reconsiderado. Acho que é por isso que é tão importante.

Depois, no seu estilo, na forma como é contado, se passablaze minasum lugar eblaze minasuma época não identificados, provavelmente nos anos 1980 ou 1990, na costa da Colômbia,blaze minasuma ilha, mas não se sabe realmente. Ele não quer deixar marcas rígidasblaze minasonde é, o que é uma novidade.

blaze minas BBC News Mundo - É então uma obra que faz jus às demais...

blaze minas Pera - Sem dúvida. Mas o que eu digo não vale nada, porque os leitores a partirblaze minasagora vão poder julgar.

Só posso voltar ao momentoblaze minasque li pela primeira vez vários capítulos do romanceblaze minasvoz alta junto a ele. Naquele momento, o que pensei foi: Espero que um dia todos os leitoresblaze minasGarcía Márquez possam desfrutar da obra-prima que tive o privilégioblaze minasler pela primeira vez.