O romance que Gabriel García Márquez quis destruirjogos que dá para jogarvida lançado 10 anos apósjogos que dá para jogarmorte:jogos que dá para jogar

Capa do livro

Crédito, Getty Images

Mas seus filhos Rodrigo e Gonzalo decidiram resgatá-lo do arquivo da Universidade do Texas,jogos que dá para jogarAustin, e publicá-lo às vésperas do aniversáriojogos que dá para jogardez anos da morte do escritor.

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“Minha teoria é que quando ele disse que não funcionava, ele havia perdido a capacidadejogos que dá para jogarjulgá-lo. Não é tão polido quanto seus outros romances, mas também não é uma confusão incompreensível. Acho que foi ele quem não entendeu mais nada”, afirmou Rodrigo García à imprensa.

Cristóbal Pera, diretor editorial da Planeta USA, trabalhou com García Márquez aindajogos que dá para jogarvida na obra e também foi o editor da versão final do livro.

Em entrevista à BBC News Mundo, serviçojogos que dá para jogarnotíciasjogos que dá para jogarespanhol da BBC, Pera conta os bastidoresjogos que dá para jogarEm agosto nos vemos, que muitos classificam como o acontecimento literário do ano.

Cristóbal Pera e Gabriel García Márquez

Crédito, Ricardo Trabulsi

Legenda da foto, Cristóbal Pera, editor da versão final do livro, com Gabriel García Márquez
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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladajogos que dá para jogarcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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jogos que dá para jogar BBC News Mundo - Como você começou a trabalharjogos que dá para jogar jogos que dá para jogar Em agosto nos vemos, jogos que dá para jogar e como foijogos que dá para jogarrelação com García Márquez nesse processo?

jogos que dá para jogar Cristóbal Pera - Fui editorjogos que dá para jogarGarcía Márquez desde 2001, quando colaborei com a ediçãojogos que dá para jogarsuas memórias, Viver para Contar. Começou aí uma relaçãojogos que dá para jogareditor-autor à distância, que mais tarde, quando fui ao México,jogos que dá para jogar2006, retomamos pessoalmente. Tive um relacionamento contínuo com ele na ediçãojogos que dá para jogarEu não vim fazer um discurso, livro que reúne todos os seus discursos e foi publicadojogos que dá para jogar2010.

E, finalmente, como menciono na nota do editor que consta do livro, a agentejogos que dá para jogarGarcía Márquez, Carmen Balcells, me pediujogos que dá para jogar2010 para encorajá-lo a terminar seu romance Em agosto nos vemos, do qual eu não tinha notícias.

Então, quando voltei ao México, comentei isso com ele. Ele já havia terminado um primeiro rascunhojogos que dá para jogar2004.

Naquela época, 2010 e 2011, ele já estava começando a perder um pouco a memória, e não estava trabalhando realmente no romance. Mas estava dedicado a corrigir uma palavra, uma frase, para melhorá-lo, e aí brilhava ajogos que dá para jogargenialidade, nessas pequenas correções.

Pude ler três ou quatro capítulos do romancejogos que dá para jogarvoz alta com ele na minha frente, e adorei. Vi que o tema também era inédito para ele, com uma protagonista mulher, que não se havia visto emjogos que dá para jogarnarrativa.

E ele continuou tomando notasjogos que dá para jogaruma quinta versão, que tinha entre as versões que vinha fazendo, até que finalmente foi desistindo à medida quejogos que dá para jogardoença progredia.

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - O que aconteceu com o romance após a mortejogos que dá para jogarGarcía Márquezjogos que dá para jogar2014?.

jogos que dá para jogar Pera - Apósjogos que dá para jogarmorte, a família decidiu que não era o momentojogos que dá para jogarpublicar aquele romance, que ele também havia dito que não queria publicarjogos que dá para jogarseus últimos anosjogos que dá para jogarvida.

Todos os artigosjogos que dá para jogarGarcía Márquez, incluindo este manuscrito, foram enviados à Universidade do Texas,jogos que dá para jogarAustin, para fazer parte do grande arquivojogos que dá para jogarGarcía Márquez. Este romance não estava inicialmente disponível ao público, mas algumas pessoas puderam vê-lo.

Depoisjogos que dá para jogarsaber que algumas pessoas haviam tido acesso ao manuscrito e haviam dito que era muito bom e que deveria ser publicado, os filhosjogos que dá para jogarGarcía Márquez finalmente decidiram não dar ouvidos ao pai e publicá-lo. E foi aí que me pediram para trabalhar na edição final do romance.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Este romance fazia partejogos que dá para jogarum projeto narrativo', afirma o editorjogos que dá para jogarGarcía Márquez

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - Alémjogos que dá para jogardescartá-lo nos últimos anos, que relação García Márquez havia tido com este romance? Que visão ele tinha do livro?

jogos que dá para jogar Pera - Este romance fazia partejogos que dá para jogarum projeto narrativo.

Em uma entrevista que concedejogos que dá para jogarMadri, ao lerjogos que dá para jogarpúblico o primeiro capítulo deste romance, ele diz ao jornalista que está escrevendo uma sériejogos que dá para jogarromances curtos com o tema geral do amor na meia-idade. Do amor e outros demônios fazia parte disso.

Então, quando voltou para casajogos que dá para jogar2002, depoisjogos que dá para jogartratar um câncerjogos que dá para jogarLos Angeles, ele retoma o manuscrito do que mais tarde se tornaria Memóriajogos que dá para jogarMinhas Putas Tristes, terminajogos que dá para jogarum ano e publica o livro.

E depois ele dedica um ano inteiro a trabalhar no rascunho que já tinhajogos que dá para jogarEm agosto nos vemos.

Ele envia um manuscrito para a agência Balcells, e essa é a quinta versão que ele abandona, abandona no sentidojogos que dá para jogardeixar descansar, como disse àjogos que dá para jogarsecretária Mónica Alonso. A secretáriajogos que dá para jogarGarcía Márquez é fundamental. Era ela quem o ajudava e quem guardava os manuscritos.

Em seus últimos anos, quandojogos que dá para jogarmemória falhava, e ele não reconhecia muitas coisas, mencionou diversas vezes que não queria publicar o romance, que não estava pronto, etc.

Mas, enfim, como dizem os filhos na apresentação do livro, o romance não estava polido, mas estava finalizado, os leitores vão ver. Não precisei acrescentar nenhuma palavra, é claro. Não preciso nem dizer que não acrescentei nada.

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - Que detalhes você pode contar sobre o processojogos que dá para jogaredição do livro? Que desafios você encontrou?

jogos que dá para jogar Pera - O maior desafio foi o respeito absoluto pela obrajogos que dá para jogarGarcía Márquez. É uma tarefajogos que dá para jogarimensa responsabilidade.

Felizmente tive a oportunidadejogos que dá para jogartrabalhar bastante lado a lado com ele, então conhecia muito bemjogos que dá para jogarobra, já havia trabalhado com elejogos que dá para jogarcorreções, sabia como ele trabalhava, e isso me ajudou.

O mais importante foi ler o manuscrito completo e ver que a história estava ali completa, acabada. Não havia nada a fazer ali para terminar, nem era preciso acrescentar uma frase ou um final, estava tudo lá.

Fiz o trabalhojogos que dá para jogareditor com o manuscrito que estavajogos que dá para jogardocumentojogos que dá para jogarWord, e a quinta versão que ele deixou impressa com muitas anotações feitas a mão nas margens, com alterações, com algo. É aíjogos que dá para jogarque baseio a edição para chegar ao texto final.

Bastava seguir as pistas que ele deixou para tomar a decisão de, por exemplo, deletar uma frase que estava riscada.

E depois, o que tive que fazer foram algumas mudanças que surgiram a partir da verificaçãojogos que dá para jogardados, como nomesjogos que dá para jogarautores mencionados, o trabalho normaljogos que dá para jogarum editor, e algumas questõesjogos que dá para jogarcoerência do próprio texto.

Cristóbal Pera com Gabriel García Márquez.

Crédito, Mónica Alonso

Legenda da foto, 'É uma tarefajogos que dá para jogarimensa responsabilidade', afirma Pera

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - O que você quer dizer com questõesjogos que dá para jogarcoerência?

jogos que dá para jogar Pera - Há alguns exemplos que menciono na nota do editor. No romance, a protagonista termina o último capítulo com 50 anos — então, fazendo as contas, no primeiro capítulo ela tem 46 anos.

A questão é que, no primeiro capítulo, ele descreve a protagonista como uma mulher que está perto da terceira idade, e ele mesmo marca essa frase e coloca nela um pontojogos que dá para jogarinterrogação. Obviamente, erajogos que dá para jogaruma versão inicial, e ele percebe que, claro, uma mulherjogos que dá para jogar46 anos não chega perto do que entendemos por terceira idade.

Ali, como editor, simplesmente interpretando aquela marcação, retiro essa referência à terceira idade, e o leitor não se confunde, porque ela é uma mulherjogos que dá para jogar46 anos.

Outro exemplo é que a protagonista conhece um homem no primeiro capítulo, e no último capítulo, anos depois, ela o reencontrajogos que dá para jogaruma ruajogos que dá para jogaruma cidade litorânea, e a princípio não o reconhece porque ele estavajogos que dá para jogarbigode, e ele não usava (bigode) quando o conheceu. E, no primeiro capítulo, o homem aparecejogos que dá para jogarbigode.

São questões puramentejogos que dá para jogarcoerência narrativa que ele teria vistojogos que dá para jogaruma revisão final. Assim, a menção ao bigode teve que ser retirada daquele primeiro capítulo para que a referência final fizesse sentido.

As minhas intervenções foram essas: seguir todas as suas marcações e simplesmente controlar a coerência narrativa das idades, da cronologia, dos nomes, etc., etc.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - O que este livro representa na literaturajogos que dá para jogarGarcía Márquez, e o que revela sobre o finaljogos que dá para jogarsua carreira?

jogos que dá para jogar Pera - Os leitores que vão julgar Em agosto nos vemos. Acredito que este romance encerra toda ajogos que dá para jogarnarrativa com chavejogos que dá para jogarouro. E acho que no fundo ele estava ciente disso.

É um romance com uma protagonista mulher, nunca havia tido umajogos que dá para jogarseus romances. E as mulheres são muito importantesjogos que dá para jogarseus romances, desde Cem Anosjogos que dá para jogarSolidão, ejogos que dá para jogartodas as suas histórias, mas nunca tiveram um papeljogos que dá para jogarprotagonista como ojogos que dá para jogarAna Magdalena Bach, que é uma mulher que decide explorarjogos que dá para jogarsexualidade ejogos que dá para jogarliberdade.

Isso gera conflitos nela, mas ela continua nesse caminho, embora seja uma mulher quejogos que dá para jogarteoria é feliz, e não teria razões objetivas para fazer isso.

Por isso, é um romance que seu próprio filho Rodrigo descreveu como feminista. Acho que este romance reorganiza toda a obrajogos que dá para jogarGarcía Márquez, e principalmente o papel da mulher nela, que depois deste romance deve ser reconsiderado. Acho que é por isso que é tão importante.

Depois, no seu estilo, na forma como é contado, se passajogos que dá para jogarum lugar ejogos que dá para jogaruma época não identificados, provavelmente nos anos 1980 ou 1990, na costa da Colômbia,jogos que dá para jogaruma ilha, mas não se sabe realmente. Ele não quer deixar marcas rígidasjogos que dá para jogaronde é, o que é uma novidade.

jogos que dá para jogar BBC News Mundo - É então uma obra que faz jus às demais...

jogos que dá para jogar Pera - Sem dúvida. Mas o que eu digo não vale nada, porque os leitores a partirjogos que dá para jogaragora vão poder julgar.

Só posso voltar ao momentojogos que dá para jogarque li pela primeira vez vários capítulos do romancejogos que dá para jogarvoz alta junto a ele. Naquele momento, o que pensei foi: Espero que um dia todos os leitoresjogos que dá para jogarGarcía Márquez possam desfrutar da obra-prima que tive o privilégiojogos que dá para jogarler pela primeira vez.