As buscas submarinas pelo primeiro meteoropixbet palmeirasfora do Sistema Solar :pixbet palmeiras

Crédito, Getty Images
O Oumuamua foi o primeiro visitante interestelar conhecido da Terra – um turista errante que pode ter viajado por cercapixbet palmeiras600 mil anos até chegar à nossa pequena esfera azul.
A jornadapixbet palmeirasLoeb para entender o cometa fez com que ele ganhasse um novo apelido – "o caçadorpixbet palmeirasalienígenaspixbet palmeirasHarvard" – um livro que se tornou best-seller e uma sériepixbet palmeirascríticas dos seus colegas cientistas.
Depois do cometa, Loeb decidiu pesquisar outras anomalias cósmicas. E suas pesquisas o levaram, com uma equipepixbet palmeirasestudantes universitários e um conveniente catálogo onlinepixbet palmeirasbolaspixbet palmeirasfogo detectadas ao redor da Terra, ao "IM1" – um estranho meteorito que explodiu sobre o Oceano Pacífico, às 3h05 (hora local) do dia 9pixbet palmeirasjaneiropixbet palmeiras2014.
Agora, Loeb acredita que tenha encontrado restos do intruso celestial. Seriam esses raros fragmentos, com cercapixbet palmeirasum terçopixbet palmeirasmilímetropixbet palmeirasdiâmetro, pedaçospixbet palmeirasum Sistema Solar distante? Teria ele realmente conseguido peneirá-los na vastidão das águas do Pacífico?
E, afinal, por que esta busca fascina tanto as pessoas?
Um duro lembrete
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É preciso partir do princípiopixbet palmeirasque nenhum ser humano já encontrou pessoalmente materialpixbet palmeirasfora do nosso Sistema Solar – pelo menos, que se saiba.
Mesmo depoispixbet palmeiras66 anospixbet palmeirasexploração espacial epixbet palmeirascentenaspixbet palmeirasmissões recolhendo amostras da Lua, do vento solar, dos asteroides e da baixa órbita da Terra – sem falar nos maispixbet palmeiras70 mil meteoritos que foram encontrados sobre a superfície do nosso planeta –, todos os fragmentos vindos do espaço e espalhados pelos museus do mundo são da nossa vizinhança cósmica.
O próprio visitante que matou os dinossauros ao colidir com a Terra 66 milhõespixbet palmeirasanos atrás, segundo se acredita, veio da Nuvempixbet palmeirasOort – uma massapixbet palmeirascometas no ponto mais distante do nosso Sistema Solar, que atira rochas na nossa direção regularmente.
"A comunidade científica do planeta reuniu um conjunto notávelpixbet palmeirasconhecimento sobre esses objetos, mas nunca conseguimos estudar materialpixbet palmeirasoutro Sistema Solar – os planetas e asteroides encontradospixbet palmeirasvoltapixbet palmeirasuma estrela distante", segundo Marc Fries, curadorpixbet palmeiraspoeira cósmica da Nasa.
"Sabemos que esses sistemas existem, mas nunca conseguimos estudá-los no laboratório."

Crédito, Abraham Loeb
Tudo o que sabemos sobre o espaço além do nosso Sistema Solar vem da observação dapixbet palmeirasluz, que percorreu pelo menos 40 trilhõespixbet palmeirasquilômetros – a distância até o sistema solar mais próximo, Alfa Centauri – até chegar ao nosso planeta.
O resto é uma sériepixbet palmeirassuposições fundamentadas, com base na física e na química das nossas próprias vizinhanças. Podemos apenas imaginar os compostos exóticos que compõem aqueles locais remotos no espaço.
Pelo menos, por enquanto.
Evento raro
Inicialmente, o IM1 era apenas um conjuntopixbet palmeirasnúmerospixbet palmeirasum bancopixbet palmeirasdados online, marcado como CNEOS 2014-01-08.
O espaço é observado continuamente pelos cercapixbet palmeiras10 mil astrônomos profissionais que existem na Terra, alémpixbet palmeirasmilharespixbet palmeirasentusiastas amadores. Mesmo assim, os meteoritos são facilmente perdidos.
O céu é simplesmente grande demais para ser completamente monitorado todo o tempo – e a maioria dos telescópios não tem sensibilidade suficiente para detectar objetos pequenos.
Por isso, quando o IM1 atingiu a Terra, ninguém percebeu. O único registro dapixbet palmeirasexistência veio do governo dos Estados Unidos. Seus sensores registrarampixbet palmeirastrajetória, velocidade e altitude enquanto riscava a atmosfera sobre o Oceano Atlântico, pertopixbet palmeirasPortugal.
Outros detalhes, se existirem, estãopixbet palmeirasdocumentos confidenciais – não porque fosse um óvni, mas porquepixbet palmeirasdivulgação traria grandes revelações sobre as capacidades do equipamento militar que o descobriu.
Mas os detalhes do bancopixbet palmeirasdados foram suficientes para despertar o interessepixbet palmeirasLoeb. Em primeiro lugar, o IM1 se chocoupixbet palmeirasvelocidade excepcional.
Todas as estrelas da Via Láctea se movempixbet palmeirasórbita gradualpixbet palmeirastorno do seu centro – embora, no caso do nosso Sol, uma única revolução possa levar cercapixbet palmeiras230 milhõespixbet palmeirasanos. E, à medida que viajam, elas carregam todos os seus sistemas com elas.
Isso significa que qualquer objeto que entre no nosso Sistema Solar já trará a velocidade definida pelapixbet palmeirasprópria estrela – e, à medida que se aproximar da força gravitacional do Sol, ele irá “cair”pixbet palmeirasdireção à nossa estrela, aumentandopixbet palmeirasvelocidade ainda mais.
O resultado, segundo os cientistas, é que os meteoritos interestelares devem se mover com maior rapidez do que o normal.
A análisepixbet palmeirasLoeb sugere que não só o IM1 estava se movendo com mais rapidez que o nosso próprio Sistema Solar, mas também viajava mais rápido do que 95% das estrelas próximas. Ele acredita que isso indique ele era um objeto interestelar.
Mas, mesmo incluindo esta variável na equação, não sabemos ao certo como o objeto atingiu esse impulso.
Em segundo lugar, o meteorito era extremamente resistente. Em vezpixbet palmeirasse partir na atmosfera superior da Terra, o IM1 sobreviveu até atingir a atmosfera inferior.
Sua composição exata permanece um mistério, mas ele era muito mais resistente do que o aço.

Crédito, Getty Images
"Achamos que apixbet palmeirasresistência material deve ser pelo menos algumas vezes maior do que todas as outras 272 rochas espaciais [incluídas na época] no mesmo catálogo", afirmou Loebpixbet palmeirasentrevista à BBC duas semanas antes do início da expedição.
Em conjunto com um colegapixbet palmeirasHarvard, Loeb calculou, com 99,999%pixbet palmeirascerteza, que o IM1 era um visitante interestelar. Ele seria então apenas o terceiro já descoberto, depois do cometa 2I/Borisov,pixbet palmeirasagostopixbet palmeiras2019, e do Oumuamua. A diferença é que o IM1 teria caído dentro do nosso alcance.
Mas surgiu um problema. Quando a equipe redigiu suas descobertas, o estudo foi inicialmente rejeitado para publicaçãopixbet palmeirasuma revista científica. Um dos motivos foi porque os especialistas que o analisaram sentiram que precisavampixbet palmeirasmais detalhes.
Com a necessidadepixbet palmeirasacesso urgente a documentos confidenciais, a missãopixbet palmeirasLoeb foi suspensa. Até que, depoispixbet palmeirasanospixbet palmeiraspedidos à Casa Brancapixbet palmeirasbuscapixbet palmeirasmais informações, a Nasa recebeu uma carta no início deste ano.
Assinada pelo Tenente-General das Forças Espaciais americanas e com o carimbo azul do Departamentopixbet palmeirasDefesa dos Estados Unidos, a carta confirmou que eles haviam verificado o trabalhopixbet palmeirasLoeb com o cientista-chefe do Comandopixbet palmeirasOperações Espaciais, confirmando que ele era "suficientemente preciso" para indicar que o meteoro misterioso veio do espaço interestelar.
"Foi realmente incomum que o Departamentopixbet palmeirasDefesa viessepixbet palmeirasmeu auxílio, por assim dizer", afirmou Loeb.
Alguns cientistas da Nasa ainda não estão convencidos.
"O estudopixbet palmeirasobjetos espaciais revolucionou a nossa compreensão da história do nosso Sistema Solar e, se pudéssemos fazer os mesmos estudospixbet palmeirasobjetos espaciaispixbet palmeirasoutro [sistema]... começaríamos a caminhar pela estrada rumo a um nível similarpixbet palmeirascompreensão daquele sistema distante", afirma Fries.
Mas afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias – e ele aconselha ter cautela.
"Atualmente, não está claramente demonstrado que este corpo tem origem interestelar e,pixbet palmeirasfato, um especialistapixbet palmeirasmeteoroides fez uma apresentação [...] na conferência Asteroides, Cometas e Meteoros 2023 [em junho], demonstrando que a melhor explicação para o 'IM1' pode ser apixbet palmeirasum meteoroide rochoso razoavelmente comum do nosso próprio Sistema Solar", afirma Fries.
Ele também explica que é importante considerarpixbet palmeirasonde vieram os dados sobre a trajetória do IM1 – provavelmente,pixbet palmeirasum conjuntopixbet palmeirassensores construído para observar explosões nucleares. Eles não teriam sido projetados para realizar as mediçõespixbet palmeirasalta precisão da velocidadepixbet palmeirasmeteoros, segundo Fries.
E, como os detalhes permanecem secretos, ele afirma que é impossível uma análise rigorosa dos dados por outros pesquisadores.
Dois outros cientistas consultados pela BBC recusaram-se a comentar porque não queriam ser associados às afirmaçõespixbet palmeirasLoeb.
Mas, se o IM1 realmente tinha as características reveladas por Loeb, surgem diversas questões para as quais ainda não temos resposta. De que ele poderia consistir? E como ele acabou viajando com tanta rapidez?
As explicações variampixbet palmeirasraciocínios relativamente lógicos (como a ideiapixbet palmeirasque ele teria se originadopixbet palmeirasuma supernova, a explosãopixbet palmeirasuma enorme estrela distante) até o evidente absurdo.
Loeb atreveu-se a propor que o meteoro poderia representar a tecnologiapixbet palmeirasuma civilização alienígena. Esta especulação atraiu ainda menos apoio.
O professor eméritopixbet palmeirasciências astrofísicas David Spergel, da Universidadepixbet palmeirasPrinceton, nos Estados Unidos, atualmente chefia o estudo independente da Nasa sobre fenômenos anômalos não identificados (UAPs, na siglapixbet palmeirasinglês). Ele concorda que o IM1 era um objeto curioso, mas afirma que isso não significa que ele tenha sido produzido por extraterrestres inteligentes.
"Ele irá nos mostrar algo sobre como se processa a formação dos planetas", afirma Spergel. Mas ele acredita que, muito provavelmente, o IM1 é uma rochapixbet palmeirasfora do nosso Sistema Solar.
"Sabe, acho que este é um exemplopixbet palmeirasestudo interessante e que Avi ficou motivado a estudar uma região do perímetro do espaço para onde as pessoas não haviam olhado", afirma ele.
"Não vejo razão para pensar que isso represente tecnologia alienígenapixbet palmeirasvez de, sabe, um asteroide que atingiu a Terra."
Bem, só existe uma formapixbet palmeirasdescobrirmos.

Crédito, Abraham Loeb
Busca arrojada
A equipepixbet palmeirasbusca do meteoropixbet palmeirasLoeb embarcou no navio Silver Starpixbet palmeiras14pixbet palmeirasjunho e logo chegou a um trechopixbet palmeirasoceano azul profundo a cercapixbet palmeiras84 kmpixbet palmeirasdistância da costa tropical da ilhapixbet palmeirasManus,pixbet palmeirasPapua-Nova Guiné.
Foi ali que, utilizando uma combinaçãopixbet palmeirasdados militares americanos e leituras sismológicas locais, Loeb calculou que os fragmentos do meteorito devem ter atingido o nosso planeta.
Armados com seu "gancho interestelar" e maispixbet palmeirasUS$ 1 milhão (cercapixbet palmeirasR$ 4,8 milhões)pixbet palmeirasfinanciamento do fundador da companhiapixbet palmeirascriptomoedas Cardano, a equipe começou a jornada coletando amostraspixbet palmeirascontrolepixbet palmeirasfora dapixbet palmeirasáreapixbet palmeirasbusca, que são utilizadas para comparação com os fragmentos do IM1.
O gancho é projetado como um trenó subaquático e rebocado pelo navio por uma longa corda. Ele pode retirar amostraspixbet palmeiraspossíveis fragmentos do meteoro, usando os pontos napixbet palmeirassuperfície, que são ímãs poderosos, ou com redespixbet palmeirascoleta menos inteligentes.
Este processo é fundamental, pois o que Loeb epixbet palmeirasequipe esperam descobrir, alémpixbet palmeirasum grande pedaçopixbet palmeirasfragmento, são esférulas. Estas minúsculas esferaspixbet palmeirasvidro ou metal, muitas vezes com cercapixbet palmeiras1 mmpixbet palmeirasdiâmetro, formam-se na chama incandescente quando os meteoritos ou asteroides explodem. Elas já foram encontradaspixbet palmeiraslocaispixbet palmeirasimpactopixbet palmeirastodo o mundo.
Em 2022, cientistas do sítio arqueológicopixbet palmeirasTanis, no Estado americanopixbet palmeirasDakota do Norte, anunciaram a descobertapixbet palmeirasminúsculas partículas similares no interiorpixbet palmeiraspeixes fossilizados. Acredita-se que muitos dinossauros e outros animais tenham ficado sepultados naquele local, no dia do impacto fatal do asteroide que pôs fim à era dos enormes répteis.
Em Tanis, as esférulas foram encontradas ainda nas brânquias dos animais, por onde eles respiravam 66 milhõespixbet palmeirasanos atrás.
Mesmo depoispixbet palmeirasquase uma década após a queda dos fragmentos do meteoro no Oceano Pacífico, Loeb está confiantepixbet palmeirasque pelo menos algumas dessas esférulas ainda estejam escondidas no fundo do mar. E, se o IM1 continha algum material magnético como ferro (que costuma ser encontradopixbet palmeirasmeteoritos), a ideia é que algumas dessas minúsculas partículas podem ter ficado magnetizadas.
Algumas indicações
Inicialmente, a equipe encontrou um emaranhadopixbet palmeirasfragmentos oceânicos diversos – uma combinaçãopixbet palmeirasmateriais naturais e resíduospixbet palmeirasorigem humana, após milêniospixbet palmeirasguerras e comércio.
Eles encontraram fios, misteriosos resíduos metálicos e até minúsculas esferas. Mas, depoispixbet palmeirasinvestigados, comprovou-se que todos têm origem humana ou biológica.
A equipe ajustou a áreapixbet palmeirasbusca e considerou a possibilidadepixbet palmeirasmudar para o métodopixbet palmeirascoleta não magnética. Talvez o meteoro não fosse feitopixbet palmeirasmetal, afinal?
Até que, no dia 21pixbet palmeirasjunho, eles finalmente tiveram alguma sorte. Loeb informou no seu blog sobre a expedição que um membro da equipe desceu correndo as escadas para informá-lopixbet palmeirasque eles tinham uma esférula – uma pérola metálica minúscula, nas palavras dele, com cercapixbet palmeiras0,3 mmpixbet palmeirasdiâmetro.
Logo se percebeu que aquela era uma dentre várias esférulas e era composta principalmentepixbet palmeirasferro, magnésio e titânio. Loeb observa que esta é uma combinação incomum, tantopixbet palmeirasobjetos feitos pelo homem quantopixbet palmeirasmeteoritos.
Seria este o primeiro contato entre os seres humanos e um materialpixbet palmeirasfora do nosso Sistema Solar?
Mesmo com as esférulas, a equipepixbet palmeirasLoeb está muito longepixbet palmeirasdeterminarpixbet palmeirasligação com o IM1.
“Esférulas metálicas minúsculas são extremamente comuns na Terra”, afirma Fries. “Elas vêm do escapamento dos automóveis, freiospixbet palmeirasveículos, soldas, vulcões e, provavelmente,pixbet palmeirasoutras fontes que não identificamos.”
Fries explica que existem algumas indicações que podem sugerir que elas vieram do espaço, incluindo um óxidopixbet palmeirasferro chamado wustita e a presençapixbet palmeirasníquel e certos isótopos.
E, mesmo que se confirme que a origem das esférulas está além dos processos cotidianos da Terra, é possível que elas não tenham vindo do IM1. Acredita-se que cercapixbet palmeiras500 meteoritos atinjam a Terra todos os anos,pixbet palmeirasforma que esses fragmentos podem ter vindopixbet palmeirasalgum outro impacto.
Loeb permanece otimista. A equipe planeja levar as esférulas para o Observatório da Faculdade Harvard e utilizar espectrometria para identificar seus isótopos. Analisando suas proporçõespixbet palmeirasrelação a outros meteoritos, Loeb espera verificar se o IM1 realmente erapixbet palmeirasorigem interestelar. Alternativamente, ele sugere que poderá confirmar que eles não foram formados, mas sim fabricados, possivelmente por alienígenas inteligentes.
Em qualquer dos casos, Loeb acredita que não fará mal verificar. E, neste ponto, até Fries estápixbet palmeirasacordo, desde que seja seguido o procedimento científico correto.
“A ciência é maravilhosa porque é uma das instituições humanas que mais perdoam”, afirma ele.
“Qualquer cientista pode propor qualquer hipótese e qualquer outro cientista pode testar aquela hipótese... todos sempre aprendem algopixbet palmeirasnovo e é feito progressopixbet palmeirasdireção à verdade sobre a questão... Veremos como isso se processa neste caso específico.”
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.