Bolsa Família, 20 anos: 'Meus pais foram beneficiários, hoje sou engenheirocashback bet365software':cashback bet365

 Dener Silva Mirandacashback bet365frente ao logotipo da Universidadecashback bet365Dundee, na Escócia, onde ele estudou pelo programa Ciência Sem Fronteiras

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Dener Silva Mirandacashback bet365frente ao logotipo da Universidadecashback bet365Dundee, na Escócia, onde ele estudou pelo programa Ciência Sem Fronteiras

Dener e a irmã fazem parte do grupocashback bet365"filhos do Bolsa Família" que conseguiu deixar o programa na vida adulta. A BBC News Brasil ouviu também a experiênciacashback bet365quem precisou voltar a receber o benefício.

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As trajetórias dessas famílias sugerem que a saída permanente da pobreza depende da combinação da transferênciacashback bet365renda com uma sériecashback bet365fatores, incluindo um conjunto maiorcashback bet365políticas públicas.

Avós analfabetos, pais no Bolsa Família, filhos na universidade

"Dos meus avós, só um foi alfabetizado. Minha mãe estudou até a quarta série e meu pai nunca concluiu o ensino médio", conta Dener.

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Uma toneladacashback bet365cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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A pernambucana Luzinete e o maranhense Francisco foram para São Paulo nos anos 1980, lembra o filho do casal.

"Eles foram naquela última grande levacashback bet365imigrantes nordestinos – minha mãe, aos 15 anos, para ser empregada doméstica. E meu pai um pouco mais tarde, aos 18 anos, e foi lixeiro, porteiro, mecânico e operário industrial, mas sempre com vontadecashback bet365voltar ao Nordeste."

Depoiscashback bet365uma primeira tentativa fracassada, Luzinete e Francisco se instalaramcashback bet365Parnaíba, no Piauí, no fim dos anos 1990, ela para trabalhar como cabeleireira e ele, como mecânicocashback bet365motos.

"Minha mãe cortava cabelo e cobrava R$ 2 por corte, mas tinha dia que cortava três, quatro cabelos, e tinha dia que não cortava nenhum, então não tinha uma estabilidadecashback bet365renda", lembra Dener, observando que a situação do pai, como mecânico autônomo, era similar.

"Foi quando surgiu o Bolsa Escola, alicashback bet3652001, e a gente começou a receber esse benefício, que na época eracashback bet365R$ 15", recorda.

Criado durante o segundo mandatocashback bet365Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o valor do benefício do Bolsa Escola era pago por criança entre 6 e 15 anos (até um máximocashback bet365R$ 45), às famílias com renda abaixocashback bet365R$ 90 por pessoa, com a contrapartidacashback bet365manutenção das crianças na escola.

Em 2003, logo no início do primeiro mandatocashback bet365Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a família passou a receber o Bolsa Família, lembra Dener.

Mão feminina segurando um cartão do Bolsa Família e cédulascashback bet365dinheiro

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, 'O Bolsa Família deu para a nossa família uma estabilidade, pelo menos para o básico do básico', diz Dener

O Bolsa Família reuniu num só benefício quatro programascashback bet365transferênciacashback bet365renda do governo FHC (Bolsa Escola, Vale Gás, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação). Inicialmente, o programa previa um benefício básicocashback bet365R$ 50 para famílias com renda por pessoacashback bet365até R$ 50 e um benefício variávelcashback bet365R$ 15 (também até um limitecashback bet365R$ 45) para famílias com crianças com renda per capita até R$ 100.

"O Bolsa Família deu para a nossa família, naquele tempo, uma estabilidade, pelo menos para o básico do básico. Não salvava o mundo, obviamente, mas você sabia que tinha aquilo ali, que você ia receber e ir mantendo as coisas girando", diz o filhocashback bet365beneficiários.

Mas a vida não era fácil. Dener lembra, por exemplo, que nessa época recebeu uma bolsa parcial para estudarcashback bet365uma escola privada, mas não havia dinheiro para o lanche.

"Eu ficava com vergonha, e minha mãe usava o dinheiro do Bolsa Família para pagar parte da mensalidade da escola. Acho que era R$ 50 à época, mas eu sentia que esse dinheiro fazia falta", conta o hoje engenheirocashback bet365software.

"Então pedi para eles me colocarem na escola pública, porque isso resolveria dois problemas – eles ficariam com o dinheiro e a escola pública tinha merenda, então eu não ia mais ter esse problemacashback bet365ficar com fome às vezes durante as aulas."

A 'grande virada'

Assim, Dener estudou a maior parte do ensino fundamentalcashback bet365escola pública.

Já a irmã mais nova, Vitória, num momentocashback bet365que a vida da família já estava um pouco melhor, estudou no Sesi (Serviço Social da Indústria) ecashback bet365escolas particularescashback bet365Parnaíba.

Dener e Vitória

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Dener e Vitória são a primeira geração da família a cursar ensino superior

"Recebemos o Bolsa Família até 2006 ou 2007, daí o Brasil começou a dar aquela melhora econômica, a atividade aquicashback bet365Parnaíba melhorou bastante e meus pais começaram a melhorarcashback bet365vida."

Dener conta que lembra quando a assistente social visitou a casa da família na época da renovação do benefício, ecashback bet365mãe disse a ela que não precisaria mais do auxílio.

Mas, segundo ele, a "grande virada" para a família veio quando o pai se tornou professorcashback bet365mecânicacashback bet365motos do Pronatec, programacashback bet365estímulo ao ensino técnico criado durante o primeiro mandatocashback bet365Dilma Rousseff (PT).

Em 2007, Dener começou a estudar numa escola técnica estadual e depois foi inaugurado o Instituto Federal do Piauícashback bet365Parnaíba, onde ele também foi aluno e bolsista, e teve acesso a professorescashback bet365programação com mestrado e doutorado.

Com a expansão das universidades públicas, ele foi o primeiro da família ir para a faculdade, estudando Ciência da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC), e teve a experiênciacashback bet365ser bolsista no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras.

Aos 23 anos, pouco mais do que a idade do programa Bolsa Família, Vitória segue o mesmo caminho, estudando Medicinacashback bet365São Paulo graças a uma bolsa do Fies.

"Eu sempre gostocashback bet365pontuar uma coisa: o Bolsa Família não veio sozinho, ele foi apenas uma das ferramentas empregadas na época", diz Dener. "Então se você olha o programacashback bet365transferênciacashback bet365renda e pensa que apenas ele resolve a situação, não resolve. Porque a transformação social e a saída da pobreza crônica exigem investimentocashback bet365educação,cashback bet365infraestrutura,cashback bet365várias áreas."

Dener ao lado dos pais Francisco e Luzinete e da irmã Vitória, nacashback bet365formatura na UFC

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'A transformação social e a saída da pobreza crônica exigem investimentocashback bet365educação,cashback bet365infraestrutura,cashback bet365várias áreas', diz Dener — na foto, ao lado dos pais Francisco e Luzinete e da irmã Vitória, nacashback bet365formatura na UFC

'Bolsa Família sozinho não é suficiente'

O que Dener conclui a partir da trajetóriacashback bet365sua família, o Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), fundado pelos economistas Armínio Fraga e Paulo Tafner, constatoucashback bet365uma sériecashback bet365estudos sobre o destino dos filhoscashback bet365beneficiários do Bolsa Família publicados no ano passado e neste ano.

Esses estudos mostram que 64% dos beneficiários dependentescashback bet3657 a 16 anos do programa Bolsa Famíliacashback bet3652005 não se encontravam mais no Cadastro Único 14 anos depois,cashback bet3652019. Naquele ano, essas pessoas tinham entre 21 e 30 anos.

Da parcela que permanecia no Cadastro Único (registro do governo das famíliascashback bet365baixa renda do país), 20% continuavam recebendo o Bolsa Família no início da vida adulta, enquanto outros 14% constavam do cadastro, mas não recebiam o benefício – ou seja, conjunturalmente estavam acima da "linhacashback bet365pobreza", mas ainda sob riscocashback bet365voltar a ela a qualquer momento.

Os dados revelam que a críticacashback bet365que o Bolsa Família criaria dependência para as famílias beneficiárias não se sustenta na prática, com a maioria encontrando a "portacashback bet365saída".

Gráfico mostra situação dos beneficiários dependentescashback bet3657 a 16 anos do Bolsa Famíliacashback bet3652005, após 14 anos

Os estudos também mostram que 45% desses jovens acessaram o mercadocashback bet365trabalho formal pelo menos uma vez entre 2015 e 2019, com esse acesso sendo mais frequente entre homens (51%) do que mulheres (39%) e entre brancos (55%) do que negros (45%) ou indígenas (31%).

O nívelcashback bet365escolaridade dos pais também influencia, com o acesso ao mercadocashback bet365trabalho mais frequente entre os filhoscashback bet365pais com ensino médio completo (51%), do que entre aqueles com pais com os anos iniciais do ensino fundamental incompletos (38%), por exemplo.

"A taxacashback bet365saída do Cadastro Único nos leva a entender que as condicionalidades do programa surtiram efeito, ou seja, a manutenção da criança na escola e os cuidados comcashback bet365saúde permitiram que essas crianças acumulassem capital humano que lhes garantisse um emprego formal que lhes tirasse da pobreza, embora um choque como a pandemia possa jogá-los novamente nessa condição", observa Paulo Tafner, diretor-presidente do IMDS.

É um bom resultado, observa o economista, mas há determinantes que facilitam que as crianças beneficiárias consigam alcançar um emprego formal com uma renda suficiente para tirá-las da pobreza na vida adulta.

Alunoscashback bet365escolacashback bet365tempo integral no Recife

Crédito, Sumaia Vilela/Agência Brasil

Legenda da foto, 'Crianças beneficiáriascashback bet365municípios com melhor infraestrutura – com boa ofertacashback bet365escolas, equipamentos públicos como praças, bibliotecas, centroscashback bet365saúde – têm probabilidadecashback bet365sair da pobreza maior', diz Paulo Tafner, do IMDS

Um desses elementos são as condições locaiscashback bet365onde estão essas crianças.

"As crianças beneficiáriascashback bet365municípios com melhor infraestrutura – com boa ofertacashback bet365escolas, equipamentos públicos como praças, bibliotecas, centroscashback bet365saúde – têm probabilidadecashback bet365sair da pobreza bem maior."

Outro fator são as condições familiares. Os "filhos do Bolsa Família"cashback bet365famílias chefiadas por mulheres sem a presença masculina têm desempenho pior,cashback bet365relação aos filhoscashback bet365famílias com dois adultos. Isso acontece pois as mães sozinhas têm uma renda mais baixa e maior dificuldadecashback bet365conseguir empregos que garantam a elas uma autonomia e permita-lhes investir nos filhos.

"Se há boas pré-condições, que permitam a ascensão dessa criança e, além disso, você amplia as possibilidadescashback bet365formação superior dela quando jovem adulto, isso amplia o horizonte dessas crianças. São políticas que vão muito além do Bolsa Família, complementares", diz Tafner.

"O Bolsa Famíliacashback bet365si tem um méritocashback bet365aliviar a pobreza no curto prazo, mas ele sozinho não é suficiente para tirar a criança do ciclo da pobreza, são necessárias outras políticas públicas."

De volta ao Bolsa Família na vida adulta

Roberto Calvelo,cashback bet36523 anos, é parte do outro grupocashback bet365"filhos do Bolsa Família" da primeira geração: aqueles que continuam como beneficiários do programa no início da vida adulta.

Roberto conta que foi a única testemunha ocular do assassinato do pai, quando tinha quatro anos. O crime aconteceu na porta da casa da família, na entrada da favela da Tieta, região centralcashback bet365Fortaleza, no Ceará.

Roberto Calvelo

Crédito, Jarbas Oliveira

Legenda da foto, Roberto testemunhou o assassinato do pai aos quatro anos e foi criado junto ao irmão apenas pela mãe, que cuidava ainda do avô com problemascashback bet365saúde

"Minha infância foi bem complicada por essa questão do meu pai, que partiucashback bet365maneira trágica quando eu era muito pequeno", lembra ele.

Após a morte do pai, a mãe ficou responsável pela criação dos dois filhos e pelos cuidados com o avôcashback bet365Roberto, um idoso com a saúde debilitada após alguns AVCs (acidentes vasculares cerebrais).

"Minha mãe, por conta dessa situação do meu avô, nunca conseguiu trabalhar foracashback bet365casa, e acabou se privandocashback bet365muitas coisas da vida", afirma, lembrando ainda que a mãe engravidou do primeiro filho – o irmão mais velhocashback bet365Roberto, hoje policial militar – aos 17 anos.

Nesse cenário, a renda da famíliacashback bet365quatro pessoas era composta à época apenas da aposentadoria do avô,cashback bet365grande parte destinada à compracashback bet365remédios para o idoso, e do Bolsa Família.

"Eu pequeno, não tinha essa perspectiva da importância do programa. Eu sabia que aquilo ajudava a gente, que tinha o diacashback bet365ir na Caixa sacar, mas o impacto desse dinheiro eu só fui perceber com o decorrer do tempo, quando vi que minha mãe tirava uma parte do valor para pagar o curso."

O curso eracashback bet365técnicacashback bet365enfermagem, profissão que a mãecashback bet365Roberto exerce até hoje.

Roberto e a mãe Andrea

Crédito, Jarbas Oliveira

Legenda da foto, 'O Bolsa Família deu uma profissão à minha mãe', diz Roberto — na foto, ao ladocashback bet365Andrea, que usou parte do valor do programa para pagar cursocashback bet365técnicacashback bet365enfermagem, profissão que exerce até hoje

"O Bolsa Família deu uma profissão à minha mãe", resume o jovem, lembrando que a primeira vez que ele comeu pizza na vida também foi com o dinheiro do programa.

"Eu não consigo imaginar o que seria [de nós] sem aquela ajuda que muitos chamamcashback bet365'esmola'. Para quem recebe uma grana, o valor é pequeno, mas para nós foi determinante para minha mãe ter a profissão que tem até hoje."

A família deixou o Bolsa Família quando a mãecashback bet365Roberto passou a trabalharcashback bet365madrugada como cozinheira num albergue da prefeitura, enquanto durante o dia terminava o curso. Em 2013, desempregada ecashback bet365meio a um relacionamento abusivo, ela acabou voltando ao programa, mas conseguiu sair novamente ao voltar a trabalharcashback bet365hospital, seguindo fora do programa até hoje.

Com a melhoracashback bet365vida da mãe, Roberto e o irmão foram a primeira geração da família a entrar no ensino superior – assim como Dener e Vitória, no Piauí.

O irmão mais velhocashback bet365Roberto cursou Filosofia na UFC, fez pós-graduação e chegou a começar uma segunda graduaçãocashback bet365Letras, até passar num concurso para a Polícia Militarcashback bet365Alagoas, onde atualmente é tenente.

Já Roberto começou uma graduaçãocashback bet365Administração numa universidade privada, mas acabou trancando o curso no quinto semestre.

Ainda no ensino médio, ele começou a trabalhar como bancário e seguiu trabalhando no setor financeiro até ficar recentemente desempregado. Casado, paicashback bet365duas filhas e até há pouco morando com os sogros, viucashback bet365família novamente dependendo do Bolsa Família na vida adulta.

Roberto, a mãe Andrea, a esposa Aline e uma das filhas

Crédito, Jarbas Oliveira

Legenda da foto, 'Faço um paralelo entre a minha história e a do Brasil – da mesma forma que, junto com o Brasil, a gente saiu da fome e da miséria, a gente junto com o Brasil também voltou', diz Roberto

"A ideia do programa era que as pessoas utilizassem, ascendessem e saíssem, e issocashback bet365fato aconteceu com muita gente – eu puder ver isso acontecer com a minha família. Mas faço um paralelo entre a minha história e a do Brasil – da mesma forma que, junto com o Brasil, a gente saiu da fome e desse processocashback bet365miséria, a gente junto com o Brasil também voltou", diz Roberto.

"Acho que essas idas e vindas têm muito mais a ver com a situação política do país do que com o sucesso ou não do programa. Mas o aumento do valor [para R$ 600 mais benefícios variáveis] tem sido uma mão na roda."

Como tornar o Bolsa Família mais efetivocashback bet365tirar famílias da pobreza

Para Laura Müller Machado, professora do Insper e ex-secretáriacashback bet365Desenvolvimento Social do Estadocashback bet365São Paulo, casos como ocashback bet365Roberto, um "filho do Bolsa Família" que se viucashback bet365volta ao programa na vida adulta num momentocashback bet365desemprego, não denotam um "fracasso" do auxílio.

"Sempre vai ser necessário um programacashback bet365assistênciacashback bet365renda focalizado para quem mais precisa, é normal as pessoas precisarem [do benefício]cashback bet365caráter temporário ao longo da vida."

Machado lembra ainda que o valorcashback bet365R$ 175 bilhões atualmente destinado ao programa é sem precedentes na história, vindocashback bet365um orçamento que antes eracashback bet365cercacashback bet365R$ 30 bilhões.

"Agora,cashback bet365diversos outros aspectos, eu acho que andamos para trás", avalia a pesquisadora, sobre o novo desenho do programa após seu relançamento, depois do breve hiatocashback bet365que a transferência condicionadacashback bet365renda tornou-se "Auxílio Brasil" sob o governocashback bet365Jair Bolsonaro (PL).

Lula durante cerimôniacashback bet365lançamento do novo Bolsa Famíliacashback bet365marçocashback bet3652023

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Valorcashback bet365R$ 175 bilhões atualmente destinado ao programa é sem precedentes na história, observa Laura Müller Machado, do Insper

Para a economista, o Bolsa Família nunca teve a preocupaçãocashback bet365auxiliar as famílias na buscacashback bet365sua autonomia. Isso envolveria essas famílias terem um planocashback bet365acompanhamento para superação da pobreza, defende a pesquisadora, que escreveu um estudo sobre issocashback bet365coautoria com um dos "pais do Bolsa Família", o também economista Ricardo Paescashback bet365Barros.

"As pessoas que deixaram o programa, como mostram as pesquisas, conseguiram por conta própria, mas o Bolsa Família não é orientado para tal. Então precisaríamos, junto à transferência, fazer algo como o Chile e o Paraná já fazem, que é ter uma orientação para a superação da vulnerabilidade."

Machado também avalia que, ao determinar uma transferênciacashback bet365R$ 600 para todos, sem considerar o que a família já recebe através do trabalho, o Bolsa Família atualmente tem um resultado desigual para as famílias.

Além disso, com a faixacashback bet365cortecashback bet365rendacashback bet365R$ 218 por pessoa para ser elegível ao programa, uma família que recebe R$ 216 por pessoa tem direito ao benefíciocashback bet365R$ 600, mas uma que recebe R$ 219 não teria direito a nada – outro fatorcashback bet365desigualdade.

Para corrigir essas distorções, Machado defende um modelo similar ao do Benefíciocashback bet365Superação da Pobreza da época do governo Dilma Rousseff, que previa a complementaçãocashback bet365renda das famílias até um certo patamar.

Essa seria também, na visão da pesquisadora, uma formacashback bet365incentivar mais beneficiários a trabalhar, já que o afastamento do mercadocashback bet365trabalho por períodos longos gera impactos negativoscashback bet365longo prazo.

Uma mudança feita nesse sentido na nova versão do Bolsa Família foi a introdução da chamada Regracashback bet365Proteção, que estabelece que, mesmo elevando a renda a partir da conquistacashback bet365um emprego, ou pelo empreendedorismo, a família beneficiária não precise deixar imediatamente o programa.

Em julho deste ano, por exemplo, das 20,9 milhõescashback bet365famílias atendidas pelo Bolsa Família, 2,18 milhões estavam na Regracashback bet365Proteção, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Machado também defende uma melhor focalização do programa nas famílias com crianças e o pagamentocashback bet365um bônus para as famílias que se engajassem no programacashback bet365superação da pobreza por ela defendido.

Meninos brincandocashback bet365gira-gira próximos a edifícioscashback bet365conjunto habitacional popular

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil

Legenda da foto, Machado defende uma melhor focalização do novo Bolsa Família nas famílias com crianças

"Hoje o programa desincentiva a pessoa a declarar uma renda do trabalho – se ela declara, pode perder o benefício inteiro. Então precisamos que isso mude e que essas famílias sejam acompanhadas com um plano claro", afirma, defendendo um uso mais intensivocashback bet365tecnologia no processocashback bet365cadastrocashback bet365beneficiários, para liberar as assistentes sociais para esse acompanhamento.

É preciso visitar as famílias e entender os motivos da pobreza, diz Machado.

"Tem mãe que não tem creche, têm famílias que não conseguem trabalhar porque têm um idoso que requer cuidado integral, têm pessoascashback bet365mais idade cuja profissão desapareceu e elas precisamcashback bet365uma nova qualificação, ou às vezes a questão é apenas precisarcashback bet365um emprego", enumera a pesquisadora.

"Tem que ter alguém que avalie o problema e desenhe uma solução, conectando essa família com os serviços públicos e a sociedade."

Já Roberto, o "filho do Bolsa Família" que voltou a depender do benefício na vida adulta, avalia que o programa hoje está muito melhor do que no passado, e defende outro caminho para a melhoria do auxílio.

"O ideal seria uma renda básica", afirma, citando a proposta – historicamente defendida no Brasil pelo deputado petista Eduardo Suplicy –cashback bet365um pagamento periódicocashback bet365dinheiro feito pelo governo para todas as pessoas, independentemente do nívelcashback bet365renda ou do cumprimentocashback bet365contrapartidas, com objetivocashback bet365garantir um nívelcashback bet365vida mínimo a todos os residentes do país.

"Defendo um programacashback bet365renda básica extensiva, que dialogasse mais ainda com a população e trabalhasse o preconceito das pessoas, porque hoje há muito preconceito com quem é usuário do Bolsa Família."

Com a colaboraçãocashback bet365Caroline Souza e da equipecashback bet365Jornalismo Visual da BBC.