Sarampo: por que Brasil não tem casos enquanto mortes aumentam no mundo?:aposta esporte da sorte
A situação epidêmica fez a Agênciaaposta esporte da sorteSegurançaaposta esporte da sorteSaúde do Reino Unido classificar o sarampo como um "incidente nacional".
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Mas o que explica essa diferença?
E o que o Brasil precisa fazer (ou continuar fazendo) para evitar que a situação do sarampo também piore no país?
O que acontece na Europa
Em dezembro do ano passado, o escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa classificou o aumentoaposta esporte da sortecasosaposta esporte da sortesarampo no continente como "alarmante".
Em 2023, essa região registrou 42,2 mil novas infecções por este vírus. No ano anterior, haviam sido menosaposta esporte da sortemil casos.
A OMS aponta que a taxaaposta esporte da sortenovos pacientes acelerou recentemente — e deve continuar a subir se "medidas urgentes não forem tomadas para prevenir o espalhamento futuro".
Como citado no início da reportagem, a Agênciaaposta esporte da sorteSegurançaaposta esporte da sorteSaúde do Reino Unido classificou a emergência do sarampo como um "incidente nacional".
Um artigo publicado pelo periódico acadêmico Nature relaciona este cenário à queda nas taxasaposta esporte da sortevacinação nos países europeus.
"Cercaaposta esporte da sorte85% das crianças britânicas com menosaposta esporte da sortecinco anos receberam as duas doses da vacina tríplice viral", aponta o texto.
As autoridades calculam ser necessário vacinar pelo menos 95% da população para garantir a imunidadeaposta esporte da sorterebanho — ou seja, um nívelaposta esporte da sorteproteção coletiva que impede surtos e epidemias.
Entre os fatores para o baixo índiceaposta esporte da sortevacinados, a Nature cita a pandemiaaposta esporte da sortecovid-19 — que atrapalhou o calendárioaposta esporte da sorteimunizaçãoaposta esporte da sortemuita gente — e a disseminaçãoaposta esporte da sortenotícias falsas sobre as doses que protegem contra sarampo e outras diversas doenças infecciosas.
No dia 22aposta esporte da sortejaneiro, o serviço públicoaposta esporte da sortesaúde do Reino Unido lançou uma campanhaaposta esporte da sortevacinação para conter a crise.
Alémaposta esporte da sortepedir que pais e tutores levem as crianças para tomar as doses, profissionaisaposta esporte da sortesaúde vão entraraposta esporte da sortecontato com as famílias cujos filhosaposta esporte da sorte6 a 11 anos estão desprotegidos do sarampo.
Os Estados Unidos também registraram casos da doença nas últimas semanas, embora os números sejam bem menores quando comparados à Europa.
Entre 1ºaposta esporte da sortedezembro e 31aposta esporte da sortejaneiro, foram 23 diagnósticos espalhados por Geórgia, Missouri, Nova Jersey e Pensilvânia.
No mundo, os casosaposta esporte da sortesarampo cresceram 18% entre 2021 e 2022, diz a Nature.
A OMS também alerta que as mortes pela doença subiram 43% nesse mesmo período.
O que acontece no Brasil
Em 2016, a Organização Pan-Americanaaposta esporte da sorteSaúde (Opas), que representa a OMS no continente americano, deu ao Brasil um certificadoaposta esporte da sorteeliminação do sarampo.
A notícia, muito comemorada à época, confirmava que o país estava livre do vírus, graças a décadasaposta esporte da sortecampanhasaposta esporte da sortevacinação e aos programasaposta esporte da sortevigilância e detecçãoaposta esporte da sortecasos.
Mas,aposta esporte da sorte2019, o Brasil perdeu o certificado por um surto que se espalhou por vários Estados.
Em 2016 e 2017, o Brasil não teve sequer um casoaposta esporte da sortesarampo, como mostra o gráfico a seguir.
Jáaposta esporte da sorte2018, foram maisaposta esporte da sorte9,3 mil infecções. No ano seguinte, o número subiu para 20,9 mil e seguiu elevadoaposta esporte da sorte2020, com 8,1 mil casos.
O cenário começou a melhoraraposta esporte da sorte2021 e 2022 — e o país voltou a não registrar nenhuma infecção por sarampoaposta esporte da sorte2023.
Essas curvasaposta esporte da sortecasos podem ser explicadasaposta esporte da sortegrande parte pela vacinação, apontam especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
A cobertura vacinal com a primeira dose desse imunizante foiaposta esporte da sortepraticamente 100% entre 2010 e 2014.
Em 2015 e 2016, as taxas começaram a cair, mas ainda dentro do limiteaposta esporte da sorte95% preconizado pelas agênciasaposta esporte da sortesaúde para garantir a imunidadeaposta esporte da sorterebanho.
Foi nesse período que os casosaposta esporte da sortesarampo acabaram, e o país ganhou o certificadoaposta esporte da sorteeliminação.
De 2017aposta esporte da sortediante, porém, a situação se complicou: com pequenas variações, a cobertura vacinal caiu pouco a pouco e chegou a alarmantes 74,9%aposta esporte da sorte2021.
Na prática, isso significou que um quarto das crianças brasileiras estavam desprotegidasaposta esporte da sorteuma doença altamente contagiosa e potencialmente fatal.
Com a população sem imunidade, uma epidemia estourou.
A situação começou a melhorar a partiraposta esporte da sorte2022, quando a cobertura vacinal chegou a 80,7%.
No ano passado, esse índice aumentou para 85,6% — o que foi bastante comemorado pelo Ministério da Saúde.
"Quero dizer que o movimento pela vacinação venceu. Todos alcançamos juntos o objetivoaposta esporte da sortereverter a trajetóriaaposta esporte da sortequeda das coberturas vacinais. A sociedade atendeu ao chamado e se incluiu nesse movimento", discursou a ministra Nísia Trindadeaposta esporte da sortedezembro.
"Gostariaaposta esporte da sortelembrar o que já disse a OMS: a vacina, junto com a água tratada, é o que garantiu a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativaaposta esporte da sortetodo o mundo."
A pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileiraaposta esporte da sorteImunizações (SBIm), avalia que houve recentemente uma reestruturação do Programa Nacionalaposta esporte da sorteImunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que ajudou na trajetóriaaposta esporte da sorterecuperação dos índices vacinais.
"Ainda há muito a ser feito para restaurarmos o índiceaposta esporte da sorte95%, mas, ao menos, vemos uma reversão na tendênciaaposta esporte da sortequeda dos últimos anos", diz a especialista.
A médica Eliana Bicudo, assessora da Sociedade Brasileiraaposta esporte da sorteInfectologia, diz que a situação da vacinação está melhorando, mas ainda está longe do ideal.
"Ainda não podemos colocar a cabeça no travesseiro e ficarmos despreocupados com o sarampo. Se fizermos isso, esse surto na Europa nos pegaráaposta esporte da sortecalças curtas", alerta a infectologista.
Um novo certificadoaposta esporte da sorteeliminação do sarampo?
O fatoaposta esporte da sorteo Brasil estar há maisaposta esporte da sorteum ano sem novos casosaposta esporte da sortesarampo reacendeu as esperançasaposta esporte da sorteo país ser declarado novamente como um território livre desse vírus.
O próprio diretor da Opas, o médico brasileiro Jarbas Barbosa, falou sobre o assuntoaposta esporte da sorteuma palestra no Rioaposta esporte da sorteJaneiroaposta esporte da sortedezembro do ano passado.
"O Brasil já se encontra há um ano sem nenhum caso novo diagnosticado, o que nos permite também ter uma esperança muito grandeaposta esporte da sorteque, nos próximos meses, a comissãoaposta esporte da sorteverificação possa certificar novamente o país", disse.
Mas Levi lembra que ficar um tempo sem registrar novas infecções não é o único fator decisivo para tornar-se um território livre do sarampo.
"É importante uma homogeneidade na vacinação, ou seja, ter todas as regiões do país com um índice altoaposta esporte da sorteimunizados, sem muitas diferenças nesse percentualaposta esporte da sortelugar para lugar", destaca a médica.
A presidente da SBIm também destaca a necessidadeaposta esporte da sorteum sistemaaposta esporte da sortevigilância ativo, capazaposta esporte da sortedetectar rapidamente pacientes com o vírus que cheguem ao país por portos, aeroportos e fronteiras.
Um exemplo prático desse tipoaposta esporte da sorteação aconteceu recentemente: no dia 26aposta esporte da sortedezembro, um meninoaposta esporte da sorte3 anos veio com a família ao Brasil a partir do Paquistão.
Ele começou a apresentar alguns sintomas e foi atendidoaposta esporte da sorteuma unidadeaposta esporte da sortesaúdeaposta esporte da sortePorto Alegre no dia 2aposta esporte da sortejaneiro, quando já foi colocadoaposta esporte da sorteisolamento. Os exames confirmaram que ele estava com sarampo.
Casos importadosaposta esporte da sorteoutros lugares, como este episódio do garoto vindo do Paquistão, não são contabilizados como infecções locais, ocorridas no Brasil — mas acendem um sinalaposta esporte da sortealerta.
E há todo um protocolo — que envolve fazer a detecção precoce do sarampo, isolar o paciente, vacinar as pessoas que tiveram contato com ele e fazer um acompanhamento da saúde dos envolvidos — para evitar que a doença se espalhe e gere uma nova ondaaposta esporte da sortetransmissões.
"E precisamos ter todo esse sistema bem estruturado para sermos novamente um país que eliminou o sarampo", reforça Levi.
O cenário instável do sarampoaposta esporte da sorteoutras partes do mundo fez a Opas soar o alarme na última semana.
A entidade pediu que todos os países das Américas "intensifiquem as atividadesaposta esporte da sortevacinação, vigilância epidemiológica e preparaçãoaposta esporte da sorteresposta rápida para possíveis surtos".
Uma doença altamente contagiosa
Bicudo explica que o sarampo é uma infecção causada por um vírus, que é transmitidoaposta esporte da sorteuma pessoa para outra pelas vias aéreas (por meioaposta esporte da sortetosse, espirro e coriza) ou pelo contato com superfícies contaminadas.
Esse agente microscópico tem uma alta capacidadeaposta esporte da sortecontágio. Estima-se que alguém infectado possa transmitir sarampo para outras 12 ou 18 pessoas.
"O sarampo causa um comprometimento das vias aéreas, com sintomasaposta esporte da sortefebre, dor no corpo, doraposta esporte da sortecabeça, congestão nasal, manchas na pele, lacrimejamento, tosse, conjuntivite e otite", lista Bicudo.
"Em situações mais graves, ele pode levar a uma pneumonia ou até a uma meningoencefalite (uma infecção no sistema nervoso central), especialmenteaposta esporte da sortepacientes mais vulneráveis."
Esses casos são preocupantes e, sem os cuidados necessários, podem levar à morte.
Não existe um tratamento específico contra o sarampo. Os médicos prescrevem remédios para aliviar os incômodos e dar suporte à vida nos casos mais graves.
A principal formaaposta esporte da sorteficar protegido contra este vírus é a vacina.
No Brasil, o Ministério da Saúde e a SBIm preconizam um esquemaaposta esporte da sorteduas doses.
A primeira deve ser feita aos 12 mesesaposta esporte da sortevida e utiliza a tríplice viral, um imunizante que protege não apenas contra o sarampo, mas também contra a caxumba e a rubéola.
A segunda é realizada 90 dias depois, quando a criança completa 15 meses e recebe a tetraviral (que resguarda contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
Para aqueles que perderam esse prazo, não há problemas: é possível tomar essas vacinasaposta esporte da sortequalquer momento da vida.
Até os 29 anosaposta esporte da sorteidade, a recomendação é seguir o esquemaaposta esporte da sorteduas doses. Entre os 30 e os 59 anos, as autoridadesaposta esporte da sortesaúde indicam a aplicaçãoaposta esporte da sorteapenas uma dose da tríplice viral.
A vacina está disponível na rede pública e não há necessidadeaposta esporte da sortereforços: quem tomou duas doses após completar 1 anoaposta esporte da sorteidade está protegido pelo resto da vida.
A alta capacidadeaposta esporte da sortecontágio do sarampo demanda que boa parte da população seja vacinada para criar uma imunidadeaposta esporte da sorterebanho,aposta esporte da sorteque todos ficam protegidosaposta esporte da sorteum surto ou uma epidemia.
"É necessário que 95% das pessoas estejam vacinadas para garantir que aquela população fique realmente protegida desse vírus", reforça Bicudo.