Cacique Raoni: 'Brancos viram o que aconteceu nas enchentes do RS e, agora, têm que se juntar a nós':número da betnacional
Segundo ele, Lula não estaria incentivando a destruição do meio ambiente ao contrário do que, segundo ele, aconteceunúmero da betnacionaloutros governos. Ele não citou a quais outros presidentes se referia.
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Raoni disse ainda que Lula teria lhe prometido que o governo não apoiaria a construção da Ferrogrão, uma ferrovia que liga a cidadenúmero da betnacionalSinop, no nortenúmero da betnacionalMato Grosso, a Itaituba, no oeste do Pará.
A obra é considerada essencial para os defensores do agronegócio por diminuir os custosnúmero da betnacionaltransportenúmero da betnacionalcommodities agrícolas produzidas no Centro-Oeste até os portos do rio Tapajós, e está incluída no novo Programanúmero da betnacionalAceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Ambientalistas e lideranças indígenas como Raoni têm se manifestado contra o projeto alegando que ele aumentaria ainda mais a pressão feita pelo agronegócio sobre áreas do Cerrado e da Amazônia, ameaçando a vidanúmero da betnacionalpopulações indígenas próximas ao traçado planejado da ferrovia.
Conhecido pornúmero da betnacionalluta pela preservação do meio ambiente, Raoni vê as enchentes no Rio Grande do Sul como uma oportunidadenúmero da betnacionalunião entre os "brancos" e os indígenas.
"Brancos viram o que aconteceu nas enchentes do Rio Grande do Sul e, agora, têm que se juntar a nós", disse.
Confira os principais trechos da entrevista com Raoni Metuktire.
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número da betnacional BBC News Brasil - No dianúmero da betnacionalque fazemos esta entrevista, 5número da betnacionaljunho, comemora-se o Dia do Meio Ambiente. Como o governo atual vem cuidando do Meio Ambiente, nanúmero da betnacionalopinião?
número da betnacional Raoni Metuktire - Hoje, eu não escuto mais o governo incentivando as pessoas a destruir a floresta. Antes, a gente via isso. Havia pessoas do governo incentivando as pessoas a destruir a floresta, a colocar gado onde antes havia mata, a fazer empreendimentos, fábricas e furar a terra.
Sobre isso, eu penso: as pessoas parecem querer se destruir. Elas não pensam nos filhos delas. Hoje, eu ouço esse tiponúmero da betnacionalconversa no Congresso Nacional. Por isso que eles mantém projetosnúmero da betnacionallei que ameaçam nossos territórios. Essas pessoas estão querendo destruir tudo.
número da betnacional BBC News Brasil - No ano passado, o senhor disse que iria pedir ao presidente Lula que não repetisse os erros do passado. O presidente Lula vem repetindo os erros do passado, nanúmero da betnacionalopinião?
número da betnacional Raoni - Eu estou atento ao que ele me prometeu. Desde quando ele estava na campanha e até hoje, não vejo ele falando contrário aos povos indígenas. Pelo que eu vi, ele vem se manifestando a favor do nosso povo.
número da betnacional BBC News Brasil – No ano passado, houve uma reduçãonúmero da betnacional50% no desmatamento na Amazônia, mas um crescimentonúmero da betnacional43% no Cerrado, que é um bioma próximo ànúmero da betnacionalcomunidade, no Parque Nacional do Xingu. O que os povos do Cerrado têm lhe dito? Quão preocupado o senhor está com o desmatamento no Cerrado?
número da betnacional Raoni – As pessoas ainda não chegaramnúmero da betnacionalmim para me contar sobre isso. Mas acho que alguém vai chegar e falar sobre o que está acontecendo com o Cerrado. Quando algo nos ameaça, eu sempre falo. Um exemplo é a Ferrogrão. Mas se as pessoas não cuidarem do Cerrado, vai vir muita coisa ruim para nós.
O Cerrado segura o aquecimento global. É uma espécienúmero da betnacionalprotetor para nós. Ele nos protege do Sol. Se destruírem o Cerrado, vai aquecer ainda mais a Terra.
número da betnacional BBC News Brasil – O senhor mencionou a Ferrogrão e o governo Lula incluiu essa rodovia no PAC. O senhor já disse ser contra o projeto. Que recado daria ao governo sobre esse projeto?
número da betnacional Raoni – Na verdade, eu já falei com ele (Lula) e falei que não era bom ele apoiar esse projeto porque ele ameaça os povos indígenas. Pedi pra ele não apoiar e não assinar nenhum projeto contra os povos indígenas. Ele concordou e disse que não vai assinar.
número da betnacional BBC News Brasil – O presidente Lula prometeu o quê exatamentenúmero da betnacionalrelação ao projeto?
número da betnacional Raoni – Ele falou que não iria aprovar esse projeto. O [Emmanuel] Macron [presidente da França] estava junto e pediu isso também porque é um projeto que não garante o bem-viver dos povos indígenas.
número da betnacional BBC News Brasil – Como o senhor se sentiu quando viu as enchentes no Rio Grande do Sul?
número da betnacional Raoni – No passado, eu tive uma visãonúmero da betnacionalque o mundo iria mudar. Isso está acontecendo. E hoje nós vemos os nossos irmãos lá do Rio Grande do Sul sofrendo essas consequências. Eu venho tentado conscientizar a todos na terra para terem uma visão ampla sobre o mundonúmero da betnacionalque a gente vive, para que não haja consequências [pela destruição do meio ambiente], mas o resultado está aí.
número da betnacional BBC News Brasil - O que o senhor acha que pode mudar na conduta das pessoas no Brasil após o que aconteceu no Rio Grande do Sul?
número da betnacional Raoni - Hoje, as pessoas começaram a entender. Desde quando eu comecei a falar sobre as consequências da destruição do meio ambiente, as pessoas começaram a olhar para o que eu vinha falando e essas pessoas já estão se organizando para que não haja as mudanças climáticas.
Tem pessoas, claro, que vão continuar fazendo as mesmas coisas. Mas acho que a maioria, hoje, já entendeu que essas enchentes aconteceram por contanúmero da betnacionaltudo o que fizemos na terra. Agora, as pessoas começam a olhar.
número da betnacional BBC News Brasil – Como o senhor avalia o argumentonúmero da betnacionalque algumas pessoas só passaram a prestar atenção às mudanças climáticas no Brasil quando seus efeitos passaram a afetar o chamado "homem branco"?
número da betnacional Raoni - Parece que vocês entenderam o que está acontecendo. Agora, na minha opinião, é momentonúmero da betnacionalvocês ["brancos"] se juntarem a nós porque nós, os indígenas, crescemos vendo a natureza e queremos compartilhar isso com vocês.
Como está acontecendo tudo isso [no Rio Grande do Sul], venham se juntar a nós para que possamos ter mais força ainda para poder manter o que temosnúmero da betnacionalbom nesta terra.
Muita gente está vendo as consequências e muita gente já chegou e falou que os brancos não querem mais construir coisas como a [usina hidrelétrica de] Belo Monte, que não querem mais destruir a floresta. Os brancos viram o que aconteceu nas enchentes do Rio Grande do Sul e, agora, têm que se juntar a nós.