Ucrânia virou 'trágico laboratório' para tecnologiaguerra, diz ministro britânico:

Soldados ucranianos na regiãoDonetsk, Ucrânia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, disse que seria 'tolice ignorar' as estratégiasguerra que estão sendo executadas na Ucrânia

O documento atualizado define como o Reino Unido investirá 2,5 bilhõeslibras (R$ 15,5 bilhões) adicionaisgastos com defesa. Wallace disse que o governo não planejava lançar uma nova versão do relatório tão cedo, mas o mundo mudou e se tornou mais volátil.

Wallace, que planeja deixar o cargoministro da Defesa na próxima reformagabinete, após quatro anos no cargo, disse: "A guerra na Ucrânia concentrou as atenções porque há um adversário muito real sendo muito agressivo, quebrando todas as regras no continente europeu e travando uma guerra destinada a destruir um país".

"Isso nos fez perceber que seria melhor arriscar menos do que quando fizemos este relatório originalmente", afirmou. "Originalmente, tínhamos tirado algumas coisasserviço, prevendo uma pequena lacuna no meio da década, para então adquirir novo equipamento. Isso é algo que não quero mais arriscar."

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A experiência das Forças Armadas ucranianas e a forma como os aliados foram capazesajudar — incluindo adaptações rápidasequipamentos existentes para atender às necessidadesKiev — é o fio condutorgrande parte do documento publicado na terça-feira (18/7).

Segundo o relatório, uma das lições aprendidas com a guerra éque o ritmoinovação está ficando mais rápido — e não pode ser atendido pelos programas tradicionais, muitas vezesdécadas, para obter equipamentos. Em vez disso, os equipamentos devem ser projetados com a possibilidadefazer atualizações rápidas.

O parecer também destaca a necessidadeaproveitar a tecnologia mais recente — incluindo IA e computação quântica — para tornar as Forças Armadas britânicas mais ágeis e adaptáveis.

“Novas tecnologias não são truques, elas são fundamentais para lutaruma guerra moderna”, disse Wallace.

Ele acrescentou que analisar as estratégiasjogo na Ucrânia ajudaria a "garantir que possamos estar preparados para qualquer conflito futuro".

O documento também estabelece planos para que mais pessoas desenvolvam uma carreira"zigue-zague" — o que pode incluir deixar o Exército para ganhar experiênciaoutro lugar e depois ingressar novamente.

Os jovens "preveem carreiras flexíveis e se veem trabalhandovárias profissões diferentes,vezprogredirem dentrouma única organização", diz o documento. Dessa forma, o governo vai abraçar "maior oportunidademobilidade profissional entre empregos na defesa e qualquer outro emprego que gostariambuscaroutro lugar".

O relatório prevê ainda 400 milhõeslibras para a modernização das acomodações destinadas às famíliasoficiaisserviço. Esse gasto já estava previsto no orçamentoDefesa, mas foi realocado.

A atualização do documento não inclui cortes no tamanho do Exército — isso já foi anunciadouma revisão2021, com um planoreduzir o Exército para 72.500 soldados até 2025.

O secretárioDefesa, Ben Wallace, fala durante a Conferência do Futuro da Grã-Bretanha do Instituto Tony Blair para Mudança Global no centroLondres

Crédito, PA

Legenda da foto, O ministro da Defesa, Ben Wallace, fala durante conferênciaLondres

Defesa com drones e artilharia

Outra lição da guerra na Ucrânia é o "poder da guerra eletrônica", disse Wallace, explicando: "O uso da guerra [eletrônica] para atuar como isca ou como defesa está se tornando muito importante, por isso sobe na listaprioridades."

Ele disse que a guerra na Ucrânia também levou à priorização do usoartilharia"fogo profundo" e informou a decisãoretirar os antigos canhões155 mm e trazer novos substitutos.

"Vimos uma mudança geracional nos alcances da artilharia'fogo profundo'", disse ele. "O canhão155mm teve aproximadamente um alcance22 a 25 km por cerca50 anos."

"Com a nova geração, podemos obter alcances60 km no futuro. Portanto, tomei a decisãoeliminar gradualmente o antigo 155 mm [para] o Archer 1 sueco."

A artilharia desempenhou um papel significativo para ambos os lados na Ucrânia. As forças armadas da Grã-Bretanha, no entanto, reduziram suas forçasartilharia desde o fim da Guerra Fria.

Wallace disse: "No final da Segunda Guerra Mundial, 35% do Exército eraartilharia. Agora, é cerca8%. O 'fogo profundo' é algo que precisamos reequilibrar. Essas são as lições."

O Partido Trabalhista disse que o plano foi "impulsionado por custos, não por ameaças" e também questionou se resistiria ao teste do tempo, com Wallace prestes a renunciar.

"Como seu próprio futuro agora é curto, quanto tempo dura a vida útilseu plano?" perguntou o secretáriodefesa do Partido Trabalhista, que faz oposição ao governo, John Healey.

"Os líderes industriais e militares não podem ter certezaque seu sucessor concordará com suas decisões, aceitará seus ordens e agiráacordo comabordagem."

Falando na Câmara dos Comuns depois que Wallace expôs seu plano, Healey também criticou o tempo levado para atualizar o relatório, dizendo: "Por que esse plano foi tão adiado? Já se passaram 510 dias desde que Putin destruiu a segurança europeia".

Legado24 bilhõeslibras

Ex-militar, Wallace desempenhou um papel fundamental na resposta do Reino Unido à invasão russa da Ucrânia.

Falando sobre a marca que esperava deixar no Ministério da Defesa, Wallace disse à BBC que o primeiro-ministro Rishi Sunak deu a seu departamento um "enorme legado24 bilhõeslibras".

"Eu entrei e tivemos um aumento realnossos gastos com defesa", disse.

Ele também alertou que o conflito na Ucrânia serviu como um lembreteque "existem pessoas más por aí querendo fazer coisas ruins à Grã-Bretanha e a seus aliados".