Potência do agro e sertanejo, Centro-Oeste cresce mais que dobro do Brasil e cumpre 'sonhoexcbet freebetJK':excbet freebet

"Antes, migrar para a região era uma grande aventura, mas isso mudou e virou uma referência no crescimento e geraçãoexcbet freebetemprego, ao contrárioexcbet freebetoutras que estãoexcbet freebetestagnação, seja na agricultura ou no setorexcbet freebetagroindústrias", diz Vian.

O professor explica que a região oferece empregosexcbet freebetdiferentes áreas além do campo, por exemplo na indústria e no setorexcbet freebetserviços.

O crescimento agrícola do Centro-Oeste atrelado a uma crescente preocupação com a área ambiental causou um aumento exponencial, segundo ele, da migração recenteexcbet freebetprofissionais especializadosexcbet freebetcertificação ambiental para a região.

A ofertaexcbet freebetempregos também pode explicar, ao menosexcbet freebetparte, o boom populacionalexcbet freebetalgumas cidades da regiãoexcbet freebetrelação ao restante do país.

Segundo a mais recente pesquisa PNAD Contínua trimestral do IBGE, a taxaexcbet freebetdesocupação no Centro-Oeste estáexcbet freebet7%, inferior à média nacionalexcbet freebet8,8%. É a segunda menor taxa do país, à frente apenas da região Sul, com 5%.

Considerando as cidades brasileiras com maisexcbet freebet100 mil habitantes, aquela que teve a maior taxaexcbet freebetcrescimento da população foi uma cidadeexcbet freebetGoiás: Senador Canedo, com uma taxa anualexcbet freebet5,23%.

Esse município, an região metropolitanaexcbet freebetGoiânia, foi o que teve o maior crescimento proporcional da população no acumulado dos anos:excbet freebet2010, tinha 84.443 habitantes, passando para 155.635excbet freebet2022 — um crescimentoexcbet freebet84,3%.

Há várias outras cidades do Centro-Oeste no ranking das cidades que mais cresceram, como Sinop (MT) e Sorriso (MT).

E a influência da região vai além das questões mais ligadas à produção do agro.

Nas últimas décadas, O Centro-Oeste também se tornou um grande celeiro musical do país, principalmente da música sertaneja.

São dezenasexcbet freebetartistas que despontaram entre os mais populares do país, como Marília Mendonça, Michel Teló, Maiara & Maraísa e Gusttavo Lima, que nasceuexcbet freebetMinas Gerais, mas teve seu sucesso reconhecidoexcbet freebetGoiás.

Em um levantamento divulgadoexcbet freebetmarço pela plataformaexcbet freebetstreaming Spotify, seis dos dez artistas mais tocados no verãoexcbet freebet2023 nasceram no Centro-Oeste. São cantores que exaltamexcbet freebetparteexcbet freebetsuas letras o orgulhoexcbet freebetviver da fazenda e viver a vida sertaneja.

Atualmente, a TV Globo também exibe a novela Terra e Paixão, que relata o dia a dia no campo.

Mas, por mais que o professor da Esalq também ressalte o crescimento econômico e visibilidade da região, ele afirma que ainda está longe poder falar que o Centro-Oeste pode se tornar a "locomotiva do país", já que o Estadoexcbet freebetSão Paulo ainda corresponde a cercaexcbet freebetum terço do PIB brasileiro, com 44,4 milhõesexcbet freebethabitantes - cercaexcbet freebetum quinto da população do país.

Apesar da influência cultural e da força econômica,excbet freebetacordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Centro-Oeste é a região com o menor colégio eleitoral do país, com 11,5 milhõesexcbet freebeteleitores. A região Sudeste é a maior, com cercaexcbet freebet67 milhões, o equivalente a 42% do eleitorado.

A marcha da expansão

O professor Vian afirma que, para entender o crescimento atual do Centro-Oeste, é preciso retroceder "uns 40 anos".

"A partir dos anos 1970, o país começou a ter um projetoexcbet freebetintegração nacional e expansão da fronteira agrícola. Na época, começaram a levar projetosexcbet freebetinteriorização, alguns estatais e outros privados. No mesmo período, começaram a migrar para lá pessoas do Centro-Sul, como paranaenses, catarinenses e gaúchos", diz o professor.

Ele explica que essas pessoas vendiam suas terras no Sul e, com o dinheiro, podiam comprar áreas muito maiores no Centro-Oeste, numa apostaexcbet freebetaumentar a produtividade e a renda.

No início, explica Vian, a área foi usada majoritariamente para a pecuária. Mas os fazendeiros adaptaram outras culturas para a região, como a soja e, mais recentemente, o milho.

O constante investimentoexcbet freebetinfraestrutura, como rodovias, escolas e hospitais tornou a região cada vez mais atrativa.

O especialista afirma que novas cidades passaram a surgir nesse período, algumas planejadas. Mas o grande boom começou, segundo ele, a partir dos anos 1990 e 2000, quando o Brasil começou a ganhar importância no mercado internacionalexcbet freebetgrãos.

"A grande produçãoexcbet freebetsoja e carne tornou a região importante. Em 1980, iniciou a segunda fase dessa ocupação agrícola, com a migraçãoexcbet freebetempresas agroindustriais para a região, com usinasexcbet freebetaçúcar, etanol e processamentoexcbet freebetsoja. Nos anos 2000, surgiram as processadorasexcbet freebetcarne, frango e uma nova infraestruturaexcbet freebetdistribuição e escoamentoexcbet freebetprodutos agrícolas. Isso gerou uma capacidadeexcbet freebetaproveitar melhor a produção", afirmou.

O sonhoexcbet freebetJuscelino

O professor disse que hoje estamos próximos do auge dessa expansão, com a modernizaçãoexcbet freebetcidades, opçõesexcbet freebetlazer e educação, relevante produção agrícola, distribuição e cooperativasexcbet freebetprodução.

Para ele, já é possível dizer que o sonho do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961)excbet freebetinteriorizar o país se realizou. Algo que surgiu a partir da decisão deleexcbet freebetconstruir Brasília e transferir a capital para o Centro-Oeste.

"A internalização da capital foi o primeiro passo. A soja foi a principal cultura responsável pelo sucesso da região, mas o milho também está se tornando relevante. Hoje, ainda existe perspectivaexcbet freebetque uma variedadeexcbet freebettrigo desenvolvido pela Empresa Brasileiraexcbet freebetPesquisa Agropecuária (Embrapa) tenha potencial para ser produzida no Centro-Oeste e expandir novos horizontesexcbet freebetbreve", disse.

O próprio IBGE informou que o Censo revela a força da interiorização da população brasileira, "se destacando numericamente municípios localizados tanto no Norte, como no Centro-Oeste,excbet freebetseguida àqueles situados no Sudeste e numa faixa contínua entre o litoral catarinense e o entornoexcbet freebetCuritiba (PR), no Sul".

Carlos Vian explica que um novo modeloexcbet freebetnegócio agroindustrial multidisciplinar deve impulsionar ainda mais o crescimento do Centro-Oeste.

"Trata-se do processo no qual temos dentro da mesma propriedade a produçãoexcbet freebetgrãos, a pecuária e a madeira. Isso deve atrair outras agroindústriasexcbet freebetgrande porte, como madeireiras. Ter no mesmo local a agricultura, o gado e a indústriaexcbet freebetprocessamento reduz muito os custos", afirma.

Os Estadosexcbet freebetMato Grosso e Goiás são apontados pelo IBGE como os destaques do povoamento da região, com crescimentoexcbet freebet1,57% e 1,36%, respectivamente.

"No Centro-Oeste, chama atenção a interiorização do povoamento a partir do eixo que se formaexcbet freebettornoexcbet freebetBrasília-Goiânia, fazendo com que Goiás se diferencie nessa região pela densidade atingida pelos municípios da concentração urbana formadaexcbet freebettorno da capital federal e da capital estadual", diz o instituto.

Dependência da China

O professor da Esalq afirma que não há dúvidasexcbet freebetque o grande crescimento da região Centro-Oeste ocorreu a partir da melhoria na inserção internacional do Brasil no mercadoexcbet freebetgrãos a partir dos anos 2000.

O levantamento mais recente da Companhia Nacionalexcbet freebetAbastecimento (Conab), a região é responsável por cercaexcbet freebet50%excbet freebettodos os grãos produzidos no país. Para a soja, especificamente, o número também fica na casa dos 50%.

No entanto, ele diz que é necessário tomar cuidado com os riscos que existem devido à grande influência, principalmente da China, como compradora majoritáriaexcbet freebetprodutos da região.

"Vender para o gigantesco mercado da China foi uma oportunidade que a gente aproveitou, mas é necessário observar os riscos dela. Algo que a gente tem discutido é que temos uma dependência muito grande da China e precisamos contrabalançar a importância desse país", afirma.

"O ideal seria tentar diversificar um pouco mais nossas exportações. Talvez conseguir acessar um pouco mais o mercado europeu e fazer um convênio mais forte com o Mercosul."

Apesarexcbet freebetesperar por uma safra recordeexcbet freebetsojaexcbet freebet2023, economistas também veem como um alerta o anúncio feito pela Chinaexcbet freebetque expandirá a área destinada ao plantioexcbet freebetsoja no país.

A decisão foi tomada para tentar se aproximar da autossuficiência na produção do grão após temer um desabastecimento durante a pandemia da covid-19.

Impacto ambiental

A tentativa cada vez maiorexcbet freebettentar expandir essas produções e ampliar os recordesexcbet freebetprodução do agronegócio também acende um alertaexcbet freebetrelação ao crescimento do desmatamento no Cerrado.

Uma reportagem da BBC News Brasil publicada há duas semanas aponta que ainda não chegamos à metade do ano, mas o Cerrado já atingiu um novo recordeexcbet freebetdesmatamento, tanto no mêsexcbet freebetmaio quanto no acumulado anual, da série histórica, iniciadaexcbet freebet2019.

Segundo dados do Instituto Nacionalexcbet freebetPesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e maio deste ano foram desmatados maisexcbet freebet3.320 km² do bioma, um aumentoexcbet freebet27%excbet freebetrelação ao mesmo período do ano passado.

Para efeitoexcbet freebetcomparação, esse território desmatado nos primeiros cinco mesesexcbet freebet2023 equivale a quase duas vezes a área total da cidadeexcbet freebetSão Paulo. Em 2022, a ecorregião já havia registrado a maior taxaexcbet freebetdesmatamentoexcbet freebetsete anos: foram 10.689 km², segundo os dados oficiais divulgados pelo Prodes Cerrado, programaexcbet freebetmonitoramento do Inpe.

Ao todo, 110 milhõesexcbet freebethectares do bioma (49% do total) já foram destruídos. Na maior parte desses locais foi implantado o cultivo extensivoexcbet freebetcommodities agrícolas, principalmente soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.

Para o professor Carlos Vian, a degradação ambiental na região é um resquício desse processoexcbet freebetexpansão do Centro-Oeste, pois a ocupação pela agricultura levou à derrubadaexcbet freebetgrandes áreas. Para ele, temos leis rígidas que podem frear um desastre ambiental na região, mas que precisam ser respeitadas.

"A questão é fazer com que o Código Florestal seja seguido. Você tem um passivoexcbet freebetoutras regiões e precisa manter a mata ciliar, recompor matas legais. Se isso for feito, e sabemos que a velocidade não é muito grande, vai ajudar muito. Já a questão do fogo no cerrado é natural. Todo ano tem e algumas árvores inclusive precisam do fogo porque senão suas sementes não eclodem", diz o professor.

Para ele, é necessário aumentar a capacidadeexcbet freebetfiscalização contra o desmatamento, com operações conjuntas entre o Ibama, ICMBio e as políciasexcbet freebetcada Estado.

"O que precisa se preocupar com mais urgência é com as queimadas na Amazônia, mas está ocorrendo também uma expansão do agronegócio no Cerrado na área conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). É preciso se atentar a esse desmatamento, feito para viabilizar a construçãoexcbet freebetinfraestrutura e estradas na região", alerta.