Eclipse solar: o grande experimento para entender como fenômeno afeta transmissõespenalty shoot out f12betrádio:penalty shoot out f12bet

Agora, ele também se dedica à ciência cidadã.

No próximo sábado, 14penalty shoot out f12betoutubro, ele e centenaspenalty shoot out f12betoutros radioamadores irão lotar as frequênciaspenalty shoot out f12betrádio durante um eclipse solar anular que será observado no continente americano, Brasil incluído. E eles farão o mesmopenalty shoot out f12betabril, quando um eclipse solar total será visível da Terra Nova, no Canadá, até o México. Por quê?

Os eclipses solares afetam as ondaspenalty shoot out f12betrádio. Baker pretende participarpenalty shoot out f12betum enorme experimento destinado a monitorar como os eventos cósmicos influenciam as transmissões.

No seu terrenopenalty shoot out f12bettrês hectares à beirapenalty shoot out f12betuma autoestrada ao sulpenalty shoot out f12betIndianápolis, a coleçãopenalty shoot out f12betantenaspenalty shoot out f12betBaker, voltadas para diferentes direções, permite que ele transmita para todo o território americano e para locais distantes no exterior.

Sua voz já foi ouvida no outro lado do mundo. Ele já conversou com colegas radioamadores da Europa e até da Nova Zelândia, a 13 mil quilômetrospenalty shoot out f12betdistância.

Uma das antenas do jardimpenalty shoot out f12betBaker tem um ângulo especial, segundo ele. Ela transmite um sinalpenalty shoot out f12betrádio que, inicialmente, segue a pouca altura do solo. Mas,penalty shoot out f12betdado momento, aquele mesmo sinal toma a direção do espaço sideral.

"Quando atinge a ionosfera, o sinal dá um salto", segundo ele. "Ele retorna."

Este fenômeno – da reflexão intencional das ondaspenalty shoot out f12betrádiopenalty shoot out f12betalgumas das camadas superiores da atmosfera – amplia enormemente a distânciapenalty shoot out f12betque os operadorespenalty shoot out f12betrádio podem se comunicar. É o chamado efeito das "ondas ionosféricas", responsável pela primeira transmissãopenalty shoot out f12betrádio através do Oceano Atlântico,penalty shoot out f12bet1901.

Este efeito faz com que as ondas ionosféricas superem as dificuldades impostas pela curvatura da Terra. As transmissõespenalty shoot out f12betrádio podem viajarpenalty shoot out f12betziguezague, para cima e para baixo, refletidas entre a superfície do planeta e a ionosfera, a uma altitudepenalty shoot out f12betcercapenalty shoot out f12bet80 a 650 km.

É possível dizer que a vozpenalty shoot out f12betuma pessoa, emitida por ondas eletromagnéticas, toca literalmente o céu durante as transmissões a longa distância que fazem uso deste tipopenalty shoot out f12betpropagação.

A ionosfera, essa desconhecida

"Poder captar sinaispenalty shoot out f12betrádio do outro lado da Terra, realmente, é extraordinário", afirma Cathryn Mitchell, professorapenalty shoot out f12betciências do rádio da Universidadepenalty shoot out f12betBath, no Reino Unido.

O que realmente surpreende é que o efeito das ondas ionosféricas não é estável – e os cientistas, até hoje, não entendem completamente por quê.

A ionosfera é estranha. Ela se move, flutua, expande e se contrai. Está longepenalty shoot out f12betser uniforme.

Mitchell descreve que, às vezes, ela está repletapenalty shoot out f12betondas que se rompem durante o nascer e o pôr do sol, quase como se atirássemos uma pedra na águapenalty shoot out f12betum lago.

A presença ou ausência da luz solar é um dos motivos dessas variações.

Durante o dia, a ionosfera fica mais espessa porque a luz do Sol atinge os gases atmosféricos e os ioniza, produzindo elétrons. À noite, as colisões diminuem e a camada inferior da ionosfera desaparece.

Essa diluição da ionosfera durante a noite permite que as ondaspenalty shoot out f12betrádio viajem por distâncias muito maiores. Elas conseguem atingir altitudes maiores antes que os elétrons as direcionempenalty shoot out f12betvolta para a Terra. É por isso que, há muito tempo, as pessoas sintonizam emissoraspenalty shoot out f12betrádio distantes no período noturno.

As peculiaridades da ionosfera exigem pesquisaspenalty shoot out f12betlarga escala. E um eclipse oferece a oportunidade perfeita para reunir muitas pessoas e testar nossa compreensão sobre o que ocorre com a ionosfera durante suas flutuações – e, o que é melhor,penalty shoot out f12bethorário conveniente: durante o dia.

Os eclipses não afetam a ionização da mesma forma que a noite terrestre. A sombra lançada pela Lua é específica – um ponto que viaja rapidamente por toda a superfície da Terra.

Por isso, um eclipse pode ter efeitos inesperados na ionosfera, que os cientistas estão ansiosos para observar.

Para colaborar com os estudos, membros da comunidadepenalty shoot out f12betradioamadores se inscreverampenalty shoot out f12betum coletivopenalty shoot out f12betciência cidadã chamado HamSCI.

No momentopenalty shoot out f12betque ocorrerem os dois próximos eclipses, centenaspenalty shoot out f12betvoluntários começarão a transmitir sinaispenalty shoot out f12betrádio. Eles irão rastrear suas experiências e compartilhar os dados com os cientistas. Baker é um desses voluntários.

"Eles querem saber como os sinais vem e vão", explica ele. "Em nenhum outro momento, você tem a capacidadepenalty shoot out f12bet'desligar' o Sol e ligá-lopenalty shoot out f12betseguida."

Depressões e protuberâncias

O experimento é liderado pelo físico espacial e engenheiro elétrico Nathaniel Frissell, da Universidadepenalty shoot out f12betScranton, na Pensilvânia (Estados Unidos). Ele é o fundador do coletivo HamSCI.

Em entrevista, Frissell explica por que ainda há muito o que aprender sobre a ionosfera. Ele mostra uma animação da ionosfera, ilustrada como uma camada curva e difusa, envolvendo ordenadamente a Terra abaixo dela.

"Você vê como esta ionosfera é estável? Mas, na vida real, a ionosfera não é tão estável assim", explica ele. Existem depressões e protuberâncias temporárias, na faltapenalty shoot out f12betmelhor definição, que os cientistas ainda não conseguem prever perfeitamente.

Durante os próximos eclipses, Frissell – que também é radioamador e seu prefixo é W2NAF – irá reunir dadospenalty shoot out f12betradioamadores individuais, voluntários que pretendem usar equipamentos transmissorespenalty shoot out f12betalta sensibilidade durante os eventos e bancospenalty shoot out f12betdados públicos que acompanham a atividade pública no rádio, entre outras fontes.

Frissell destaca que um experimento nesta escala seria simplesmente impossível apenas com a instrumentação acadêmica padrão, já que não existem instrumentos suficientespenalty shoot out f12betuma áreapenalty shoot out f12bettamanho satisfatório.

Um experimento similar ocorreu durante um eclipse solar total observado nos Estados Unidospenalty shoot out f12bet2017. Baker também participou daquele estudo e guarda o recorte do jornal local compenalty shoot out f12betfotografia.

Oceanopenalty shoot out f12betmutação

É importante conseguir compreender a ionosfera. Durante operações militares oupenalty shoot out f12betemergência, por exemplo, comunicações radiofônicas direcionadas com precisão podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

É fundamental que os operadorespenalty shoot out f12betrádio saibam como melhor configurar suas transmissões para conseguir boa recepção.

Além disso, as variações ionosféricas, às vezes, afetam os satélites, segundo Ruth Bamford, do instituto RAL Space, sediado no Laboratório Rutherford Appleton. O laboratório faz parte do Conselhopenalty shoot out f12betInstalações Científicas e Tecnológicas do Reino Unido.

As erupções solares, por exemplo, expandem a ionosfera terrestre, o que aumenta o arrasto atmosférico sobre os satélitespenalty shoot out f12betórbita da Terra. Isso pode fazer com que os satélites precisem ser impulsionadospenalty shoot out f12betvolta para uma altitude maior, evitando que eles sejam lançadospenalty shoot out f12betdireção ao solo.

Fazer as ondaspenalty shoot out f12betrádio serem refletidas pela ionosfera é como investigar um imenso oceanopenalty shoot out f12betmatéria etéreapenalty shoot out f12betconstante mutação.

"É algo muito difícilpenalty shoot out f12betfazer", segundo Bamford. "Você tem um espelho lápenalty shoot out f12betcima que mudapenalty shoot out f12betacordo com o Sol."

Bamford valoriza os voluntários do rádio. Ela mesma participoupenalty shoot out f12betum evento similarpenalty shoot out f12bet1999, durante um raro eclipse solar total observado no Reino Unido (o próximo só ocorrerápenalty shoot out f12bet2090).

Naquele ano, voluntários acompanharam as variaçõespenalty shoot out f12betpotência dos sinaispenalty shoot out f12betrádio durante o eclipse e muitos registraram picos significativos. Os resultados revelaram como as transmissõespenalty shoot out f12betrádio podem viajar rapidamente por distâncias muito maiores durante o eclipse,penalty shoot out f12betcomparação com o habitual no mesmo horário do dia.

Como exemplo, Bamford e seus colegas pediram a membros do público que sintonizassem seus rádios domésticos na frequênciapenalty shoot out f12betuma rádio espanhola.

Aquela emissora, normalmente, não é ouvida durante o diapenalty shoot out f12betrádios domésticos no Reino Unido, mas centenaspenalty shoot out f12betbritânicos relataram terem ouvido o sinal surgir e desaparecerpenalty shoot out f12betseguida, no início e no final do eclipse.

Considerando como o nosso conhecimento da ionosfera é imperfeito, Ruth Bamford destaca que pode haver novas surpresas nos próximos eclipses.

"O radioamadorismo é um ótimo veículo para isso", defende Michelle Thompson, diretora-executiva do Open Research Institute, uma ONG envolvida na pesquisa e desenvolvimento do radioamadorismo. O indicativopenalty shoot out f12betThompson é W5NYV.

Ela afirma que os operadorespenalty shoot out f12betrádio que transmitirem durante os eclipses serão uma espéciepenalty shoot out f12bet"receptor distribuído" gigante. E a possibilidadepenalty shoot out f12betampliar nosso conhecimento sobre as variações da ionosfera aumenta a cada experimento, à medida que avança a tecnologia dos equipamentospenalty shoot out f12betrádio.

Todd Baker está ansioso para ver os resultados dos próximos eclipses. Ele indica que os dados poderão aumentarpenalty shoot out f12betcapacidadepenalty shoot out f12betse comunicar com sucesso pelo rádiopenalty shoot out f12betcertos momentos do dia.

Muitos radioamadores têm interessepenalty shoot out f12betaperfeiçoar suas técnicas. Baker gostapenalty shoot out f12betestabelecer desafios para si próprio, como emitir a longa distância com potência muito baixa ou lançar uma antena portátil sobre uma árvore e transmitirpenalty shoot out f12betlocais paradisíacos nas férias.

Aqui, parte da atração é a incerteza sobre o que irá acontecerpenalty shoot out f12betseguida.

É fascinante ligar o rádio, ver seu sinal refletido pela ionosfera, percorrer enormes distâncias e atingir completos estranhos. É completamente diferentepenalty shoot out f12betdigitar uma mensagem no telefone celular para um dos seus contatos.

Para Michelle Thompson, esta "é uma comunicação não programada, totalmente insólita, que aproveita uma oportunidade". Suas comunicações já criaram muitas amizades e até a fizeram apresentar suas pesquisaspenalty shoot out f12betuma conferência no Japão.

Ela explica que, ao contráriopenalty shoot out f12betpegar um telefone, a atividadepenalty shoot out f12betradioamador se parece mais com sairpenalty shoot out f12betum barco para o mar aberto. Você precisa entender e prestar atenção nas grandes forças da natureza, no clima e até na turbulência invisível da atmosfera, para chegar ao seu destino.

"É uma aventura a cada dia", ela conta. "Você nunca sabe com quem irá conseguir falar."

As regras dos radioamadores

Para encontrar outros radioamadores, existem sites que servempenalty shoot out f12bet"lista telefônica", como QRZ.com.

Depois do contato, os operadores costumam trocar cartões QSL. Similares a cartões postais, eles identificam as estações e registram a realização do contato. QSL é um código que significa "confirmo a recepção dapenalty shoot out f12bettransmissão".

O radioamador Todd Baker encontrou muitas personalidades nas ondas do rádio, desde "preppers" do apocalipse (pessoas que estão se preparando para o fim do mundo, criando abrigos e estocando mantimentos) até cidadãos ucranianospenalty shoot out f12betmeio à guerra com a Rússia.

Uma das regras não oficiais do radioamadorismo é evitar falarpenalty shoot out f12betpolítica e religião durante os contatos.

"Algumas pessoas falam, mas eu tento evitar", afirma Baker. "Se você concorda ou discorda, digamos, do presidente ou do vice-presidente dos Estados Unidos, não deixapenalty shoot out f12betser um cargo que deve ser respeitado."

Nem tudo é bate-papo no radioamadorismo. Existem radioamadores voluntários que oferecem apoio às autoridades locais durante emergências. Durante os eclipses, este grupo irá acompanhar problemaspenalty shoot out f12bettrânsito, falhaspenalty shoot out f12bettelefones celulares e outros contratempos.

A atividadepenalty shoot out f12betradioamador parece estarpenalty shoot out f12betdeclíniopenalty shoot out f12betmuitas partes do mundo, como no Reino Unido e na Austrália.

A pandemiapenalty shoot out f12betcovid-19 promoveu o renascimento do radioamadorismopenalty shoot out f12betpaíses como o Japão. Mas, nos Estados Unidos, o panorama não é positivo, segundo Michelle Thompson, que estudou a demografia dos radioamadores daquele país. "Estamos à deriva", segundo ela.

Thompson indica que o númeropenalty shoot out f12betlicençaspenalty shoot out f12betradioamadores nos diferentes Estados americanos atualmente é estável ou apresenta leve redução. E o hobby passou a ser menos diversificado, pelo menospenalty shoot out f12bettermospenalty shoot out f12betrepresentaçãopenalty shoot out f12betgêneros: "estamos com algumas dificuldades por aqui. O rádio parece estar subestimado".

No Brasil, o serviçopenalty shoot out f12betradioamador é regulamentado pela Agência Nacionalpenalty shoot out f12betTelecomunicações (Anatel). A organização que detém a funçãopenalty shoot out f12betcongregar e representar os radioamadores é a Ligapenalty shoot out f12betAmadores Brasileirospenalty shoot out f12betRádio Emissão (Labre), enquanto a Rede Nacionalpenalty shoot out f12betEmergênciapenalty shoot out f12betRadioamadores (Rener) reúne os voluntários que prestam serviçospenalty shoot out f12betsituaçõespenalty shoot out f12betemergência.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.