As inesperadas descobertas científicas a partirluva bet reclamaçõessensoresluva bet reclamaçõestestes nucleares:luva bet reclamações

A resposta está numa rede globalluva bet reclamaçõessensores, colocadosluva bet reclamaçõesalguns dos locais mais remotos do mundo. Desde a décadaluva bet reclamações1990, seus operadores numa salaluva bet reclamaçõescontroleluva bet reclamaçõesViena, na Áustria, buscam detectar testes nucleares clandestinos.

Mas, com o passar dos anos, essa rede também captou muitos outros sons e estrondos por todo o oceano, solo e atmosfera – e isso se revelou um benefício surpreendente para a ciência.

A histórialuva bet reclamaçõescomo as baleias azuis foram encontradas remonta à décadaluva bet reclamações1940, quando os seres humanos descobriram que podiam liberar o terrível poder do átomo.

Após o teste Trinity (primeiro teste nuclear da história, conduzido pelos Estados Unidosluva bet reclamações16luva bet reclamaçõesjulholuva bet reclamações1945) e o bombardeio do Japão, seguiram-se décadasluva bet reclamaçõesinstabilidade e medo, enquanto as nações corriam para formar seus próprios arsenais e testar armas cada vez mais poderosas.

Após 50 anos, muitos governos aceitaram que a transparência era necessária.

Para evitar a escalada nuclear, o mundo precisavaluva bet reclamaçõesuma formaluva bet reclamaçõessaber se alguma nação ou agente estava realizando testes não autorizados. Só então elas poderiam confiar umas nas outras.

Assim, na décadaluva bet reclamações1990, várias nações assinaram e ratificaram o Tratadoluva bet reclamaçõesProibição Totalluva bet reclamaçõesTestes Nucleares (CTBT), incluindo o Reino Unido e muitas potências nucleares da Europa Ocidental. Alguns países não aderiram, incluindo China, Índia e EUA.

Embora estas resistências tenham feito que o tratado não entrasseluva bet reclamaçõesvigor, o processo criou uma norma global contra testes.

E, o que é crucial, também levou ao estabelecimentoluva bet reclamaçõesuma rede capazluva bet reclamaçõesdetectar uma detonação nuclearluva bet reclamaçõesqualquer lugar da Terra.

Com sensoresluva bet reclamaçõestodo o mundo, o Sistema Internacionalluva bet reclamaçõesMonitoramento – gerido pela Organização CTBTluva bet reclamaçõesViena – tem funcionado desde então, com maisluva bet reclamações300 instalaçõesluva bet reclamaçõestodo o mundo. Elas podem detectar o som, as ondasluva bet reclamaçõeschoque e os materiais radioativosluva bet reclamaçõesexplosões nucleares.

Isso inclui maisluva bet reclamações120 estações sísmicas, 11 microfones hidroacústicos nos oceanos, 60 estaçõesluva bet reclamações"infrassom" que captam ruídos inaudíveisluva bet reclamaçõesfrequência muito baixa e 80 detectoresluva bet reclamaçõespartículas ou gases radioativos.

Muitas instalações podem ser encontradasluva bet reclamaçõeslocais tranquilos e relativamente desertos.

Os EUA, por exemplo, operam uma estação na Ilha Wake, no Pacífico, um dos atóis mais isolados do mundo. Outras podem ser encontradas na Antártica.

No entanto, algumas estão um pouco mais próximas da civilização, como a rede sísmica na aldeialuva bet reclamaçõesLajitas, no Texas – a 650 kma oesteluva bet reclamaçõesSan Antonio – ou a estaçãoluva bet reclamaçõesradionuclídeosluva bet reclamaçõesSacramento, Califórnia.

(Aqui está um mapaluva bet reclamaçõestodas elas.)

Sua ampla distribuição significa que, se houver uma detonação nuclearluva bet reclamaçõesalgum lugar da Terra, os operadores da salaluva bet reclamaçõescontroleluva bet reclamaçõesViena saberão, diz Xyoli Perez Campos, diretora da divisão do Sistemaluva bet reclamaçõesMonitoramento Internacional (IMS, na siglaluva bet reclamaçõesinglês) da CTBTO na Áustria.

"Onde quer que aconteça, temos as tecnologias para detectar", diz ela.

"Se houver um teste nuclear subterrâneo, temos a tecnologia sísmica para identificá-lo. Se o teste for subaquático, temos as estações hidroacústicas. Se acontecerem na atmosfera, então temos o infrassom. E as estaçõesluva bet reclamaçõesradionuclídeos nos permitem distinguir se havia um componente nuclear; essa é a prova definitiva."

De fato, quando a Coreia do Norte realizou testesluva bet reclamaçõesarmas nucleares nas décadasluva bet reclamações2000 e 2010, vários sensores sísmicos do IMS captaram as ondas das explosões, confirmadas pelas análisesluva bet reclamaçõesisótopos radioativos na atmosfera.

A rede também detectou grandes explosões não nucleares, como a enorme explosão no portoluva bet reclamaçõesBeiruteluva bet reclamações2020, ou a erupção vulcânica Hunga Tonga-Hunga Ha’apailuva bet reclamaçõesjaneiroluva bet reclamações2022.

Recentemente, no entanto, a redeluva bet reclamaçõesmonitoramento nuclear IMS descobriu muito mais do que grandes explosões.

Ao longo da última década, à medida que o acesso científico aos dados se abriu, pesquisadores recorreram ao IMS para detectar eventos queluva bet reclamaçõesoutra forma poderiam passar despercebidos.

Isso inclui o canto das baleias, mas também muito mais.

Em junho, centenas destes cientistas reuniram-se numa conferêncialuva bet reclamaçõesViena para compartilhar suas descobertas.

Pesquisadores da Alemanha mostraram como os sensores hidroacústicos da rede podem monitorar o ruído produzido pelo transporte marítimo.

Uma equipe do Japão apresentou descobertas sobre como usaram o IMS para estudar a atividade vulcânica submarina e um pesquisador brasileiro falou sobre o infrassom gerado pela aurora boreal e aurora austral.

Outros descreveram esforços para detectar à distância a quedaluva bet reclamaçõesgeleirasluva bet reclamaçõesavalanche – com baseluva bet reclamaçõespesquisas anteriores que usaram a rede para monitorar a formaçãoluva bet reclamaçõesicebergs a partir da rupturaluva bet reclamaçõesgeleiras na Antártida.

A física Elizabeth Silber, dos Laboratórios Nacionais Sandia no Novo México, EUA, até demonstrou como os detectores do IMS captaram uma "bolaluva bet reclamaçõesfogo que passava pela Terra" – um meteoróide maior do que 10 cm que gerou ondasluva bet reclamaçõeschoque ao atingir a atmosfera terrestreluva bet reclamações22luva bet reclamaçõessetembroluva bet reclamações2020.

Quanto às baleias-azuis-anãs – uma subespécie tropical da baleia-azul –, elas foram descobertas quando pesquisadores na Austrália decidiram ouvir um pouco maisluva bet reclamaçõesperto os sons do oceano usando a rede hidroacústica do IMS.

Em 2021, a especialistaluva bet reclamaçõesbioacústica Emmanuelle Leroy, da Universidadeluva bet reclamaçõesNova Gales do Sul,luva bet reclamaçõesSydney, e colegas analisaram o cantoluva bet reclamaçõesvárias populaçõesluva bet reclamaçõesbaleias no oceano Índico central.

Alguns anos antes, um novo som havia sido registrado, conhecido como "Cançãoluva bet reclamaçõesChagos", ou "Diego Garcia Downsweep",luva bet reclamaçõeshomenagem ao local onde foi detectado: o atol Diego Garcia, no arquipélagoluva bet reclamaçõesChagos.

À época, cinco gruposluva bet reclamaçõesbaleias-azuis eram conhecidos no Oceano Índico, juntamente com populaçõesluva bet reclamaçõesbaleias-de-Omura. Mas não ficou claro a qual grupo a cançãoluva bet reclamaçõesChagos pertencia.

Os cientistas sabem que cada grupo tem cantos fortemente personalizados, o que significa que podem ser classificadasluva bet reclamações"populações acústicas", e este não batia.

Leroy e seus colegas perceberam que a rede IMS lhes permitiria estudar o cantoluva bet reclamaçõesChagos ao longoluva bet reclamaçõesquase duas décadas,luva bet reclamaçõesvários locais do oceano, desde o Sri Lanka até a Austrália Ocidental.

A análise concluiu que o cantoluva bet reclamaçõesChagos deve pertencer a uma população inteiramente novaluva bet reclamaçõesbaleias azuis anãs.

Encontrar este novo grupo foi uma boa notícia significativa, porque baleias-azuis-anãs são muito raras. No século 20, as baleias-azuis foram caçadas atéluva bet reclamaçõesquase extinção, passandoluva bet reclamaçõesestimadas 239 mil na décadaluva bet reclamações1920, para um mínimoluva bet reclamaçõescercaluva bet reclamações360luva bet reclamações1973.

Quando os arquitetos do IMS construíramluva bet reclamaçõesredeluva bet reclamaçõesdetecção, fizeram-no na esperançaluva bet reclamaçõesque o mundo fosse um pouco mais seguro.

"O que é realmente surpreendente para mim é que estas pessoas inteligentes decidiram que os testes nucleares são um perigo para a humanidade, e não só escreveram um tratado dizendo 'vamos parar com isso', mas também criaram as tecnologias para monitorá-los. Isso é colocar a ciência e a tecnologialuva bet reclamaçõesbom uso pela humanidade", diz Perez Campos.

Mas mesmo com essa visão, os fundadores da rede provavelmente não previram todos os usos do IMS hoje. Suas maisluva bet reclamações300 estações evoluíram para que o sistema se tornasse a redeluva bet reclamaçõesescuta planetária definitiva.

Neste momento,luva bet reclamaçõeslocais remotos por todo o mundo, sensores estão monitorando a humanidade e a naturezaluva bet reclamaçõesbuscaluva bet reclamaçõessons e estrondos queluva bet reclamaçõesoutra forma poderiam passar despercebidos – e isso inclui uma famílialuva bet reclamaçõesbaleias cantando uma canção única.

Podemos não ser capazesluva bet reclamaçõesobservar esse grupo esquivo, mas mesmo assim elas podem ser ouvidas.