Como conversar com filhos sobre ataques a escolas:jogo dos pênaltis

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Legenda da foto, Pais têm enfrentado desafiojogo dos pênaltislidar com filhos após ataques a escolas no Brasil

Em São Paulo, um adolescente esfaqueou três alunos e uma professora, que acabou morrendo, no finaljogo dos pênaltismarço. Dias depois, um homem assassinou brutalmente quatro crianças e feriu outras cincojogo dos pênaltisuma crechejogo dos pênaltisSanta Catarina.

No Amazonas, um menino feriu a faca uma professora e dois outros alunos. E,jogo dos pênaltisGoiás, um estudante feriu duas colegas. Também com uma faca.

A filhajogo dos pênaltisFernanda escutou os boatos dentro da própria escola e, preocupada, procurou a mãe. Primeiro, ela tentou tranquilizar a menina mostrando que a escola e as famílias já estavam sabendo do problema.

“Falei para ela que os adultos, que são os responsáveis pela segurança das crianças, estavam cuidando disso”.

Além disso, Fernanda optou por trabalhar com a filha questõesjogo dos pênaltissegurançajogo dos pênaltisgeral e tirar um pouco o foco da escola.

“Falo que existem sim situações perigosas e que temos que tomar cuidado com pessoas desconhecidas.”

Ou seja, o medo é um sentimento que tem o seu papel, já que está relacionado com prudência.

“Criança sem medo sai correndo pela rua. O que não pode é travar e deixá-lajogo dos pênaltispânico”, explica.

Como lidar com o medojogo dos pênaltisir à escola

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Legenda da foto, Psicólogos e professores traçam estratégias para evitar que alunos sintam medo após ataques
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A psicóloga Elaine Alves, pesquisadora do Institutojogo dos pênaltisPsicologia da Universidadejogo dos pênaltisSão Paulo (USP), acrescenta que é importante falar para a criança ou adolescente que esse tipojogo dos pênaltisataque é raro e reforçar que a escola é um lugar seguro.

De acordo com a psicóloga, que é doutorajogo dos pênaltisPsicologia do Desenvolvimento humano e coordenadora do Núcleojogo dos pênaltisIntervenções Psicológicasjogo dos pênaltisEmergências e Desastres (NIPED), trazer informações concretas ajuda a colocar a situaçãojogo dos pênaltisperspectiva nesta hora.

Por exemplo, ao mostrar que, dentrojogo dos pênaltisum universojogo dos pênaltisdezenasjogo dos pênaltismilharesjogo dos pênaltisescolas, esse tipojogo dos pênaltisviolência ocorreu poucas vezes ao longo do tempo.

Alves também aconselha a manter a rotina e não deixar que os alunos deixemjogo dos pênaltisir para a escola por causa do medojogo dos pênaltisataques. “A rotina é o que nos organiza”, diz.

A psicóloga está atendendo famílias, alunos e funcionários da escola estadual Thomazia Montoro,jogo dos pênaltisSão Paulo, onde a professora atacada por um aluno morreu.

Também fez esse trabalho na escola Primo Bitti, uma das escolas atacadas no Espírito Santo, e na escola estadual Raul Brasil,jogo dos pênaltisSuzano, no interiorjogo dos pênaltisSão Paulo, onde, há quatro anos, dois ex-alunos mataram sete pessoas, cinco adolescentes e duas funcionárias, e se suicidaramjogo dos pênaltisseguida.

Alves diz que, apesar dos ataques serem chocantes, a preocupação dos pais e das escolas deveria ser com as violências do cotidiano, como abusos físicos e emocionais, racismo, misoginia e preconceito religioso, e que o foco deve ser trabalhar o respeito aos colegas e professores.

A psicóloga também afirma ser fundamental trabalhar a confiança dos estudantes nos pais desde sempre e não apenasjogo dos pênaltismomentosjogo dos pênaltiscrise.

Por exemplo, não fazer ameaças como dizer que se o filho tiver certa atitude o pai ou a mãe vai largá-lo sozinhojogo dos pênaltisalgum lugar ou não vai mais gostar dele, porque isso mina a confiança da criança ou adolescente nos adultos, explica Alves.

Caso um filho demonstre estar com medojogo dos pênaltisir à escola, a recomendaçãojogo dos pênaltisespecialistas é para os pais conversarem com a instituição.

O apoiojogo dos pênaltisum “adultojogo dos pênaltissegurança” na escola, que não precisa necessariamente ser o professor principal, pode ajudar um aluno que esteja mais fragilizado.

“Pode ser uma coordenadora, um inspetor. Uma pessoa a quem a criança vai recorrer se perder um material, se for mal na prova ou se estiver triste, alguém para oferecer um abraço”, diz Fernanda Martins.

“Algumas crianças passam pela escola sem nenhum conflito, mas tem outras que vão precisarjogo dos pênaltismais apoio.”

Se a criança ou adolescente ainda não quiser ir para a aula, outro recurso é estabelecer objetosjogo dos pênaltissegurança, como uma naninha, bichojogo dos pênaltispelúcia, uma foto da família, um chaveiro na mochila ou um amuleto.

“Algo que torne mais concreta a sensaçãojogo dos pênaltisque a criança está segura”, diz a neuropsicopedagoga.

Os pais também podem transmitir segurança sem terjogo dos pênaltisesconder seus próprios sentimentos.

Fernanda Martins diz que não há problema se os pais demonstram preocupação, mas reafirmando que confiam na escola e que as medidas necessárias estão sendo tomadas. Ao expor seus medos, os adultos validam os sentimentos dos filhos.

A psicóloga Elaine Alves concorda que os pais podem mostrar vulnerabilidade. Quando choram na frente dos filhos, por exemplo, é como se “autorizassem” que os filhos façam o mesmo.

O tipojogo dos pênaltisconversa varia com a idade

Crédito, Paulo Guimarães

Legenda da foto, Psicóloga diz que que é importante falar para a criança ou adolescente que esse tipojogo dos pênaltisataque é raro

Mas o modo como os adultos lidam com os receios dos filhos deve variarjogo dos pênaltisacordo comjogo dos pênaltisidade.

Fernanda Martins aconselha, por exemplo, que criançasjogo dos pênaltisaté 7 anos não tenham contato com informações a respeitojogo dos pênaltisataques e massacres, se for possível evitar.

Até esta idade, a criança se guia muito pela fantasia, e a ideiajogo dos pênaltisatos violentos como esses se tornam um monstro ainda mais assustador dentro da mente delas.

A partir dos 8 anos, os medos se tornam mais concretos. “A criança pode demonstrar temorjogo dos pênaltismorrer ou dos pais morrerem”, diz Martins.

Dessa idadejogo dos pênaltisdiante, os pais podem explicar melhor o que aconteceu nas escolas e as ameaçasjogo dos pênaltisnovos ataques, caso a criança fique sabendo e traga essa preocupação para casa, mas sem dar detalhes sinistros.

Elaine Alves também indica ficar muito atento às coisas que as crianças falam e às brincadeiras.

“A criança pode escutar um burburinho na escola e sentir medo, mas nem saber exatamente do quê. É na conversa do cotidiano que ela vai dar sinaisjogo dos pênaltisque há algum problema”, diz a psicóloga.

A partirjogo dos pênaltis12 ou 13 anos, é mais provável que o adolescente tenha acesso às informações sobre o que ocorreu por redes sociais, sitesjogo dos pênaltisnotícias oujogo dos pênaltisconversas com amigos.

Nessa fase, os pais podem puxar o assunto mais abertamente e perguntar se o filho soube dos ataques ou se teve acesso a algum rumor sobre ameaçasjogo dos pênaltisnovos massacres, sempre reforçando a confiança na escola.

“Nesse caso, os pais é que têm que falar, se não parece um assunto proibido”, diz Alves.

A psicóloga também recomenda que os pais fiquem atentos a mudançasjogo dos pênaltiscomportamento nos filhos e a qual tipojogo dos pênaltisconteúdo eles acessam, para saber se estão sendo expostos ou até propagando conteúdos violentos ou relacionados a bullying ou assédio.

“Os pais é que determinam a qual níveljogo dos pênaltisprivacidade os filhos têm direito”, diz Alves.

“Os adultos podem até não ler mensagens particulares, mas entendo como uma obrigação dar uma olhada geral. Isso é cuidado, é papel dos pais, responsabilidade deles.”

O que os adultos não devem fazer nunca, segundo os especialistas, é desmerecer o medo, ao dizer, por exemplo, que a preocupação é uma bobagem.

“Os filhos vão perceber que os pais estão preocupados, sim. O que vai ajudar a saber lidar com o medo é conversar, dizer que vai enfrentar isso junto com a criança”, diz Fernanda Martins.

“A criança sofre, o adulto às vezes desmerece, mas, para ela, aquele problema que ela está vivendo é importante”, diz Elaine Alves.

Família e escola unidas

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Legenda da foto, Um bom caminho para fortalecer a segurança e confiança nas escolas pode ser, além do acolhimento, fortalecer o vínculo das famílias com as escolas

Um bom caminho para fortalecer a segurança e confiança nas escolas pode ser, além do acolhimento, fortalecer o vínculo das famílias com as escolas.

O Colégio Stocco,jogo dos pênaltisSanto André, na região da Grande São Paulo, tem conversado com os pais e proposto discussões entre os alunos.

“Fomos fazendo um trabalho mais amplo desde que os ataques aconteceram e os boatos começaram e não tivemos faltas no dia 20”, diz o diretor da escola, Roberto Belmonte Júnior.

De acordo com o diretor, a escola fez rodasjogo dos pênaltisconversas nas salas, e os alunos compartilharam seus medos e preocupações durante estes papos.

“A partir dessas percepções, bolamos estratégias, e daí veio a ideiajogo dos pênaltisfazer uma árvore da paz”, diz.

O colégio já tinha como parte da programação reunir periodicamente alunosjogo dos pênaltisdiferentes séries no ginásio da escola para discutir temas relevantes.

Devido aos ataques recentes e à preocupação dos pais, a cultura da paz virou um dos temas destas discussões.

No dia 20jogo dos pênaltisabril, os alunos do quarto ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio trouxeram bilhetes escritos por eles ou pelas famílias dizendo o que fazem para cultivar a paz e os penduraramjogo dos pênaltisuma grande árvore montada com esse propósito.

“Apareceram muitas mensagens falandojogo dos pênaltisunião, amizade e respeito”, diz Belmonte Júnior.

Essas iniciativas têm, na visão do diretor, transmitido confiança e deixado os alunos mais tranquilos.

“É claro que a violência existe e precisamos estar atentos. Mas é importante demonstrar bom senso. Estarmos alertas, mas não apavorados”, afirma o diretor.