Os ataquesIsrael contra áreas indicadas como 'seguras para civis':

Alguns destes avisos eram acompanhados por mapas com setas apontando para áreas vagamente definidas para onde ir.

Três dos ataques que examinamos atingiram essas áreas ou áreas próximas a elas nos dias seguintes aos alertas.

As forças militares israelenses - as IDF - disseram que se comunicam com os residentesGazavárias maneiras, incluindo entregapanfletos, postagensáraberedes sociais e avisos emitidos por organizações civis e internacionais.

Nesta reportagem, examinamos as instruções das IDF publicadas nas redes sociais e os ataques realizados.

Khan Younis - 10outubro

Em 10outubro, as IDF disseram que seus caças atingiram mais200 alvosRimal, no norte, eKhan Younis, no sul, durante a noite.

A BBC examinou um ataque ocorrido naquele dia no centroKhan Younis para compreender a localização e a dimensão dos danos.

Imagensvídeo publicadas após o ataque mostram escombros e edifícios desabados no centro da cidade. Verificamoslocalização usando pistas visuais como o minarete da Grande MesquitaKhan Younis.

Também examinamos fotos que mostram edifícios destruídos e pessoas vasculhando o que restacarros e casas.

Sabemos que as fotos mostram o mesmo local do vídeo porque a mesma placafarmácia pode ser vistaambos. Também usamos pesquisas reversasimagens para verificar se as fotos não eramum incidente anterior.

Na manhã8outubro, o porta-voz das IDF, Avichay Adrae, publicou um aviso no X (antigo Twitter)árabe, dando instruções aos residentesvárias áreasGaza para abandonarem as suas casas e se mudarem para outros locais parasegurança.

Embora as zonasevacuação tenham sidogeral claramente delineadas, os destinos para onde os residentes foram orientados foramgeral muito mais vagos.

Neste caso, aqueles que vivem nos bairrosAbasan al-Kabira e Abasan al-Saghira, a poucos quilômetros a sudeste do centroKhan Younis, foram informados no tweet8outubro para irem ao "centro da cidadeKhan Younis".

O mapa incluído no vídeo tuitado para quem mora nos dois bairros destaca suas residências atuais e inclui uma seta simplesmente apontando na direçãoKhan Younis.

Não é possível descartar a possibilidadeque posteriormente tenham surgido instruções diferentes, mas a BBC não encontrou qualquer prova disso.

Rafah - 11outubro

A BBC verificou que houve outro ataque no dia seguinte, mais a sul, perto da fronteira com o Egito. Este ataque11outubro atingiu a Praça Nejmeh, no centroRafah.

A BBC analisou um vídeo postado nas redes sociais mostrando a destruição após o ataque. Utilizando as imagens disponíveis da praça antes do ataque, conseguimos identificar a forma dos edifícios como a da praça Nejmeh.

O aviso, emitido8outubro pelas IDF, também tinha uma instrução para os residentesRafah, dizendo para irem imediatamente para o abrigo no centro da cidadeRafah "parasegurança".

O mapa do vídeo para quem mora nos bairrosRafah contém uma seta direcionando os moradores para "Rafah".

A BBC analisou todas as postagensalerta nas redes sociais das IDFárabeque tem conhecimento neste período. Não foi possível encontrar provasquaisquer instruções diferentes subsequentes, mas isso não elimina a possibilidadeque outras tenham sido emitidas.

Khan Younis - 19outubro

Oito dias depois,Khan Younis, houve outro ataque – desta vez na rua Gamal Abdel Nasser.

Verificamos isso observando vídeos dos prédios desabadosuma das principais vias da cidade. Ao combinar o formato dos edifícios do vídeo com osoutras imagens estáticas do mesmo local, pudemos verificar que se tratava do mesmo local.

Imagens adicionais após as explosões mostram corposmortos e feridos sendo retirados dos escombros e levados para o hospital Nasser, nas proximidades.

As IDF emitiram um aviso16outubro para que os residentes da cidadeGaza se mudassem para o sul, para Khan Younis, se "asegurança e a segurança dos seus entes queridos forem importantes para vocês".

Novamente, existe a possibilidadehaver instruções adicionais diferentes, mas não encontramos nenhuma evidência disso.

Campos no centroGaza - 17, 18 e 25outubro

Mais ao norte, na região centralGaza, existem quatro camposrefugiados.

A BBC verificou ataques a dois deles. Imagens nas redes sociais que mostram as consequênciasum ataque ao campoal-Bureij,17outubro, mostram grandes destroços, chamas e corpos ensanguentados sendo retirados dos escombros.

Verificamos as imagens comparando os edifícios nestas imagens com fotos tiradas por agênciasnotícias após os ataques. Também verificamos a localização da filmagem usando uma mesquita visível como referência.

Outro campo próximo, al-Nuseirat, foi atacado no dia seguinte, 18outubro.

Verificamos imagens das redes sociais mostrando as consequências, com ambulâncias, detritos, pessoas tentando apagar as chamas e uma padaria destruída.

Nós o localizamos comparando os nomes das lojas que podem ser vistos no vídeo com aqueles vistos nas fotos publicadas antes do ataque.

Apesar do aviso anterior8outubro instruindo os residentes da área oriental e sulMaghazi a irem para campos no centroGaza, não parece haver quaisquer campos no local especificado no mapa do tuíte.

No entanto, identificamos três campos próximos: al-Nuseirat e al-Bureij, atingidos pelos ataques17 e 18outubro, e outro campo chamado Deir al-Balah.

Não podemos descartar a possibilidadeque posteriormente tenham havido instruções diferentes, mas a BBC não encontrou qualquer prova disso.

As consequênciasoutro ataque no campoal-Nuseirat,25outubro, foram divulgadas pela TV Al Jazeera.

Imagens postadas online mostram seu principal correspondenteGaza, Wael al-Dahdouh, chorando no hospital, segurando o corposua filhasete anos e ajoelhado sobre o corposeu filho adolescente. Sua esposa também foi morta.

"Não existe nenhum lugar seguroGaza", disse eleentrevista à Al Jazeera.

Ele disse quefamília se mudou do norte após o alertaIsrael aos residentes para se mudarem para o sul parasegurança.

O que dizem as IDF

A BBC forneceu locais e datas específicos para cada um dos ataques destacados neste artigo para as IDF.

Perguntamos se esses locais foram atingidos pelas forças das IDF e se avisos foram dados antes destes ataques.

Emresposta, as IDF disseram que "não podem fornecer mais informações sobre estes locais específicos".

Afirmaram que "apelaram aos civisGaza que se deslocassem para o sul para asegurança, mas continuarão a atacar alvos terroristastodas as partesGaza".

"De acordo com o direito internacional, as IDF tomam medidasprecaução para evitar danos à população civil. Estas medidas incluem avisos antes dos ataques, nos casosque seja possível fazê-lo", acrescentaram as IDF.