O silencioso desaparecimento da criptomoeda criada por Maduro na Venezuela:jogos ilegais
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El Aissami deixou o cargo após a descobertajogos ilegaisuma operaçãojogos ilegaiscorrupção multimilionária na empresa petrolífera estatal PDVSA.
"Em virtude das investigações que foram iniciadas sobre graves atosjogos ilegaiscorrupção na PDVSA, tomei a decisãojogos ilegaisapresentar a minha renúncia ao cargojogos ilegaisMinistro do Petróleo, com o objetivojogos ilegaisapoiar, acompanhar e apoiar integralmente este processo", escreveu emjogos ilegaisúltima postagem.
O escândalo ficou conhecido como 'PDVSA cripto' porque, como explicou na época o procurador-geral Tarek William Saab, a Superintendência Nacionaljogos ilegaisCriptoativos (Sunacrip) recebeu a cessão para comercializaçãojogos ilegaiscarregamentosjogos ilegaispetróleo venezuelano, mas o fruto dessas vendas supostamente teria sido convertidojogos ilegaiscriptomoedas e desviado para outros destinosjogos ilegaisdetrimento do Tesouro venezuelano.
Segundo noticiado naquela época pelo jornal venezuelano Últimas Noticias, as receitas provenientes da venda do petróleo bruto desaparecido chegavam a cercajogos ilegaisUS$ 3 bilhões (R$ 15 bi).
Estimativas subsequentes da ONG Transparência Venezuela divulgadasjogos ilegaisjunhojogos ilegais2023 indicam que as perdas causadas por estas operações variam entre US$ 13 bilhões e US$ 16 bilhões (R$ 65 bi e R$ 80 bi).
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Em dezembrojogos ilegais2017, Maduro anunciou a criação do petro como uma ferramenta para "avançar para novas formasjogos ilegaisfinanciamento internacional para o desenvolvimento econômico e social do país".
Um mês depois, foi noticiada a emissãojogos ilegais100 milhõesjogos ilegaispetros ao preçojogos ilegais60 dólares cada, o que permitiria ao governo,jogos ilegaisteoria, angariar cercajogos ilegaisUS$ 6 bilhões.
"O objetivo traçado pelo governo era gerar esta quantiajogos ilegaisdinheiro rapidamente, realizando operações com este token principalmente fora da Venezuela", explica Aaron Olmos, economista e professorjogos ilegaispós-graduação do Institutojogos ilegaisEstudos Superioresjogos ilegaisAdministração (IESA), à BBC Mundo, serviçojogos ilegaisespanhol da BBC.
"O problema dessa ideia é que o petro ainda não havia nascido na Venezuela quando o Escritóriojogos ilegaisAtivos Estrangeiros da Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos (OFAC) gerou uma ordem executiva invalidando o uso do petro dentro dos Estados Unidos. É por isso que quem quisesse usar o petro tinha a possibilidadejogos ilegaisser sancionado pelas autoridades norte-americanas. Isso,jogos ilegaisalguma forma, matou a intenção do governo venezuelanojogos ilegaisusar o petro como elementojogos ilegaistroca fora do país", acrescenta.
Confinado ao mercado venezuelano, o petro foi então transformadojogos ilegaisunidadejogos ilegaisconta, uma espéciejogos ilegaisreferência para fixaçãojogos ilegaispreços, salários, bem como para pagamentojogos ilegaisimpostos, taxas e contribuições.
Assim, por exemplo, para processar um passaporte válido por 10 anos, os venezuelanos tiveram que pagar o equivalente a 3,6 petros.
Também era utilizado para pagar benefícios a trabalhadores aposentados do setor público, para pagar alguns impostos e até para adquirir alguns bens e serviçosjogos ilegaisdeterminados estabelecimentos que o aceitavam como formajogos ilegaispagamento.
"Você poderia fazer pagamentos, comprar ou especular com o petro", diz Enrique De Los Reyes, presidente da Câmara Venezuelanajogos ilegaisEmpresas Criptofinanceiras (Cavemcrip), à BBC Mundo.
Ele diz que inicialmente era uma moeda muito popular.
"Em 2018, a Venezuela tinha o marco regulatório mais amplo para ativos cripto da América Latina, foi o primeiro país a lançarjogos ilegaisprópria moeda. Muita gente ganhou dinheiro com o petro, com a oferta e a demanda", ressalta.
"Havia uma redejogos ilegaisentusiastas que incentivavam o uso do petro, que ensinavam a usar a moeda e seu aplicativo", acrescenta.
O especialista indica, porém, que os parâmetros para que essa criptomoeda se tornasse uma "moeda digital do banco central", um tipojogos ilegaiscriptomoeda, mas apoiada pelas autoridades monetárias do país, não foram cumpridos.
E embora o petro tenha sido uma iniciativa pioneira, acabou perdendo força ao longo do caminho.
Pouco alcance, pouca confiança
Aaron Olmos diz que o objetivo do governo venezuelano era criar uma criptomoeda semelhante ao bitcoin.
No entanto, embora o petro também seja gerado através da tecnologia blockchain, existem muitas diferenças entre ele e a popular criptomoeda. Entre elas, o fatojogos ilegaisnão ser minerável (processo que busca validar e incluir novas transações na blockchain) já que os tokens foram gerados anteriormente pelas autoridades venezuelanas.
"Por suas características — ser centralizado, direcionado, governamental —, perdeu todos os elementos atrativosjogos ilegaisum criptoativo como o bitcoin, que é aberto, descentralizado e lavrável", ressalta o especialista.
Ele destaca que outros fatores que jogaram contra o petro têm a ver com seu alcance limitado e as dificuldadesjogos ilegaissua utilização.
"Nem todo mundo recebeu petros porque quem deu os petros foi o governo nacional. Quem recebeu petros foram fornecedores do Estado, trabalhadores aposentados ou pessoas que tinham negócios com o Estado e que aceitaram os petros como uma formajogos ilegaispagamento, porque ele nunca foi utilizado para pagar salários, remunerações e benefíciosjogos ilegaisgeral", afirma.
"O petro nunca circulou como moeda adicional, como o bolívar ou como o dólar ou o peso colombiano fazem hoje. Sempre esteve restrito a determinados setores e isso impossibilitou que as pessoas tivessem 100%jogos ilegaisacesso a ele", acrescenta.
Um dos usos mais recentes do petro era o pagamentojogos ilegaisrecargasjogos ilegaiscombustíveljogos ilegaisalguns postosjogos ilegaisgasolinajogos ilegaisCaracas.
Olmos conta que o que acontecia frequentemente ali era que os membros mais jovensjogos ilegaisuma família compravam os petrosjogos ilegaisseus parentes aposentados que recebiam as criptomoedas do governo, mas muitas vezes não sabiam como utilizá-los.
Segundo De Los Reyes, a faltajogos ilegaisconhecimento sobre esse ativo digital também dificultoujogos ilegaisexpansão.
"Havia muita gente que não entendia e não queria entender, e vice-versa. Viemosjogos ilegaisuma Venezuela pré-pandemia muito conflituosa. Felizmente, há crescimento econômico no país. Mas muita gente deixoujogos ilegaisusar o petro, porque ainda tem o estigmajogos ilegaisque tudo que o governo faz é ruim. A ignorância levou a muitas práticas ruins", diz.
Essa talvez seja uma das maiores dificuldades que o petro tem enfrentado: gerar confiança entre os usuários.
E, embora o seu preço tenha sido originalmente definido com base no barriljogos ilegaispetróleo venezuelano e, mais tarde,jogos ilegaistornojogos ilegaisuma cestajogos ilegaispreços mais ampla que incluía também o ferro, o ouro e os diamantes venezuelanos, o preço do petro sempre se mantevejogos ilegaistornojogos ilegaisUS$ 60 por unidade.
"Não houve volatilidade adequada, como com bitcoin. Teve uma volatilidade muito estranha, não se comportou exatamente como a oferta e a procura exigiam. Eram como valoresjogos ilegaissegunda mão", diz De Los Reyes.
Olmos destaca que embora no Libro Blanco del petro (guia publicado pelo governo que explica como funciona essa criptomoeda) exista uma relação algébrica na qual são indicados os fatoresjogos ilegaiscorreção utilizados para determinar o valor da moeda, "no final, o preço foi estabelecido pelo governo"jogos ilegaisUS$ 60 por petro ou algo próximo disso.
Embora,jogos ilegaisteoria,jogos ilegaisum país com inflação elevada como a Venezuela, esta ancoragem informal do petro ao dólar americano possa tornar ajogos ilegaisposse atrativa para aqueles que querem evitar que os seus bolívares percam poderjogos ilegaiscompra, Olmos afirma que o criptoativo venezuelano também não cumpria esta função devido às restrições àjogos ilegaisconvertibilidade e às comissões que eram cobradas quando negociado.
Ele diz que muitas conversões autorizadas pelo governo venezuelano limitaram a quantidadejogos ilegaispetros que poderiam ser trocados por outros criptoativos ou moedas estrangeiras e que, além disso, descontavam até 20% do valor nominal do petro no momentojogos ilegaissua negociação.
"Então, muitas pessoas que perceberam que trocar o petro por outro meiojogos ilegaispagamento os levaria a perder uma quantia interessantejogos ilegaisdinheiro pelo caminho, começaram a rejeitar o petro", diz.
Rumo ao desaparecimento?
Após o escândalo da PDVSA, o governo da Venezuela decretou a intervenção da Superintendência Nacionaljogos ilegaisCriptoativos e iniciou um processojogos ilegaisauditoriajogos ilegaistodo o sistema cripto existente no país.
Na prática, isso se traduziu na suspensão não só das operaçõesjogos ilegaispetros, mas tambémjogos ilegaisoutras criptomoedas (bitcoin, litecoin, ethereum e dash) que eram negociadas nas "exchanges" (os mercados onde os criptoativos são negociados) autorizadas no país.
Esta suspensão foi mantida durante 10 meses e a única notícia oficial que ocorreu a este respeito foi um anúnciojogos ilegaisdezembrojogos ilegais2023. Na data, as autoridades venezuelanas alertaram que começariam a liquidarjogos ilegaisbolívares todos os ativosjogos ilegaisqualquer uma destas moedas mantidos pelos usuários no Petro App (o aplicativo oficial criado para negociar o petro).
Esse processojogos ilegaisconversão terminou no dia 15jogos ilegaisjaneiro e foi interpretado por muitos como um sinaljogos ilegaisque o petro havia chegado ao fimjogos ilegaissua jornada.
A BBC Mundo fez contato com o Ministériojogos ilegaisComunicação e Informação da Venezuela para consultar as autoridades do país sobre a situação do petro, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Tanto Olmos como De Los Reyes alertam que nenhum anúncio oficial foi feito sobre o fim do petro. Eles também afirmam que a Venezuela desenvolveu uma legislação valiosa neste campo.
"Foi criado um plano nacionaljogos ilegaiscriptoativos. Foram estabelecidas uma sériejogos ilegaiscondições legais, um quadro jurídico bastante robusto, muito interessante. Não se deve subestimar tudo o que foi feito a nível legal na Venezuela para o funcionamento do petro", afirma Olmos, que acredita que ainda é possível um relançamento desta criptomoeda oficial.
"Duvido que o petro desapareça, porque bem utilizado é uma ferramenta muito positiva para a Venezuela, um dos países latino-americanos que mais recebe remessas e que precisajogos ilegaismoedas reguladas e controladas para oferecer uma correta adoçãojogos ilegaiscriptoativos e evitar fraudes", diz De Los Reyes.
Quer haja ou não um relançamento do petro, o governo parece prestes a abandonar ajogos ilegaisutilização como unidadejogos ilegaismoeda. Recentemente, o Ministério do Interior anunciou que o novo preço dos passaportes não estará mais ancorado no valor do petro, mas sim no dólar americano.
Um sinal adicional que lança dúvidas se o petro vai acordar do coma induzidojogos ilegaisque entrou há 10 meses.