'Viver assim não é normal': brasileiros que permanecem na Ucrânia um ano após início da guerra:betfair bonus 5 reais
Para o padre paulista Lucas Perozzi Jorge, 37, a definição por ficar foi motivada pela vocação. "Quando começou a guerra eu estavabetfair bonus 5 reaisuma cidade chamada Uzhhorod, que faz fronteira com a Eslováquia. Mas desde então estoubetfair bonus 5 reaisKiev e assim que cheguei aqui tive a convicçãobetfair bonus 5 reaisque esse é o lugar certo para mim", diz.
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O religioso mora na Ucrânia há 19 anos e se formou no seminário Redemptoris Materbetfair bonus 5 reaisKiev, como partebetfair bonus 5 reaisum itineráriobetfair bonus 5 reaisiniciação cristã da igreja Católica. Ele afirma ter recebido várias ligações do Itamaraty sobrebetfair bonus 5 reaisdecisãobetfair bonus 5 reaisficar. "Eles me perguntavam se eu estava aquibetfair bonus 5 reaislivre vontade e ofereciam ajuda para voltar ao Brasil, caso quisesse. Mas sempre recusei."
Perozzi vive atualmente nas dependências da Paróquia Assunção da Santíssima Virgem Maria,betfair bonus 5 reaisonde já presenciou vários ataques aéreos nos últimos meses.
"O período inicial foi o mais difícil. Kiev era bombardeada duas ou três vezes ao dia e o Exército russo estava ao redor da cidade", relata. "Mas desde a Páscoa, quando as tropas russas recuaram, está um pouco mais tranquilo".
"Um dos dias mais assustadores foi quando um míssil atingiu um edifício a cercabetfair bonus 5 reais1 quilômetro da igreja. O impacto foi muito forte e sentimos os vidros e o chão tremer."
Mesmo com os sustos, o padre afirma que as sirenesbetfair bonus 5 reaisalerta para ataques aéreos não causam mais pânico como no início. E, apesar das orientações das autoridades locais para buscar refúgio sempre que o sinal soar, muitos seguem com suas vidas.
"As sirenesbetfair bonus 5 reaisalerta tocam no mínimo uma ou duas vezes por dia, quando é identificado algum tipobetfair bonus 5 reaismovimentação aérea do lado russo, mas nem sempre os ataques se concretizam", disse à BBC Brasil o brasileiro naturalbetfair bonus 5 reaisPresidente Prudente, no interiorbetfair bonus 5 reaisSão Paulo.
"Escutamos tantas sirenes que eu, por exemplo, só me abrigobetfair bonus 5 reaislocais no subsolo quando o alerta é seguidobetfair bonus 5 reaisexplosões."
O religioso afirma que, nas ruas da capital ucraniana, a vida parece transcorrer com normalidade até o momentobetfair bonus 5 reaisque escuta os sinaisbetfair bonus 5 reaisalerta ou um batalhãobetfair bonus 5 reaissoldados cruza seu caminho.
"Podemos ir ao cinema, mas não há garantiabetfair bonus 5 reaisque vamos conseguir assistir ao filme até o final", conta.
"Há pouco tempo estava no cinema quando as sirenes soaram. Fomos para o subsolo e assim que o alerta acabou retornamos ao filme. Mas bem perto do final a sirene tocou novamente – e dessa vez não pudemos continuar porque já era tarde e há um toquebetfair bonus 5 reaisrecolherbetfair bonus 5 reaisvigor."
"Para nós já é normal. Mas no fundo sei que viver assim não é normalbetfair bonus 5 reaisverdade – e me causa muito estresse", admite.
'Tento afastar os pensamentos negativos'
A aparente sensaçãobetfair bonus 5 reaisnormalidade também está presente no discursobetfair bonus 5 reaisoutros brasileiros que vivem na Ucrânia após um anobetfair bonus 5 reaisguerra.
A paranaense Aline Vittorazzo, 37, que morabetfair bonus 5 reaisLviv, afirma que o soar das sirenes e a movimentaçãobetfair bonus 5 reaisdireção aos abrigos "já virou hábito".
"Nos acostumamos com o barulho das sirenes. E o próprio povo ucraniano já não se assusta como no começo", afirmou à BBC Brasil. "Antes assim que a sirene tocava todos saíam correndo. Hoje muitas pessoas nem param o que estão fazendo."
A pedagogabetfair bonus 5 reaisformação moravabetfair bonus 5 reaisLviv com o marido argentino, que é jogador do timebetfair bonus 5 reaisfutebol FC Rukh Lviv, e a filha Manuela, que hoje tem 2 anos.
Após o anúncio da invasão, ela e a família fugiram às pressas da Ucrânia pela fronteira com a Polônia. O caminho até lá foi difícil – tiveram que atravessar uma grande parte a pé, ao ladobetfair bonus 5 reaisuma multidão que também tentava deixar o país.
Foram 16 quilômetros levando malas, carrinhobetfair bonus 5 reaisbebê e um cachorro. O marido Fabrício estava lesionado, caminhando com muletas, e Vittorazzo teve que carregar grande parte das coisas sozinha. Mas eles conseguiram chegar até o território polonês e, após algumas semanas, retornaram ao Brasil.
Em agosto, porém, o clube para qual Fabrício trabalha convocou seus jogadores a se apresentarembetfair bonus 5 reaisLviv e a família tomou a decisãobetfair bonus 5 reaisretornar à Ucrânia.
"Somos uma família e não nos separamos – sempre foi assim, sempre seguimos o meu marido e o trabalho dele", diz.
"Tenho família no Brasil e eles se preocupam, questionam um pouco porque decidimos voltar, mas no fim das contas respeitam nossa decisão."
"Seguro sabemos que não é. Existe um risco e temos consciência. Masbetfair bonus 5 reaiscomparação com outras partes do país, Lviv não é alvo tão constante", afirma.
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Atualmente, segundo a paranaense naturalbetfair bonus 5 reaisCuritiba, a maior dificuldade enfrentada na cidade são os apagões. Há alguns meses as forças russas têm atacado pontos críticos para a infraestrutura ucraniana, provocando cortesbetfair bonus 5 reaiságua e energia elétricabetfair bonus 5 reaistodo o país.
"A cercabetfair bonus 5 reaisdez quadras da nossa casa, uma centralbetfair bonus 5 reaisenergia foi atingida por dois mísseis há alguns meses. Sentimos como se o ar estivesse fazendo uma pressão - as janelas abriram e fecharam", conta.
"Na hora fiquei com muito medo", diz a brasileira, que deve se refugiar na garagembetfair bonus 5 reaisseu prédio quando o sinalbetfair bonus 5 reaisalerta para ataques aéreos é disparado.
"Mas tenho tentado afastar os pensamentos negativos para não ficarbetfair bonus 5 reaispânico. Tem gente que morre escorregando no banheiro, né? Então nunca se sabe."
A faltabetfair bonus 5 reaisenergia, porém, significa dificuldades para cozinhar, manter alimentos refrigerados e principalmente aquecer a casa.
"Tivemos fasesbetfair bonus 5 reaisque tínhamos só quatro horasbetfair bonus 5 reaisluz por dia", relata. "Quando tem energia elétrica ligamos a calefação no máximo e fechamos portas e janelas para manter o apartamento quentebetfair bonus 5 reaiscasobetfair bonus 5 reaisapagão e não passar frio."
'A vida normal não existe na guerra'
O baiano Rodrigo Mota, 35, se mudou para a Ucrâniabetfair bonus 5 reaisjunho para trabalhar na resposta humanitária à guerra. Especializadobetfair bonus 5 reaisRelações Internacionais e Gestãobetfair bonus 5 reaisDesenvolvimento, ele trabalha há sete anos para o Programa Mundialbetfair bonus 5 reaisAlimentos (PMA) das Nações Unidas.
"Qualquer pessoa que mudabetfair bonus 5 reaispaís tem como preocupações questões como barreiras linguísticas ou culturais. Masbetfair bonus 5 reaisum contexto como esse isso deixabetfair bonus 5 reaister importância, porque na verdade o que conta é a segurança", relata o brasileiro, que hoje atua como assessor especial do diretor do escritóirio do PMA na Ucrânia.
"Mas me senti convidado a apoiar os meus colegas aqui e principalmente socorrer as vítimas dessa guerra, porque não é uma guerra apenas política, ela também é humanitária."
Mota morabetfair bonus 5 reaisKiev, mas por conta do trabalho viaja com frequência para outras zonas da Ucrânia, inclusive próximas às fronteiras.
"São nesses lugares que encontramos as pessoas que mais estão sofrendo com a catástrofe da guerra do pontobetfair bonus 5 reaisvista humanitário, que não têm acesso a outros meios que não sejam os que a gente está provendo", diz.
Algumas das cenas mais difíceis, segundo ele, foram presenciadas na cidadebetfair bonus 5 reaisKherson, retomada pela Ucrânia após oito meses sob ocupação russa.
"Chegamos na cidade dois dias depois que ela foi retomada e encontramos um cenáriobetfair bonus 5 reaismuita destruição. Tudo isso afeta o pscicólogicobetfair bonus 5 reaisqualquer um -quem está passando por ali temporariamente e dos próprios residentes."
Por seu trabalho, Mota está também sempre sujeito a riscos. Masbetfair bonus 5 reaisequipe toma todas as precauções possíveis para evitar visitar as áreasbetfair bonus 5 reaismomentosbetfair bonus 5 reaisviolência.
"Mas eu não posso achar que sofro menos riscos por estar na capital ou por ter acesso a esse tipobetfair bonus 5 reaisinformação, porque a ameaça da violência é constante para qualquer pessoa."
O baiano naturalbetfair bonus 5 reaisIlhéus também rejeita a ideiabetfair bonus 5 reaisque alguém possa se acostumar com a vida sob ameaça.
"Não existe vida normal quando se estábetfair bonus 5 reaissituaçãobetfair bonus 5 reaisguerra e todo mundo deve saber que isso aqui não é normal e não deve ser", diz.
"Ainda que as pessoas estejam passando por essa situação há um ano, ninguém se acostuma."
"Não dá para levar um vida normal, por exemplo, quando as atividades são encerradas às 9 horas da noite, quando é preciso se programar para fazer o jantar porque algumas partes da cidade ficam sem luz ou água", relata.
"Eu passo todos os dias me lembrandobetfair bonus 5 reaisque isso que não é normal e que não dá para ter uma vida normal quando 18 milhõesbetfair bonus 5 reaispessoas estão passando necessidade e precisambetfair bonus 5 reaisajuda humanitária."
Justamente por isso, o brasileiro não pensabetfair bonus 5 reaisdeixar o país até pelo menos 2024, quando acababetfair bonus 5 reaismissão na Ucrânia. "O trabalho humanitário ébetfair bonus 5 reaisvocação", resume.
'Quando ouvi a sirene pela primeira vez caiu a ficha'
Jefferson Vinicius da Silva, 22, também se mudoubetfair bonus 5 reaismeio à guerra. Ele chegoubetfair bonus 5 reaisLvivbetfair bonus 5 reaisjaneirobetfair bonus 5 reais2023 para atuar no FC Rukh Lviv, o mesmo timebetfair bonus 5 reaisfutebol do maridobetfair bonus 5 reaisAline, apesar do conflito.
"Desde criança tenho o sonhobetfair bonus 5 reaisjogar fora do Brasil e esse desejo falou mais alto na horabetfair bonus 5 reaisdecidir se iria aceitar a proposta do clube ou não", contou Jefferson à BBC Brasil.
"Cheguei muito tranquilo, mas no momentobetfair bonus 5 reaisque ouvi a sirenebetfair bonus 5 reaisalerta pela primeira vez caiu a fichabetfair bonus 5 reaisque estoubetfair bonus 5 reaisuma zonabetfair bonus 5 reaisguerra", diz.
"Mas o clube me dá toda infraestrutura e proteção que preciso. Além disso, sei que posso voltar a qualquer momento caso não esteja confortável."
Todas as vezes que a sirene toca, Jefferson e os demais integrantes do time se refugiambetfair bonus 5 reaisum bunker nas dependências da áreabetfair bonus 5 reaistreinamento.
"Parece uma casa”, descreve o jogadorbetfair bonus 5 reaisfutebol naturalbetfair bonus 5 reaisNatal, no Rio Grande do Norte. “Tem televisão, wi-fi e tudo - é bem suave".
Jefferson afirma que pretende se manter na Ucrânia por enquanto e,betfair bonus 5 reaisbreve, se mudará parabetfair bonus 5 reaisprópria casa com a esposa. "Ela estava bem receosabetfair bonus 5 reaisvir para cá, mas no final decidiu me acompanhar."