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'Seu nome não é seu nome': como jovem descobriu que foi roubada quando era bebê pelos próprios 'pais':casas para alugar no cassino rio grande
Em Seu Nome não é seu Nome (sem edição no Brasil), o jornalista e escritor argentino Federico Bianchini conta a históriacasas para alugar no cassino rio grandeClaudia e o complexo processo que ela viveu desde o momentocasas para alugar no cassino rio grandeque descobriucasas para alugar no cassino rio grandeorigem, como lidou com a nova realidade. Conta, também, a longa batalha para finalmente encontrarcasas para alugar no cassino rio grande família biológica.
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Mas Bianchini faz outra coisa: através da históriacasas para alugar no cassino rio grandeClaudia, o jornalista lançou luz sobre as milharescasas para alugar no cassino rio grandevítimas sequestradas pela ditadura da Argentina, que governou o país entre 1976 e 1983. E sobre as feridas e cicatrizes que permanecem.
O livro está emcasas para alugar no cassino rio grandesegunda edição e tem sido elogiado não só pelo tema, mas também pela qualidade da narrativa. A BBC News Mundo, serviçocasas para alugar no cassino rio grandeespanhol da BBC, conversou com o autor.
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casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Queria começar a falar da epígrafe que você colocou no livro, uma frasecasas para alugar no cassino rio grandeSvetlana Aleksievich, vencedora do Nobelcasas para alugar no cassino rio grandeLiteratura: ‘A história parece se preocupar apenas com os fatos, as emoções são sempre marginalizadas’. Por que você escolheu essa frase?
casas para alugar no cassino rio grande Federico Bianchini - Abordei essa história pela primeira vez pelo que ela representava no plano jurisprudencial, como um fato histórico na Argentina, porque é o caso usado pela Justiça para revogar as chamadas leis da impunidade: a Lei do Ponto Final e da Devida Obediência.
Mas à medida que fui me aprofundando e entrevistando a Claudia, comecei a perceber que havia pontos que não podiam ser contados e que tinham muito valor histórico, pontos que muitas vezes estavam relacionados com emoções.
É por isso que, quando encontrei a frasecasas para alugar no cassino rio grandeSvetlana, ela me pareceu tão precisa. É que quando se lê os casos históricos, a jurisprudência, o que aconteceu e até os depoimentos nos julgamentos, o que se sabe são os dados, mas muita emoção ficacasas para alugar no cassino rio grandefora.
E eu queria me aprofundar justamente nisso. Tentando, por um lado, mapear as sensações e emoçõescasas para alugar no cassino rio grandeuma pessoa que, aos 21 anos, foi informadacasas para alugar no cassino rio grandeque tudocasas para alugar no cassino rio grandeque acreditava era mentira.
Por outro lado, utilizei recursos narrativos para tentar transmitir ao leitor toda aquela emoção que pensei que havia na história.
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - É uma gamacasas para alugar no cassino rio grandeemoções muito complexa, não é?
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - Quando você pensacasas para alugar no cassino rio grandeuma história como essa, a primeira coisa que você se pergunta é: quando uma pessoa é informada, o que ela faz a seguir com essa verdade, como ela lida com isso? Você pode seguircasas para alugar no cassino rio grandefrente comcasas para alugar no cassino rio grandevida como ela era antes?
Claudia me disse que não se arrependecasas para alugar no cassino rio grandeter descoberto toda a verdade ecasas para alugar no cassino rio grandeisso ter mudadocasas para alugar no cassino rio grandevida.
De certa forma, a verdade tem um efeito calmante, é como retirar um espinho presocasas para alugar no cassino rio grandealgum espaço dacasas para alugar no cassino rio grandememória.
Mas não é só Claudia. Todas as pessoas com quem conversei me disseram que essa história gerou muitas emoções.
Para o tio Fernando, por exemplo, ter encontrado a sobrinha foi uma vitóriacasas para alugar no cassino rio grandeuma vida com tantas derrotas.
Ou perguntaria àcasas para alugar no cassino rio grandeprima Florencia: ‘por que vocês ficaram tão mal quando Claudia conversou com seus pais sequestradores? Ela me respondeu: ‘porque para mim eles são os assassinos dos meus tios.’
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Há cenas muito reveladoras, como quando Claudia e o primocasas para alugar no cassino rio grandeClaudia se conheceram. É um momentocasas para alugar no cassino rio grandeemoções e quando se aproxima para abraçá-la, ela dá um passo para trás. Ou quando você conta o caso para um amigo psicólogo e ele responde “que bom para a sociedade, para a família, e que complicado para eles”.
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - Sim,casas para alugar no cassino rio grandecada uma das coisas que cercam o caso existe uma grande carga sentimental. E no centro está uma pessoa que sente, decide e deve administrar tudo isso, que é a Cláudia.
Não foi fácil, ela precisoucasas para alugar no cassino rio grandeanos e muita terapia para entender tudo isso sem ser atropelada pelo poder da história.
A princípio ela disse que tentou negar, esquecer seus sequestradores, e que a qualquer momento, organizando as panelas emcasas para alugar no cassino rio grandecasa, por exemplo, percebeu que estava fazendo isso igual ao seu sequestrador. E ela entroucasas para alugar no cassino rio grandeuma grande briga.
Até aceitar que viveu 21 anoscasas para alugar no cassino rio grandeuma forma que não pôde evitar. Foi uma mentira planejadacasas para alugar no cassino rio grandemaneira metódica, feita por pessoas com poder absoluto, como os pais, neste caso a figura do pai e da mãe.
Porque quando você é criança, se seu pai ecasas para alugar no cassino rio grandemãe te contam alguma coisa, você não começa a revisar, a verificar. Mas e se o que eles te contam não é realmente o seu mundo?
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Além disso, são pessoas que ela amava, os pais com quem ela cresceu. Aliás, uma das coisas que surpreende no livro é quecasas para alugar no cassino rio grandealgum momento ela até volta a morar com os pais que a sequestraram.
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - Isso é algo que torna a história muito complexa. Ela diz que se você perguntar se ela teve uma infância feliz, ela tem que dizer que sim, porque ela amava aqueles pais. E eles a amavam àcasas para alugar no cassino rio grandemaneira. Ela viajou pelo mundo, saiucasas para alugar no cassino rio grandeférias, tinha amigos.
Uma coisa muito diferente é se alguém tiver que se opor a algo que odeia. Se tivessem batido nela, se a tivessem tratado mal.
Mas não, então no final das contas é romper com a família, porque para ela naquele momento aquela era a família dela, a casa dela, os pais dela.
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Essa é uma história cheiacasas para alugar no cassino rio grandeparticularidades mas no livro encontramos frases ou situações arquetípicas, provavelmente ligadas à identidade e à perdacasas para alugar no cassino rio grandeClaudia... Até o título apela a algo que todos temos: um nome.
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - Sim, o título pretende colocar o leitor no momentocasas para alugar no cassino rio grandeque Claudia recebe a notícia. Por isso uso a segunda pessoa do singular. O que você faria nesse caso, como você resolveria isso?
Então, isso acontece com Claudia, mas também com outras pessoas.
Há algumas semanas, Estelacasas para alugar no cassino rio grandeCarlotto (presidente das Avós da Plazacasas para alugar no cassino rio grandeMayo) disse que vai solicitar uma reunião com (o presidente eleito) Javier Milei quando ele assumir o cargo e que vão continuar procurando os netos, independentementecasas para alugar no cassino rio grandequem é o presidente, porque eles são ‘desaparecidos com vida.’
Na Argentina ainda há 300 ‘desaparecidos vivos’, pessoas que naquela época eram crianças, e agora têm cercacasas para alugar no cassino rio grande40, 45 anos, e não sabemcasas para alugar no cassino rio grandeverdadeira identidade.
E aqui me parece que voltamos à questão da complexidade, certo?
Quanto mais aprendia sobre o casocasas para alugar no cassino rio grandeClaudia, e cresciacasas para alugar no cassino rio grandemim a ideiacasas para alugar no cassino rio grandeescrever um livro, mais percebia a universalidade da história, que independentemente do que acontecesse na Argentina com aquele contexto político.
Há algo que tem a ver com decisões morais, com identidade, com a forma como pensamos e como nos baseamos naquilo que os outros também estão construindo.
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Falandocasas para alugar no cassino rio grandesaber a verdade, Claudia relata a impossibilidade institucionalcasas para alugar no cassino rio grandepronunciá-la, quando explica quecasas para alugar no cassino rio grandequalquer documento oficial seus pais aparecem como falecidos, e não como desaparecidos...
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - Por isso digo que narrar um desaparecimento é como descrever um silêncio.
Eu conversei com Daniel Rafecas, o juiz federal responsável pelo caso ESMA (investigaçãocasas para alugar no cassino rio grandeuma sériecasas para alugar no cassino rio grandeprocessos judiciais por crimes contra a humanidade), e perguntei se ele queria saber o que aconteceu com os paiscasas para alugar no cassino rio grandeClaudia, qual seria a pista, o que poderia ser investigado para tentar descobrir seus paradeiros, se eles foram jogados ao mar, como se supõe, ou enterradoscasas para alugar no cassino rio grandealgum lugar.
E ele me disse que não há pistas, não há como saber. Os soldados não testemunharam, não disseram uma palavra. Ele me contou sobre uma rígida cortina probatória: as pessoas que deveriam poder testemunhar estão desaparecidas e os responsáveis por esse desaparecimento não falam.
Há testemunhas que dizem tê-los vistocasas para alugar no cassino rio grandealgum lugar, mas são fragmentos, são recortes, e com esses recortes não se consegue montar o quebra-cabeça.
Isso é algo que tortura os familiares dos desaparecidos. O horrorcasas para alugar no cassino rio grandenão sabercasas para alugar no cassino rio grandenada foi um tema recorrente nas entrevistas que fiz.
Há uma espéciecasas para alugar no cassino rio grandeação reflexa, uma necessidadecasas para alugar no cassino rio grandeverificar,casas para alugar no cassino rio grandesilenciar aquela angústia que permanece.
casas para alugar no cassino rio grande BBC News Mundo - Outro sentimento que permeia o livro é o medo. Isso se reflete muito bem quando você diz que os vizinhos do centrocasas para alugar no cassino rio grandedetenção El Olimpo (onde estavam detidos os paiscasas para alugar no cassino rio grandeClaudia) sabiam que ali aconteciam torturas, mas preferiram permanecer calados. 40 anos após o retorno da democracia, que efeitos você acha que esse silêncio teve na sociedade argentina?
casas para alugar no cassino rio grande Bianchini - É interessante. Claudia me disse que para sustentar uma história como a dela, pelo menos,casas para alugar no cassino rio grandecálculo aproximado, seria necessário o silênciocasas para alugar no cassino rio grandecercacasas para alugar no cassino rio grande100 pessoas, incluindo parentes dos sequestradores, e outros quecasas para alugar no cassino rio granderepente vêem que alguém que não teve um filhocasas para alugar no cassino rio granderepente aparece com um bebê.
Ela me contou que até mesmo várioscasas para alugar no cassino rio grandeseus primos da família militar a contataram e pediram desculpas, dizendo que eles realmente desconfiavam, ou talvez até soubessem, mas seus pais pediram que não dissessem nada para ela.
Quase 40 anos após o regresso da democracia na Argentina, esses silêncios ainda existem. É muitacasas para alugar no cassino rio grandesilêncio sobre uma verdade. Não sei se é por medo, se é por cumplicidade… A verdade é que existem 300 pessoas que não sabem quem são nem que podem ser uma dessas vítimas.
A própria Claudia não tinha nenhuma indicação sobrecasas para alugar no cassino rio grandeidentidade, além do fatocasas para alugar no cassino rio grandeseus pais serem mais velhos,casas para alugar no cassino rio grandeque ela pudesse ter sido uma criança roubada.
*Claudia Poblete Hlaczik tem 45 anos, é casada e tem dois filhos. Dedica-se à informática e apoia ativamente o trabalho das Avós da Plazacasas para alugar no cassino rio grandeMayo, organização da qualcasas para alugar no cassino rio grandeavó, Buscarita Roa, é vice-presidente.
O ex-tenente-coronel Ceferino Landa foi o primeiro soldado condenado por roubocasas para alugar no cassino rio grandebebês na Argentina. Em 29casas para alugar no cassino rio grandejunhocasas para alugar no cassino rio grande2001, foi condenado a 9 anos e seis mesescasas para alugar no cassino rio grandeprisão. Um mês e meio depois completou 70 anos e pediu prisão domiciliar.
Mercedes Moreira foi condenada à penacasas para alugar no cassino rio grande5 anos e 6 meses, mas não precisou ir para a prisão: por ter maiscasas para alugar no cassino rio grande70 anos, pediu prisão domiciliar.
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