Omeprazol: os riscosaposta mais de 1tomar remédio contra gastrite e refluxo por muito tempo:aposta mais de 1
Há exceções: para pessoas com algumas condiçõesaposta mais de 1saúde, como pacientes oncológicos, profissionaisaposta mais de 1saúde recomendam o uso contínuoaposta mais de 1omeprazol ou outras medicações dessa classe (entenda abaixo).
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Como você vai entender ao longo desta reportagem, o consumo dos IBPs por períodos prolongados — como muitas pessoas acabam fazendo no dia a dia sem orientaçãoaposta mais de 1um profissional da saúde — está relacionado a desequilíbrios no sistema digestivo e dificuldades na absorçãoaposta mais de 1vitaminas e minerais.
Alguns estudos sugerem que esse desbalanço causado pelo abuso desses fármacos pode causar até doenças mais graves, como osteoporose, câncer e demência. Mas essas repercussões à saúde ainda não são consenso na comunidade científica e precisam ser estudadas a fundo, como apontam especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Acidez além da conta
Nas aulasaposta mais de 1química do colégio, aprendemos o que é o pH, uma escala numérica que determina se uma solução é ácida ou básica/alcalina.
No nosso estômago, dependemosaposta mais de 1um ambiente ácido para o processoaposta mais de 1digestão.
Os sucos gástricos (que são bem ácidos, diga-se) começam a “quebrar” os alimentosaposta mais de 1pedacinhos cada vez menores, que depois serão absorvidos pelo intestino delgado.
Só que,aposta mais de 1algumas pessoas, essa acidez passa da conta: o líquido estomacal tem um pH tão baixo, ou está numa quantidade tão grande, que ele passa a ser corrosivo para o próprio sistema digestivo.
Em alguns, essa queimação pode aparecer no próprio estômago na formaaposta mais de 1gastrites e úlceras — feridas que se formam nas paredes internas desse órgão.
Para outros, o problema é maisaposta mais de 1cima. Um defeito na válvula que separa estômago e esôfago faz que o conteúdo ácido subaaposta mais de 1direção ao peito e à garganta — o quadro é conhecido como refluxo gastroesofágico.
Como o esôfago é bem menos preparado que o estômago para lidar com substâncias ácidas, ele fica machucado. Os indivíduos acometidos pelo refluxo sentem azia, queimação da boca do estômago à garganta, tosse e até dor no peito intensa, que chega a ser confundida com um infarto.
“No caso do refluxo, o ideal seria ter um remédio que corrigisse o defeito na válvula. Mas, como não possuímos esse tipoaposta mais de 1tratamento, o que fazemos é lidar com a acidez”, diz o médico Joaquim Prado Moraes Filho, da Federação Brasileiraaposta mais de 1Gastroenterologia (FBG).
É aí que entram os IBPs, como o omeprazol: eles diminuem a acidez do suco gástrico. Com isso, a agressão às paredes do estômago e, principalmente, do esôfago ficam menos intensas.
“Esses remédios bloqueiam a produçãoaposta mais de 1ácido, impedem as lesões e aliviam aqueles sintomasaposta mais de 1queimação”, resume Moraes Filho, que também é professor associado da Faculdadeaposta mais de 1Medicina da Universidadeaposta mais de 1São Paulo (FMUSP).
O médico lembra que,aposta mais de 1muitos casos, o usoaposta mais de 1omeprazol e companhia precisa se prolongar por quatro a oito semanas.
Essa informação, inclusive, apareceaposta mais de 1algumas bulas deste fármaco.
“Geralmente, a dose recomendadaaposta mais de 1omeprazol varia entre os 10 mg e os 20 mg, administrados antes do café da manhã e durante um período que pode ir da toma única até as 4 semanasaposta mais de 1tratamento”, diz o texto da bula, que pode sofrer variações segundo cada fabricante.
Os riscos
Mas aí vem a questão: como mencionado pelo próprio médico, omeprazol e companhia lidam com um aspecto, mas não resolvem a raiz do problema. No caso do refluxo, o defeito na válvula continua.
Ou seja, o ajuste momentâneo da acidez até melhora a queimação. Mas, passado o períodoaposta mais de 1tratamento, pode ser que tudo volte ao estágio anterior, se outros aspectos da vida — sobre os quais falaremos adiante — não forem modificados.
Com isso, muitas pessoas acabam prolongando o uso dos IBPs por conta própria, com o objetivoaposta mais de 1aliviar os incômodos.
Isso é facilitado pelo fatoaposta mais de 1esses remédios serem acessíveis ao consumidor final, mesmo sem receita — apesaraposta mais de 1eles possuírem a tarja vermelha com a orientaçãoaposta mais de 1venda apenas sob prescrição médica.
Só que esse consumoaposta mais de 1omeprazol sem indicaçãoaposta mais de 1um profissional da saúde está relacionado a uma sérieaposta mais de 1consequências.
“Já temos a comprovaçãoaposta mais de 1que eles aumentam o riscoaposta mais de 1osteoporose”, exemplifica a farmacêutica Danyelle Marini, diretora do Conselho Regionalaposta mais de 1Farmácia do Estadoaposta mais de 1São Paulo (CRF-SP).
Vale lembrar que a osteoporose é um quadro marcado pela perda progressivaaposta mais de 1massa óssea. Nela, os ossos ficam cada vez mais porosos e enfraquecidos, o que eleva a probabilidadeaposta mais de 1fraturas.
“A mesma ação que os IBPs fazem no estômago também ocorre nos ossos. Com isso, eles podem degradar as células responsáveis pela regeneração do esqueleto”, complementa ela.
Quando o omeprazol é utilizado por curtos períodos,aposta mais de 1poucas semanas, esse processoaposta mais de 1regeneração óssea não é tão prejudicado assim. Nesse caso, a preocupação dos especialistas está mais no consumo contínuo e sem supervisão desses fármacos.
Alguns estudos recentes também observaram outras graves consequências do abuso nos IBPs mais populares.
Um deles, publicadoaposta mais de 12022 por instituições canadenses, estimou um risco 45% maioraposta mais de 1cânceraposta mais de 1estômago entre usuários frequentesaposta mais de 1omeprazolaposta mais de 1comparação com aqueles que usavam medicações da classe dos bloqueadoresaposta mais de 1H2 (como cimetidina e nizatidina).
Já outras investigações, realizadas a partir do final dos anos 1990 e começo dos 2000, descobriram que essas medicações interferem na absorção da vitamina B12, essencial para o funcionamento do cérebro.
Com isso, alguns especialistas começaram a temer que anos seguidosaposta mais de 1tratamento com essas drogas poderiam provocar quadrosaposta mais de 1demência, especialmente nos mais velhos.
Para Moraes Filho, essas evidências precisam ser analisadas com atenção, mas ainda não são contundentes o suficiente.
“Nos últimos anos, foram lançados muitos trabalhos sobre os IBPs, mas os consensos das sociedades médicas dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil entendem que os efeitos sobre o uso prolongado desses remédios ainda precisam ser melhor estudados”, pontua o gastroenterologista.
A BBC News Brasil procurou entidades da indústria farmacêutica para que elas pudessem se posicionar sobre as questões apresentadas.
O Sindicato da Indústriaaposta mais de 1Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) afirmouaposta mais de 1nota que possui uma “diretriz histórica” sobre o usoaposta mais de 1medicações por pacientesaposta mais de 1geral.
“Todo e qualquer medicamento só deve ser usadoaposta mais de 1forma racional e com base nas orientações transmitidas pelas autoridades sanitárias e médicas.”
“Todo e qualquer medicamento que requer prescrição médica — o chamado medicamento tarjado, cuja embalagem possui uma tarja vermelha ou preta — só deve ser dispensado nas farmácias, postosaposta mais de 1saúde, hospitais etc., e consumido pelos pacientes com base e mediante a apresentaçãoaposta mais de 1uma receita médica ministrada por um profissionalaposta mais de 1saúde habilitado”, completa o texto.
O presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, ainda comentou que, “se a pessoa está com problemaaposta mais de 1saúde, deve ir ao médico e, se for o caso, receber dele a prescrição do medicamento necessário para o tratamento”.
“Só compre medicamento tarjado com receita médica. Esse é um procedimento primordial para garantir a eficácia e a segurança do produto”, orientou ele.
Já a Associação da Indústria Farmacêuticaaposta mais de 1Pesquisa (Interfarma) disse que "não se posiciona especificamente sobre moléculas".
O que fazer na prática?
Que fique claro: existem algumas condiçõesaposta mais de 1saúde que exigem, sim, o uso contínuoaposta mais de 1omeprazol ou outras medicações dessa classe.
“Nesses casos, os profissionaisaposta mais de 1saúde fazem a ponderação entre o risco e o benefício”, explica Marini.
“É o casoaposta mais de 1pacientes oncológicos, por exemplo. Eles tomam medicações para tratar o câncer que afetam as barreiras do sistema digestivo. Os IBPs oferecem a proteção necessária para eles”, diz a farmacêutica.
Outra situação que demanda IBPs por tempo prolongado envolve as terapias com anti-inflamatórios. Esses fármacos também afetam o estômago, então muitas vezes os profissionaisaposta mais de 1saúde se antecipam e já prescrevem substâncias que protegem esse órgão.
Moraes Filho pondera que, nessas situações, é possível realizar um monitoramento para checar os níveisaposta mais de 1cálcio, vitamina B12, magnésio e outras substâncias cuja absorção acaba afetada por omeprazol e companhia.
“Isso pode ser feito por meioaposta mais de 1examesaposta mais de 1sangue, e o acompanhamento é importante quando o paciente é idoso, está imunossuprimido ou internado numa UTI [Unidadeaposta mais de 1Terapia Intensiva]”, destaca o médico.
Caso seja detectada uma deficiência nesses componentes vitais à saúde, é possível fazer a suplementação para corrigir os níveis deles antes que uma doença mais grave apareça.
Mas e aquelas pessoas que usam o omeprazol há meses ou anos por conta própria? O que elas podem fazer?
Marini orienta que,aposta mais de 1primeiro lugar, elas não interrompam o consumo desses comprimidosaposta mais de 1forma repentina.
“Temos pacientes que tomam omeprazol por 10 ou 15 anos sem nenhuma orientação”, alerta ela.
“Como o pH desses indivíduos fica muito básico, o corpo tenta compensar a faltaaposta mais de 1acidez e secreta quantidades cada vez maioresaposta mais de 1uma substância chamada gastrina”, detalha a farmacêutica.
“Se a pessoa retira o IBPaposta mais de 1uma só vez, essa gastrina toda pode ir para o estômago e gerar uma dor insuportável.”
“O ideal nesses casos é realizar uma espécieaposta mais de 1‘desmame’ gradual da medicação para corrigir o pH aos poucos, se possível com a orientaçãoaposta mais de 1um profissional da saúde”, orienta a especialista.
Porém, sem o omeprazol, aquela queimação pode voltar. Como resolver isso? É aí que entram as medidas comportamentais e as mudanças no estiloaposta mais de 1vida.
“O tratamento não farmacológico do refluxo gastroesofágico é extremamente importante. Não dá para o médico simplesmente escrever uma receitaaposta mais de 1remédio e esperar que o paciente fique bem”, chama a atenção Moraes Filho.
“Um primeiro passo é não se deitar logo após as refeições. É preciso aguardar por duas a três horas”, sugere o médico.
A posição horizontal facilita a volta do conteúdo estomacal ácidoaposta mais de 1direção ao esôfago, onde as lesões acontecem.
“Há casosaposta mais de 1que erguer a cabeceira da cama uns 12 a 15 centímetros também ajuda”, acrescenta o especialista.
Moraes Filho lembra que outras medidas geraisaposta mais de 1qualidadeaposta mais de 1vida (como manter o peso ou emagrecer, fazer atividade física, cuidar da saúde mental…) também têm muito a contribuir no controle das crisesaposta mais de 1queimação — sem a necessidadeaposta mais de 1abusar dos comprimidos.