Os estranhos seres que habitam as profundezas da Terra (e o que dizem sobre possível vidabet365 scoreMarte):bet365 score
Apesar do deserto estéril da superfíciebet365 scoreMarte, os dadosbet365 scoreWright sugerem que existem volumesbet365 scoreágua consideráveis, presos nas rochas entre 11,5 e 20 kmbet365 scoreprofundidade no planeta.
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"Se eles estiverem certos, acho que esta é uma reviravolta", declarou a microbióloga do subsolo Karen Lloyd, da Universidade do Sul da Califórniabet365 scoreLos Angeles, nos Estados Unidos.
A água subterrâneabet365 scoreMarte abre a possibilidadebet365 scoreexistênciabet365 scorevida nas profundezas do planeta vermelho.
As últimas décadas revelaram uma enorme biosfera escondida nas profundezas da Terra. Agora, parece que o mesmo pode existirbet365 scoreMarte.
A vida marciana, se existir, pode muito bem ser subterrânea.
Biosfera profunda
Uma toneladabet365 scorecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Por maisbet365 score30 anos, os biólogos acumularam evidênciasbet365 scoreque a vida resiste às profundezas da Terra. Pesquisadores fizeram perfurações profundas no leito do oceano e nos continentes. Eles encontraram vidabet365 scoresedimentos enterrados e até mesmo entre camadas e cristaisbet365 scorerocha sólida.
A maior parte desses habitantes da escuridão é formada por micro-organismos unicelulares, especificamente bactérias e Archaea.
Estes imensos grupos são as formasbet365 scorevida mais antigas conhecidas na Terra. Eles existem há maisbet365 scoretrês bilhõesbet365 scoreanos – desde muito antes das primeiras plantas e animais.
Nos últimos 20 anos, também descobrimos que a biosfera profunda é muito diversa.
"Existem, na verdade, muitos tipos diferentesbet365 scoreorganismos que vivem nas profundezas do subterrâneo", afirma a geobióloga Cara Magnabosco, do Instituto Federalbet365 scoreTecnologia (ETH)bet365 scoreZurique, na Suíça.
As bactérias são divididasbet365 scoregrandes grupos chamados filos. Apenas algumas dezenas desses grupos já foram formalmente identificadas, mas se estima que haja 1,3 mil filos.
"Muitos desses filos podem ser encontrados embaixo da terra", segundo Magnabosco. Mas eles não são distribuídos regularmente.
Uma meta-análisebet365 score2023 concluiu que a maioria dos ecossistemas subterrâneos é dominada por dois filos: Pseudomonadota e Firmicutes. Os outros tiposbet365 scorebactérias são muito mais raros, mas incluem filos que nunca haviam sido observados antes.
Como o ambiente subterrâneo é escuro como breu, esses micróbios não conseguem energia diretamente da luz do Sol, como fazem os organismos fotossintéticos na superfície.
"O que realmente importa observar é que eles praticamente não dependem do Sol", afirma Lloyd.
Os micróbios subterrâneos também não recebem insumos como nutrientes vindosbet365 scorecima. Muitos ecossistemas profundos são "totalmente desconectados da superfície", segundo Magnabosco.
Estes ecossistemas são baseados na quimiossíntese. Os micróbios conseguembet365 scoreenergia realizando reações químicas, que absorvem substâncias das rochas e da água àbet365 scorevolta. Eles podem, por exemplo, usar gases como metano ou sulfetobet365 scorehidrogênio como fontebet365 scorematerial.
"O ambiente subterrâneo traz muitas, muitas reações químicas diferentes", explica Lloyd. "Muitosbet365 scorenós passamos muito tempo encontrando novas reações que sustentam a vida."
Os micróbios biossintéticos podem parecer alienígenas. Eles são raros nas regiões ensolaradas da superfície onde vivemos e ficam confinados às profundezas dos oceanos e às rochas subterrâneas.
Mas eles são alguns dos organismos vivos mais antigos da Terra. E algumas hipóteses sobre a origem da vida presumem que as primeiras formasbet365 scorevida do planeta tenham sido quimiossintéticas.
Os micróbios unicelulares podem dominar o mundo subterrâneo, mas também existem alguns raros animais.
Um estudobet365 score2011 identificou vermes nematoidesbet365 scoreáguabet365 scorefraturamento hidráulicobet365 score0,9 a 3,6 kmbet365 scoreprofundidadebet365 scoreminas da África do Sul. A água parece ter ficado lá por pelo menos 3 mil anos, o que indica que a populaçãobet365 scorenematoides pode ter se formado há milênios.
Um estudo posterior,bet365 score2015, encontrou platelmintos, anelídeos, rotíferos e artrópodesbet365 scoreáguabet365 scorefissuras a 1,4 kmbet365 scoreprofundidade. Os animais se alimentavambet365 scoreuma fina camadabet365 scoremicróbios sobre a superfície da rocha. Ali, a água tinha até 12,3 mil anosbet365 scoreidade.
Para nós, as profundezas do subterrâneo parecem um lugar extremamente desafiador para se viver. Em comparação com a superfície, as populações microbianas são escassas, mas existem muitas rochas que podem abrigar a vida.
Em 2018, Magnabosco e seus colegas calcularam a escala da biomassa que vive sob os continentes, combinando dadosbet365 scorenúmeros e diversidade das célulasbet365 scorelocaisbet365 scoreperfuraçãobet365 scoretodo o mundo. Eles estimaram que existembet365 score2 a 6 x 10^29 células vivendo embaixo dos continentes da Terra.
Em termosbet365 scorecomparação, existem cercabet365 score10^24 estrelas no universo observável.
"Temos um número imensamente grandebet365 scorecélulas embaixo dos nossos pés", segundo Magnabosco. De fato, ela afirma que cercabet365 score70%bet365 scoretodas as bactérias e Archaea da Terra vivem no subterrâneo.
Mas ainda não sabemos ao certo até qual profundidade se estende a biosfera. Acredita-se que a vida tenha um limite superiorbet365 scoretemperatura, mas não sabemos exatamente qual é.
Nada consegue viver na superfíciebet365 scorelava fundida, mas alguns micróbios podem suportar temperaturas surpreendentes. Uma espéciebet365 scoreArchaea chamada Methanopyrus kandleri, por exemplo, pode sobreviver e se reproduzir a 122 °C.
À medida que avançamos na profundidade, a pressão também passa a ser um problema. E o tipobet365 scorerocha também é importante, pois ele afeta as reações químicas que podem ocorrer e, portanto, os tiposbet365 scoremicróbios biossintéticos que podem viver por ali.
"Mas eu não posso dar um número [que indique até qual profundidade pode existir vida] porque ainda não o atingimos, porque simplesmente não perfuramos até essa profundidade", explica Lloyd.
E a profundidade limite pode ser surpreendente. Um estudobet365 score2017 analisou amostrasbet365 scoreum vulcãobet365 scorelama e indicou que pode existir vida a 10 km abaixo do leito do oceano.
Parte desta vida é extremamente lenta. "Certamente, existem grandes partes do subsolo, principalmente embaixo dos nossos oceanos, onde realmente nada acontece por milhõesbet365 scoreanos", segundo Lloyd.
Sem novos nutrientes vindobet365 scorecima e sem formabet365 scoreescapar, os micróbios nessas regiões têm muito pouco alimento. "Isso significa que eles simplesmente não têm a energia necessária para produzir novas células", explica ela.
Por isso, os micróbios reduzem a velocidade do seu metabolismo e ficam quasebet365 scoreestase. "Na verdade, é bastante razoável que uma única célula possa viver por milharesbet365 scoreanos ou mais."
E é plausível que este tipobet365 scorevida – que dependebet365 scorereações químicas entre as rochas e a água, possivelmente com uma velocidade metabólica extremamente lenta – possa ser encontrado nas rochas ricasbet365 scoreágua, existentes no subsolobet365 scoreMarte.
Micróbios marcianos
Até o momento, mesmo depoisbet365 scoredécadasbet365 scoremissões não tripuladas para o planeta vermelho, não existem evidências sólidas ou diretas da vidabet365 scoreMarte.
A superfície do planeta é seca e fria e nenhuma câmera flagrou nenhum organismo vivo vagando por ela.
Mas locais como cânions oferecem fortes indicaçõesbet365 scoreque Marte já teve água corrente sobre a superfície, bilhõesbet365 scoreanos atrás. Parte dessa água provavelmente se perdeu no espaço, mas a equipebet365 scoreWright concluiu que boa parte dela está no subterrâneo.
"Sabemos que a água é um requisito fundamental para a vida como a conhecemos", destaca Karen Lloyd. Por isso, talvez a superfíciebet365 scoreMarte já tenha sido habitável, mas agora, resta somente o subsolo. "Sempre preferi a noçãobet365 scoreque a vida estaria enterradabet365 scorealguma forma."
Como os lentos micróbios que vivem nas profundezas, embaixo dos oceanos da Terra, os micróbios marcianos podem se agarrar à vida, mesmo com poucos nutrientes.
"O mesmo tipobet365 scoreprocesso que acontece no nosso subterrâneo pode acontecerbet365 scoreMarte", destaca Magnabosco.
A evidência mais sugestivabet365 scorevida encontrada até hojebet365 scoreMarte são as plumasbet365 scoremetano no ar do planeta, que variam conforme as estações.
Na Terra, o metano é frequentemente produzido por micro-organismos,bet365 scoreforma que o gás poderia ser um subproduto da vida subterrânea.
Mas Lloyd recomenda cautela. "Existem muitos fatores não relacionados à vida que poderiam gerar plumasbet365 scoremetano", explica ela.
Existem também muitos outros obstáculos para a vida no subsolobet365 scoreMarte.
"A vida não precisa apenasbet365 scoreágua", explica Lloyd. "Ela precisabet365 scoreenergia ebet365 scoreum lugar para ficar – ou seja, ela precisabet365 scoreum habitat."
Ainda não sabemos se os poros das rochas marcianas são suficientemente grandes para os micróbios. E, da mesma forma, a composição química das rochas profundas é fundamental, pois elas seriam a fonte da energia química.
Para Magnabosco, a "maior incerteza" sobre a vidabet365 scoreMarte é "se ela surgiu ou não". E, como não sabemos como os primeiros seres vivos se formaram a partir do material inanimado, também não sabemos se as condiçõesbet365 scoreMarte,bet365 scorealgum dia, foram adequadas para o surgimento da vida.
"Se a vida tiver conseguido se desenvolverbet365 scoreMarte", explica ela, "existe uma chance muito grandebet365 scoreque ela ainda sobreviva e permaneça no planeta até hoje."
E, se essa biosfera profundabet365 scoreMarte realmente existir, como poderemos encontrá-la?
A ideia mais óbvia é perfurar o planeta, mas precisaríamos chegar a 10 kmbet365 scoreprofundidade ou mais – uma tarefa difícil, mesmo na Terra. Como fazer issobet365 scoreum planeta sem ar para respirar, nem água corrente?
Para Cara Magnabosco, "é muito, muito mais difícil". Mas deve ser possível estabelecer evidências que sustentem a existênciabet365 scorevida.
A missão Mars Sample Return, planejada pela Nasa, pretende trazer rochas marcianas para a Terra. E estas amostras poderão conter traçosbet365 scorevida.
"Seria muito útil seguir o metano", acrescenta Lloyd. Atualmente, não sabemosbet365 scoreonde vem esse gás. "Se concluirmos que os bolsõesbet365 scoreágua são associados às plumasbet365 scoremetano", esta seria uma indicaçãobet365 scorevida, segundo ela.
Por fim, se Marte realmente tiver água no subsolo, poderíamos fazer uso dela. Na Terra, por exemplo, as fontes termais trazem água das profundezas para a superfície.
"Marte tem vulcõesbet365 scorelama", explica Lloyd. "É possível visitar lugaresbet365 scoreMarte, onde realmente temos amostras do subsolo que foram retiradas e trazidas para a superfície."
Podemos ainda precisarbet365 scoredécadas para ter uma resposta definitiva. E podemos nos decepcionar com essa resposta.
Marte é muito menos ativo que a Terra, tectônica e hidrologicamente falando. Esta condição indica que a vida no planeta vermelho é escassa ou inexistente.
"Podemos estar procurando vida que não vive mais há muito tempo", explica Lloyd. E, neste caso, tudo o que poderemos encontrar são evidências fósseis, não organismos vivos.
"De qualquer forma, seria vidabet365 scoreMarte."
* Michael Marshall é jornalista freelancer especializadobet365 scoreciências e meio ambiente. Ele é o autor do livro "A Busca da Gênese: os gênios e excêntricosbet365 scoreuma jornada para descobrir as origens da vida na Terra" (em inglês).
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.