A venezuelana que entrounovibet licensetrabalhonovibet licenseparto no tetonovibet licenseum trem ao tentar imigrar para os EUA:novibet license
Outros imigrantes disseram que aquele trem era conhecido como El Bolichero, por causanovibet licensepequenas bolasnovibet licensemetal que compõem o teto e que precisam ser cobertas com pedaçosnovibet licensepapelão para que as pessoas que viajam ilegalmente possam deitar e descansar durante a viagem.
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Johandri e José recolheram pedaçosnovibet licensepapelão para a viagem e se alimentaram com a comida que ativistas e outros viajantes distribuíram na ponte aos que esperavam pelo trem.
O casal e a criança viajaram por uma dezenanovibet licensepaíses durante um mês e meio para garantir que Mía, o bebê que Johandri carregava, nascesse nos Estados Unidos.
“Uma amiga me assustou, ela me disse que se eu desse à luz no México eles iriam me devolver para a fronteira com a Guatemala e iriam registrar minha filha como guatemalteca”, diz elanovibet licenseum abrigo para migrantes localizadonovibet licenseAguascalientes, no centro do México.
“Meu medo era ir para o hospital e ser levadonovibet licensevolta pela imigração.”
O trem chegou a Irapuato à meia-noitenovibet licensesexta-feira, 25novibet licenseagosto. Faltavam 12 dias para o parto, segundo a estimativa do médico que fez o último pré-natal.
Alertanovibet licenseum papelão
Johandri e José Gregorio colocaram o papelão no teto do trem e ajeitaram Gael entre eles para dormir.
Às 2h da manhã, Johandri acordou apertando a barriga para aliviar a dor. Teoricamente, ainda faltavam 12 dias para o parto.
Quando Johandri teve o primeiro filho, as contrações do parto foram acompanhadasnovibet licensedores nas costas. Dessa vez só lhe doía a barriga, então ela presumiu que aqueles espasmos eram produto do cansaço e da situação desconfortável no teto do trem.
Porém, a pressão na barriga se tornou ritmada, doíanovibet licenseveznovibet licensequando e com intensidade crescente. Johandri pediu então ao seu parceiro para chamar ajuda imediatamente. Mia estava a caminho.
Às 5h da manhã, José Gregorio pegou um dos papelões que usavam para dormir e escreveu: “Está nascendo um bebê. Precisamos que o maquinista saiba. Urgente".
Ele pediu a outros imigrantes que passassem o aviso até os primeiros vagões, esperando que ele chegasse ao maquinista.
'Se prepare, meu amor'
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Enquanto alguns gritavam por ajuda, Johandri e José Gregorio viram um homem se aproximar.
Era um paramédico venezuelano que também tentava chegar aos Estados Unidos. O homem pegou o celular e ligou para a esposa, uma enfermeira que lhe explicaria como ajudar Johandri durante as contrações.
“Se prepare, meu amor. Procure álcool, é isso que você vai fazer…”, Johandri se lembra da enfermeira dizer ao marido pelo viva vz do celular.
As contrações aconteciam a cada três minutos, estimou o paramédico. Depois, a cada dois minutos. Johandri começou a vomitar, chorando sem conseguir se conter.
Não queria que Mía nascesse naquele telhado sujo, que superaquecia com o sol e precisava ser coberto com papelão.
Levaram álcool, tesoura e um cobertor para que o corpo do bebê não encostasse no papelão. Johandri então se rendeu à ideianovibet licensea filha nascer no México, no tetonovibet licenseum vagãonovibet licensetrem.
O paramédico disse a José Gregorio para segurar Johandri pelas costas e empurrar suavemente a parte superior da barriga para ajudar o feto a descer.
'Ela não está neste trem'
Às 7h da manhã, a advogada Paola Nadine Cortés, ativista da associação Agenda Migrante, recebeu a foto do papelãonovibet licenseque José Gregorio escreveu seu pedidonovibet licenseajuda.
A advogado acionou a Defesa Civil para que se deslocassem até os pátios da empresa Ferromex, no municípionovibet licenseSan Francisconovibet licenseLos Romo, 222 quilômetros ao norte da estação Irapuato.
“A ideia era acionar um serviçonovibet licenseemergência e resgatá-la porque estavam me enviando vídeos e ela parecia estarnovibet licensecondições deploráveis”, diz a ativista.
A companhia ferroviária colocou Cortésnovibet licensecontato com o maquinista do tremnovibet licenseque presumiam que Johandri viajava.
“Mandei uma foto para ele para que ele visse o número do trem. Aí o maquinista me disse: 'Ela não está neste trem. Esse está mais à frente.’”
O maquinista então contatou seu colega e eles concordaramnovibet licenseparar o trem por dez minutos na cidadenovibet licenseAguascalientes para que Johandri fosse resgatada.
“O motorista me disse que eram dez minutos contados no relógio. Se não conseguissem retirá-la nesse prazo, o trem seguiria viagem”, afirma Cortés.
O trem parou na comunidade Los Arellanos, a cercanovibet license108 quilômetros da cidadenovibet licenseAguascalientes.
“Devido à distância e à centralização dos serviços, a equipenovibet licenseemergência não conseguiu chegar nesses dez minutos que nos deram.”
Meia hora depois, quando Johandri sentiu que não aguentava mais a dor, o trem parou.
Cortés obteve autorização da Ferromex para que uma equipe da Defesa Civil e bombeiros descessem Johandri do teto do trem. “Os vagões são muito altos, por isso tirá-lanovibet licenselá exigiu uma coordenação mais cuidadosa, para não colocá-lanovibet licenserisco.”
Salva-vidas, bombeiros e um médico da companhia ferroviária foram enviados. Eles subiram no teto do trem, colocaram Johandrinovibet licenseuma maca e a amarraram. Vários imigrantes ajudarem a descê-la pela lateral do vagão, junto à escada por onde ela embarcou no El Bolichero.
Cortés explica que o trechonovibet licenseIrapuato a Torreón, conhecido como rota central, é o mais movimentado neste momento para os imigrantes que cruzam o México para chegar aos Estados Unidos.
“O aumento foi registado este ano porque a rota do Golfo, que é a mais curtanovibet licensetrem e é a utilizada pelos migrantes mais empobrecidos, é altamente criminalizada.”
Dado o aumento do fluxonovibet licensemigrantes, a Ferromex suspendeu as operaçõesnovibet license60 trens no dia 19novibet licensesetembro, para evitar o risconovibet licenseeles se ferirem ou morrerem na viagem.
Johandri foi levadanovibet licenseambulância ao Hospital Geral Pabellónnovibet licenseArteaga,novibet licenseAguascalientes. Os médicos disseram que o colo do útero dela estava com cinco centímetrosnovibet licensedilatação e ela estavanovibet licenseestágio avançadonovibet licensetrabalhonovibet licenseparto.
Mía nasceu sem problemas, por volta do meio-dianovibet licensesexta-feira, 25novibet licenseagostonovibet license2023.
Por meio do advogado, funcionários do Instituto Nacionalnovibet licenseImigração do México visitaram Joahndri e confirmaram quenovibet licensefilha obteria a nacionalidade mexicana e que a família poderia permanecer legalmente no país.
“Estou muito grata porque minha filha e minha família estão bem”, diz Johandri, do abrigonovibet licenseAguascalientes.
“Embora possamos ficar no México, não abandonei o sonhonovibet licenseir para os Estados Unidos.”
'Volte para o seu país'
Johandri cresceunovibet licenseLas Adjuntas, um bairro pobre a sudoestenovibet licenseCaracas.
Assim que completou 18 anos, pouco antes da pandemia, emigrou para o Peru sem ter concluído o Ensino Médio nem ter experiência profissional. “Eu queria ver o mundo pelos meus próprios meios, alcançar as minhas próprias coisas com os meus próprios esforços.”
A crise econômica, a faltanovibet licenseacesso aos serviços públicos e a violência na Venezuela impulsionaram a migraçãonovibet licensemaisnovibet license7 milhõesnovibet licensepessoas desde 2015, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Johandri conseguiu seu primeiro emprego no Peru como atendentenovibet licenseuma sapataria. “Volte para o seu país, vocês, venezuelanos, estão aqui para foder”, disseram-lhe alguns clientes, segundo ela. Ela fingiu não ouvir e se virounovibet licensesilêncio.
“Esses comentários não me afetam”, diz ela, lembrando dos insultos que recebeu naquela loja. “Estou lutando por mim e pela minha família.”
No Peru ela deu à luz Gael, seu primeiro filho.
No entanto,novibet licensemeadosnovibet license2021, anovibet licenseperspectiva para o futuro mudou. Os preços aumentaram e seu salário não dava para pagar o aluguel e a alimentação.
Com menosnovibet licenseUS$ 100 no bolso, Johandri descartou a opçãonovibet licensevoltar para a casa da famílianovibet licenseLas Adjuntas e emigrou para o Chile pedindo carona nas estradas.
Ela conseguiu um emprego como faxineiranovibet licenseuma pequena clínicanovibet licenseSantiago. Também roupas informalmente e servia bebidasnovibet licenseum bar. Quando pensou ter alcançado a estabilidade financeira, o aluguel do seu novo apartamento aumentou e ela temeu ser forçada a voltar para Las Adjuntas.
“Decidi que deveríamos deixar o Chile quando eu estava grávidanovibet licensesete meses”, lembra ela.
“Com o bebê na barriga, tive os dois braços e as duas pernas para me agarrar às árvores e atravessar os rios do Darién, o que foi uma das partes mais difíceis da viagem. Mas se eu tivesse que a carregar nos braços seria impossível.”
'Todo mundo quer te roubar'
O casal tinha US$ 700 (R$ 3.487) para fazer a viagem terrestre com Gael até os Estados Unidos passando por Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e México.
Eles fizeram o primeiro trecho da viagemnovibet licenseônibus, do Chile a Capurganá, cidade colombiana na fronteira com o Panamá e uma das principais entradas do Darién Gap, uma intrincada selva por onde passaram quase 249 mil migrantes durante o primeiro semestrenovibet license2023, o maior fluxo migratório registrado até agora pelas autoridades panamenhas.
Ao ver tantas crianças com febre, vômito e erupções cutâneas na viagem por Darien, Johandri ficou feliz por ter tomado a decisãonovibet licenseviajar grávida. Porém, ela nunca pensou que a parte mais difícil os aguardava no México.
“Em Darién você pode beber água dos rios e se refugiar na sombra das árvores. Mas no México tínhamos que caminhar cinco ou seis horas todos os dias sob o sol. Todo mundo quer te roubar, te enganar. Tentamos continuarnovibet licenseônibus e a polícia sempre nos barrava porque não tínhamos documentos.”
Depoisnovibet licenseviajar por um mês e meio, embarcar no El Bolicheronovibet licenseIrapuato e chegarnovibet licenseMatamoros seria o último passo para cruzar para os Estados Unidos.