Há 35 anos, um desempregado sequestrou um avião — seu plano era atingir o Palácio do Planalto e matar o presidente:centauro esportes

Ex-presidente José Sarneycentauro esportesfotocentauro esportespreto e branco

Crédito, Getty

Legenda da foto, José Sarney prestando juramento durante a doença do então presidente eleito Tancredo Neves,centauro esportes15centauro esportesmarçocentauro esportes1985

Emcentauro esportesmochila, Conceição portava 90 balas para recarregar a arma.

Pule Matérias recomendadas e continue lendo
Matérias recomendadas
centauro esportes de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

ounder, majority shareholder and joint chief executive of online gambling company

. As of July 2024, Forbes estimates Coate's net worth 🌟 at .7 bilion. Denise Coating -

Kwai - Video Social Network tem um

questionável política centauro esportes privacidade

apostas final libertadores

produção e orçamento, 3 Encontre o seu elenco da tripulação; 4 Planeje a planeja também

planifique! 5 Programem A sua sessão 🍌 centauro esportes 6 Este esteja preparado para eleditar).7 Conta

Fim do Matérias recomendadas

Para o tratorista, a culpa pela situação econômica que havia feito com que ele perdesse seu emprego era do presidente, José Sarney. De acordo com dados do Dieese-Sead, naquele ano o desemprego no Brasil oscilou entre 9% e 11%. A inflação era galopante:centauro esportesmédia, 17,7% ao mês.

Conceição trabalhavacentauro esportesempreiteirascentauro esportesconstrução civil. Comprou a arma e embarcou no último trecho do voo, que decolou às 10h52 no Aeroportocentauro esportesConfins, regiãocentauro esportesBelo Horizonte

Tiros e morte

Pule Que História! e continue lendo
Que História!

A 3ª temporada com histórias reais incríveis

Episódios

Fim do Que História!

Vinte minutos depois, já no espaço aéreo do Rio, começoucentauro esportesação. Deixando claro que se tratavacentauro esportesum sequestro, ele disse que queria entrar na cabinecentauro esportescomando e baleou um comissário que tentou impedi-lo. Conceição disparou vários tiros contra a porta da cabine — um deles atingiu outro comissário, outro acertou o painel do avião.

Com receiocentauro esportesque a situação se tornasse ainda mais descontrolada, a tripulação decidiu ceder a ele acesso à cabine. Sem que o sequestrador notasse, o piloto, Fernando Murilocentauro esportesLima e Silva (1944-2020) conseguiu passar ao Centro Integradocentauro esportesDefesa Aérea e Controlecentauro esportesTráfego Aéreo (Cindacta) o código correspondente à “interferência ilícita” ocorrendo a bordo.

Quando o copiloto, Salvador Evangelista, tentava se comunicarcentauro esportesvolta com o Cindacta pelo rádio, Conceição o baleou na nuca, matando-o na hora. Com a arma apontando para o piloto Lima e Silva, o sequestrador então determinou seu plano: que o avião retornasse para Brasília.

O comandante foi hábil e conseguiu dissuadi-lo da ideiacentauro esporteschocar o Boeing contra o Palácio do Planalto. Argumentou que não havia condiçõescentauro esportesvisibilidade para isso. Mas Conceição não topou que o avião pousasse no aeroportocentauro esportesBrasília — queria que fossecentauro esportesSão Paulo.

Não havia combustível para tanto. Depoiscentauro esportesmanobras ousadas — para desequilibrar o sequestrador — e com um dos motores falhando, Lima e Silva conseguiu pousar no Aeroporto Internacional Santa Genoveva,centauro esportesGoiânia, às 13h45.

Foram horascentauro esportesnegociaçãocentauro esportesterra. Às 19h, Conceição desceu da aeronave usando o piloto como escudo humano. Foi alvejado com dois tiros na altura dos rins por agentescentauro esporteselite da Polícia Federal. Uma terceira bala também atingiu o piloto, na perna.

Encaminhado a um hospital, o sequestrador passou por uma cirurgiacentauro esportesemergência e foi anunciado que não corria riscocentauro esportesvida. Dias depois, contudo, morreu no hospital — o laudo apontou quecentauro esportesdecorrênciacentauro esportesanemia falciforme, sem relação com o fatocentauro esportesele ter sido baleado.

Protocoloscentauro esportessegurança

Cenacentauro esportesgravação do filme ‘O Sequestro do Voo 375’

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Cenacentauro esportesgravação do filme ‘O Sequestro do Voo 375’, que abordará o episódio

O caso se tornou um marco histórico da aviação brasileira. “Difícil dizer se houve erros quando há alguém mal-intencionado e uma circunstância inédita acontece”, comenta à BBC News Brasil a professora Larissa Ferrer Branco, arquiteta que estuda operações aeroportuárias e coordena cursoscentauro esportesengenharia na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“Em todas as indústrias e setores aprendemos sempre com casos novos, cenários improváveis ou até mesmo impensáveis. A segurança na aviação é altíssima há muitas décadas e os indicadores só melhoram”, acrescenta ela, lembrando que “é injusto julgar fatos do passado com o conhecimento que temos hoje”.

“Mas a rigor, pode-se dizer que os fatores que contribuíram para o caso dificilmente voltariam a se repetir hojecentauro esportesdia, com a invasão da cabinecentauro esportescomandocentauro esportesuma aeronave comercial por um passageiro armado”, frisa Branco.

“É praticamente impossível pensar que o aparatocentauro esportessegurança aeroportuária atual seria permeável a pontocentauro esportesalguém entrar armado a bordo sem conhecimento do comandante da aeronave, sem seguir rígidos protocoloscentauro esportesverificação. Além do mais, desde depois dos ataquescentauro esportes11centauro esportessetembro [de 2021, nos Estados Unidos], as portas das cabines permanecem fechadas praticamente todo o tempo, só são abertas mediante protocolos muito rigorosos e são blindadas.”

Investigadorcentauro esportesacidentes aeronáuticos e gestorcentauro esportescrises, Mauricio Pontes, CEO da C5i Crisis Consulting, explica à reportagem que um sequestro como este não aconteceria nos diascentauro esporteshoje por conta dos protocoloscentauro esportessegurança implementadoscentauro esporteslá para cá.

“A começar pela revista no embarque, equipamentos, regras para transportecentauro esportesarma a bordo e treinamentos específicos”, enumera ele, lembrando que isso tudo “poderia ter feito diferença”. “Mas a cultura da época não contemplava esses cenários no país”, comenta.

Piloto-aluno na época, Pontes recorda que viu a cobertura televisiva do acontecimento. Ele acredita que os méritos foram do piloto para que uma tragédia não ocorresse.

“Acho que toda a atuação do comandante, com frieza, perícia e raciocínio sob pressão, foram decisivos”, diz. “A crisecentauro esportessi foi um caos. O presidente [da República] sequer foi retiradocentauro esportesseu gabinete, prédios não foram evacuados, enfim… Difícil falarcentauro esporteserros e acertoscentauro esportesum episódio com um enredo tão complexo.”

Segundo ele, pilotos na época recebiam um treinamento muito básico sobre como se comportarcentauro esportescasos assim.

“Conheciam-se regras sobre como agircentauro esportescasocentauro esportesinterceptação e uso do transponder para informar aos órgãoscentauro esportescontrole um atocentauro esportesinterferência ilícita”, cita. “Não era uma preocupação a pontocentauro esportestirar um tripulante por mais horas do cockpit para um treinamento específico.”

Atualmente, a questão é tratada com mais cuidado, com treinamentos periódicos que preparam pilotos e comissários para eventuais enfrentamentos, “desde casoscentauro esportespassageiros indisciplinados que põemcentauro esportesrisco a segurança do voo até situações mais específicas e potencialmente fatais, como sequestros”.

“O comandante [do voo da Vasp no caso] foi um exemplocentauro esportesprofissional e se tornou um herói. Mesmo com o primeiro oficial [o copiloto] baleado, ele foi hábil e extremamente equilibrado para conduzir o sequestrador ao longo da ocorrência, evitando um desfecho que poderia ser catastrófico”, comenta a professora Branco.

“A aeronave pouso e os passageiros e tripulantes saíram ilesos, assim como prédios públicos e pessoascentauro esportesterra, que eram alvo do sequestrador. Entendo que ele [o piloto Lima e Silva] acertoucentauro esportestudo: a forma como conduziu uma situação extremamente incerta e grave, as manobras que fez para desestabilizar o sequestrador, a perícia e o profissionalismo, e a capacidadecentauro esportestrazer a aeronavecentauro esportesvolta ao solo com segurança”, acrescenta ela.

Pontes lembra, contudo, que as melhoriascentauro esportessegurançacentauro esportesvoo só foram implementadascentauro esportesfato após o 11centauro esportessetembro, e não depois desse fato brasileiro.

“O assunto [do voo da Vasp] teve a repercussão típica dos grandes eventos na mídia por um curto período, mas foi rapidamente esquecido. Nada significativocentauro esportesfato ocorreucentauro esportestermoscentauro esportesprocedimentos, ao que eu me lembro”, comenta. “Tanto que,centauro esportesjulhocentauro esportes1997, um homem entrou facilmente [com um explosivo] no voo TAM 283 entre São José dos Campos e São Paulo sem ter passado pelo raio-X e a explosão a bordo matou um passageiro.”

O especialista acrescenta que tal ocasião específica deixou “a faltacentauro esportessegurança dos aeroportos brasileiroscentauro esportesxeque e a necessidadecentauro esportesinspeção por raio-X virou um tema levado mais a sério”.

“Mas só mesmo após o 11centauro esportessetembro houve uma revolução na segurança da aviação brasileira”, acrescenta. “Mais recentemente, após o evento com o Germanwings 9525, quando o copiloto jogou a aeronave propositalmente contra o solo [em marçocentauro esportes2015, nos Alpes franceses], protocolos mais rígidos sobre acesso à cabinecentauro esportespilotos e outras medidas foram rapidamente colocadoscentauro esportesprática no mundo todo, incluindo o Brasil.”

Branco concorda. “De 1988 para cá a aviação comercial mundial, e não só a brasileira, mudou bastantecentauro esportestermoscentauro esportesprevenção a sequestros”, ressalta ela. “Instalaçõescentauro esportesum enorme aparatocentauro esportessegurança para embarque dos passageiros nos aeroportos, proibiçãocentauro esportesacessocentauro esportespassageiros nas cabinescentauro esportescomando durante os voos, inúmeros procedimentos operacionais antes, durante e depois dos voos para impedir o acessocentauro esportespessoas estranhas às operações nas áreas onde as aeronaves estacionam quando chegam e antescentauro esportespartirem são só algumas dessas mudanças.”

“Mas nenhuma delas tem correlação direta com o caso do Vasp 375. Essas mudanças ocorreram mais tarde, após 11centauro esportessetembrocentauro esportes2001. De 2001 para cá podemos dizer que as áreascentauro esportessegurança mudaram completamentecentauro esportesrelação ao que ocorria antes”, destaca a especialista.

Avião da Vasp

Crédito, Getty

Legenda da foto, Criadacentauro esportes1933, Vasp encerrou suas operaçõescentauro esportes2005

Um filme brasileirocentauro esportesação

A ideia do filme, que se chamará ‘O Sequestro do Voo 375’ veiocentauro esportesconsequência a um outro “quase acidente”. No caso, envolvendo o jornalista Constâncio Viana Coutinho, quecentauro esportes2011, atuando como correspondente da TV Record na África, estevecentauro esportesum voo que precisou fazer uma manobra arriscadacentauro esportesMoçambique.

“Foi uma situação bem séria, com o avião apontando o bico para baixo. Achei que aquele momento seria o fimcentauro esportesminha vida. Foi tão traumático que eu desenvolvi síndrome do pânico e desde então tenho muita dificuldade para entrarcentauro esportesavião”, conta ele, à reportagem.

O fato fezcentauro esportesCoutinho um obsessivo pesquisadorcentauro esportesacidentes aéreos. E então, recuperando o caso da Vasp, ele passou a esboçar um roteiro para um documentário.

“Mas não foi possível fazê-lo, não consegui apoio, financiamento”, relata.

Mais tarde, contudo, seu roteiro acabou caindo nas graças do roteiristacentauro esportescinema Lusa Silvestre. “E resolvemos que seria um filme”, diz Coutinho. “Ele [Silvestre] foi o primeiro cara que entrou no negócio, disse que estava dentro. Então eu passei a buscar outras pessoas para contar as lembranças do acontecimento.”

Coutinho ressalta que o filme “é uma homenagem direta ao piloto”, que teve “papel heróico” reconhecido por “todos os passageiros”. “Ele pousou praticamente sem combustível e fazendo manobras impensadas. Morreu [em 2020] com uma grande mágoa porque mesmo depoiscentauro esportestudo oque ele fez,centauro esportester salvado tantas vidas, o Sarney nunca reconheceu isso, nunca agradeceu.”

Com o filme prestes a ser lançado, o jornalista pretende também publicar um livro a respeito. O título provisório é ‘Nas Mãos Certas’.

Em conversa com a BBC News Brasil, o roteirista Silvestre enfatiza que o que será visto nas telas “é uma história real”. “A gente não mudou a história. O que fizemos foi lançar um pouco maiscentauro esportesluz sobre algum personagem aqui e ali, contar um pouco mais, imaginar os subterrâneos do governo federal enquanto estava-se lidando com o sequestro”, comenta. “Mas a história é real, inclusive as acrobacias feitas pelo avião.”

“E incrivelmente teve um cara mesmo que sequestrou um avião para jogar no Palácio do Planalto”, resume.

CEO do Estúdio Escarlate, a produtora Joana Henning conta à reportagem que o maior desafio empreendido pela equipe foi fazer “um tipocentauro esportesfilme que nunca tinha sido feito no Brasil” — no caso, uma históriacentauro esportesação envolvendo um avião. “As referênciascentauro esportesdesenhocentauro esportesprodução eram todas internacionais. Tivemoscentauro esportescriar soluções alternativas com menos recursos, conseguindo dar qualidade para a cenacentauro esportesação que o filme merecia”, destaca, revelando que para isso foram empregadas técnicas circenses e recursos das indústrias do carnaval e da publicidade.

O diretor do filme, Marcus Baldini lembra que “esse é o 11centauro esportessetembro brasileiro, o quase 11centauro esportessetembro brasileiro”.

“E é muito surpreendente que ninguém conheça essa história”, diz ele, à BBC News Brasil. “O filme é um jeitocentauro esportescontar para as pessoas uma história muito importante que estava esquecida, sobre um herói brasileiro que salvou a vidacentauro esportes110 pessoas com suas habilidades e capacidadecentauro esportesmanter o controle. E isso foi importante para que essa história tivesse um final minimamente feliz.”

O especialista Pontes reconhece que se tratacentauro esportesuma história por muito tempo relegada ao esquecimento. “O sequestro do Vasp 375 foi sumariamente apagado da memória nacional. Não teve a repercussão internacional que merecia, tampouco”, diz.