População preta cresce 42% e outras 4 novidades sobre perfil étnico-racial dos brasileiros no Censo 2022:pca 2024 poker
Entre 2010 e 2022, a população brasileira cresceu 6,5%, passandopca 2024 poker190,8 milhões para 203,1 milhões.
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A mudança do perfil étnico-racial dos brasileiros confirma tendência já conhecida através da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostrapca 2024 pokerDomicílios Contínua), pesquisa amostral realizada mensalmente pelo IBGE nos domicílios.
Ela também dá continuidade a um processo já observadopca 2024 poker"escurecimento" da população brasileira, com número crescente daqueles que se autodeclaram pretos e pardos, o que, segundo analistas, é frutopca 2024 pokerquestões demográficas, mas também do avanço da valorização da negritude na sociedade.
Essas são algumas das novidades divulgadas pelo IBGE, que nesta sexta-feira (21/12) publica o material Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial, por sexo e idade - Resultados do universo. Trata-se da quinta divulgaçãopca 2024 pokerdados coletados pelo último Censo.
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Outras tendências reveladas pelo instituto são a queda no númeropca 2024 pokerautodeclarados brancos (-3,1%) e o envelhecimento desta parcela da população.
Uma mudança metodológica também levou a recuo acentuado da parcela da população que se declara amarela (-59,2%), termo usado pelo IBGE para as pessoaspca 2024 pokerorigem oriental (japonesa, chinesa, coreana etc).
Confira cinco novidades sobre o perfil étnico-racial dos brasileiros reveladas pelo Censo 2022.
1. Pardos superam brancos e se tornam maior grupo
Uma toneladapca 2024 pokercocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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"Nos censos demográficos, é a primeira vez que temos essa inversão ", observa Marta Antunes, responsável pelo projetopca 2024 pokerPovos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
"Essa é a grande mudança da estrutura [étnico-racial do país] que apresentamos com esses dadospca 2024 poker2022."
O IBGE trabalha desde o Censopca 2024 poker1991 com cinco categoriaspca 2024 pokercor ou raça: branca, preta, amarela, parda e indígena.
O instituto considera como parda a pessoa que se declara assim ou que se identifica com a misturapca 2024 pokerduas ou mais opçõespca 2024 pokercor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena.
O movimento negro brasileiro costuma agrupar pretos e pardos na categoria "negros". Trata-sepca 2024 pokeruma estratégia histórica para fortalecer a luta por direitos para esse grupo, apoiada na visãopca 2024 pokerque pardos também são vítimas do racismo.
O IBGE, no entanto, não utiliza a nomenclatura "negro", tratando pretos e pardos como categorias separadas.
Antunes observa que essa opção se deve ao fatopca 2024 pokerque, para o IBGE, os pardos não são apenas pessoas com ascendência africana, mas também descendentespca 2024 pokeroutros grupos étnico-raciais existentes no Brasil, como os indígenas.
A luta do movimento negro por direitos e contra o racismo está, no entanto, diretamente relacionada ao aumento do númeropca 2024 pokerpessoas que se autodeclaram pretas e pardas, observa Mario Theodoro, autor do livro A sociedade desigual: Racismo e branquitude na formação do Brasil (Zahar, 2022).
"Nos últimos anos, com o advento do movimento negro, da militância negra e com uma certa valorização da imagem do negro que foi dada a partir dos anos 1980 e 1990, uma sériepca 2024 pokerpessoas que antes se declaravam brancas passaram a assumirpca 2024 pokernegritude ao se declararem como pardas", observa o economista.
O especialista destaca ainda que muitos que antes se declaravam pardos passaram a se declarar como pretos,pca 2024 pokerfunção da maior valorização do negro dentro da história e da cultura do país, um resultado também da militância negra, no entendimento do especialista.
Theodoro observa que há também um componente demográfico nesse "escurecimento" da população brasileira.
Isso porque pretos e pardos tendem a ter mais filhos do que os brancos, por questões culturais, mas principalmente pelo fator renda.
Pretos e pardos são maioria entre os mais pobres e menos escolarizados, e essa parcela da população tem taxapca 2024 pokerfecundidade maior do que os mais ricos.
"Mas esse crescimento [no númeropca 2024 pokerautodeclarados pretos e pardos] nos últimos anos é muito maior do que a questão demográfica, então a explicação precisa levarpca 2024 pokerconta essa mudançapca 2024 pokermentalidade,pca 2024 pokeras pessoas cada vez mais admitirempca 2024 pokernegritude."
Michael França, coordenador do Núcleopca 2024 pokerEstudos Raciais do Insper e autor do livro Números da discriminação racial (Jandaíra, 2023), acrescenta que a miscigenação também é um fator relevante para o aumento da população que se declara parda.
O avanço dessa parcela da população se reflete ainda na composição étnico-racial dos municípios.
Em 3.245 municípios brasileiros (58,3% do total), pardos são o grupo étnico-racial predominante, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além do norte dos Estadospca 2024 pokerMinas Gerais e Espírito Santo.
Outros 2.283 municípios (41%) têm predominância branca, notadamente no Sul e Sudeste.
Indígenas predominampca 2024 poker33 municípios (0,6%) e pretospca 2024 pokerapenas 9 (ou 0,1% do total). Não há municípios com predominânciapca 2024 pokerpessoaspca 2024 pokercor ou raça amarela.
2. População preta cresce 42%
Em agosto, quando divulgou os resultados do Censo 2022 para a população indígena, o IBGE reportou um saltopca 2024 poker89% das pessoas que se autodeclaram indígenas,pca 2024 pokerrelação a 2010.
Isso é resultadopca 2024 pokeruma mudança metodológica, mas também do movimentopca 2024 pokerrecuperação da identidade indígena que tem se fortalecido nos últimos anos.
Agora, o instituto divulga um forte crescimento tambémpca 2024 pokeroutro grupo étnico-racial: os autodeclarados pretos, com avançopca 2024 poker42%.
Os motivos aqui são similares aos que explicam o avanço no númeropca 2024 pokerpardos, ou seja, fatores culturais e demográficos combinados.
Além disso, segundo especialistas, há uma ressignificação nas últimas décadas do termo "preto". Antes visto como pejorativo por parte da sociedade brasileira, o termo tem sido abraçado por muitos na esteira do movimentopca 2024 pokervalorização da negritude.
França, do Insper, cita a instituição da Leipca 2024 pokerCotaspca 2024 poker2012 — que estabeleceu a reservapca 2024 pokervagas no Ensino Superior para pretos, pardos, indígenas e estudantespca 2024 pokerescolas públicas — e o assassinato por policiais do afro-americano George Floydpca 2024 poker2020, como marcos do debate racial no Brasil.
"Há a formaçãopca 2024 pokeruma massa crítica nas universidades, que está produzindo livros e ampliando o debate racialpca 2024 pokerforma considerável nos últimos anos", diz França.
"Em meio a isso tudo, há a formaçãopca 2024 pokervárias novas lideranças negras,pca 2024 pokernegros com grande visibilidade no debate público. Isso impacta também o que chamamospca 2024 pokermodelos sociais: agora muitas crianças e jovens passam a ter mais referências negras para se espelhar, o que ajuda no processopca 2024 pokerformação da identidade epca 2024 pokerautodeclaração como negro", observa o pesquisador.
"No passado,pca 2024 pokeralguns setores da sociedade, ser chamadopca 2024 pokerpreto era algo até pejorativo, mas com o passar do tempo há essa valorização da identidade negra, que estimula as pessoas cada vez mais a não só se verem como negras, mas valorizarem a própria identidade."
3. Metodologia muda e população amarela diminui
Se as parcelas preta e parda da população aumentaram entre os censospca 2024 poker2010 e 2022, a parcela amarela foi na contramão, diminuindopca 2024 poker2,1 milhões (ou 1,1% do total), para 850 mil (0,4%).
Trata-sepca 2024 pokeruma reduçãopca 2024 poker59,2% e isso se deve a uma mudança na metodologia do Censo, explica Marta Antunes, do IBGE.
"O IBGE identificoupca 2024 pokerestudos um descolamentopca 2024 pokerparte da população que se declarava amarela,pca 2024 pokerrelação à definição oficial do instituto do que é a cor ou raça amarela", observa a técnica.
Para endereçar esse problema, no Censopca 2024 poker2022, o IBGE adotou uma mensagem automática que passou a ser lida pelos recenseadores a todas as pessoas que se declarassem amarelas.
A mensagem dizia: "Considera-se como cor ou raça amarela a pessoapca 2024 pokerorigem oriental: por exemplo: japonesa, chinesa, coreana. Você confirmapca 2024 pokerescolha?"
Com isso, muitas pessoas acabaram mudandopca 2024 pokerautodeclaração para outras categorias, o que levou à redução observada nessa parcela da população.
4. Brancos estão mais concentrados entre idosos
A parcela da população brasileira que se declara branca diminuiupca 2024 poker3,1%,pca 2024 poker99,1 milhões para 88,3 milhões entre 2010 e 2022.
Mas, além desta queda, outro dado chama a atenção: a parcela branca da população é maior entre pessoas acimapca 2024 poker60 anos, enquanto pardos e pretos são mais prevalentes entre os mais jovens.
"A retração da população branca [entre 2010 e 2022] ocorre principalmente nas faixas etárias mais jovens, enquanto o aumento da população parda e preta acontecepca 2024 pokertodas as faixas etárias", observa Antunes.
"Essas diferenças precisam ser pensadas a partirpca 2024 pokeruma multiplicidadepca 2024 pokerfatores: podem misturar questões demográficas, como natalidade, fecundidade, mortalidade, migração e arranjos familiares, mas também uma multiplicidadepca 2024 pokercritériospca 2024 pokerpertencimento étnico-raciais ", pondera a técnica.
Mario Theodoro observa ainda que, para além da questão demográfica, o discurso da negritude e da valorização do negro tem sido mais absorvido pelas camadas mais jovens da população, que têm mais facilidadepca 2024 pokerassumir essa nova mentalidade do que as camadas mais velhas.
5. As cores da Amazônia Legal
O Censo 2022 também traz os dados da população por raça ou cor para a Amazônia Legal, região que compreende 772 municípios e quase 59% do território brasileiro.
"Vemos que, na Amazônia Legal, há uma composição étnico-racial muito diferentepca 2024 pokerrelação ao conjunto da população brasileira", observa Leonardo Athias, analista do IBGE.
Enquanto na população brasileirapca 2024 pokergeral, há 45,3%pca 2024 pokerpessoas pardas, na Amazônia Legal esse percentual chega a 65,2%.
Ainda na Amazônia Legal, brancos são 22,3%, pretos 9,9%, amarelos 0,2% e indígenas 2,4% — uma participação bem mais significativa do que na população nacional (0,6%).
Segundo o IBGE, os números são fundamentais, diante da relevância ambiental desse território e da importância das estatísticas étnico-raciais para a elaboraçãopca 2024 pokerpolíticas públicas.