A doença que gera preocupação no Brasil e alerta para os Jogos Olímpicosg betParis:g bet
Em abril, a França registrou 1.400 casos da doença. Ao passo que,g betmaio, o número já havia mais que dobrado, para 3.000,g betacordo com um comunicado do Instituto Pasteur.
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Fim do Matérias recomendadas
Esse crescimento dos casos na Europa, que vem sendo percebido desde o ano passado, sinaliza que “situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentrog betpouco tempo”, segundo nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde no iníciog betjunho.
Ainda segundo a pasta, a queda nas coberturas vacinais é apontada como principal razão para o alerta sobre a doença, cujo maior sintoma é a tosse aguda e persistente.
Isto já está sendo refletido diretamente na rotina dos atendimentos médicos.
“Temos visto esse aumentog betcasos no nosso dia a dia”, afirma à BBC News Brasil Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emilio Ribas e membro da Sociedade Brasileirag betInfectologia.
O Ministério da Saúde registrou neste ano, até 6g betjunho, 115 casos da doença, frente a 217 no ano passado todo.
A infectologista explica, no entanto, que o diagnóstico da doença não é tão fácilg betdetectar, o que pode levar a um número real maior do que o registrado.
Somente no Estadog betSão Paulo, o mais populoso do país, foram registrados 139 casos da doença até o dia 8g betjunho, dianteg bet16 casos ao longo do ano passado inteiro, segundo a Secretariag betSaúde do Estado.
Isso representa um aumentog betmaisg bet700%.
Essa discrepância entre os números nacionais e osg betSão Paulo pode ter relação com as notificaçõesg betcasos da doença.
"Os municípios realizam os registros, que são compilados pelos Estados, podendo ocasionar uma demora no envio e registro das informaçõesg betnível nacional", disse o Ministério da Saúde,g betnota.
Por isso, os númerosg betnotificações podem aumentar significativamente nos próximos meses, quando novos dados forem computados no sistema nacional.
O sintomas e estágios da coqueluche
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria, e que compromete especialmente o sistema respiratório.
Seu tratamento é feito com antibióticos específicos, que devem ser prescritos por um profissional da saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas podem se manifestarg bettrês níveis.
No mais leve, a doença pode ser confundida com um resfriado, pois é caracterizada por mal-estar geral, coriza, tosse seca e febre baixa. Esses sintomas podem durar semanas e é neste período que a transmissão é maior.
No intermediário, os acessosg bettosse aumentam. Por último, a tosse é tão intensa que pode comprometer a respiração, alémg betcausar vômitos e cansaço extremo.
Geralmente, os sintomas da coqueluche duram entre seis a dez semanas, podendo se estender por mais tempo.
Rosana Ritchmann afirma que, por ser uma doença facilmente confundida com um resfriado e como seu diagnóstico dependeg betum exame laboratorial, o tempo que se leva para buscar ajuda é crucial.
“Normalmente, viroses como a influenza, duramg betcinco a sete dias”, diz a infectologista.
“Uma tosse seca, que já dura duas ou três semanas, é sinal para se preocupar”.
Por não estarem com o esquema vacinal completo, bebês até 6 mesesg betidade são os mais suscetíveis às formas mais graves da doença, que incluem infecçõesg betouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação, convulsão, lesão cerebral e até óbito.
O tempo que os sintomas começam a aparecer desde o momento da infecção, é de,g betmédia, 5 a 10 dias podendo variarg bet4 a 21 dias.
A doença ég betalta transmissibilidade, ocorre por meio do contato com uma pessoa contaminada por meiog betgotículasg bettosse, espirro e até mesmo ao falar.
“O poderg bettransmissão da coqueluche é muito alto”, alerta Richtmann. A estimativa é que um doente pode infectarg bet12 a 17 pessoas.
O último anog betque ocorreu um óbito registradog betdecorrência da doença foig bet2020, com um registro.
Desde 1998, início da série históricag betregistros da doença pelo Ministério da Saúde, 2014 foi o ano com o maior númerog betcasos: 8.614.
Prevenção
A vacina é o principal meiog betprevenção da coqueluche. O imunizante está disponível no Sistema Únicog betSaúde (SUS) para crianças até 6 anos, gestantes e profissionaisg betsaúde.
Trata-se da Pentavalente, que previne não só a coqueluche, mas também difteria, tétano, hepatite B e influenza B, e deve ser dado aos 2, 4 e 15 meses, e, novamente, aos 4 anosg betidade.
Rosana Richtmann explica que, uma vez o esquema vacinal esteja completo, a imunização dura,g betmédia, dez anos.
Por isso, é recomendado que adolescentes e adultos se vacinem a cada década, algo que não está previsto no sistema público.
A infectologista explica que quem já teve coqueluche pode ter novamente, por isso é importante estar com a vacinaçãog betdia. “Adultos também podem pegar a doença”, diz.
Embora, neste caso, os sintomas sejam, na maior parte das vezes, mais brandos.
A bactéria Bordetella Pertussis, que causa a coqueluche, foi descobertag bet1906, pelo imunologista belga Jules Bordet e pelo francês Octave Gengou. A descoberta rendeu a Bordet o prêmio Nobelg betFisiologia ou Medicinag bet1919.
A vacina, no entanto, só foi desenvolvidag bet1926 e é oferecida pelo SUS desde a criação do Programa Nacionalg betImunizações (PNI),g bet1975.
A coqueluche, também chamadag bettosse comprida, ja foi uma doença muito comum. De acordo com o Ministério da Saúde, no início da décadag bet1980, eram notificados 40 mil casos por ano no Brasil.
A popularidade da doença e a facilidade com quem era espalhada fez com que seu nome virasse uma expressão para se designar a uma nova moda, algo que pegava fácil: a coqueluche do momento.
Desde então, o registrog betcasos da doença vem caindo, sendo que, a partirg bet1995 com mais intensidade.
Queda da cobertura vacinal
Dados do DataSUS consultados pela BBC News Brasil mostram que, nos últimos anos, houve uma queda na cobertura da vacina contra a coquelucheg bettodo o país — assim como ocorre com os imunizantes para outras doenças.
Em 2015, 96% do público-alvo havia tomado a vacina, mas esse índice tem caído, chegando a 77%g bet2022, último ano dos dados disponíveis no sistema.
Renato Kfouri, presidente do departamentog betimunizações sociedade brasileirag betpediatria, explica que, no caso da coqueluche, a percepçãog betrisco baixa é o panog betfundo para essa redução da cobertura.
"Quando você convivia com essas doenças, você dava um jeitog betse vacinar", diz.
"À medida que você não se sente mais ameaçado, isso vira um campo fértil para as fake news, para o movimento anti-vacina".
Para Kfouri, é preciso melhorar o acesso e criar medidasg betincentivo para que as pessoas levem as crianças ao postog betvacinação. "A lei permite faltar um dia no trabalho para doar sangue. Deveria existir algo parecido para se vacinar".
O médico afirma que a doença tem um caráter cíclico, baseado na imunidade conferida pela infecção natural, pelas vacinas e pelas variações da bactéria.
De fato, uma nota do Instituto Pasteur aponta que a epidemiologia da coqueluche geralmente segue um padrão cíclicog bettrês a cinco anos, com os últimos picos registradosg bet2012-2013 e 2017-2019.
No entanto, o instituto faz um alerta: “O atual ressurgimento da coqueluche poderá ser esperado, mas, por outro lado, é particularmente intenso”.
Diante do cenário, o Ministério da Saúde afirmou à BBC News Brasil, por meiog betnota, que "reforçou as recomendaçõesg betfortalecimento das açõesg betvigilância epidemiológica da doença no Brasil".
Entre as ações, a pasta inclui alertas aos profissionaisg betsaúde da área assistencial, investigaçãog betcontatosg betcasos confirmados, ofertag bettratamento, alémg betampliação do uso da vacina para profissionaisg betsaúde que atuamg betatendimentosg betginecologia, obstetrícia, pediatria, alémg betdoulas e trabalhadoresg betberçários e creches com crianças até quatro anos.